Criação
Do
Criador! Rei Milagroso, Famoso e Solar! Labor! Silêncio!
Do albor do Universo, do Big-Bang, ecoa
o primordial som. Aquela frequência primitiva que ainda pulsa no ritmo de nossa
circulação. O Titã do Universo foi emulado pelos Titãs nacionais: o pulso ainda
pulsa! O coração é o todo em nós! É a Luz que foi separada das trevas...
Remotos tempos em que os Céus foram
criados. Época em que as superiores águas ganharam independência... Águas que
lavam, que saciam, que com a Luz trazem a vida orgânica. Águas que vibram a
música... Vida que vibra com a música!
VIDA
QUE É MÚSICA!
Milênios
que são dias quando o tempo carece de medida. Luz, Água e Terra: Vida. Flores,
que não são de plástico, germinam. É a Beleza que se avizinha. É verdade que
desde o pulso primordial ela já existia, mas só agora ganhou corpo e percepção.
Um quadro de Dalí em que a cada olhada se descobre algo novo. Tudo já estava
lá, todos viam e não enxergavam...
Fatos
que começam sua jornada assim que a justa medida determina o Tempo. Luz que
governa o dia e trevas que incendeiam a noite. Interessante que sem pontos
iluminados não se conhece a escuridão: é só no contraste que se enxerga o poder
resplandecente da iluminação.
Sol
que se curva ante o verdadeiro Rei: o Criador Magnânimo! A vida evolui em
novidades... Seres que nadam, que rastejam, que dominam os mares e se aventuram
na terra. Seu caminhar, lento a princípio, mas rápido quando seguro, é a prova
de que a Criação sempre avança progressiva e solidamente. Não se constrói em
solo movediço...
Lágrimas
que correm, salgadas como as águas primeiras, ao ritmo do pulsar sanguíneo. O
Universo somos nós! E na essência humana mais recôndita, quase que como um
mistério que anseia pela descoberta, a assinatura do Altíssimo.
Por
fim, o silêncio do descanso foi feito. Aquele tão necessário às conexões entre
nossos pensamentos, à nossa criatividade: se quisermos criar à semelhança de
D´us, devemos seguir seus exemplos e após o trabalho, descansar... Não um
simulacro de descanso, recheado de palavras vazias, luzes estimulantes e sons
estridentes. Um descanso de paz e meditação, em que as reflexões mastigam todos
os impulsos aprendidos e dão vazão à criação...
Homem
que descansa e silencia! Homem que cria!
À
imagem e semelhança de D´us.
DÓ,
RÉ, MI, FÁ, SOL, LÁ, SI.
O
pulso criativo não deve romper com o passado. Pelo contrário, ele deve
preservar o melhor para, com solidez segura, ir aprimorando o vetusto. Só se
cria de maneira eficiente na tradição que, como Mahler dizia: “Não é o culto
das cinzas, mas a preservação do fogo”.
Em
1797 Joseph Haydn bebeu da harmonia musical de toda essa epopeia da vida. Na
sua primeira apresentação para a corte austríaca, logo nas primeiras notas e
acordes, uma duquesa de fama controvertida se retirou da sala aos gritos: para
ouvidos acomodados com o barroco, o classicismo parecia transgressor, quase
sensual...
Juro
que já escutei diversas vezes a obra. Nunca percebi nada que lembrasse, nem de
longe, qualquer tipo de erotismo... Quem sabe seja como diria Caetano...
“Narciso acha feio o que não é espelho...”.
Eu
nem preciso falar quem preservara o fogo da Criação, né?
ANDRÉ
NAVES
Defensor
Público Federal formado em Direito pela USP. Especialista em Direitos Humanos e
Sociais, Inclusão Social e Mestre em Economia Política pela PUC/SP. Cientista
Político pela Hillsdale College. Doutor em Economia pela Princeton University. Comendador
Cultural. Escritor e Professor.
www.andrenaves.com
Instagram:
@andrenaves.def
Lindo texto. Parabéns
ResponderExcluirLindo!
ResponderExcluirO que será que a duquesa austríaca escutou que os simples mortais não captaram?
ResponderExcluirParabéns pelo elegante texto!