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segunda-feira, 31 de julho de 2017

Editorial Tisha b'Av - Construindo o Futuro, Vivendo o Presente, Honrando o Passado.

Tisha b'Av - 9 de Av 
(1/08/2017)


Arco do Triunfo de Roma – 
Espólio de Jerusalém sendo levado para Roma. Inclusive a Menorah do Templo
Por user: בית השלום - Hebrew Wikipedia. Uploaded by user: בית השלום., CC BY 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=4165531.



O dia 9 do mês de Av é 1/8/2017: o quinto mês no calendário judaico a partir da Nissan (formação do povo judeu - Pessach) e o décimo primeiro mês a partir de Rosh Hashaná. O mês de Av coincide com o verão no hemisfério norte, época de fartura e de beleza. Céu azul e tempo para viver ao ar livre, junto com a natureza: assim era visto o mês de Av na Torah. Com o passar dos anos, eventos ruins aconteceram nesse dia ou ao redor dele, dando à data outras associações e significados maiores. Estes foram os eventos de 9 de Av no curso da história.



423 A.E.C. Babilônicos destruíram o Primeiro Templo.

70   E.C.    Romanos destruíram o Segundo Templo. (Invadiram no dia 7, iniciaram a destruição no dia 9, e terminaram no dia 10 - Rabbi) 

133 E.C.    Cidade de Betar – batalha final entre Roma e Israel – Jerusalém caiu na mão dos Romanos que assassinaram milhares de judeus e escravizaram os demais, levando para Roma – dá-se início a um exílio de 1815 anos.

1290 E.C.  Expulsão de todos os judeus da Inglaterra decretada pelo Rei Eduardo I.

1492 E.C.  Dia 31 de março, assinado pelos Reis Católicos Fernando de Aragão e Isabel de Castilha, o édito de expulsão ou Decreto de Alhambra que expulsou os judeus da Espanha. Este é o embrião da Inquisição Católica.


1914 E.C.   Alemanha declarou guerra à Rússia desencadeando a Primeira Guerra Mundial.


Além das citações acima, encontramos na internet outras datas sem confirmação relacionadas ao 9 de Av durante a Idade Média, Cruzadas, Império Otomano, etc. É, para os judeus, um dia em que os tempos pareceram se encerrar. Um dia em que o Povo de Israel, repetidas vezes, foi disperso entre as nações para que como o sal, se dissolvesse na água e deixasse de existir. 

O tempo passou. Novas civilizações chegaram e partiram e com elas, hábitos e costumes. E os judeus aqui estão. HINEINI, aqui estou. Um "aqui estou " que aparece como um elo de uma corrente eterna que une gerações e, a cada geração, somos ensinados a reverenciar o passado, viver o presente e buscar o futuro.

Reverenciar o passado. Em Pessach (Páscoa) lembramos a saída do Egito e a formação do Povo de Israel, com jantares rituais e reuniões familiares. Em Purim lembramos a tentativa de aniquilação do Povo Judeu no Exílio Babilônico e comemoramos com um imenso carnaval, máscaras e bailes. Em 9 de Av, jejuamos e nos recolhemos de forma quieta, sem estudar a Torah, mas lendo as Lamentações de Jeremias. Ler Jeremias é uma forma de lembrar aos que estão Aqui e Agora que são elos de uma corrente eterna e que a tentativa de acabar com Israel é recorrente. Ler Jeremias é uma forma de lembrar a nós e ao mundo que sobrevivemos. Em falando no presente queremos dizer que temos sobrevivido e sobreviveremos.
Mas qual a receita? Olhando cada um dos momentos pode parecer que não há uma receita que foi usada nas diferentes ocasiões. Será? 

Vivendo o Presente. Se a receita foi diferente a cada século, e deu certo, significa que a grande sabedoria foi que o Povo Judeu vive o Aqui e Agora e sabe que o Presente não pode ser um interlúdio rápido entre o Passado e o Futuro. Não pode ser um milionésimo de segundo que se esvai a cada momento.
O Presente é um bem muito precioso que deve ser vivido de forma integral - HINEINI - Aqui estou.

Preparando o Futuro. Mas o que seria do presente se não conhecêssemos o passado? Apenas estar não é suficiente, também é preciso ser. No dia de 9 de Av entendemos que o EU SOU é o que define o futuro e a eternidade. E aqui pergunto: Será por acaso que um dos nomes de D'us é exatamente EU SOU - conjugação que não existe em hebraico. Nunca se usa a primeira pessoa do singular do verbo SER, esta é reservada para D' us, e certamente é nela que entendemos que os homens são feitos à sua imagem e semelhança. Portanto, independente de termos ou não religião, seguirmos este ou aquele rito - EU SOU é a forma mais importante de criarmos um futuro melhor para nós e para todo o planeta. 

Este ano, no período que antecede 9 de Av, o Monte do Templo tem sido palco de conflitos envolvendo o Povo Judeu. É bom olhar para o passado e saber que derrotas momentâneas podem ser suplantadas com a capacidade de buscar o melhor a cada tempo.

O Povo Judeu no século XXI é praticamente tão numeroso quanto no século I. Certamente a capacidade de viver o PRESENTE pensando num FUTURO tem sido uma importante fonte de realizações porque permite conectar os diversos momentos e planejar depois de uma profunda reflexão.

O Estado de Israel e suas realizações no campo da Ciência, Educação e Saúde e sua capacidade de estar presente ajudando pessoas nas maiores tragédias do século XXI, mostra que AQUI ESTAMOS. 

VEJAM O VÍDEO!



quinta-feira, 27 de julho de 2017

Vinhos em Israel



Uma prensa de vinho de 1.600 anos de idade feita de pedra foi encontrada na região do deserto de Neguev, em Israel.

Durante o período Bizantino, o vinho dessa região era considerado de alta qualidade - e muito estimado. Com a descoberta, que foi feita durante escavações de restauro, se abre uma janela para o processo de produção desses vinhos. A prensa encontrada tem 40m2 de área e contém tanque de fermentação suficiente para 6.500 litros de vinho, além de um lagar para a pisa das uvas e um fosso de separação.

A matéria completa, em inglês, original do TheJerusalemPost, pode ser lidar AQUI.

terça-feira, 25 de julho de 2017

Mulheres, empreendedorismo e inovação em Israel

Trinta mulheres empreendedoras, de trinta países, representando trinta startups, foram a Israel para conhecer de perto a tecnologia e a inovação do país, além de terem a chance de receber financiamento de investidores israelenses.

Com aproximadamente 5.000 startups, Israel tem a maior densidade de startups do mundo. Reconhecido como líder em inovação, algumas das maiores empresas do mundo como Microsoft, Intel e Apple têm centros de pesquisa e desenvolvimento no país.

Além disso, algumas das mais notáveis tecnologias recentes vêm de Israel, como Waze e Mobileye.

Você sabia disso?

Confira matéria original em inglês CLICANDO AQUI e o vídeo da iniciativa abaixo.


sexta-feira, 21 de julho de 2017

EDITORIAL - Alerta!!! Alerta!!!


Alerta!!! Alerta!!!


O mundo judaico une Israel e a Diáspora. Temos tratado de diferentes assuntos mostrando o que há de bom e não tão bom em todos os mundos. Um olhar para os judeus que chegaram na Amazônia no final do século XIX, uma pitada de ciência e as importantes evoluções que ocorrem em Israel, um país que fez do conhecimento e do capital humano a sua maior fonte de riqueza, e denúncias de narrativas que buscam deslegitimar o Estado de Israel e o Povo Judeu.

Tratamos disto como um antissemitismo escondido - como se estivesse dentro das águas de um rio caudaloso, que corre através dos séculos e que de tempos em tempos pode ser visualizado - e em certas situações externalizados. Nos tempos de hoje vem sendo criado nos organismos internacionais ligados à ONU, como a UNESCO, uma narrativa que se afasta cada vez mais da verdade. Esta narrativa vem sendo legitimada pelo sistema de votação onde a maioria dos países são muçulmanos e onde muitos se curvam aos senhores do petróleo. Na última semana foi declarado que a Tumba dos Patriarcas não era uma herança judia, mas sim uma herança palestina. 

Na realidade, se seguirmos os passos da construção desta nova identidade vemos que há ao longo dos últimos 30 anos uma forma de buscar identidades que apagam as identidades judaicas e burlam a história real. A Torá não serve como um relato histórico, apesar de haver muitos estudos arqueológicos que seguem o método científico de forma rigorosa. O Monte do Templo não mais é considerado um lugar sagrado para os judeus - e aqueles que querem lá rezar são proibidos. Um judeu não sobe para rezar no Monte do Templo porque lá foram construídas duas Mesquitas nos anos 600-700 - depois da destruição do Segundo Templo. 

Hoje vemos esta onda de antissemitismo chegar a todo o mundo. Este vem de forma explícita como acontece nos atentados ou de forma implícita no linguajar e nas formas de educar. No Brasil já foram delatadas Universidades e Escolas que escamoteiam a história e a verdade. Alunos perdem nota quando respondem que Jerusalém é a capital do Estado de Israel - o Brasil não reconhece. 

Pergunto - onde é a capital de um país? Onde está o parlamento e todo o executivo e a suprema corte, ou onde está a embaixada brasileira? 

Esta situação pode ser alterada? Podemos encontrar, interferir e facilitar o entendimento? Nosso grupo e muitos têm a convicção de que o melhor antídoto para este mal constante é a informação e o esclarecimento. É trazer fatos que não estão sendo destacados na mídia e que devem ser usados de base para reflexões e entendimentos.

Como escreve o Prof. Yuval Noah Harari da Universidade Hebraica de Jerusalém, em seu mais recente "best-seller" Homo Deus: uma breve história do amanhã: ao contrário dos socialistas que buscam a perda da identidade e a construção de um coletivo que anula as diferenças, e dos liberais que andam acima destas, os humanistas (homens do século XXI) buscam identificar todas as possibilidades e deixar a evolução seguir seu rumo. Lembrando a História Judaica - a História do Povo de Israel - todos os povos devem ser respeitados. As pessoas não devem ser convertidas - o estrangeiro tem que ser recebido em sua casa como irmão e a este irmão são dadas todas as honras, sem a necessidade de cumprir as leis judaicas. Assim foi desde os tempos de Abraão, assim é hoje. 

Em suma, observar, conhecer e divulgar é a forma que temos para mostrar os pontos relevantes que podem mudar as trajetórias. E entre estas é tratar os grupamentos humanos como diferentes e buscar os pontos de contato.

Nesta semana também mostramos como é possível fazer acordos que permitam trazer autossuficiência em bens essenciais a toda a população. Água, um elemento essencial para a sobrevivência no planeta - e mais ainda em terras tão desérticas como as do Oriente Médio.

Buscar acordos e pontos de contato, é uma forma de aproximação - e a melhor forma de interação.

Comitê Editorial - Regina P. Markus, Marcela Fejes e Juliana Rehfeld

quinta-feira, 13 de julho de 2017

Os judeus da selva


Fugidos de massacres, há séculos eles vivem entre índios e seringueiros - um texto de Henrique Veltman


Aventuras no inferno verde | <i>Crédito: Shutterstock

Aventuras no inferno verde
Não, esta não é mais uma história sobre a família real. Enquanto dom João, Carlota Joaquina e companhia vinham ao Brasil para escapar das tropas de Napoleão, outra fuga com destino ao país se delineava perto de Portugal. Os protagonistas da história eram judeus que moravam principalmente em Tetuan e em Tânger, cidades no norte do Marrocos, África, e que foram parar em pleno coração da floresta amazônica. 
Obrigados a viver fechados em pequenos guetos, passando fome e sofrendo perseguições, os judeus marroquinos viram na misteriosa Amazônia uma chance de escapar da insuportável discriminação que enfrentavam. E começaram a migrar em massa logo no começo do século 19. O êxodo continuou por quase todo o século e formou na Amazônia uma comunidade que contava, no fim da década de 1980, com mais de 50 mil descendentes.
Caminho aberto
Os judeus que saíram do Marrocos e vieram para o Brasil tinham origem ibérica. Haviam sido expulsos da Espanha em 1492 e de Portugal quatro anos mais tarde. Banidos do local onde tinham vivido por séculos, espalharam-se por vários cantos do mundo. Um dos lugares escolhidos para a nova morada foi o norte da África.
No Marrocos, eram conhecidos como megorachim – espanhóis exilados sem pátria. Apesar de tudo, alguns conseguiram prosperar, especialmente em cidades como Tânger, Tetuan, Marrakesh, Fez, Agadir e Casablanca. Mesmo assim, os judeus continuavam a sofrer constrangimentos, humilhações e confisco de seus bens – fora os já rotineiros massacres. Doze gerações, durante mais de 300 anos, viveram assim no Marrocos. A situação de extremo desconforto por lá teve papel decisivo na migração metódica e racional dos judeus de Tetuan e de Tânger para o longínquo, misterioso e perigoso Amazonas, no Brasil.
Outro atrativo foi a Carta Régia de 1808, que abria os portos às nações amigas e acabara de inserir o Brasil no comércio internacional, com reflexos imediatos na Europa. O livre comércio criou boas perspectivas para os guetos marroquinos, especialmente em Tetuan e Tânger, cidades portuárias, onde os judeus já estavam envolvidos no comércio de importação e exportação. Além disso, eles falavam espanhol, o que facilitava a comunicação.
Mais ainda: em 1810, foi assinado o Tratado de Aliança e Amizade entre o Reino Unido e o Brasil. Ele autorizava a prática de outras religiões que não a católica, “contanto que as capelas sejam construídas de tal maneira que exteriormente se assemelhem a casa de habitações e também que o uso de sinos não lhes seja permitido”. O tratado assumia o compromisso de que, no futuro, não haveria Inquisição no Brasil. Em 26 de abril de 1821, dom João VI extinguiu finalmente a Santa Inquisição e os Tribunais do Santo Ofício de todo o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.
Como escreveu Samuel Benchimol, que foi professor da Universidade do Amazonas e pesquisador da floresta, no livro Eretz Israel (“Terra de Israel”): “Estava finalmente aberto o caminho para que os judeus do Marrocos apressassem sua partida do exílio marroquino, que durou mais de 300 anos”. Verdadeira carta de alforria principalmente para os judeus marroquinos de origem ibérica, que viveram durante séculos sob o peso da Inquisição.
Proclamada a República no Brasil, em 1889, o decreto 119 do governo provisório de Deodoro da Fonseca aboliu a união legal da Igreja com o Estado e instituiu o princípio da plena liberdade de culto. Nessa época, os judeus oriundos do Marrocos viviam, na Amazônia, o pleno apogeu do ciclo da borracha – o que serviu para incentivar ainda mais a já contínua migração.
Dos mitos à borracha
A Amazônia era, por excelência, o território dos mitos e das lendas. Em Formação Econômica do Brasil, o intelectual Celso Furtado diz que a economia da região entrara em decadência no fim do século 18: “Desorganizado o engenhoso sistema de exploração da mão-de-obra indígena estruturado pelos jesuítas, a imensa região reverte a um estado de letargia econômica”. O algodão e o arroz tiveram sua etapa de prosperidade durante as guerras napoleônicas, “sem contudo alcançar cifras de significação para o conjunto do país”.
A base da economia da Amazônia era, em 1808, a exploração de especiarias e a extração de cacau. Logo em seguida, começou a da borracha. O aproveitamento dos produtos da floresta deparava sempre com a mesma dificuldade: a quase inexistência de população e a dificuldade de organizar a produção baseada no escasso elemento indígena. Com o chamado surto da borracha, as fantasias e sonhos de enriquecimento rápido deram lugar a uma nova sociedade – opulenta para os padrões da época nos principais centros urbanos e ativa, organizada, expansionista nas imensas áreas dos seringais que avançavam do território paraense aos altos rios.
À nova sociedade, adicionou-se uma geografia diferente, com a consolidação da criação da província do Amazonas (em lei sancionada pelo imperador Pedro II em 1850 ) e do norte mato-grossense, incluindo Rondônia, além da anexação de novos territórios, como o Acre (comprado da Bolívia em 1903). Tudo consequência inevitável do chamado surto da borracha.
À sombra disso tudo, porém, havia uma questão social original. As centenas de milhares de imigrantes, em sua maioria compostas de nordestinos, viviam em condições semicompulsórias de trabalho e subsistência. A economia extrativista estabeleceu relações de dependência econômica, social, cultural e psicológica entre as populações caboclas e os imigrantes com comerciantes, seringalistas e proprietários em geral.
Esse era o desafio que se oferecia aos judeus de Tânger e Tetuan. Nas sinagogas de suas cidades norte-africanas, alguns deles antecipavam seu bar mitzvá, cerimônia de confirmação da maioridade, feita aos 13 anos, e, dez ou 15 dias mais tarde, embarcavam nos vapores da Mala Real Inglesa – quase 4 mil jovens, ao todo, fizeram a viagem. Muitos deles eram imberbes, mas recém-casados. Outros, solteiros, vinham apenas com a roupa do corpo. Muitos dos recém-casados deixaram as jovens esposas entregues aos cuidados de suas famílias, por absoluta falta de recursos para levá-las imediatamente. Dezenas dessas moças foram esquecidas, quando seus esposos, na Amazônia, morreram vítimas de enfermidades desconhecidas. Outras simplesmente foram trocadas pelas caboclas. A grande maioria, porém, foi chamada por seus noivos e esposos.
Vida dura
A primeira parada dos judeus marroquinos costumava ser Belém, no Pará, onde eram recebidos por famílias como os Nahon, Serfatty, Israel e Roffé, que já estavam aqui porque tinham negócios com empresas inglesas e francesas. Eles providenciavam roupas para os recém-chegados e os alojavam numa hospedaria. Lá, os rapazes recebiam rápidas e singelas informações sobre como deviam se comportar nos sítios ao longo dos rios onde iriam viver nos próximos anos.
Não havia muita dificuldade quanto ao idioma, já que todos falavam espanhol e hakitia (uma mistura de espanhol, português, hebraico e árabe desenvolvida no Marrocos). Nos dias que se seguiam, devidamente escalados pelas casas aviadoras às quais se filiavam, embarcavam num vaporzinho (no melhor dos casos) ou num simples regatão (grande barco, na época, a vapor). Já iam com sua mercadoria a bordo e um barracão como destino. A casa aviadora era a organização comercial, em Belém, à qual o sujeito ficaria ligado para a compra e a venda de mercadorias, e que supriria também suas demais necessidades – seria uma espécie de “consulado” na capital.
O ciclo da borracha era baseado numa estrutura organizada. O núcleo econômico e social do seringal era o barracão: misto de residência do comerciante, de armazém que avia (o fornecedor de mercadorias ao seringueiro caboclo) e de depósito de borracha. Próximo a ele ficava o centro, onde se concentravam as atividades de extração e coleta de castanha, onde estavam os tapiris (palhoça) para a moradia e para a defumação, além das bocas ou estradas de seringa (um caminho ou picada que ligava às seringueiras de onde se extraía o látex).
Não existiam vínculos empregatícios entre os seringueiros caboclos e os seringalistas. Além deles e da casa aviadora, faziam parte da corrente do extrativismo a casa exportadora e a casa importadora – ou seja, as conexões nacional e internacional do comércio da borracha. De um ponto de vista secundário, estavam o regatão e os aviadores, que intermediavam o negócio, ora entre o seringalista e o seringueiro, ora entre o seringalista e a casa aviadora.
A estrutura econômica da Amazônia, pelo menos até o fim dos anos 50, caracterizava-se pelo sistema de crédito. O aviador era a pessoa que efetuava o aviamento, isto é, fornecia os bens de consumo e de produção, enquanto o aviado era o que recebia. O judeu, e depois seu descendente caboclo, chamado de hebraico, era normalmente o seringalista. Muitas vezes era ligado às casas aviadoras e, em raros casos, às empresas exportadoras, dominadas pelos ingleses, portugueses e “coronéis” nordestinos.
Foram os judeus também os primeiros regatões (caixeiros-viajantes) da Amazônia. Suas embarcações levavam as mercadorias para serem trocadas nos seringais mais distantes por borracha, castanha, copaíba (cujo bálsamo era, então, a medicação por excelência das doenças venéreas na Europa), peles e couros de animais silvestres.
No início, o jovem judeu vivia sozinho, regateando. Depois, formada a família, ia comercializar no interior mais afastado, comprando e vendendo mercadorias. Quando sua situação se consolidava, tratava de transferir esposa e filhos para cidades maiores, onde a criançada nascia a cada dois anos. Segundo Benchimol em seu livro Eretz Amazônia, eles eram “gerados em cada visita do pai à esposa, durante as páscoas e celebrações religiosas de Rosh Hashaná [ano novo judaico], Iom Kipur [dia do perdão], Pessach [quando se celebra o êxodo do povo de Israel], Purim [comemoração da sobrevivência judaica sob domínio persa], Chanuká [festa das luzes] ou para as cerimônias de brit-milá [circuncisão] de seus filhos, ou para o bar mitzvá”. E observa: as esposas parideiras tinham uma média de 6 a 8 filhos antes de completar 40 anos de idade.
Na Amazônia, os judeus marroquinos ergueram sinagogas, construíram cemitérios e mantiveram suas tradições, como o bar mitzvá e as circuncisões, e comemorações das datas festivas religiosas. Por causa de fatores como o clima, algumas adaptações foram necessárias. Em Manaus, por exemplo, até os anos 1980, os sepultamentos judaicos eram feitos conforme a tradição, com o corpo indo direto ao chão envolto apenas na mortalha. Mas, em um dia chuvoso, um corpo escorregou e caiu. Depois disso, os rabinos locais “reinterpretaram” a lei judaica e hoje enterra-se lá com caixão de fundo falso – ele tem uma fina lâmina de compensado que se rompe quando o caixão desce à sepultura.
Agora os hebraicos da floresta não são ricos – mas também estão distantes de serem miseráveis. Mantêm determinados preceitos do judaísmo, mas incorporaram outros, numa espécie de sincretismo que os brasileiros conhecem bem. Há pesquisadores, como o próprio Samuel Benchimol, que acreditam que eles sejam mais de 300 mil. Todos completamente adaptados à região.
Bem diferente da história de uma judia marroquina que se mudou para a Amazônia junto com as primeiras levas de emigrantes, no século 19. A jovem Suzanne Cohen Serruya, recém-transformada na condição de mãe, amamentava seu bebê quando adormeceu perto do rio em Cametá, no baixo Tocantins. De repente, percebeu que seu outro seio estava sendo sugado e acordou. Era uma serpente. Apavorada, ela pediu a separação e regressou ao Marrocos.


O santo rabino
Shalom Moyal tem fama de milagreiro
Um exemplo do sincretismo na comunidade de hebraicos na Amazônia tem no rabino Shalom H. Moyal sua figura mais notória. Ele migrou para Manaus em março de 1910 para angariar fundos para a caridade. A gripe espanhola dizimava a população e ele foi uma das vítimas. Foi enterrado no cemitério goy (em hebraico, não-judeu). Fiéis passaram a atribuir ao rabino, depois de morto, algumas graças alcançadas. Publicaram mensagens diárias nos jornais, colocaram dezenas de placas sobre o túmulo dele. A adoração é tanta que o rabino santo quase criou um problema para os judeus de Manaus. Como sua família é importante em Israel (um sobrinho, Ely Moyal, foi vice-ministro das Comunicações do país), cogitou-se remover seus restos mortais para a Terra Santa. Os manauaras não gostaram da ideia e a família concordou em mantê-lo aqui – realizando seu nobre e desinteressado trabalho.

Como trabalhar em Israel mudou completamente a minha visão de mundo

Como trabalhar em Israel mudou completamente a minha visão
de mundo: um relato real e contundente do jornalista Hunter Stuart.



"Todo jornalista quer cobrir as grandes notícias, e para mim o Oriente Médio era a maior notícia da Terra. Então decidimos ir: em 2015 minha mulher e eu escolhemos Jerusalém como a nossa nova casa. Não apenas a cidade era ocidentalizada e relativamente segura; era também a um pulo dos maiores conflitos do mundo."


"Imediatamente ficou óbvio para mim que a maioria das organizações queriam notícias que destacassem o sofrimento dos palestinos e jogassem a culpa em Israel por aquele sofrimento. (...) Eu estava contente de contar essa história nos meus primeiros meses em Israel, porque eu também acreditava nisso. Eu tinha uma visão profundamente negativa do Estado Judeu antes de me mudar para lá."

"Quando eu visitei a Faixa de Gaza alguns meses atrás, eu novamente vi a diferença entre a forma que os jornalistas retratam um lugar e a realidade. Lendo sobre Gaza nos noticiários, você pode pensar que o lugar é uma ruína que lembra Homs ou Aleppo, na Síria. A verdade é que Gaza não é diferente de nenhum outro lugar do mundo árabe. Durante a minha estadia de 8 dias eu não vi um único prédio danificado até que eu pedisse para a guia que especificamente me mostrasse um. Em resposta ela me levou a Shujaya, um bairro de Gaza conhecido como base do Hamas e que ainda está bastante danificado pela guerra de 2014. A destruição de Shujaya é chocante? Sim. Mas muito pontual, e de forma alguma indicativa sobre o restante de Gaza. O restante não era diferente da maioria dos países em desenvolvimento: pessoas pobres mas vivendo, conseguindo prover para si mesmas, bem vestidas e felizes. A verdade é que algumas partes de Gaza são até bem bonitas; fui comer em restaurantes com mesas de mármore e garçons de gravata. Vi enormes mansões à beira da praia que não deixam a desejar às de Malibu. E, do outro lado da rua dessas mansões, visitei uma nova mesquita de 4 milhões de dólares."

Confira a versão completa desta história, em inglês, na matéria do HonestReporting.

sexta-feira, 7 de julho de 2017

Respeito ao terrorismo é MEDO: uma cena lamentável na Unesco



Em reunião da UNESCO em Cracóvia, na Polônia, em um emocionado discurso, o embaixador de Israel na Unesco Carmel Shama-Hacohen lembrou que havia pedido à delegação árabe que fosse sensível e não endereçasse decisões anti-judaicas naquele específico lugar onde, dependendo das condições climáticas, fora possível até mesmo sentir o cheiro do crematório de Auschwitz-Birkenau no que chamou de “a maior e mais sombria sepultura em que a humanidade já desceu”. Em seguida, pediu um momento de silêncio em homenagem às mais de 6 milhões de vítimas do holocausto, grande parte delas assassinadas naquele mesmo país onde acontecia a reunião.
Em seguida e com a palavra, Cuba criticou o discurso no que chamou de “circo” e pediu que se fizesse também um momento de silêncio para os palestinos mortos.


Registramos aqui o nosso repúdio ao ocorrido, afirmando que todas as vidas têm o mesmo valor, mas que milhões de assassinatos por xenofobia não podem ser comparados a mortes de terroristas que perdem a vida atacando ou porque desejam tornar-se mártires. Repetimos: toda vida tem o mesmo valor. Mas respeito ao terrorismo não é respeito, é MEDO.

NUNCA ESQUECER, para NÃO VOLTAR A ACONTECER: este é um desejo de toda a humanidade. Vamos parar um minuto, respirar, e lembrar que Cuba tem suas prisões cheias de inocentes. O mundo não pode esquecer o que foi Auschwitz-Birkenau. Vamos ter a certeza de que trabalhamos para que não seja esquecido.

Confira a matéria original, assim como o vídeo do momento, no site da UN Watch

Por que ainda há refugiados palestinos?

Já se passaram setenta anos desde a guerra árabe-israelense de 1948 e ainda há cerca de 4 milhões de refugiados palestinos ... e zero refugiados judeus. 

Com tantos aliados árabes vizinhos dos palestinos, como isso aconteceu? O que isso diz sobre Israel? O que diz sobre seus vizinhos árabes? 


Dumisani Washington, Coordenador de Diversidade para os Cristãos Unidos para Israel, explica. Assista ao excelente e esclarecedor vídeo, legendado em português, clicando abaixo.


Comitiva Brasileira em Israel

Depois de passarmos mais de um ano sem um embaixador isralense no Brasil por divergências diplomáticas - o cargo foi ocupado no início deste ano - a notícia de uma missão do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) em Israel é de grande relevância. A agenda incluiu visitas a duas universidades, empresas de tecnologia, ao parlamento (Knesset) e uma reunião com o ministro de Economia e Indústria, Eli Cohen.

"Construímos com a Universidade de Tel Aviv uma importante ponte que poderá contribuir com o Brasil nas áreas de tecnologia e inovação para a indústria”, declarou o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira.
Confira a matéria completa clicando aqui.