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quinta-feira, 23 de maio de 2019
Editorial: Antissemitismo em uma nova roupagem
Será que chegou o momento de aumentar o grau de alerta?
As pessoas nascidas ao redor de 1950, em uma época em que o mundo era
reconstruído com a esperança de um futuro que pudesse referenciar o que havia acontecido na década anterior, viram o mundo partir da guerra fria; a guerra entre duas potências, uma guerra econômica e do petróleo, até chegar aos dias de hoje, em que as lutas são por falácias e recheadas de falsas notícias.
As mesmas pessoas também foram testemunhas de avanços incríveis no campo científico. O desenvolvimento na área das comunicações é espantoso – os que nasceram junto com a televisão comercial sempre se admiram com a “era internética", com a transformação de ficção científica em vida real.
Mas vemos claramente a espiral da história voltar novamente o seu olhar para o lado escuro da vida.
O fantasma do antissemitismo vem se tornando cada vez mais real e, como diziam há décadas, “ontem levaram os judeus, e eu não me incomodei – hoje levaram aos meus, e não havia mais com quem compartilhar”.
Os judeus e suas ações, os judeus e seus costumes, os judeus e sua vida familiar – OS JUDEUS – alvo de discriminação, “bullying” e perseguições ao longo de séculos, ao longo de milênios, estão novamente no centro da ribalta do pior circo do mundo. O que falseia a verdade para despertar um inconsciente coletivo que justifique a transformação de todo um povo e de pessoas inocentes, criativas e trabalhadoras em alvo de escárnio e desprezo.
Na semana passada vimos o grande espetáculo do Eurovision ser invadido por uma manifestação contra o Estado de Israel – e vimos Madonna aproveitar a ocasião para propagar a premissa da possibilidade de integração entre o Estado de Israel e um suposto estado palestino. Digo suposto porque não há substrato histórico que possa definir este estado, e o espaço que foi várias vezes aberto desde 1948 para que isto pudesse surgir foi negado e ocupado por grupos terroristas que apenas têm o ódio contra Israel como seu ponto de foco. Ontem mesmo foguetes voltaram a ser disparados contra Israel, um país que mesmo tendo um exército sabidamente capaz de destruir estes terroristas, mantém-se fiel às tradições de buscar a paz – SHALOM a qualquer custo. Em maio de 2019 o parlamento alemão (Bundstag) publicou uma resolução declarando que o movimento BDS, que prega o boicote a produtos israelenses, é um movimento antissemita. Esta declaração não tem força de lei, mas é suficiente para impedir que o governo alemão continue aplicando grandes somas de recursos em movimentos terroristas, e também continue admitindo a discriminação do Estado de Israel.
Ao ler a notícia, e em vista de toda a problemática gerada pelos milhares ou milhões de refugiados muçulmanos que transformam a face das cidades europeias incluindo as cidades alemãs, perguntei “por que agora”? Qual a pressão que a Alemanha sofre para levar este tema ao parlamento, e gerar uma resolução deste porte? Certamente o passado assombra a muitos alemães – as atrocidades de guerra e a morte de seis milhões de judeus será sempre um fato a ser colocado na balança.
Mas em poucos dias a própria imprensa brasileira trouxe a explicação. Em 22 de maio de 2019 o Estado de São Paulo publica artigo intitulado “ANTISSEMITISMO CRESCE NA ALEMANHA E ASSOMBRA JUDEUS” onde relata de forma textual o que vem ocorrendo com o filho de Wenzel Michalski, um cidadão alemão que no século passado ouvia de seu pai o conselho de nunca dizer que era judeu. Um menino de 14 anos que estuda em uma escola pública em Berlim que se orgulha da diversidade de seus alunos (cristãos e mulçumanos), responde a uma simples questão – “onde vocês rezam”, mas ao responder que era em uma sinagoga, a professora perguntou “por que?”. A resposta foi óbvia – “porque sou judeu”. E o artigo de Wenzel Michalski passa a relatar todas as ameaças e maus tratos que seu filho passou a sofrer. ESTE ARTIGO NÃO FOI PUBLICADO EM 1939 – mas sim em 2019!
Um alerta a todos que imaginam que atacar o estado de Israel é apenas uma questão de política atual – é na realidade uma questão atávica de buscar bodes expiatórios – e esta questão milenar é chamada de ANTISSEMITISMO!
Sigamos alertas, em busca do respeito à diversidade, mas sem deixar que este impeça que vejamos o perigo.
Boa semana,
Regina P. Markus
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