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quinta-feira, 31 de março de 2022
Judeus e Judaísmo: Vidas Interligadas
segunda-feira, 28 de março de 2022
Você Sabia? - As sinagogas do leste europeu
Leste Europeu
– em 4 séculos, mais de mil sinagogas de madeira foram construídas!
Sinagoga de
Chodorov, réplica do teto no Museu da Diáspora em Israel, sendo o teto o foco
central de toda a obra. |
Você sabia
que na Ucrânia havia muitas sinagogas de madeira pois este material era mais
barato e abundava nas florestas vizinhas? Além disso, assim os edifícios se
diferenciavam das igrejas e catedrais de pedra e permitiam às comunidades
judaicas locais contornarem as licenças necessárias para construções em
alvenaria.
Ao optarem
pela madeira para suas construções - centros de vida e aprendizagem judaica de
vários andares - os judeus produziram um estilo único de arquitetura de templos
que se mantém apenas associado à vida dos shtetls, ou povoados, na Europa
Oriental.
“As
sinagogas eram ainda mais notáveis no interior e frequentemente apresentavam
intrincadas esculturas de madeira de motivos bíblicos que eram pintados
brilhantemente.
As maiores
sinagogas de madeira foram destruídas no final da Segunda Guerra Mundial, mas
há esforços contínuos para reconstruir modelos ou renovar pequenas sinagogas
sobreviventes. A reconstrução mais famosa é a Sinagoga Gwoṭdziec
(foto abaixo), que já esteve na cidade ucraniana hoje conhecida como Hvizdets.
A sinagoga original foi incendiada por soldados nazistas.”
O vibrante teto da cúpula da Sinagoga Gwotdziec criado em 2011-2012
encontra-se hoje no Museu da História dos Judeus em Varsóvia.
A foto acima é da sinagoga original na década de 1920.
Infelizmente
estas belas estruturas de madeira, bem como outras, não mais permanecem. Eram o
objeto de destruição durante os pogroms brutais especialmente durante o século
XIX e dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
“Na segunda
metade do século XX, quase todas as sinagogas sobreviventes foram confiscadas
pela União Soviética e usadas para uma variedade de propósitos estatais, que
vão desde armazéns de armazenamento até casas de ópera. Ao declarar
independência em 1991, o recém-soberano estado da Ucrânia devolveu muitas
sinagogas de volta às comunidades judaicas remanescentes. Hoje, um pequeno
número de sinagogas históricas foram restauradas e continuam a servir como
centros de oração e educação judaica. Outras sinagogas se foram
permanentemente, com apenas uma placa nas proximidades para lembrar os
transeuntes da comunidade judaica que uma vez lá se reuniu.”
O prédio da Grande
Sinagoga de Ungvar construído em 1904 e modificado em estilo moderno em 1915 permaneceu milagrosamente de pé ao final da Segunda Guerra, vindo a tornar-se uma imponente Sala de
Concertos.
Sinagoga
Rosa de Ouro de Lviv, Ucrânia
Antes da Grande Guerra (1939-1945), a sinagoga mais antiga dentro das atuais fronteiras da Ucrânia era a Sinagoga rosa dourada em Lviv, também conhecida como a Sinagoga de Nachmanowicz (responsável pela compra do terreno e por sua edificação) ou a Sinagoga Turei Zahav.
“Construída
em 1582, os arquitetos do edifício utilizaram o estilo renascentista que se
tornou comum entre as sinagogas europeias naquele período.”
Frequente
alvo de antissemitismo, a sinagoga foi mantida para resgate por jesuítas no
início do século XVII e mais tarde a comunidade judaica foi capaz de comprá-la
de volta. Em 1941, a Sinagoga rosa dourada foi seriamente danificada pelas
forças nazistas; em 1943, eles a profanaram.
Atualmente o
santuário permanece em ruínas, embora os líderes judeus de Lviv anseiem por
restaurar a sinagoga e membros da comunidade de Lviv continuem usando o antigo
lobby como um lugar improvisado para orações.
Aron Kodesh, o tabernáculo contendo os sagrados rolos da Torah. |
Interior da Sinagoga Rosa. |
“Os membros
da comunidade judaica de Lviv desejam uma reconstrução da sinagoga ‘como era
antes’. O projeto do Gabinete de Preservação do Ambiente Histórico da Câmara
Municipal de Lviv, encomendado em 2016, prevê um espaço comemorativo. A
reconstrução da Sinagoga Golden Rose não está prevista no plano."
Como foi dito
no início, muitas sinagogas foram construídas em 4 séculos, porém poucas
restaram na Ucrânia. Ao pesquisar sobre o assunto cresce nossa admiração pela
religiosidade e devoção do povo judeu. Muito mais poderia ser acrescentado aqui
e mais fotos poderiam ser publicadas, fotos de ruínas de sinagogas, réplicas de
prédios do passado que já não estão mais presentes para serem visitados. Infelizmente,
hoje há muito mais a ser reconstruído na Ucrânia.
Mas nos
ateremos a falar da Sinagoga Babi Yar de Manuel Herz, construída pelas
autoridades ucranianas na ravina de Babi Yar, perto de Kiev, local do massacre
de 34 mil judeus durante a Segunda Guerra.
Sinagoga Babi Yar, que lembra o Holocausto na Ucrânia, (ainda) sobrevive à guerra, enquanto aqui escrevo. |
E por que
vasculhar o passado?
Porque, como
escreveu um poeta da França,
"...O passado é um segundo coração que
bate dentro de nós"...
Esta
preciosidade abaixo foi descoberta dentro de uma das dez sinagogas visitadas em
busca de algum símbolo judaico. Infelizmente, dentre elas, apenas este belo
vídeo foi encontrado:
FONTES:
https://www.myjewishlearning.com/article/synagogues-of-ukraine-past-and-present/
http://www.morasha.com.br/arte-e-cultura/sinagogas-em-madeira.html
File:Chodorov Synagogue ceiling2.jpg
http://zivabdavid.blogspot.com/2012/05/sinagogas-em-madeira.html
https://www.amazon.com.br/Sinagogas-madeira-Obra-prima-judaica-Inglesa/dp/5860440219
https://www.wikiwand.com/en/Golden_Rose_Synagogue_(Lviv)
quinta-feira, 24 de março de 2022
Editorial - VIVENDO e CONTANDO
Séculos de História - contada e registrada
Hoje é dia 24 de março de 2022. Vivemos tempos de relevância histórica. Tempos que vão ficar registrados em histórias oficiais e histórias contadas. A primeira passando pelo rigor da ciência. Registros e provas corroborando o que conta o historiador, e desta forma tentando resgatar uma "verdade". Também será registrado de forma individual através de diários, lives e a memória dos filhos, netos e bisnetos. Histórias pessoais refletem memórias muitas vezes filtradas através de gerações. Michel Laub, brasileiro, gaúcho e judeu que atualmente mora em Berlim escreveu um interessante artigo no Valor Econômico, que dá o sabor de procurar entender o que acontecia em tempos remotos a partir de documentos familiares.
Esta semana a Guerra da Ucrânia completa um mês. Há um novo desenho geopolítico pairando no ar. Para os judeus descendentes do Leste Europeu, que ouviram falar daquelas terras por seus familiares próximos ou amigos, os nomes e termos são conhecidos. Para os russos-ucranianos que emigraram para Israel após a queda da União Soviética há grande preocupação com familiares e amigos que ainda estão nas zonas de conflito.
A figura acima ilustra a diversidade da vida judaica que se iniciou há mais de 4 séculos. Nas terras que iam desde a Polônia, passando pelos países Bálticos, descendo por Bielorússia, Ucrânia, Moldávia, Romênia e entrando pelo território russo havia miríades de pequenas aldeias judaicas chamadas Shtetls. A terra, o estudo e a família eram características destes lugares que compensavam a primitividade com um sistema educacional muito eficiente. Gerações que saíam do Shtetl para o mundo ocidental rapidamente se engajavam na vida normal, propiciando aos filhos e aos jovens emigrantes condições de se destacarem nos saberes ocidentais.
Também havia judeus nas cidades. Olhando uma coleção de cartões postais, vi o que foi postado acima. Este cartão também está na internet e foi despachado em 1898 da cidade de Brody que fica na região de Lviv (Lemberg), oeste da Ucrânia, zona da Galícia polonesa. A comunidade judaica formava 88% do distrito de Brody e foi extinta durante a segunda guerra mundial. Esta foi uma cidade reconhecida como "uma cidade onde sabedoria e riqueza, Torá e compreensão, comércio e fé estão unidos": Assim escreveu o Nachman Krochmai (1785-1840) para Isaac Erter (1792 - 1851), intelectuais e rabinos do século XVIII. {judeus de Brody}.
É nesta região que se desenrola a Guerra entre a Rússia e a Ucrânia em pleno século XXI. O Estado de Israel hoje é responsável por ajuda humanitária, como ilustrado pelas ambulâncias blindadas acima e também tem aberto suas portas (como comentado na semana anterior) para judeus e não judeus.
Israel, apesar de sofrer "bulliyng" internacional e diplomático é um país inclusivo e multicultural. Admite a diversidade dos judeus e a isto inclui a diversidade dos não judeus. Um importante exemplo de convivência é o serviço da Magen David Adom - instituição sem fins lucrativos que faz parte do sistema da Cruz Vermelha Internacional. Um imagem especial, que registra o conviver, está no painel acima. Uma ambulância em que uma dupla de israelenses - judeu e muçulmano - param para rezar. A hora certa é igual para os dois, mas a direção das orações é diferente. O judeu reza olhando para Jerusalém e o muçulmano se dirige para Meca. Estas são as cidades sagradas para cada uma das religiões. Se estivessem no Brasil, ambos olhariam para Leste, e no Japão ambos olhariam para Oeste - Portanto, é apenas em uma pequena parte do globo terrestre, no próprio Oriente Médio, que um reza de costas para o outro.
No meio destes dias terríveis, assistimos com esperança todos os movimentos que acontecem do Marrocos à Arábia Saudita, dos Emirados Árabes Unidos ao Egito. Embaixadas, turistas, comércio, encontros científicos e educacionais, competições esportivas e certames intelectuais... tudo acontecendo de forma acelerada, com muito contato pessoal e muito entendimento. Buscar pontos de contato e discutir diferenças agora é possível nesta região do mundo e a forma de rezar parece estar sendo menos importante que os objetivos das rezas.
Muito a comentar e muito a registrar, mas vou terminar com um toque pessoal. Ontem, jantando com um grupo de amigas, a que chegou por último, após alguns minutos de sentar-se à mesa, levantou a voz e disse: "quero falar, ESCUTEM". Paramos todas porque notamos a urgência da mensagem e porque havia algo estranho no ar. Esta é um amiga muito calma e de fala baixa. Fez-se silêncio, e retornando à forma macia de falar contou: "todas aqui comentam da forma como os pais ou avós saíram da Europa durante o século XX. Preciso dizer que eu vivi esta história quando tinha 6 anos. Quando os russos ocuparam a Hungria. E, ouvimos memórias de uma menina de 6 anos. Um menina que hoje olha documentos e revê rostos. Uma menina que esteve em uma estação ferroviária embarcando de Budapeste para Viena e depois, algum bom tempo depois, para o Brasil. Uma menina que levou apenas um ursinho de pelúcia de uma mansão e que viu este ser cortado pelo agente ferroviário antes de permitir o embarque.
Um dia, esta menina vai contar a sua história, que é parte da nossa história e que precisa ser contada não apenas pelos que querem entender a geopolítica, mas também por aqueles que querem conviver com seres humanos.
Esperemos que esta semana traga boas novidades.
Regina P. Markus
segunda-feira, 21 de março de 2022
Você Sabia? - Shalom
“Junto com
a Verdade e a Justiça, a Paz está entre os valores judaicos mais sagrados.”
Por Itanira Heineberg
Paz - shalom
(שׁלום) - deriva de uma raiz que denota
totalidade ou integridade e refere-se à noção de Shelemut - perfeição.
Você sabia que a palavra SHALOM – PAZ - cujo significado é o mais almejado por cidadãos de todo o mundo diante desta guerra absurda e letal contra a Ucrânia - aparece centenas de vezes na Torah, a Bíblia Hebraica?
Shalom
aparece em todos os tipos de relatos, sejam eles sobre cidades, nações ou
indivíduos.
“Na Bíblia
Hebraica, a palavra Shalom, geralmente traduzida como paz, significa mais do
que a ausência de conflito; ela conota uma sensação segura de bem-estar e
integralidade (esta última é talvez a melhor definição literal).”
Neste momento
de História atual que estamos vivenciando, todos aqueles que defendem a
liberdade, a democracia e os direitos humanos perseguem a Paz.
Os rabinos já
ensinaram que Shalom é um dos nomes secretos de D’us. (Levítico Rabbah 9:9)
Incontáveis expressões
eloquentes de paz da Bíblia aparecem no Levítico citado acima, no Sidur - o livro
de orações, e na cultura e literatura judaicas.
Citaremos algumas
das mais apregoadas:
“Que o
Senhor te abençoe e te proteja.
Que o
Senhor negocie gentilmente e graciosamente com você!
Que o
Senhor lhe dê favores, e lhe conceda paz.”
Isaías 57:19
Este profeta
era conhecido por seus conselhos poéticos.
A seguir
algumas palavras de profundo alívio, oferecendo ao povo a perfeição - paz.
“Na
verdade, o senso de totalidade e cura (não apenas ausência de guerra) evocado
por esta passagem é um significado essencial da palavra Shalom.”
“Sim, você
deve sair com alegria e ser levado para casa em paz.
Diante de
você, montanha e colina gritarão em voz alta,
E todas as
árvores do campo baterão palmas.”
E portanto,
após milênios de exortação, a humanidade ainda não consegue alcançar a PAZ.
E aprendi
então que os delicados pássaros japoneses tsurus, aves sagradas do Japão,
símbolos de saúde, cura, boa sorte e felicidade são também responsáveis por
trazer a PAZ.
Na ocasião,
uma representação da comunidade Sino-brasileira de São Paulo entregou ao pároco
mil tsurus, dobrados por japoneses da cidade em prol da PAZ na Ucrânia.
Tsurus em arte
japonesa de papel dobrado com as mãos conhecida como Origami. |
E assim
saímos reconfortados ao constatar mais uma vez a solidariedade aos ucranianos e
seus descendentes expressa por todas as crenças presentes: cristãos, judeus,
muçulmanos e budistas.
Restam-nos
orações, ações e canções para apaziguar a violência humana.
Continuemos a
pedir por uma Paz Total, Shalom Rav, em nossas preces a cada sexta-feira em
nossos Cabalat Shabbatot, na esperança de deixarmos um mundo melhor para nossos
filhos e netos.
Não podemos
esquecer a música, elemento de grande importância para os judeus - ela deve
sempre nos acompanhar ao pedir a paz para toda a humanidade. Amém!
Ouçamos agora a famosa e envolvente melodia pela paz neste vídeo abaixo, na esperança que um dia nossos sonhos de paz se realizem:
FONTES:
https://www.myjewishlearning.com/article/quotes-from-the-jewish-bible-about-peace/
https://www.myjewishlearning.com/article/shalom/
https://www.myjewishlearning.com/article/shalom/
quinta-feira, 17 de março de 2022
TRANSFORMAÇÃO: Entre a Escolha e o Sorteio
segunda-feira, 14 de março de 2022
ZELENSKY: Um aceno de luz nos céus da Europa Ocidental...
"A luta
está aqui: Preciso de munição, não de carona" - resposta do presidente ucraniano
aos Estados Unidos.
SER OU NÃO
SER, O HOMEM burlesco, divertido, QUE VIROU HERÓI E ESTÁ LUTANDO POR UMA NOVA
EUROPA! |
Você sabia que
um ex-comediante, ator muito aplaudido, lutando lado a lado de seus soldados,
preparado para morrer, está brilhando nos palcos de uma absurda guerra contra
sua pátria, a Ucrânia?
"Eu
estou aqui. Não vamos baixar as armas. Estaremos defendendo nosso país, porque
nossa arma é a verdade, e nossa verdade é que esta é a nossa terra, nosso país,
nossos filhos, e vamos defender tudo isso", disse o presidente Zelensky.
Recentemente,
tão logo a Rússia se pronunciou contra a Ucrânia, ameaçando seu pacífico povo
de conquista e submissão, encantei-me com a atitude de seu jovem presidente (44
anos em janeiro último) e comecei a pesquisar suas origens e vida. Queria falar
sobre ele, mas quanto mais eu descobria sobre suas ações e caráter, mais eu me
intimidava. Como ousaria eu falar sobre este idealista tão sincero, leal e destemido?
Foi quando li
sobre os 16 judeus ucranianos que enriqueceram a humanidade com seus feitos que
obtive coragem e aqui estou contando um pouco mais sobre Volodymyr Zelensky.
Nascido na única
porção da Ucrânia destinada aos judeus, Pale of Settlement, na cidade de Kryvyi,
Zolonsky cresceu em um país dominado pela União Soviética, uma terra sem
religião segundo os princípios do governo, onde os judeus eram totalmente fiscalizados
e por muitas gerações foram vítimas de pogroms, terror e muito medo.
Sua família,
um núcleo típico dos judeus soviéticos dos anos 80, não era religiosa, pois
religião não existia naqueles tempos, era ilegal e os judeus eram
constantemente vigiados pelo governo. Zelensky
não fala abertamente sobre o assunto mas acredita em Deus e com Ele só fala em
seus momentos pessoais. Ele até chegou a pedir orações judaicas ao mundo nestes
atuais dias de guerra. Ser judeu faz parte de sua identidade e o Holocausto é
também sua história; seu bisavô e três irmãos de seu avô morreram durante a
invasão nazista no território ucraniano. Seu avô e tios avós lutaram contra
nazistas como parte do Exército Vermelho. Seu avô foi o único a sobreviver.
Zelensky
atribui aos pais seus princípios democráticos e sua “bússola moral”.
Seu pai,
matemático que dirige um departamento de ciência da computação da universidade
e sua mãe Rimma, engenheira, incutiram no menino o valor da verdade e o
desprezo pela mentira.
“Eu
sempre reajo dolorosamente às mentiras", disse ele. "Esta é a
principal característica que meus pais me deram."
Zelensky
conhece Israel, tem parentes por lá, apresentou-se em shows e até ganhou uma
bolsa de estudos para estudar no país. Porém, obedecendo ao seu pai, ficou e
estudou Direito na Ucrânia.
Pai de uma
bela família hoje com dois filhos, Oleksandra e Kyrylo, namorou sua esposa
Olena, conhecida dos tempos de escola e em 2003 eles se casaram.
“Olena é
uma defensora de mulheres e crianças desde que Zelensky assumiu o cargo, e recentemente
ela postou no Instagram sobre a bravura das mulheres ucranianas que estão
defendendo seu país contra os russos.
Zelensky
disse que sua família permanece na Ucrânia, mas que ele não divulgará sua
localização.”
Volodymyr, um
homem de muitos talentos artísticos e profissionais, grande dançarino e
escritor (sua autobiografia já é mais do que uma ideia), também participou de
shows televisivos como podemos ver no vídeo abaixo, no concurso “Dançando com
as estrelas”:
Em 2015 ele
ajudou a criar o seriado “Servo do Povo”, onde um professor de história critica
o governo do país e do dia para a noite passa a ser presidente. Este show caiu
rapidamente no gosto da população e, como afirmam alguns, a arte imita a vida -
e em 2019 Zelensky virou o presidente do país com 73% de apoio de seu povo. Ao
fazer sua campanha eleitoral, chamou seu partido de Servo do Povo.
Falar de
Zelensky é uma tarefa desafiante, assim escolhi selecionar um texto de Diogo
Mainardi, um admirador do presidente ucraniano, escrito ainda no início da
guerra, para finalizar nosso artigo:
"Putin
tem um Exército incomensuravelmente mais poderoso - e letal.
Mas
Zelensky venceu a guerra psicológica contra o assassino russo - e venceu de
forma avassaladora. Ele conseguiu encorajar todos ucranianos, civis e
militares, que há mais de uma semana resistem heroicamente aos invasores,
enfrentando tanques inimigos com o próprio corpo. Ao mesmo tempo, ele persuadiu
as democracias ocidentais a entregar-lhe milhares de javelins e stingers, a fim
de defender o país das tropas russas."
FONTES:
https://www.tabletmag.com/sections/news/articles/ukraines-hero-president-z
https://edition.cnn.com/2022/02/26/europe/ukraine-zelensky-evacuation-intl/index.html
quinta-feira, 10 de março de 2022
SALVAR UMA VIDA SALVA A HUMANIDADE
À VIDA - Le CHAIM - פיקוח נפש - Salvando Vidas
Rabino Nega Antissemitismo na Ucrânia atual link |
Tempos de guerra. A imprensa, a intelectualidade e mesmo os descendentes de russos e ucranianos têm dificuldade em explicar o porquê desta guerra sanguinária. Pessoas públicas muito consideradas no Brasil e no mundo afirmam categoricamente que, apesar das ameaças de Vladimir Putin, presidente da Rússia, este desfecho teria mínimas probabilidades de ocorrer.
Estamos na segunda semana da guerra e podemos seguir pela imprensa a série de medidas que os aliados da OTAN vêm tomando para aumentar a capacidade de defesa da Ucrânia e para trazer para territórios vizinhos a enorme quantidade de pessoas que estão fugindo dos bombardeios e dos ataques de tanques. Imagens de cidades destruídas e tudo mais.
SALVAR UMA VIDA e SALVAR A HUMANIDADE é um dos principais ensinamentos do judaísmo. A expressão Pikuach Nefesh (פיקח נפש), traduzida literalmente, seria "Supervisão" ou "Comando" da Alma. Como expressão idiomática da Torá (5 livros de Moisés), significa Salvar Vidas! Podemos unir os dois conceitos ao lembrarmos que em hebraico os verbos SER e ESTAR nunca são pronunciados na primeira pessoa do singular no tempo presente. É muito comum escutar israelenses que falam o português por conviver com brasileiros dizendo "eu linda", "eu fome". Como sabemos, o presente é eterno, porque se renova a cada minuto, e "EU SOU" ou "EU ESTOU" é um dos nomes de D'us mencionados na Torá. Juntando as pontas deste quebra cabeça fica fácil entender que cada um é importante e que qualquer comando é menor do que salvar uma vida. O judaísmo não admite mártires ideológicos, e trabalhar no sábado é uma benção quando a intenção é salvar uma vida humana.
A ligação do Povo Judeu com a Ucrânia é muito antiga. No "Você Sabia?" desta semana, Itanira Heineberg comenta sobre a vida de 16 judeus de origem ucraniana. É esta relação e o firme propósito de salvar vidas nos dias de hoje que vem abrindo a possibilidade de uma nova relevância geopolítica para Israel, Turquia e Países Árabes mulçumanos que do Atlântico ao Pacífico vêm ampliando suas relações com Israel.
Se a inesperada visita do Primeiro Ministro de Israel à Rússia e Alemanha na última semana e nesta a visita do Presidente de Israel à Turquia mostram que há busca para mediar o fim do conflito armado, ao mesmo tempo Israel auxilia a Ucrânia com logística militar e com ajuda humanitária.
A população judaica na Ucrânia está sendo retirada daquele país e dos locais de desembarque nos países vizinhos e levada para Israel. A Agência Judaica (Sochnut) tem feito um trabalho pró-ativo logo na chegada dos que estão fugindo do conflito. Estas pessoas são documentadas e seguem para Israel. A recepção é calorosa. Aviões com órfãos e pessoas idosas. Com muitas mulheres e poucos homens, pois estes ficam para lutar no conflito. Há também um fluxo de cidadãos com dupla cidadania, ucraniana e israelense, em direção à zona de conflito. Segundo a ministra do interior de Israel, Ayelet Shaked, são 100.000 judeus ucranianos chegando a Israel.
Na fala da ministra no dia 8 de março de 2022 foi anunciado que Israel receberá também 25.000 ucranianos não judeus como refugiados. Lembramos que Israel tem recebido não judeus refugiados de países da África e também da Ásia.
Conceitualmente, salvar uma vida é salvar a humanidade, mas também pode levar a fatos que vão além da imaginação.
Conversando com um pessoa que estava em Israel, e comentando estar escrevendo um texto sobre a faísca de humanidade que devemos procurar, ocorreu uma reação inusitada. "OLHA O JORNAL DE HOJE!" Letras maiúsculas representando o entusiasmo!
O Yeridoth Ahronot, jornal diário israelense, conta que um agente da imigração de Israel fica nas estações de trens dos países vizinhos chamando o nome dos que imigrarão para Israel. Uma atividade de rotina, mas quando o trem chega são muitas centenas que descem e o altofalante chama. Numa das estações, neste trabalho impessoal, é chamado o nome Warshavski. Chegam duas mulheres, bastante parecidas, mas havia registro apenas de uma! Conversam e descobrem que são irmãs por parte de pai. Moraram a vida inteira em Kiev, capital da Ucrânia. Rapidamente foi providenciada documentação para as duas, que não só vão para uma situação mais segura, como passam a contar com uma nova família.
Há também as histórias que fazem com que o presente jogue novas luzes sobre o passado de forma a alterar o futuro. Esta é uma das possibilidades de "eternidade". Neste contexto, a youtuber brasileira Aline, que mora em Jerusalém, traz uma história maravilhosa que todos podem acompanhar e se emocionar seguindo este link.
Brevemente, como aqueles que participaram da corrente de Pikuach Nefesh, na segunda guerra mundial - mais conhecidos como JUSTOS NA TERRA - agora são resgatados com a mesma rede.
125.000 pessoas - conversações e mediações - carinho e coragem... são ingredientes que emergem desta situação de conflito.
MAS - antes de encerrar - e sem poder tocar em profundidade, mas não querendo esquecer - segue o programa de ataque iraniano a Israel e aos países do Golfo, e os chamados países ocidentais parecem não ter capacidade de lidar com esta importante barrica de pólvora. Comentamos futuramente.
SALVAR UMA VIDA é SALVAR A HUMANIDADE! Metaforicamente e de fato! A menina salva na década de 1940 hoje senta aninhada por filhos, netos e bisnetos! Hoje, com mais de 90 anos, participa das recepções e conversas!
Boa semana!
Regina P. Markus
segunda-feira, 7 de março de 2022
Você Sabia? - Dezesseis judeus ucranianos que mudaram o mundo
Por Itanira Heineberg
Da esquerda para direita: Golda Meir, Menachen Mendel Schneerson, Mila Kunis, Sholem Aleichem |
Você sabia
que estamos vivendo dias de ansiedade e guerra, e que um Judeu está se
esforçando pela Paz e será sempre lembrado como mais um Judeu da Ucrânia
tentando mudar o mundo?
Volodymyr
ZELENSKY, o sorridente presidente da Ucrânia desde 2019, lembra o hábil pastor
Davi na luta contra o temível gigante Golias (aguarde nosso próximo assunto
para a semana que vem).
Obedecendo ao
ensinamento do Tikun Olam (Consertar o Mundo), também judeus ucranianos têm
contribuído para o pensamento e cultura judaicos destacando-se na ciência, na arte,
na política e muito mais.
Desde a Idade
Média a Ucrânia acolheu uma comunidade judaica significativa e vibrante, mesmo
sendo a história do judaísmo ucraniano uma vivência difícil com períodos de
intenso antissemitismo.
“As
fronteiras mudaram após o colapso do Império Russo - e mais tarde, a União
Soviética - e a perseguição e vigilância quase constantes levaram muitos judeus
a emigrar para outro lugar. Mas um número surpreendente de judeus ucranianos,
quer tenham passado a vida inteira no país ou viajado para outro lugar, fizeram
contribuições notáveis para a arte, cultura, ciência, política, esportes etc. A
Ucrânia também foi o berço de importantes desenvolvimentos judaicos, mais
notavelmente o Hassidismo.”
Baal Shem Tov, pintura a óleo por Shoshannah Brombacher |
Baal Shem Tov
Fundou o Judaísmo Hassídico, um movimento espiritual ortodoxo que tem centenas
de milhares de adeptos hoje. Nascido Israel ben Eliezer em 1698 em Okopy,
Ucrânia, Baal Shem Tov literalmente significa "Mestre do Bom Nome" e
é frequentemente abreviado como Besht.
Golda Meir
Golda Meir, a
internacionalmente admirada primeira-ministra de Israel em 1969, nasceu em
Kiev, capital da Ucrânia, em 1898. Outros líderes israelenses que nasceram na
Ucrânia incluem o segundo primeiro-ministro de Israel, Moshe Sharett e seu
sucessor, Levi Eshkol.
Sholem
Aleichem
Nascido
Sholem Rabinovitz em 1859 em Pereyaslav, Ucrânia, Sholem Aleichem é considerado
um dos mais amados escritores iídiches de todos os tempos. Seus contos sobre
Tevye, o Leiteiro, inspiraram o sucesso musical e filme “Fiddler on the Roof” (“Um
Violinista no Telhado”).
Mila Kunis
Nascida em
Chernivtsi, Ucrânia, em 1983, Mila Kunis e sua família fugiram da União
Soviética quando ela tinha sete anos. Sua família foi reassentada em Los
Angeles com a ajuda da Sociedade Hebraica de Ajuda aos Imigrantes. Kunis ganhou
fama ao estrelar “That 70’s show” e teve papéis importantes em dezenas de
séries e filmes desde então.
Menachem
Mendel Schneerson
Conhecido por
muitos como "o Rebbe", Menachem Mendel Schneerson foi o último rebbe
do movimento Chabad Lubavitch e é considerado um dos líderes judeus mais
influentes do século XX.
Liderando o
movimento Chabad de sua sede no Brooklyn, Schneerson nasceu em Mykolaiv,
Ucrânia, em 1902.
Oksana Baiul
A patinadora
artística Oskana Baiul fez história em 1994, quando se tornou a primeira atleta
a representar a Ucrânia pós-soviética a ganhar uma medalha de ouro nos Jogos
Olímpicos. Criada cristã ortodoxa, ela descobriu e abraçou sua ascendência
judaica materna quando tinha 25 anos. Desde que se aposentou da patinação no
gelo, serve como administradora do Tikva Children's Home, um orfanato judeu em
Odessa.
Selman
Waksman
Selman Waksman nasceu em 1888 em uma pequena vila da Ucrânia. Como pesquisador da Universidade de Rutgers em Nova Jersey, ele descobriu vários antibióticos que levaram ao primeiro tratamento com êxito na cura da tuberculose. Em 1952 Waksman recebeu o prêmio Nobel em medicina por suas contribuições em microbiologia.
Natan Sharansky
Nascido em
Donetsk, Ucrânia, em 1948, Natan Sharansky é um dos mais famosos refugiados que
defendiam o direito do judeu soviético de emigrar durante os anos 1970 e 1980.
Entre os anos de 1977 e 1986, Sharansky foi preso por seu ativismo. Após ser
libertado, imigrou para Israel e entrou no mundo da política. Sharansky
recebeu o Prêmio Israel em 2018.
Vladimir
Horowitz
Aclamado como um dos maiores pianistas de todos os tempos, Vladimir Horowitz nasceu em Kiev em 1903. Ele deixou a União Soviética aos 22 anos e passou a residir em Berlim e Nova York. Depois de ganhar dezenas de Prêmios Grammy do final dos anos 1960 até o início dos anos 1990, Horowitz ganhou o Grammy Lifetime Achievement Award em 1990. Houve muitos outros músicos judeus ucranianos notáveis, incluindo o violinista de renome internacional e seis vezes vencedor do Grammy, Isaac Stern.
Jan Koum
Nascido em
Kyiv em 1976, Jan Koum imigrou para a Califórnia com sua mãe na adolescência. Depois
de trabalhar por vários anos em cibersegurança e programação, Koum inventou o
aplicativo de mensagens WhatsApp em 2009. O WhatsApp tem bilhões de usuários em
todo o mundo e foi adquirido pela Meta Platforms do Facebook por US$ 19,3
bilhões em 2014.
Rav Nachman of Breslov
Rav Nachman,
também conhecido como Nachman de Uman ou Reb Nachman, nasceu em Medzhybizh, na Ucrânia,
em 1772. Neto do Baal Shem Tov, Rav Nachman fundou o movimento hassídico
breslov, que combinava elementos do misticismo com os escritos de Torá.
Mudou-se para Uman em 1810 e morreu mais tarde naquele ano. Hoje, o túmulo de
Rav Nachman em Uman (foto acima) é um local de peregrinação que recebe dezenas
de milhares de visitantes todos os anos.
Ilya Kaminsky
Ilya Kaminsky
nasceu em Odessa em 1977. Aos 16 anos, Kaminsky e sua família emigraram para os
EUA devido ao antissemitismo na Ucrânia. As coleções de poesia de Kaminsky, “Dançando
em Odessa” e “República Surda”, receberam elogios internacionais, e Kaminsky
foi selecionado como um Guggenheim Fellow em 2018.
Boris Aronson
Nascido em
Kiev em 1898, Boris Aronson estudou teatro e arte em todo o Império Russo e Europa
ocidental antes de imigrar para os EUA em 1923. Depois de passar vários anos
projetando cenários em teatros iídiches, Aronson começou a trabalhar na
Broadway. Ele projetou três dúzias de produções da Broadway e ganhou o Tony
Award de Design Cênico seis vezes.
Hayim Nahman Biyalik
Nascido perto de Volínia, Ucrânia, em 1873, Hayim Nahman Bialik é lembrado como um pioneiro da poesia hebraica moderna. Ele é apenas um dos muitos judeus ucranianos que moldaram a literatura israelense primitiva e o pensamento sionista.
Ahad Ha'am, um ensaísta que também foi influente no renascimento da escrita hebraica, nasceu em Skvyra, Ucrânia, de uma família hassídica em 1856. Ele também é considerado o pai do sionismo cultural.
Ze'ev Jabotinsky, o fundador do sionismo revisionista, nasceu em Odessa em 1880. Jabotinsky também estabeleceu o movimento juvenil beitar e o Irgun, uma organização paramilitar no pré-estado de Israel.
Shlomo Ganzfried
Rabino e
especialista em direito judeu, Shlomo Ganzfield nasceu em 1804 em Uzhhorod,
Ucrânia. Considerado um prodígio infantil no mundo yeshiva da Europa Oriental,
a contribuição mais notável de Ganzfried para o judaísmo foi escrever o Kitzur
Shulchan Aruch, uma versão condensada e facilmente compreendida do Shulchan
Aruch, o código mais citado da lei judaica.
O atual presidente da Ucrânia usando sua arma poderosa, a comunicação, em prol da paz.
Até a próxima semana, quando traremos esta figura instigante e inspiradora para nossos canais!
Boa semana para todos!
FONTES:
https://www.myjewishlearning.com/article/16-jews-from-ukraine-who-changed-the-world/
https://www.absolutearts.com/painting/oil/shoshannah-brombacher-the-baal-shem-tov-1054583646.html
https://www.nobelprize.org/prizes/medicine/1952/waksman/facts/
https://web.facebook.com/TheGraveOfRabbiNachmanfromBreslevInCityUman/?_rdc=1&_rdr