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segunda-feira, 8 de abril de 2019

VOCÊ SABIA? - Tikkun Olam



TIKKUN OLAM 

... qualquer ato de bondade humana reverbera por todos os cantos do mundo ...






Você sabia que a familiar expressão judaica TIKKUN OLAM, ou “consertar o mundo”, é um convite a todos nós, humanos, para completar e aperfeiçoar a obra da criação divina?

Tikkun Olam: “Um conceito judaico definido por atos de bondade realizados para aperfeiçoar ou reparar o mundo. A frase é encontrada na Mishná, um corpo de ensinamentos rabínicos clássicos. É frequentemente usada quando se discutem questões de política social, garantindo uma proteção àqueles que podem estar em desvantagem.”

Nestes últimos séculos esta frase tornou-se muito conhecida e mundialmente proferida, dando origem a uma deliciosa piada: Como se diz Tikkun Olam em hebraico?

Mas esta frase cheia de força e significado não se resume a isto apenas.

- Consertar o mundo pede além de proteger pobres e desabrigados, escravos e injustiçados.  

- Clama pelos valores morais que devem ser observados em nossas relações com o próximo e a sociedade em que vivemos.

- A caridade desempenha um papel fundamental: ajudar a todos, tanto os nossos conhecidos e iguais como aqueles de diferentes crenças e outras vizinhanças. As comunidades carentes devem ser atendidas e auxiliadas, independentemente de suas práticas religiosas e população.

- O trabalho voluntário também faz parte deste princípio Tikkun Olam: doar nosso tempo (talvez a mais difícil de todas as doações) pode ser a melhor maneira de ajudar aqueles necessitados e aliviar a dor do mundo.

- Outro item importante é o cuidado que devemos ter ao julgar o outro. Sejamos justos.





Em 1950, a frase Tikkun Olam foi usada por Louis Dembitz Brandeis, o primeiro juiz judeu da Suprema Corte americana, homenageado ao ter seu nome escolhido para a universidade que havia sido recentemente fundada -  Brandeis Camp Institute, Universidade  Brandeis, Massachusetts.

Esta instituição foi criada pela comunidade judaica americana numa época em que os judeus, outras etnias e mulheres sofriam discriminação para serem aceitos em universidades de alto padrão no país.


Para Louis Brandeis, estas palavras abrangiam a essência dos valores judaicos, significando “quando o mundo for perfeito sob o reino do Todo Poderoso.” Conquistar um mundo melhor era, para ele, obrigação de todos os judeus e seu ensinamento.


EMET - Verdade



Voltemos agora ao século XVI com Ari, o rabino Isaac Luria:
Mas afinal, a que viemos neste mundo?

“O judaísmo responde esta questão com um conceito fundamental elaborado pelo rabino cabalista Isaac Luria no século 16, o Tikun Olam. Tikun vem do verbo letaken, que significa reparar ou consertar. Olam quer dizer mundo. Juntas criam um conceito maior que reparar o mundo, juntas significam melhorar o mundo preparando-o para entrar no estado supremo para o qual foi criado.

Esse conceito de mundo incompleto ou imperfeito é derivado do livro de Gênesis 2:3 “E abençoou Deus ao dia sétimo, e santificou-o, porque nele cessou toda sua obra, que criou Deus para fazer”. Aqui vale uma observação; em muitas traduções do antigo testamento essa passagem é descrita como “Abençoou Deus o sétimo dia, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que criara e fizera”. O correto é a versão com o final “… que criou Deus para fazer”, pois demonstra a obra do Criador como inacabada, o que justifica todas as imperfeições deste mundo terreno e a missão da humanidade de melhorá-lo.  Mas como os homens que são seres imperfeitos, poderão aperfeiçoar a obra do Criador, que é perfeito em sua definição? Uma missão gigantesca para uma criatura tão aparentemente pequena se comparada com toda criação.
Olhemos então para o tripé do judaísmo:

 Tzedaká (Justiça Social)

 Chessed (Compaixão)

 Shalom (Paz)

De posse destas ferramentas, o ser humano estará apto a aperfeiçoar o nosso mundo.

Cada gesto humanitário tem o poder de atingir o universo em sua totalidade.

E de acordo com a Mishná (transcrição da tradição oral judaica), cada pessoa é um mundo inteiro. E no Talmud lemos que quem salva uma vida, salva o mundo. 


Rabino Isaac Luria, o Ari.


E nós? Fazemos parte da injustiça social, dos sofrimentos do mundo?

Como podemos consertar os erros?




É difícil irmos longe para corrigir o que está mal feito ou incompleto.
Assim pratiquemos esta oração Tikkun Olam junto à nossa família, em nosso ambiente de trabalho, em nossas relações sociais, com nossos vizinhos e empregados, em nossos julgamentos, em nossa alimentação e no cuidado com nosso corpo e alma.

Com tolerância, atos religiosos, paz e muito amor estaremos colaborando nesta divina tarefa de melhorar o mundo.






“Tikkun Olam é uma convocação a ação, uma provocação constante para tirar o ser humano da espera inerte por uma solução divina. Quer um mundo melhor? Uma família melhor? Uma Irmandade melhor? Um trabalho melhor?

Não reclame e não espere, faça! A energia positiva de cada pessoa poderá inspirar outras de modo que uma corrente de boas ações torne a nossa vida e de nossos semelhantes cada vez melhor.

O Tikkun Olam deve ser um movimento constante, incessante, sempre renovado e retroalimentando. Mãos à obra, não há tempo a perder.”





Há poucos anos, em São Paulo, três líderes religiosos seguidores do monoteísmo do Patriarca Abraão reuniram-se no intuito de se conhecerem, de se relacionar mais de perto e provar que as crenças religiosas não afastam as pessoas. Como afirmou  o cônego Bizon, de praticar juntos o “tikkun olam”, “a expressão judaica que significa trabalhar para melhorar o mundo e torná-lo mais harmonioso. Esta é a lição mais importante do nosso trabalho”.





“O riso corre solto entre o cônego José Bizon, o judeu Raul Meyer, o muçulmano Atilla Kus e Ruth Junginger de Andrade, membro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, conhecida como Igreja Mórmon. É hora da foto que ilustra esta reportagem da Revista Isto É.
Eles estavam na sala de estar da Casa da Reconciliação, em São Paulo, um lugar pertencente à Igreja Católica aberto ao diálogo inter-religioso. Quem os vê juntos, brincando uns com os outros, descobre o que é na prática o significado do respeito à crença alheia e, principalmente, que é possível conviver com o diferente.”

E assim surgiu a Família Abraâmica, em que famílias cristãs, muçulmanas e judias encontram-se uma vez por mês convivendo com suas diferenças, culturas e crenças.

Os encontros são felizes e ao longo dos anos amizades foram sendo construídas, lições de vida foram trocadas e muita informação foi repassada. A culinária tem um papel importante: pratos típicos de cada grupo são preparados e receitas são degustadas num ritmo alegre e descontraído em que as horas correm livres e a conversa rola espontaneamente, seja em almoços ou cafés da tarde.


Este texto é uma colaboração de Itanira Heineberg especialmente para os nossos canais.



FONTES:

https://www.google.com/search?newwindow=1&rlz=1C1GCEA_enBR754BR754&ei=1nKfXPLTF8-d5OUPzYSr0AY&q=University+Brandeis+Massachussets+history&oq=U

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