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quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

ACONTECE: Imagens que fascinam





Por Juliana Rehfeld


Vivemos em um tempo de imensa disponibilidade de informações, tanto em forma de texto como de imagens. Na verdade, há um excesso disso, uma profusão que nos sobrecarrega, nos invade e nos ofusca. Não só é difícil distinguir entre as palavras ou as fotos e vídeos, como se torna quase impossível processar e entender seu significado. Como, portanto, perceber o que é fato, o que é verdade, o que é significativo? 

Se tivéssemos mais tempo e vontade de refletir no que aparece poderíamos ir segmentando, organizando e alinhando o que lemos e vemos em uma sequência que trouxesse o “fio da meada” e desenrolasse as causas e efeitos que se amontoam produzindo a história em que vivemos… mas não temos tempo e, muitas vezes, nem a vontade de nos debruçarmos sobre esta enorme “pilha” de dados, e fatos, e relatos, e opiniões, e tantos outros pedaços de informação, então, eles e elas vão se acumulando à nossa volta, captamos e consumimos e combinamos as mais marcantes, mais chamativas e impactantes, e as digerimos ao molho do dia, sob o sol de mais de 30 graus, o ar condicionado do carro ou metrô, ou, cada vez mais, abrigados de chuvas torrenciais ou ciclones cada vez mais velozes. E aí, estamos prontos para a próxima avalanche. Prontos? 

Que imagem combina com isso? Pensei em pedir à inteligência artificial que montasse uma imagem para expressar esta nossa sobrecarga, mas antes que eu o fizesse me apareceram as imagens da semana! O que poderia ser mais significativo? 

Ontem foi publicada uma fotografia do espaço cheio de linhas retas, desencontradas, parecendo um “pega-varetas” (lembra?) sideral, ilustrando a “proliferação de satélites que ameaça a observação do céu com telescópios“.  “As luzes geradas pelo meio milhão de satélites previstos para entrar em órbita nos próximos anos podem ameaçar no futuro as imagens captadas pelos telescópios espaciais, alertaram astrônomos da Nasa”. O que primeiro chamou minha atenção foi a grande semelhança desta imagem com o desenho que meu neto de 10 anos fez este mês no meu IPad - parece que isto já naturalmente passeia pela mente das crianças, muito melhor “equipadas” do que nós para o consumo, sem indigestão, desta parafernália de imagens. 



Mas pensei um pouco mais e achei incrível a mensagem que isto traz, a horrível mensagem: a busca e transmissão de tanta informação cada vez mais nos impede de observar, “a olho nu”, isto é, por nós mesmos, sozinhos, o céu! Aquilo que sempre nos fascinou, os poetas, os seresteiros e os amantes, como diz uma música popular, para onde os olhos e a inspiração nos levam a sonhar na grandeza do universo, na possibilidade de não estarmos sozinhos, nós e nosso planeta… este grande espaço vazio está cada vez mais cheio de equipamentos, acessórios, robôs, e, porque não dizer, lixo tecnológico que nós mesmos colocamos lá. 

É por causa destes objetos, na verdade impressionantes, que somos capazes de receber tantas informações em velocidade cósmica, conseguimos saber o que está acontecendo, em tempo real em qualquer canto deste mundo sem cantos, mas é isso, também, que está nos cegando, ensurdecendo, enlouquecendo?

Não, não nos rendemos, vocês e eu, e perseguimos, incansável e inexoravelmente, o sentido disso tudo, porque só assim funcionamos direito, ressignificando, continuamente, e muitas vezes, coletivamente, o que se nos apresenta. 

Mas, por fim, não só o raciocínio ou a memória e a estatística nos ajudam nesta avaliação do que está por aí. A imaginação e a poesia nos proporcionam no meio desse turbilhão momentos de rara beleza. Também ontem, olha só a coincidência, (será que existe?) foi publicada uma outra imagem do espaço - “Telescópio no Chile registra imagem inédita de “borboleta cósmica”! E informa que o registro revela detalhes do fim violento de uma estrela que colapsou e espalhou gás quente pelo espaço ao seu redor. Pobre estrela, azar… a imagem é lindíssima, colorida e etérea, assim como são muitas imagens de sonhos que temos, quando conseguimos nos lembrar deles. Lindos, brilhantes, tantas vezes nos enchem de esperança, nos inspiram, e aí respiramos fundo para encarar a próxima semana!



 

Shabat Shalom!

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