Mudanças migratórias em tempos diferentes – há mais de 2000 anos pássaros
afluem à cidade de Jerusalém na primavera. Este ano, o espaço era só deles.
Por Itanira Heineberg
Você sabia que a “Oitava Maravilha do Mundo” - os 500 milhões de pássaros
de Israel - tiveram uma agradável surpresa em Jerusalém em razão do COVID-19
nesta temporada de primavera?
Com o Muro Ocidental esvaziado da presença humana, pássaros migratórios,
em seus movimentos ágeis e graciosos, realizam um antiquíssimo show aéreo junto
ao monumento sagrado, espetáculo dos mais antigos do mundo já executado em
tempos de reis imemoriais.
A cada ano, ao chegar a primavera, revoadas de aves migratórias oriundas
da África chegam a Jerusalém, acomodando-se nos vãos do Muro sagrado.
Porém desta feita, devido à pandemia do coronavírus, a praça vazia
transformou-se em um palco onde os pássaros, em liberdade, ofereceram uma
coreografia de ballet voando sobre o espaço oferecido.
Sabe-se que o outono está chegando quando os pássaros do hemisfério norte
migram para a África e às vésperas da primavera concluem sua costumeira rota
por Jerusalém.
Amir Balaban, chefe da divisão municipal da Sociedade Israelense de
Proteção à Natureza, ensina que a colônia de Jerusalém é provavelmente uma das
mais antigas do mundo.
Balaban, naturalista e fundador da Sociedade acima referida, afirma no
Zman Yisrael, o site irmão de Israel em hebraico, ”Estes pássaros, sem
dúvida, já faziam seus ninhos aqui há 2000 anos, na era do rei Herodes. Em
geral, nesta época do ano, quando os fiéis chegam com o sol nascente, podemos
ouvir as vozes dos adoradores sob os sons e chilros do bando em revoada. Sempre
me dá arrepios.”
Noventa pares de aves se acomodam no Muro, várias centenas de casais
escolhem o complexo do Monte do Templo e dezenas de milhares se espalham pela
cidade.
Balaban continua, “Este é um dos pontos turísticos mais incríveis do
mundo, uma combinação de um local de patrimônio histórico e um ponto de
observação de aves. Na China, eles fazem ninhos nas telhas de templos antigos e
aqui nas fendas da Muralha Ocidental e nas antigas estruturas da Cidade Velha.
Aves migratórias são monogâmicas. Desde o momento em que atingem a
maturidade sexual aos 3 anos até suas mortes, por volta dos 20 anos, permanecem
em pares.
Pares de pássaros que estabeleceram sua casa na Muralha Ocidental têm uma
fenda designada nas pedras que eles usam para a temporada de aninhamento.
As chuvas fora de época deste ano são uma benção para os migratórios,
causando uma abundância de vegetação e insetos, levando à competição sobre
espaços de ninho no muro lotado.
Os migratórios passam a maior parte do tempo no ar quando não estão nos
ninhos.
Eles dormem durante o voo enquanto deslizam sobre as correntes de ar. Um migratório
é capaz de dormir em Jerusalém e acordar na Jordânia.”
E assim, sendo Israel uma passagem natural ligando Europa, Ásia e África,
um corredor espontâneo e fértil, o país propicia às aves opções de repouso e
nutrição antes do voo final para o clima convidativo e cálido do continente
africano.
“As aves percorrem milhares de quilômetros e, sem erro, optam por
descansar e buscar comida em pontos específicos de Israel, como o Monte Carmelo
(Norte), as montanhas no entorno de Jerusalém (Centro) e o deserto do Negev
(Sul). Os pássaros voam em bandos, levados apenas pelo instinto que guia
gerações anteriores há centenas de milhares de anos. A migração acontece em
geral à noite. As aves voam usando o reservatório de gordura que acumularam nos
corpos nos meses que antecedem o outono. Justamente por isso é que, antes de
chegarem ao destino final, sempre param para se "reabastecer".
Israel oferece uma dezena de centros de observação de aves abertos aos
turistas e pesquisadores sobre o assunto. Também as crianças se beneficiam com
estes espaços, aumentando suas experiências e o contato com a natureza.
Jerusalem Bird Observatory - crianças curtindo a natureza em visita
escolar.
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