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quinta-feira, 27 de julho de 2023

ACONTECE - Para onde vamos?

 

As capas dos jornais israelenses no dia da votação da lei da razoabilidade


Escrevo este texto no dia 8 de Av, hoje ao final da tarde começa o jejum do dia mais triste; complexo e de difícil definição do calendário judaico - o dia 9 de Av. Logo abaixo vem a cronologia deste dia ao longo dos milênios. Mas, antes, quero enfatizar que logo no dia 15 de Av, dia de lua cheia, comemoramos o AMOR, o dia dos casais, o dia do encontro. Apenas 6 dias separam as duas datas. O número 6 na cabala e em todas as místicas é importante. No caso da cabala lembra as 6 pontas do Escudo de David (Magen David, mais conhecido por Estrela de David). Um escudo protege, e é baseado nesta proteção e na certeza que o futuro está nos ensinamentos que passamos a nossos filhos, num processo de formiguinha, de geração em geração é que vou comentar os acontecimentos da semana! 

Usando como base a relação de datas publicadas por Marcos Susskind e conferida nas redes sociais é possível constatar fatos nefastos que aconteceram ao longo de milênios, a partir da destruição do Primeiro Templo.


586 AEC (antes da Era Comum) - Nabucodonosor destruiu o Primeiro Templo - e é iniciado o Exílio Babilônico.

70 EC - Romanos destroem o Segundo Templo - de acordo com o Talmud, a discórdia entre os judeus foi a chave mestra para a destruição e o exílio romano que durou até 1948. Alguns judeus ainda continuaram habitando Israel, que manteve este nome por mais alguns anos.

135 EC - Bar Kochba iniciou uma rebelião contra os romanos em 132EC, e no dia 9 de Av de 135 foi derrotado. É nesta data que todos os judeus são expulsos de Israel e Adriano apaga o nome de Israel do mapa mundi e passa a chamar aquela província de Palestina. Nada a ver com o mundo mulçumano, que ainda não existia. Será justo ponderar que para todos nós, espalhados nos quatro cantos do mundo, a vida na "Galut" continua e que Eretz Israel, fundada em 1948 é um inquestionável resgate histórico. 


Passeando no tempo...

1290 - Judeus expulsos da Inglaterra - por Rei Edward. 

1306 - Felipe IV, Rei da França, expulsa os Judeus e se apropria de seus bens. Vale lembrar que não é mencionado na Wikipedia e outros relatos históricos. Felipe, o Belo, foi bélico! Para tanto precisava de recursos que foi buscar em muitos nichos, inclusive nas comunidades judaicas.

1492 - Fernando de Aragão e Isabel de Castela, reis da Espanha, assinam em 31/03/1492 o édito de expulsão dos Judeus da Espanha.  A data final para saída é… Tishá BeAv.

1914 - A Alemanha declara guerra à Rússia, iniciando a I Guerra Mundial … em Tishá BeAv. 

1942  - No dia 2 de Agosto, 9 de Av, os Nazistas põem em ação os fornos crematórios e começam o assassinato em massa dos primeiros 300.000 Judeus num Morticínio que chega a 6.000.000 de Judeus inocentes. 

E, um pouco antes de 9 de Av de 2023, no dia 6 de Av, o Parlamento israelense - a Knesset - faz passar uma Lei que enfraquece o Sistema Judiciário Israelense e que levantou protestos por todo país por mais de dois meses. No último dia, milhares e milhares de pessoas marcharam de Tel Aviv a Jerusalém e outras milhares estavam em todas as cidades demonstrando o não alinhamento com medidas que dariam ao poder político o direito de interferir em decisões do poder judiciário. A decisão foi tomada por 64 votos a zero! A insatisfação era tão grande que todos os parlamentares não alinhados com o primeiro ministro retiraram-se. 


No mundo ao redor, pessoas cozinhavam e levavam comida para os manifestantes e muitos forneciam roupas. Uma onda de protestos que pode resultar em greves e distúrbios vai se formando e diluindo. A pergunta que não cala é "Para onde Vamos?".


Muitos são os jornalistas e analistas que relataram e avaliaram o processo. Reproduzo abaixo o texto publicado pela jornalista Marcia Cherman Sasson (GPO 87671) na Revista BRAS-IL (https://www.bras-il.com). Uma fonte interessante de notícias de Israel.


"Gantz diz que Netanyahu preferiu os caprichos de Levin à segurança de Israel

Antes do discurso do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, Benny Gantz disse que "os queimadores de celeiros e os envenenadores de poços venceram. O Estado de Israel perdeu. Dois dias antes do Tisha B'Av, parece que a conhecida frase de que 'quem não aprende com a história está condenado a vivê-la novamente', é mais atual do que nunca. Não vamos deixar isso acontecer. Quem pensa que ganhou hoje logo descobrirá que foi um grave erro de todos nós. O primeiro-ministro é diretamente responsável. Ele preferiu as necessidades políticas de Ben-Gvir e os caprichos de Levin, sobre o posicionamento político de Israel, sobre a segurança de Israel, sobre a sociedade israelense e sobre a democracia israelense. 'Quem já viu o Ministro da Defesa implorando ao Ministro da Justiça entende o quanto o Estado de Israel precisa de um adulto responsável neste momento. Não é assim que se administra um país. Netanyahu falhou e todo esse governo é um fracasso retumbante'. Gantz acrescentou que 'estamos diante de um perigo claro e imediato, a continuação da legislação predatória e a nomeação de juízes políticos. Milhares de patriotas em todo o país, que saem e se manifestam são a força, e a maioria do povo israelense que deseja uma reforma por consenso é a nossa força diante do perigo. Neste momento difícil, tudo parece negro, mas o despertar e a postura civil são a esperança'". Fonte: Revista Bras.il a partir de Canal 1.


A ESPERANÇA - ser recheada de ativismo, mas também pode ser baseada no AMOR - e é neste ponto que chegaremos em 15 de AV!


Cada um tem opiniões pessoais, mas é neste momento que vemos israelenses judeus e árabes, religiosos e laicos marcharem juntos que vamos iniciar este período que vai de 9 de Av a Iom Kipur. Duas datas resguardadas com jejum de 24 horas. Uma para recordar a história para que a repetição de fatos nefastos possam ser evitados e a outra reservada para introspecção e contato comunitário para preparar cada um de nós para mais um ano, mais um elo na corrente da HISTÓRIA.


Tsom Kal, Esperança e Racionalidade.


Regina P. Markus

2 comentários:

  1. Irene G. Freudenheim27 de julho de 2023 às 22:17

    Muito profundo é interessante o texto de Regina P. Markus, assim como outros que tenho lido, por exemplo, no blog do Times of Israel, "It is time to mourn". Porém há algo que não consigo entender. Pelo que li, os 56 parlamentares da oposição se retiraram do Knesset, em protesto, antes da votação. Lama, por que, why, não usaram a tribuna para condenar em voz bem alta o monstruoso projeto que acaba com a autonomia da Justiça, ameaçando a democracia israelense?
    projeto que acaba com a autonomia da justiça, ameaçando a democracia em Israel???

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    1. Irene, aprecio seu comentário, mas entendo que ambas são formas legítimas de protesto. Com a grande massa popular que está nas ruas, os políticos que se opuseram a esta reforma, consideraram estar com o povo mais importante e produtivo que estar na tribuna. Como responderá a Justiça… agora, entrando as férias e um tórrido verão, a pressão deverá continuar…

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