"Visas for life"
Você
sabia que um diplomata japonês, Chiune Sugihara, salvou 6.000 judeus na Lituânia
com o trabalho de sua caligrafia e seu heroísmo?
“Até
mesmo um caçador não pode matar um pássaro que voa em sua direção em busca de
refúgio”.
Foi
essa máxima Samurai que levou uma pessoa corajosa a salvar milhares de vidas,
desafiando seu próprio governo e pondo em risco sua carreira.
O
psicólogo Philip Zimbardo explica que em momentos históricos trágicos e inexplicáveis
“as mesmas situações que inflamam a
imaginação hostil em algumas pessoas, tornando-as vilões, também podem incutir
a imaginação heróica em outras pessoas, levando-as a executar feitos heróicos”.
“Enquanto o mundo ao seu redor
desconsiderava o sofrimento dos judeus, Sugihara era incapaz de ignorar seu
desespero”.
Sugihara,
determinado e guiado por princípios adquiridos em sua infância/juventude, desde
cedo sabia o que queria e rebelou-se contra o pai que exigia que ele estudasse
medicina.
Sempre
um excelente aluno, Sugihara desejava estudar línguas, literatura e conhecer o
mundo.
Ao
entrar para o corpo diplomático recusou um posto de vice-ministro do Departamento
de Relações Exteriores do Japão na Manchúria, em 1934, em protesto ao
tratamento japonês aos chineses.
“Em 1939, Sugihara foi enviado para a
Lituânia, onde dirigiu o consulado. Lá ele foi logo confrontado com judeus
que fugiam da Polônia ocupada pelos alemães.
Três vezes Sugihara telegrafou a sua
embaixada pedindo permissão para emitir vistos para os refugiados. O
telegrama de K. Tanaka no ministério das Relações Exteriores dizia: "Em
relação aos vistos de trânsito solicitados previamente, stop (pare), aconselho
não emitir nenhum visto, absolutamente, a nenhum viajante que não tenha saída
garantida ex-Japão, stop (pare) sem exceções stop (pare) não mais perguntas
esperadas."
Sugihara falou sobre a recusa com sua
esposa, Yukiko, e seus filhos e decidiu que apesar do inevitável dano à sua
carreira, ele desafiaria seu governo.”
Que
fez ele então?
Sugihara
passou a escrever vistos sem parar. Ele emitia tantos vistos em um dia quantos
seriam emitidos normalmente em um mês.
À
noite sua esposa Yukiko fazia massagens em suas mãos doloridas.
Em
setembro de 1940, o Japão fechou a embaixada e Sugihara transportou a papelaria
para sua casa e de lá continuou a emitir vistos, vistos estes já ilegítimos,
mas que para a alegria e salvação de muitos, funcionaram devido ao selo do
governo e sua assinatura. E foi assim que 6.000 judeus receberam estes papéis e
se salvaram. Estima-se que hoje em dia mais de 40.000 pessoas estejam vivas
graças a Sugihara.
Após
a guerra nosso herói foi demitido do Ministério das Relações Exteriores e
passou a trabalhar em insignificantes empregos secundários.
“Não
foi até 1968, quando um sobrevivente, Yehoshua Nishri, encontrou-o, que sua
contribuição foi reconhecida. Nishri era um adolescente na Polônia salvo por um
visto de Sugihara e agora estava na embaixada israelense em Tóquio.”
Até
então ele não tinha revelado a ninguém suas atividades de guerra. Até as
pessoas mais próximas desconheciam seus feitos heróicos na Lituânia.
Em
uma entrevista antes de sua morte ocorrida em 1986, ele foi interrogado pelo
repórter sobre o porquê de sua ação, ao que ele respondeu:
Imagem
Chiune Sugihara, em uma fotografia sem data. Crédito Asahi Shimbun, via Getty
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Finalmente
Sugihara teve seu heroísmo e caridade reconhecidos internacionalmente. Em
Israel recebeu o prêmio “Justos entre as Nações.”
Homenagens
e estátuas foram espalhadas pelos continentes.
Em
outubro de 2018, Nobuki, único filho vivo de Sugihara, viajou da Bélgica para Nagoya,
cidade onde o pai passou 10 anos de sua infância, para homenagear a memória de
seu progenitor, em uma cerimônia especial onde foi inaugurada uma estátua de
bronze de Sugihara entregando vistos a uma família de refugiados.
Nobuki
falou sobre o pai: “um homem muito
simples, gentil, que adorava ler, jardinagem, e acima de tudo, crianças. Ele
nunca pensou que o que ele fez foi algo de notável ou incomum. Muito disso era
trabalho de caligrafia.”
FONTES:
http://mundo-oriente.blogspot.com/2010/11/sugihara-chiune.html