Estamos nos aproximando do Ano Novo - Rosh Hashaná. O mundo segue conturbado e dando um significado especial aos eventos da rotina. O primeiro dia do ano também é conhecido como Iom haDin - Dia do Julgamento - dia em que cada pessoa é lembrada como um ser independente, um indivíduo com todas as suas nuances e peculiaridades. O dia em que cada um está sozinho. Nascimento e morte, dois momentos únicos que definem as nossas vidas.
Neste dia único deve-se ouvir o som do Shofar, um berrante feito de chifre de carneiro. Ao longo da história, muitos comandos foram adaptados aos tempos e aos costumes mas o toque do Shofar sobrevive de forma altiva. É costume tocar Shofar na Sinagoga, em conjunto, mas também é costume receber a visita de um tocador de Shofar quando um doente não pode sair. Costumes que unem e aproximam, em um dia em que cada um será julgado pelos seus próprios atos.
Neste dia abre-se a porta para o arrependimento e para o entendimento. Escutar o som peculiar do Shofar é uma forma de ser lembrado da oportunidade. Há também a explicação histórica, que liga Rosh Hashaná a Adão e também a Abrão. O primeiro homem e o patriarca, e no caso do patriarca Abrão é lembrado que ao ser liberado da missão de sacrificar seu filho Isaac em uma pira levantada no Monte Moriah (hoje conhecido como Monte do Templo), encontrou um carneiro com os chifres emaranhados na madeira.
Recentemente escutei uma explicação muito poética do um escritor francês David Saada (https://youtu.be/K1hC5Qxldew). Ele faz um interessante jogo com palavras em hebraico - Panim (rosto, פנים) - é escrito da mesma forma que Pinim (interior, פנים). Em Rosh Hashaná é dito que o rosto fica exposto, descoberto, pronto para o julgamento. São julgados os atos, a forma, o que é visível para o outro. Mas, para se obter a dádiva da vida, também é levado em consideração o interior, as intenções, a possibilidade de alteração de rumo - a capacidade de cada um dar o tom da sua vida.
Exterior e interior são expostos - e o interior que não vê a movimentação intensa será acordado pelo som bizarro de um instrumento pouco convencional: o Som do Shofar!
Os que estiverem atentos a este texto mais introspectivo poderão dizer... Oops entendi a ligação do Shofar com o Sacrifício de Isaac, mas não consegui ver a ligação com Adão, o primeiro homem.
Tocar o Shofar não é fácil. O tocador tem que saber tirar o som, e ainda mais difícil é fazer as longas notas - precisa de muito ar impulsionado! Dizemos que precisa de neshamá - precisa de alma!
E, quando o barro acabou de ser moldado, foi o sopro de D'us - (ruach Elohim) que deu Vida à Terra - ADAM (Adão). Hoje, quem dá este sopro de vida são os Tocadores de Shofar, que trazem um sopro de vida e recebem um toque de admiração.
Assim, no Dia do Julgamento são abertas várias portas que permitem unir o que somos e o que aparentamos. Tema que pode ligar também a verdade e a presunção da verdade. Momento em que o exterior e o interior podem se encontrar para promover avaliação e mudança de rumos.
Shaná Tová u Metuká
ANO BOM - ANO DOCE
Regina P Markus
Nenhum comentário:
Postar um comentário