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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

VOCÊ SABIA? - Nova Anatevka do século XXI




VOCÊ SABIA que desde 2015 há na Ucrânia uma vila criada para receber refugiados judeus do leste do país chamada ANATEVKA?

Anatevka, um campo de refugiados a sudoeste de Kiev, foi construído da estaca zero em 2015 pelo rabino Chabad Moshe Azman, que lidera a sinagoga restaurada de Brodsky do século XIX, no centro de Kiev, capital da Ucrânia.

A população da aldeia varia entre 65 e 150 pessoas, dependendo do relatório. Seu objetivo é acolher, alimentar, educar e fornecer treinamento vocacional a refugiados judeus da guerra no leste da Ucrânia, na qual mais de 10.000 pessoas morreram e mais de um milhão de ucranianos foram deslocados. Azman, o rabino que mais se preocupa com o antissemitismo no país, espera que um dia 500 a 600 pessoas morem ali.
No início da construção a comunidade possuía uma sinagoga de madeira, um dormitório residencial com 20 unidades e uma escola de concreto com 25 salas de aula.
Até outubro de 2019, a maior parte da publicidade que Anatevka recebeu tinha a ver com a novidade de uma aldeia judaica subindo nas estepes da Ucrânia com um nome retirado do shtetl (povoado) fictício no musical da Broadway "Fiddler on the Roof".

Neste vídeo-propaganda o Rabino Azman dança e canta a conhecida canção:
 “If I Were a Rich Man”







A terra que Azman comprou para construir o complexo fica ao lado de uma vila do século XVI chamada Hnativka, que alguns estudiosos dizem ser a inspiração para a cidade de "Anatevka" que aparece na ficção do escritor ídiche Sholem Aleichem e mais tarde no musical "Fiddler". Sholem Aleichem escreveu histórias de "Tevye the Dairyman"(Tevy, o Leiteiro), em 1894, em uma cidade que ele chamava de Boyberik, mas alguns dos personagens eram da vizinha Anatevka.
No musical, Anatevka se tornou o cenário principal.”

Apesar das boas intenções do rabino Azman, uma grande reviravolta da mídia levou a verdadeira Anatevka, recém-criada, ao centro das notícias mundiais.

“Em 10 de outubro, um cidadão americano de origem bielorrussa chamado Igor Fruman e um cidadão americano de origem ucraniana, Lev Parnas, foram presos no aeroporto de Dulles, nos arredores de Washington, DC, e indiciados sob a acusação de canalizar dinheiro estrangeiro para candidatos políticos republicanos.
Os jornalistas começaram a investigar todas as empresas e instituições de caridade registradas de Fruman e Parnas, incluindo uma chamada American Friends of Anatevka, uma organização sem fins lucrativos criada em outubro de 2017 por Fruman, juntamente com o Rabino Azman. Parnas também teria sido membro do conselho.”

Após a prisão de Parnas e Fruman, a cobertura na mídia mudou, passando de lisonjeira para cética em relação ao povoado.
Os organizadores da aldeia sentiram-se traídos pelos jornalistas evitando novas visitas e entrevistas.

Mas não é nosso objetivo aqui entrar em detalhes já esclarecidos e sem sentido para nossa história.
A jornalista do The Times of Israel, Simona Weinglass, lá esteve em busca de notícias esclarecedoras sobre o assunto.
Apesar das dificuldades que passou junto com sua intérprete, Rudik, para visitar os edifícios e obter informações, ambas chegaram à conclusão de que Anatevka foi criada para receber refugiados judeus do leste da Ucrânia durante a guerra separatista também conhecida como Rebelião pró-russa na Ucrânia ou Guerra em Donbass, iniciada em 2014.
A Ucrânia, que tem um histórico de antissemitismo desde os tempos dos czares, possui hoje uma população de 70 mil judeus.
Com a luta em Donbass resultando em bombardeios destruidores e combates em zonas residenciais, o presidente Putin declarou que a crise no país tinha se convertido em uma verdadeira guerra civil. Os judeus dos dois lados do país viram o antissemitismo renascer e alguns já fugiram para Israel.







Em 5 de dezembro último, um artigo no jornal Israel Hayom cita Anatevka como um grande sucesso, com uma lista de espera de jovens famílias desejando ali se instalar, sendo que nem todas são refugiadas.
Segundo o artigo, o povoado continua a crescer e a se desenvolver com características de comunidade. De alguns meses em alguns meses, um novo prédio é ali erigido.


Anatevka encontra-se em meio a um campo em uma área onde o subúrbio cede lugar ao espaço rural.
Segue o relato da jornalista:
“Este é o famoso solo preto ucraniano que cultiva batatas; na verdade, aqui tudo cresce ”, informa Rudyk.

“Tiramos fotos de Anatevka por cima do muro ao redor. Vimos uma escola pintada em azul pastel, verde e laranja. Vimos um prédio de apartamentos onde uma mulher loira nos olhava com curiosidade. Vimos uma estufa, uma sinagoga e várias escolas que pareciam estar em sessão, com letras hebraicas estampadas perceptíveis pelas janelas.

Em todos os lugares, os trabalhadores estavam construindo. Ônibus escolares e caminhões carregados com lenha ficavam do lado de fora do portão. Um garoto de bochechas rosadas em um casaco de inverno inchado corria entre edifícios.

As ruas de Anatevka estavam quase vazias, mas um membro da comunidade judaica nos disse que alguns de seus moradores tinham empregos em outros lugares e não estavam presentes durante o dia.”




Anatevka - janeiro de 2020



Um dos filhos do rabino mostrou à repórter e sua intérprete uma escola primária Ortodoxa Moderna, onde meninos e meninas estudam juntos. Mostrou também um orfanato para os órfãos de Donbass.
Outro grande edifício ainda em construção será o maior banho ritual judaico do mundo, uma mikvah.
Dois museus estão sendo construídos; um dedicado aos Judeus da Ucrânia e outro à Cultura Hassídica.




Loja de carpintaria mantida por residentes e jovens de Anatevka -  brinquedos de madeira, matracas para Purim – estes presentes são oferecidos às crianças antes dos feriados judaicos.



Simona finaliza: “Completei a caminhada por Anatevka realmente encantada e persuadida de que mesmo que o número de pessoas atendidas e recebidas na comunidade não fosse grande como alguns repórteres acusaram, pareceu-me um lugar agradável e positivo para se viver, independente do número de famílias ali residentes.”






Este texto é uma colaboração especial de Itanira Heineberg para os nossos canais.



FONTES:


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