Marcadores

segunda-feira, 11 de abril de 2022

VOCÊ SABIA? - Xangai

 

Xangai dos sonhos, do glamour, sublime, libertadora...

Uma história que não foi contada!

Por Itanira Heineberg



Você sabia que a vibrante Xangai já foi um refúgio de paz e acolhimento para judeus em fuga dos horrores do nazismo durante a Segunda Grande Guerra (1939-1945)?


Judeus refugiados desembarcando do navio – Xangai - Divulgação Museu Judaico de São Paulo


Centro Judaico Xangai


Já com mais de 80 anos, Kurt Wick, o menino que escapou da morte certa em um campo de concentração nazista, relata que refugiou-se em Xangai, em um pequeno santuário da China, conhecido por milhares de judeus que fugiam do Holocausto.

 

"Eles salvaram 20.000 judeus e, se não fosse por isso, eu não estaria falando com você agora", diz Wick, que nasceu em Viena e que embarcou, com seus pais, em um navio no porto de Trieste para esta longa viagem para o leste.

 

"Eu teria sido parte das cinzas em Auschwitz, como minha outra família".


Kurt Wick mostra o nome de sua família no Museu de Refugiados Judeus em Xangai em fevereiro de 2019. - CHINA DAILY


Wick queria agradecer Xangai por ter salvado sua família, doando sua coleção de mais de 8.000 livros para o Museu de Refugiados Judeus de Xangai.

 

Estes livros sobre a história, cultura, política e economia do povo judeu foram finalmente levados ao museu. Devido à pandemia, Wick não pode fazer a entrega pessoalmente.

 

“Muitos dos livros apresentam a história do povo judeu, o Holocausto e seu tratamento pelos nazistas. Alguns contam o período em que mais de 20.000 refugiados judeus buscaram abrigo em Xangai durante a Segunda Guerra Mundial.

Os livros, em inglês, hebraico, alemão e outros idiomas, se tornarão a primeira coleção de volumes de uma nova biblioteca do museu, de acordo com seu curador Chen Jian.”

 

A família Wick chegou ao país em 1939 e para vencer na nova terra, os pais montaram uma loja de bolsas no distrito de Hongkou.

Em 1948 eles viajaram novamente, estabelecendo-se em Londres - e após finalizar seus estudos Kurt herdou o negócio das bolsas da família.

Como hobby, Wick coleciona livros sobre história, política, economia e cultura judaicas.

 

"Xangai significa um lugar seguro para mim", disse Wick. "Cheguei lá quando menino e não sabia muito sobre a guerra. Embora fôssemos muito pobres, nunca me lembro de sentir fome lá."

 

“Em 2019, Wick trouxe sua esposa, filha e genro para Xangai. Quando viu o nome de sua família na parede de sobreviventes do Museu de Refugiados Judaicos de Xangai, Wick ficou muito emocionado e depois decidiu doar seus livros para o museu.”

 

“Chen, o curador do museu, disse que a coleção doada por Wick é muito valiosa, já que o museu pretende desempenhar um papel maior na pesquisa acadêmica e nos intercâmbios culturais.

 

"Os livros têm um significado especial para o museu e as trocas entre Xangai e o povo judeu", acrescentou Chen.”

 

Tanto a biblioteca como o museu expandido serão abertos ao público em breve.



O dia 27 de janeiro é o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, que lembra o aniversário da libertação do campo de Auschwitz-Birkenau, o maior campo de extermínio nazista, em 1945.

No pior genocídio da história da humanidade, foram exterminados seis milhões de judeus mas Wick e seis outros membros de sua família conseguiram escapar da Europa para Xangai,  um dos raros destinos para os quais nenhum visto era exigido.

 

"As pessoas deveriam saber, porque foi o único lugar no mundo em 1939 que abriu suas portas para nós", disse Wick por telefone de sua casa em Londres.

"Nem mesmo muitos judeus sabem".

 

Xangai, uma terra estranha e distante para os judeus europeus, foi ocupada pelo Japão imperial em 1937 porém os invasores não perseguiram os recém chegados fugitivos de Hitler.

 

Felizmente a pequena e próspera comunidade judaica que vivia na cidade chinesa desde o século XIX ajudou os infelizes refugiados. Esta era a Época de Ouro da cidade, conhecida como The Old City of Shangai, a Velha Xangai.


Com o fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, a vida foi ficando mais complicada e assim a população judaica de Xangai diminuiu radicalmente com os refugiados voltando para casa, ou para outros países.

E hoje em dia é com alegria que as autoridades chinesas percebem que o que aconteceu no passado em Xangai está vindo à tona e a região está famosa como “um refúgio de paz para os judeus de Hitler.”


Turismo religioso em Xangai – em 2008 meu marido e eu caminhamos por este parque e aprendemos a história dos refugiados de Xangai.


2007 - Inauguração do Museu dos Refugiados Judeus, pela prefeitura, em Hongkou, bairro onde ficava o "Gueto de Xangai".


Localizado onde ficava a antiga sinagoga, Ohel Moshe, o museu foi reaberto recentemente após uma expansão que o triplicou.



O item de destaque do museu consiste em uma parede com os nomes dos milhares de judeus que temporariamente moraram na cidade nas décadas de 1930 e 1940.

Também importante destacar que os judeus nunca sentiram discriminação por parte dos chineses, conforme confirma Wick em seus relatos.


Sinagoga Ohel Rachel, uma das duas sinagogas da cidade.


“Nenhum dos refugiados permanece em Xangai, mas ainda há uma pequena comunidade muito ativa de cerca de 2.000 pessoas.”

 

O rabino Shalom Greenberg, 49 anos, afirma não haver preconceito algum com essa comunidade, na centenária Sinagoga Sefardita Ohel Rachel.



"Este é um dos poucos lugares no mundo onde quando você anda na rua e ouve duas pessoas atrás de você dizer 'esta pessoa é judia', você não tem medo", comenta.

 

"Nesta terra, nunca houve antissemitismo", acrescenta.”


Estátuas de refugiados judeus no Museu dos Refugiados Judeus de Xangai - 08/12/2020


Que este refúgio de paz e tolerância em Xangai permaneça como um grande exemplo para as nações de nosso atribulado mundo neste início do século XXI.

Sinagoga Ohel Rachel - Xangai


Museu dos Refugiados Judeus - Xangai


Xangai, conhecida como a Pérola do Oriente, foi realmente uma joia abençoada para os mais de 20.000 judeus em fuga do continente europeu.

 

FONTES:

https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2021/01/26/interna_internacional,1232302/como-xangai-salvou-milhares-de-judeus-do-holocausto.shtml

https://stringfixer.com/pt/Shanghai_Jewish_Refugees_Museum

https://www.istoedinheiro.com.br/como-xangai-salvou-milhares-de-judeus-do-holocausto/

https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2021/01/26/interna_internacional,1232302/como-xangai-salvou-milhares-de-judeus-do-holocausto.shtml

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/historia-hoje/historias-sobre-refugiados-judeus-em-xangai-marca-pre-abertura-museu-judaico-em-sao-paulo.phtml

https://www.chinadaily.com.cn/a/202009/04/WS5f51750aa310675eafc57695.html

https://chinanaminhavida.com/2018/06/19/judeus-em-shanghai/

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário