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sexta-feira, 8 de abril de 2022

Editorial - O que estamos vivendo esta semana







O que estamos vivendo esta semana? 


Há uma esperança de redução dos ataques russos na Ucrânia mas não há nenhum passo levando a isso… a Europa, que reagiu rápido com uma profusão de críticas e sanções à Rússia, pausou para olhar seus públicos; seus eleitores domésticos… compasso de espera enquanto na Ucrânia ainda se morre mesmo sendo civil!

Em Israel, como acontece há muito tempo antes do mês de ramadã (mês do calendário islâmico no qual a maioria dos muçulmanos pratica o seu jejum ritual), há uma nova onda de terrorismo praticado em sua maioria por árabes israelenses. Enquanto no Neguev ocorria um bem sucedido Encontro entre Israel e seus parceiros nos Acordos Abraâmicos, no qual laços de respeito e compartilhamento se estreitaram, onze israelenses, judeus e árabes, foram esfaqueados ou abatidos a tiros no período mais sangrento em muitos anos. Mais uma vez o plano parece ser desestabilizar as tentativas de paz, de convivência normal em um país diverso. 

Quanto desses atentados chegaram à imprensa, ou foram publicamente condenados? Será porque as pessoas passaram a achar normal - a desinformação é tamanha que ouve-se  "são mais alguns atos de defesa do povo palestino" e rapidamente propõem-se manifestações de apoio - a quem? - aos palestinos! E infelizmente no ambiente universitário isso é comum. Pelo menos essas movimentações aqui no Brasil tem sido menos “populares”, sem angariar legitimidade… e há significativas informações sobre Israel que são trazidas como por exemplo a feira das Universidades de Israel na USP, ocorrida ontem.

Mas convivemos com erros e mentiras que se repetem tanto que passam a ser vistas como fatos. A imprensa mundial e alguns organismos internacionais há muitos anos usam a expressão "territórios palestinos ocupados", e assim criaram essa "verdade" que é comprada por quem não tem informações sobre o assunto. De acordo com a lei internacional criada no fim do século XIX, e hoje regida pelas quatro convenções de Genebra, "território ocupado é aquele que de fato está submetido à autoridade de um exército hostil". (Guide-humanitarian-law.org) 

Em breve histórico, no ano 135 da era comum, a província da Judeia foi renomeada pelo imperador romano Adriano para Síria - Palestina pela qual passaram diversas populações e entre elas sempre continuaram lá os judeus. O último poder soberano na região foi o do Mandato Britânico conferido pela Liga das Nações para administrar a Palestina e a Transjordânia - territórios cedidos pelo Império Otomano ao final da 1a Guerra Mundial. Os crescentes movimentos contra o mandato inglês, perpetrados ora por judeus palestinos, ora por árabes palestinos e, sem dúvida, o Holocausto, levaram a já então ONU a propor a Partilha da Palestina em novembro de 1947. Logo em 1948 Israel foi fundado na porção definida para o estado judeu mas no restante do território nenhum estado foi criado, a não ser a guerra de 1948. Nela a recém criada Jordânia invadiu território a Oeste do rio Jordão que passou por isso a ser chamado de West Bank (em português, Cisjordânia) seus habitantes receberam a cidadania jordaniana mas foram mantidos separados do restante da população jordaniana pelo rio.

Em 1967 Israel se defendeu de ataques árabes e conseguiu não só defender seu território como conquistar novas áreas: Cisjordânia, Gaza, Golan, o Sinai e a parte oriental de Jerusalém. A partir da conquista do leste de Jerusalém, as áreas religiosas puderam voltar a ser visitadas por turistas, o que era antes proibido pela Jordânia. Essas áreas não foram invadidas por Israel, foram conquistadas em guerra provocada pelos árabes. Assim como, entre vários exemplos, o Texas foi conquistado do México pelos EUA em 1848, e lá permanece até hoje…

O Sinai foi cedido por Israel ao Egito em 1979 por uma "fronteira pacífica", Israel se retirou de Gaza em 2005. Com exceção do Golan e Jerusalém oriental, Israel não mantém o poder sobre os territórios que conquistou na guerra.

Foi a partir de 1967 que passou-se a usar o termo "territórios" frequentemente acompanhado de "ocupados". Pela lei internacional, no entanto, não o são. Como há pleitos por parte de árabes palestinos e da Jordânia o termo mais correto é territórios "em disputa". E isso deve ser explicado, repetido até que a palavra "ocupados" não soe mais normal… mas a ONU, que hoje tem 57 países membros muçulmanos votando em bloco - países que não têm autonomia de não votar em bloco - não tem sido sensível a esclarecimentos. Em maio de 2021 (!) foi criado pelo Conselho de Direitos Humanos uma "comissão internacional independente de investigação dos territórios ocupados, incluindo Jerusalém oriental"! Este Conselho de Direitos Humanos é composto por 47 países membros, eleitos a cada 3 anos, e a Assembleia-geral está reunida neste momento tratando da expulsão da Rússia devido aos crimes atuais na Ucrânia. Atual composição pode ser conferida clicando aqui

O viés, a inequidade com que Israel é tratado por este Conselho em relação aos demais países é estarrecedor! Dois pesos e duas medidas: uma para o mundo e outra para Israel! Quem, entre poucos, demonstra isso claramente é Hillel Neuer, o Diretor Executivo do Human Rights Watch, uma ONG sediada na Suíça que atua pelos direitos humanos. Nesta entrevista sobre a última eleição do conselho, de setembro de 2020, Neuer fala disso e “dá nome aos bois” -  o antissemitismo é o que fala mais alto! 

Neste período lemos a dupla de Parashiot Tazria e Metzorá. A tradução literal desta sequência de palavras é "ela dá semente, infectada". Parece-me oportuna esta leitura, aplicando-a à atual profusão de acusações cada vez mais criativas, conspiratórias, a Israel e aos judeus por parte de muitos órgãos da imprensa e das Nações Unidas. São sementes doentes, impuras, que devemos arrancar com as raízes, devemos retrabalhar o solo dos organismos internacionais, prepará-lo para receber novas e saudáveis sementes que possam brotar e florescer construindo florestas de colaboração e parcerias. 

Aproveitemos para fazer isso enquanto chega Pessach…

Juliana Rehfeld

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