VOCÊ SABIA que desde 2015 há na Ucrânia uma vila criada
para receber refugiados judeus do leste do país chamada ANATEVKA?
Anatevka, um campo de refugiados a sudoeste de Kiev, foi
construído da estaca zero em 2015 pelo rabino Chabad Moshe Azman, que lidera a
sinagoga restaurada de Brodsky do século XIX, no centro de Kiev, capital da
Ucrânia.
A população da aldeia varia entre 65 e 150 pessoas,
dependendo do relatório. Seu objetivo é acolher, alimentar, educar e fornecer
treinamento vocacional a refugiados judeus da guerra no leste da Ucrânia, na
qual mais de 10.000 pessoas morreram e mais de um milhão de ucranianos foram
deslocados. Azman, o rabino que mais se preocupa com o antissemitismo no país, espera
que um dia 500 a 600 pessoas morem ali.
No início da construção a comunidade possuía uma sinagoga
de madeira, um dormitório residencial com 20 unidades e uma escola de concreto
com 25 salas de aula.
Até outubro de 2019, a maior parte da publicidade que
Anatevka recebeu tinha a ver com a novidade de uma aldeia judaica subindo nas
estepes da Ucrânia com um nome retirado do shtetl (povoado) fictício no musical
da Broadway "Fiddler on the Roof".
Neste vídeo-propaganda o Rabino Azman dança e canta a
conhecida canção:
“If I Were a Rich Man”
“A terra que Azman comprou para construir o complexo
fica ao lado de uma vila do século XVI chamada Hnativka, que alguns estudiosos
dizem ser a inspiração para a cidade de "Anatevka" que aparece na
ficção do escritor ídiche Sholem Aleichem e mais tarde no musical
"Fiddler". Sholem Aleichem escreveu histórias de "Tevye the
Dairyman"(Tevy, o Leiteiro), em 1894, em uma cidade que ele chamava de
Boyberik, mas alguns dos personagens eram da vizinha Anatevka.
No musical, Anatevka se tornou o cenário
principal.”
Apesar das boas intenções do rabino Azman, uma
grande reviravolta da mídia levou a verdadeira Anatevka,
recém-criada, ao centro das notícias mundiais.
“Em 10 de outubro, um cidadão americano de
origem bielorrussa chamado Igor Fruman e um cidadão americano de origem
ucraniana, Lev Parnas, foram presos no aeroporto de Dulles, nos arredores de
Washington, DC, e indiciados sob a acusação de canalizar dinheiro estrangeiro
para candidatos políticos republicanos.
Os jornalistas começaram a investigar todas
as empresas e instituições de caridade registradas de Fruman e Parnas, incluindo
uma chamada American Friends of Anatevka, uma organização sem fins lucrativos criada
em outubro de 2017 por Fruman, juntamente com o Rabino Azman. Parnas também
teria sido membro do conselho.”
Após a prisão de Parnas e Fruman, a cobertura na mídia
mudou, passando de lisonjeira para cética em relação ao povoado.
Os organizadores da aldeia sentiram-se traídos pelos
jornalistas evitando novas visitas e entrevistas.
Mas não é nosso objetivo aqui entrar em detalhes já
esclarecidos e sem sentido para nossa história.
A jornalista do The Times of Israel, Simona Weinglass, lá
esteve em busca de notícias esclarecedoras sobre o assunto.
Apesar das dificuldades que passou junto com sua
intérprete, Rudik, para visitar os edifícios e obter informações, ambas chegaram
à conclusão de que Anatevka foi criada para receber refugiados judeus do leste
da Ucrânia durante a guerra separatista também conhecida como Rebelião
pró-russa na Ucrânia ou Guerra em Donbass, iniciada em 2014.
A Ucrânia, que tem um histórico de antissemitismo desde os tempos dos czares, possui hoje uma população de 70 mil
judeus.
Com a luta em Donbass resultando em bombardeios
destruidores e combates em zonas residenciais, o presidente Putin declarou que
a crise no país tinha se convertido em uma verdadeira guerra civil. Os judeus
dos dois lados do país viram o antissemitismo renascer e alguns já fugiram para
Israel.
Em 5
de dezembro último, um artigo no jornal Israel Hayom cita Anatevka como um
grande sucesso, com uma lista de espera de jovens famílias desejando ali se
instalar, sendo que nem todas são refugiadas.
Segundo o artigo, o povoado continua a crescer e a se
desenvolver com características de comunidade. De alguns meses em alguns meses,
um novo prédio é ali erigido.
Anatevka encontra-se em meio a um campo em uma área onde
o subúrbio cede lugar ao espaço rural.
Segue o relato da jornalista:
“Este é o famoso solo preto ucraniano que
cultiva batatas; na verdade, aqui tudo cresce ”, informa Rudyk.
“Tiramos fotos de Anatevka por cima do muro
ao redor. Vimos uma escola pintada em azul pastel, verde e laranja. Vimos um
prédio de apartamentos onde uma mulher loira nos olhava com curiosidade. Vimos
uma estufa, uma sinagoga e várias escolas que pareciam estar em sessão, com
letras hebraicas estampadas perceptíveis pelas janelas.
Em todos os lugares, os trabalhadores estavam
construindo. Ônibus escolares e caminhões carregados com lenha ficavam do lado
de fora do portão. Um garoto de bochechas rosadas em um casaco de inverno
inchado corria entre edifícios.
Anatevka - janeiro de 2020 |
Um dos filhos do rabino mostrou à repórter e sua
intérprete uma escola primária Ortodoxa Moderna, onde meninos e meninas estudam
juntos. Mostrou também um orfanato para os órfãos de Donbass.
Outro grande edifício ainda em construção será o maior
banho ritual judaico do mundo, uma mikvah.
Dois museus estão sendo construídos; um dedicado aos
Judeus da Ucrânia e outro à Cultura Hassídica.
Loja de carpintaria mantida por residentes e jovens de
Anatevka - brinquedos de madeira,
matracas para Purim – estes presentes são oferecidos às crianças antes dos
feriados judaicos.
|
Simona finaliza: “Completei a caminhada por Anatevka
realmente encantada e persuadida de que mesmo que o número de pessoas atendidas
e recebidas na comunidade não fosse grande como alguns repórteres acusaram,
pareceu-me um lugar agradável e positivo para se viver, independente do número
de famílias ali residentes.”
Este texto é uma colaboração especial de Itanira Heineberg para os nossos canais.
FONTES:
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