Como o majestoso Leão de Judá há muito presente em menorás,
lápides, convites e ketubás (Certidão de
Casamento) se tornou um ícone do Povo Judeu.
Você sabia que o leão de Judá, um símbolo judaico desde
os tempos antigos e originalmente associado especificamente à tribo de Judá, se
tornou um emblema judaico representando todo o povo?
Vejamos a História:
Na leitura ao final do Livro de Gênesis nos deparamos com
o patriarca moribundo Jacó, cercado de seus filhos - os primogênitos herdeiros
das doze tribos de Israel - abençoando a cada um deles.
Ao chegar ao quarto filho, na bênção para Judá, ele
repetidamente o compara ao rei dos animais:
“Judá é como um leão jovem.
Da presa, meu filho, você se levantou.
Ele se agacha, fica baixo como um leão,
E como um leão, quem pode despertá-lo?” Gênesis 49:9
Na sequência do versículo seguinte, Jacó realça que “o
cetro não se afastará de Judá”, anunciando a dinastia permanente do Rei David
—"que teria o coração de um leão” —
que surgirá desta tribo, culminando um dia no Messias.
O rei Salomão, filho do rei David (reinado de 1010 AEC a
1003 AEC), ao ser coroado não tinha mais do que 18 anos e reinou em Israel por
40 anos, aproximadamente de 971 a 931 AEC.
Templo de Salomão (reconstituição de acordo com a Bíblia)
Com sua morte por causas naturais, o filho Roboão assumiu
o trono e o país se fragmentou em dois: o Reino de Israel (que abrangia as
cidades de Siquém e Samaria, no norte, e o Reino de Judá (em cujo território
estava Jerusalém), ao sul.
Salomão foi o último a governar Israel como um reino
unido, regendo as 12 tribos que logo abaixo serão enumeradas.
Em 721 AEC, com Israel já fragmentado em norte e sul, o exército assírio capturou a capital do norte,
Samaria, e levou os cidadãos do país ao cativeiro.
Cerca de 27 mil hebreus foram deportados.
As Doze tribos de Israel eram Ruben, Simão, Judá, Zebulão,
Isacar, Asher, Naftali, Efraim, Manassés, Gad, Benjamin e Dan. Os filhos de
José (Iossef) receberam terras separadas e os Levitas (Levi), por serem os
guardiões do Templo, receberam o Monte do Templo e não receberam terras.
Com as tribos do reino do norte conquistadas e deportadas
para a Assíria, Judá passou a ser a tribo reinante de Israel, e um símbolo para
todo o povo judeu.
Como podemos facilmente constatar, a palavra judaísmo
deriva da tribo de Judá. E o símbolo de Judá, portanto, tornou-se um símbolo
judaico.
Se pesquisarmos nas fontes judaicas antigas, leremos que o
leão é uma imagem de força feroz e nobreza.
É verdade que hoje
este animal não é mais encontrado naquelas paragens, mas eles povoaram o antigo
Israel e representaram uma ameaça mortal para seus habitantes.
Famosos heróis bíblicos, como David e Sansão, demonstraram seu poder matando-os sozinhos.
Sansão lutando contra o leão.
“No Talmude, o leão é chamado de “rei dos
animais” (Chagigah 13b) e os rabinos referem-se aos seus colegas mais estimados
como leões (Gittin 83a, Shabat 111a). O código de leis medievais mais
significativo, o Shulchan Aruch, abre com a seguinte linha: “Deve-se fortalecer
como um leão para se levantar de manhã e servir ao seu Criador.” (Orach Chayim,
1:1)
Desde o início, os leões têm feito parte do imaginário israelita
e depois judaico: eles enfeitavam o
Templo em Jerusalém (1 Reis 7:29) e “visões proféticas da carruagem divina
descreviam os leões como parte do trono de Deus (por exemplo Ezequiel 1:10).“
O leão começou a aparecer em algumas das primeiras moedas judaicas, como, no início da década de 1980, no meio shekel do moderno Estado de Israel.
Meio shekel israelense
O leão é um motivo encontrado em objetos rituais
judaicos, incluindo menorás, ketubás e decorações de sinagogas. Também é
encontrado no selo municipal contemporâneo de Jerusalém.
Emblema de Jerusalém
Este encantamento pelo leão de Judá levou-me a aprender
um pouco mais sobre a história do Povo Judeu.
No hebraico encontramos várias palavras que significam
leão:
aryeh (mais comum),
lavi ou leviah (frequentemente, mas não exclusivamente,
usado para leoas),
kefir (leão macho jovem),
gur (filhote de leão),
layish e shachal (ambas mais poéticas).
Muitas famílias escolhem este nome para seus filhos, o mais frequente Aryeh, Ariel (leão de Deus) ou Ari (diminutivo).
Por simbolizar Judá, o leão é frequentemente combinado
com esse nome, tornando Judah Aryeh uma escolha popular.
Aryeh e Judá também são frequentemente vistos em
combinação com a palavra iídiche para leão, produzindo Aryeh Leib ou Judah
Leib.
E no Brasil tenho encontrado várias vezes a palavra leão
unida a um nome masculino, como Roberto Leão, ou Pedro Leão.
O leão de Judá é uma imagem popular que ultrapassa a
comunidade judaica.
Por ser associado ao Messias, o leão foi adotado como um
símbolo de Jesus entre os cristãos.
E este belo símbolo e conceito, o leão de Judá, serviu mais
uma vez como inspiração, representando a dinastia salomônica da Etiópia, uma
linhagem de quase nove séculos de imperadores que alegaram descendência do rei
israelita Salomão e da rainha de Sabá.
Embora a linhagem tenha terminado com a morte de Haile
Selassie em 1974, o leão ainda é um símbolo importante para o movimento
rastafári.
FONTES:
https://www.myjewishlearning.com/article/how-the-lion-of-judah-became-a-jewish-symbol/?utm_source=MJL_Iterable&utm_campaign=MJL&utm_medium=email
https://www.ebiografia.com/salomao/