Xangai dos
sonhos, do glamour, sublime, libertadora...
Uma história
que não foi contada!
Você sabia
que a vibrante Xangai já foi um refúgio de paz e acolhimento para judeus em
fuga dos horrores do nazismo durante a Segunda Grande Guerra (1939-1945)?
Judeus
refugiados desembarcando do navio – Xangai - Divulgação Museu Judaico de São
Paulo |
Centro Judaico Xangai |
Já com mais
de 80 anos, Kurt Wick, o menino que escapou da morte certa em um campo de
concentração nazista, relata que refugiou-se em Xangai, em um pequeno santuário
da China, conhecido por milhares de judeus que fugiam do Holocausto.
"Eles
salvaram 20.000 judeus e, se não fosse por isso, eu não estaria falando com
você agora", diz Wick, que nasceu em Viena e que embarcou, com seus pais,
em um navio no porto de Trieste para esta longa viagem para o leste.
"Eu teria
sido parte das cinzas em Auschwitz, como minha outra família".
Kurt Wick mostra
o nome de sua família no Museu de Refugiados Judeus em Xangai em fevereiro de
2019. - CHINA DAILY |
Wick queria agradecer
Xangai por ter salvado sua família, doando sua coleção de mais de 8.000 livros
para o Museu de Refugiados Judeus de Xangai.
Estes livros
sobre a história, cultura, política e economia do povo judeu foram finalmente levados
ao museu. Devido à pandemia, Wick não pode fazer a entrega pessoalmente.
“Muitos
dos livros apresentam a história do povo judeu, o Holocausto e seu tratamento
pelos nazistas. Alguns contam o período em que mais de 20.000 refugiados judeus
buscaram abrigo em Xangai durante a Segunda Guerra Mundial.
Os livros,
em inglês, hebraico, alemão e outros idiomas, se tornarão a primeira coleção de
volumes de uma nova biblioteca do museu, de acordo com seu curador Chen Jian.”
A família
Wick chegou ao país em 1939 e para vencer na nova terra, os pais montaram uma
loja de bolsas no distrito de Hongkou.
Em 1948 eles
viajaram novamente, estabelecendo-se em Londres - e após finalizar seus estudos
Kurt herdou o negócio das bolsas da família.
Como hobby, Wick
coleciona livros sobre história, política, economia e cultura judaicas.
"Xangai
significa um lugar seguro para mim", disse Wick. "Cheguei lá quando
menino e não sabia muito sobre a guerra. Embora fôssemos muito pobres, nunca me
lembro de sentir fome lá."
“Em 2019,
Wick trouxe sua esposa, filha e genro para Xangai. Quando viu o nome de sua
família na parede de sobreviventes do Museu de Refugiados Judaicos de Xangai,
Wick ficou muito emocionado e depois decidiu doar seus livros para o museu.”
“Chen, o
curador do museu, disse que a coleção doada por Wick é muito valiosa, já que
o museu pretende desempenhar um papel maior na pesquisa acadêmica e nos
intercâmbios culturais.
"Os
livros têm um significado especial para o museu e as trocas entre Xangai e o
povo judeu", acrescentou Chen.”
Tanto a
biblioteca como o museu expandido serão abertos ao público em breve.
O dia 27 de janeiro é o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, que lembra o aniversário da libertação do campo de Auschwitz-Birkenau, o maior campo de extermínio nazista, em 1945.
No pior
genocídio da história da humanidade, foram exterminados seis milhões de judeus mas
Wick e seis outros membros de sua família conseguiram escapar da Europa para
Xangai, um dos raros destinos para os
quais nenhum visto era exigido.
"As
pessoas deveriam saber, porque foi o único lugar no mundo em 1939 que abriu
suas portas para nós", disse Wick por telefone de sua casa em Londres.
"Nem
mesmo muitos judeus sabem".
Xangai, uma
terra estranha e distante para os judeus europeus, foi ocupada pelo Japão
imperial em 1937 porém os invasores não perseguiram os recém chegados fugitivos
de Hitler.
Felizmente a pequena
e próspera comunidade judaica que vivia na cidade chinesa desde o século XIX
ajudou os infelizes refugiados. Esta era a Época de Ouro da cidade, conhecida
como The Old City of Shangai, a Velha Xangai.
Com o fim da
Segunda Guerra Mundial em 1945, a vida foi ficando mais complicada e assim a
população judaica de Xangai diminuiu radicalmente com os refugiados voltando para
casa, ou para outros países.
E hoje em dia
é com alegria que as autoridades chinesas percebem que o que aconteceu no
passado em Xangai está vindo à tona e a região está famosa como “um refúgio de
paz para os judeus de Hitler.”
Turismo
religioso em Xangai – em 2008 meu marido e eu caminhamos por este parque e
aprendemos a história dos refugiados de Xangai. |
2007 - Inauguração
do Museu dos Refugiados Judeus, pela prefeitura, em Hongkou, bairro onde ficava
o "Gueto de Xangai".
Localizado
onde ficava a antiga sinagoga, Ohel Moshe, o museu foi reaberto recentemente
após uma expansão que o triplicou. |
O item de
destaque do museu consiste em uma parede com os nomes dos milhares de judeus
que temporariamente moraram na cidade nas décadas de 1930 e 1940.
Também
importante destacar que os judeus nunca sentiram discriminação por parte dos
chineses, conforme confirma Wick em seus relatos.
Sinagoga
Ohel Rachel, uma das duas sinagogas da cidade. |
“Nenhum
dos refugiados permanece em Xangai, mas ainda há uma pequena comunidade muito
ativa de cerca de 2.000 pessoas.”
O rabino
Shalom Greenberg, 49 anos, afirma não haver preconceito algum com essa comunidade,
na centenária Sinagoga Sefardita Ohel Rachel.
"Este
é um dos poucos lugares no mundo onde quando você anda na rua e ouve duas
pessoas atrás de você dizer 'esta pessoa é judia', você não tem medo",
comenta.
"Nesta
terra, nunca houve antissemitismo", acrescenta.”
Estátuas de
refugiados judeus no Museu dos Refugiados Judeus de Xangai - 08/12/2020 |
Que este
refúgio de paz e tolerância em Xangai permaneça como um grande exemplo para as
nações de nosso atribulado mundo neste início do século XXI.
Sinagoga Ohel
Rachel - Xangai |
Museu dos Refugiados Judeus - Xangai |
Xangai,
conhecida como a Pérola do Oriente, foi realmente uma joia abençoada para os
mais de 20.000 judeus em fuga do continente europeu.
FONTES:
https://stringfixer.com/pt/Shanghai_Jewish_Refugees_Museum
https://www.istoedinheiro.com.br/como-xangai-salvou-milhares-de-judeus-do-holocausto/
https://www.chinadaily.com.cn/a/202009/04/WS5f51750aa310675eafc57695.html
https://chinanaminhavida.com/2018/06/19/judeus-em-shanghai/
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