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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020
Editorial - DIVERSIDADE: a base da LONGEVIDADE?
Nesta última década, o mundo vem acompanhando uma preocupação crescente das populações com a biodiversidade como uma forma de aumentar a sobrevivência dos seres humanos neste nosso planeta azul e ao mesmo tempo, um recrudescimento pela igualdade entre os homens.
Em muitos discursos políticos ou de religiosos encontramos frases que definem a igualdade dos diferentes. No caso de cor de pele ou raça, há pressões para definir igualdades daquilo que nossos olhos veem que é diferente. No caso de pessoas que se distinguem da normalidade, encontramos um discurso que enaltece que todos devem ser considerados iguais - que se não forem, devem receber alguma compensação para serem incluídos no grupo maior, e se forem muito acima da média, devem contribuir de alguma forma, reduzindo sua diferença e favorecendo os demais. Em resumo, a biodiversidade é desejada quando se trata de plantas e animais, mas a humanodiversidade nunca é premiada.
Não encontramos preocupação em querer manter as diferenças, o diferente é "estranho", "estrangeiro", "imperfeito", "incapaz"..... Manter as diferenças seria injusto! Mas, muitas vezes, a existência das diferenças é muito importante, porque as grandes tarefas só podem ser feitas se cada parte for realizada por especialistas competentes.
O mesmo deveria ser verdade para um Povo - e quanto mais diverso for este povo, maiores serão as chances de que tenha alta resiliência, alta capacidade de adaptação e, principalmente, alta capacidade de busca de novas soluções e de criação de fatos que permitam a sobrevivência.
Nós, brasileiros, somos um Povo muito jovem; mas temos esta capacidade de sempre saber criar novas oportunidades e de reinventar a cada geração, ou mesmo década, atividades econômicas que já permitiram vencer situações inacreditáveis e então chegar neste final da segunda década do século XXI com jovens que são campeões em Olimpíadas Internacionais e outros que emprestam seus nomes para asteróides, tal é o desempenho que tiveram em feiras internacionais de Ciências e Engenharia.
Nós, judeus, somos um Povo milenar. Vivemos espalhados pelos 5 continentes e adquirimos hábitos e costumes ao longo desta caminhada. Adquirimos também formas físicas muito diferentes. Ao longo da história da Europa, o judeus já foi definido como aquele sujeito narigudo, barrigudo e que tinha uma pele muito branca. Esta forma de identificação fica completamente perdida quando olhamos para os judeus africanos e os judeus asiáticos. Também é difícil comparar os filhos dos judeus romanos, que se orgulham de serem descendentes dos que foram expulsos de Jerusalém e muitos dos poloneses, que têm cabelos vermelhos e olhos claros.
Será a diversidade a base da longevidade? Hoje vou extrapolar! Sou cientista e a Teoria da Evolução é uma das mais contestadas e por isso mais testadas no mundo científico. Hipóteses de contestação atrás de hipóteses de contestação vão sendo rejeitadas, e a teoria da evolução segue seu rumo escorada na seleção natural. Há processos que exercem o mesmo papel dos seres mais simples aos mais complexos, tanto no reino animal quanto no reino vegetal, e há processos que alteram seua função ou mesmo são desativados - ou se transformam em base para doenças de alta relevância.
Será que conseguimos aqui também criar um paralelo entre a biodiversidade e a humanodiversidade? Uma linha mestra que, apesar de muitas diferenças superficiais, guarda alguns conceitos básicos que quando transmitidos de geração em geração, garantem a sobrevivência de um povo - isto é, um grupo de pessoas que apesar da distância geográfica e étnica, carregam semelhanças capazes de serem identificadas.
Nesta semana, o EshTá na Mídia publicou três posts (clique em cada um para ler) que ressaltam estes atributos. Os judeus da Etiópia começaram a chegar ao Estado de Israel no início dos anos 1970 e as autorizações de imigração continuam até hoje. Os imigrantes que vieram diretamente de aldeias do interior da Etiópia tinham pouco ou nenhum conhecimento da cultura ocidental. Choque de milênios! Mas eram judeus, sabiam ler e escrever e estudavam... estudavam os textos sagrados antigos. Estes textos incluíam a Tora, Profetas e Escritos - o que se convenciona no mundo cristão a chamar de Velho Testamento. O Talmud não faz parte destes estudos. Mas, como estudar era uma prática incorporada por milênios, a imigração repentina para o então século XX foi difícil mas não impossível. Hoje, vários filhos de imigrantes são cidadãos israelenses de destaque no campo da cultura, ciência, empreendedorismo, e nos comandos militares. O comando do Sul de Israel hoje é de um descendente etíope, assim como a representante israelense no Eurovision de 2020.
E o que falar do mundo asiático? Nesta semana também publicamos um artigo que mostra a celebração do Bat Mitzvah da neta do Rei Monivong, que reinou no Camboja até sua morte em 1941. A educação das mulheres é uma característica muitas vezes esquecida; mas ainda na Ásia temos um caso muito especial que já comentamos de forma rápida. A Coréia do Sul, país que tem o maior índice de inovação e de desenvolvimento científico no mundo, há anos adotou o sistema Talmúdico para o ensino.
No que este tipo de ensino se diferencia dos demais? Se quiserem, podemos nos aprofundar no tema - mas rapidamente, os temas são tão complexos e tão atuais que nunca devem ser estudados por uma única pessoa. Não há o que decorar, ou aprender! Os alunos são organizados em duplas, e devem revisar e debater a opinião dos vários rabinos sobre tópicos específicos. Depois, as classes são unidas e as discussões e diversidade de opiniões aumentam. O importante não é a opinião do Professor, ou de algum ser superior! O importante é os caminhos dos debates.
Imagina estudar ciências destas forma? E matemática?
Bem, por hoje ficamos com a HUMANODIVERSIDADE.
Boa semana!
Regina P. Markus
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