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quarta-feira, 23 de setembro de 2020

EDITORIAL: KOL NIDRE - TODAS AS PROMESSAS


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Entre Rosh Hashana e Iom Kipur - nos chamados dias de temíveis, dias de expiação, dias de cuidado. Há várias interpretações para esta espera, entre o dia que lembra a criação do mundo e a entrega das Tábuas da Lei. Entre o início da vida e o início da fase de responsabilidade. 

Um período em que o dia a dia continua, mas de uma forma diferente, com momentos de introspecção e com tempo para conversar com amigos e inimigos, um tempo para atravessar pontes e planejar o futuro. Um tempo para pedir e dar perdão, desculpas ou mesmo reatar laços rompidos ou interrompidos.

Um tempo dedicado ao ser humano e sua relação com outros seres humanos. Todos os inúmeros costumes gerados ao longo de milênios pelos diferentes grupos de judeus espalhados pelo mundo focam no dia de Iom Kipur, quando há a oportunidade de olhar para dentro. Olhar este que é sempre feito em sinagogas repletas. Este é o dia em que judeus de qualquer nominação e muitos dos que se consideram ateus se encontram.

Dia especial que começa com uma das rezas mais solenes do judaísmo. Quando publicamente, solenemente, a comunidade com todos os cantores declara três vezes que todas as promessas, juramentos e compromissos assumidos deste Iom Kipur até o próximo sejam declarados nulos.

Que estranho! Precisamos andar um parágrafo atrás no livro de rezas. Quando, antes de cantar o Kol Nidre o "chazan"  (lê-se razan) declara:


AL DAAT - Com a permissão de D'us e com o consentimento desta congregação; com a autoridade do Tribunal Celeste e com a aprovação do tribunal terrestre, que nos seja permitido orar junto com os transgressores.


E é com esta permissão que se inicia o dia de Kipur.

É neste contexto que me permito este ano não falar dos milhões de judeus ao longo dos milênios que tiveram que jurar falso para manter a vida e que tiveram que transgredir para que os outros também sobrevivessem.

Hoje, falo do que estaria sentado ao meu lado e que está acompanhando o serviço pela mesma tela de computador. Este é o momento que sabemos que todos transgrediram e que o continuarão fazendo e que ter consciência deste fato aumenta a responsabilidade pelas decisões que forem tomadas no ano que acabou de entrar.

E neste momento solene é admitido o maior bem do povo judeu: a diversidade. Um povo que não é caracterizado nem pela riqueza, nem pela igualdade de cor ou mesmo idioma. O idioma comum não é necessariamente conhecido por todos. Mas é caracterizado por se permitir sentar junto e ser um responsável pelo outro, independente das transgressões.

Um responsável pelo outro e responsável por guardar a vida. 

Cada um responsável não apenas por seu vizinho ou país, mas também por toda a humanidade. É quando sabemos que podemos fazer a diferença.


Gmar Hatimá Tova

         


Um ano de vida plena. Uma boa assinatura - é o que deseja toda a equipe ESH TÁ NA MÍDIA

Regina P. Markus

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Yom Kipur: o dia do perdão.

 

O dia mais sagrado no calendário judaico.

Por Itanira Heineberg



Dia de jejum, introspecção e autoanálise, dia auspicioso.

Confessamos nossos pecados, vivemos o arrependimento e oramos por um ano bom e doce!




Você Sabia que o Yom Kipur, dia de muita alegria, é considerado o mais auspicioso do ano por oferecer a oportunidade de obtermos o tão valorado perdão Divino?

 

Auspicioso – Promissor – Próspero – Favorável - De bom agouro

Auspício, do latim AUSPICUM, “a função de um AUSPEX”. Estes eram sacerdotes que observavam o voo dos pássaros no céu para prever o futuro. Essa palavra vem do Indo-Europeu AWI-SPEK, “observador de aves”, de AWI, “ave”, mais SPEK, “ver”.

Auspicium.ii de auspex, literalmente "o que observa os pássaros" em busca de presságios.

Na Roma antiga era um sinal dos deuses que os áugures tiravam do céu.

 

 

Yom Kipur, o 10º dia do mês de Tishrei, também é dia de júbilo, pois foi quando Moshé entregou ao Povo Judeu o segundo conjunto de Tábuas com os Dez Mandamentos.

Assim sendo, Yom Kipur nos remete à entrega da Torá.




“Yom Kipur é o Shabat dos Shabatot e, portanto, todo trabalho profano deve cessar e todas as leis do Shabat devem ser respeitadas tanto por homens como por mulheres.

Assim como no Shabat, é proibido carregar sobre si qualquer objeto durante Yom Kipur. Além de observar as leis do Shabat, em Yom Kipur outras cinco restrições são acrescidas: “Não comer, não beber, não trabalhar, não se lavar e nem massagear a pele (perfumes, cremes etc.), não calçar couro, não ter relações conjugais”.

 

 Yom Kipur e os cinco níveis da alma:

 

“Ensina a Cabalá que são cinco os níveis da alma: Nefesh, Ruach, Neshamá, Chayá e Yechidá. Os três primeiros residem dentro de nosso corpo; os dois últimos o transcendem.

Na maioria dos dias do ano, podemos acessar apenas os primeiros três – uma das razões para orarmos três vezes ao dia: Shacharit, Minchá e Arvit.

Em certos dias, como o Shabat e Rosh Chodesh (o novo mês judaico), podemos acessar o quarto nível da alma, Chayá, razão pela qual temos uma oração adicional no dia – Mussaf.

O único dia no ano em que temos livre acesso ao quinto nível da alma, Yechidá, é Yom Kipur. Por essa razão, Yom Kipur é o único dia no ano em que recitamos uma quinta prece – a Neilá –, a última oração do dia.

 

 

1) Nefesh -"alma animal", é a alma humana em seu nível mais primário. Anima a existência dando-lhe força de vida, de movimento e propagação das espécies, também capacitando o homem a pensar, divagar e sonhar. A palavra deriva da raiz Nafash, que significa repouso, como no verso, "No sétimo dia, (D'us) cessou o trabalho e descansou (Nafash)" (Êxodo, 31:17).

 

2) Ruach - que significa vento, é o Espírito, a "alma divina".

 

3) Neshamá, literalmente "sopro", é a Respiração, a "alma superior", mais pura ainda.

 

4) Chayá, a Essência vivente.

 

5) Yechidá, a Essência única, pode ser considerada o ponto de contato entre a alma e a própria essência do Divino. Esta alma só se manifesta ao término do Yom Kipur, durante a Neilá.

 

Essas almas mais elevadas referem-se à verdadeira essência humana e sua associação com D'us, Raiz Suprema, e com os mundos espirituais. Este conceito inclui também a alma adicional, que chega no início do Shabat e se vai, ao seu término.”

 

Agora entendemos a razão pela qual muitas pessoas fazem questão de assistir à reza de Neilá, a única chance do ano de um contato com a essência do Divino.

É uma aspiração compreensível, sentir a presença espiritual da Luz!

É a confiança de sermos inscritos no Livro da Vida, corpo leve, alma limpa, pedidos de perdão oferecidos e um ano novo, novinho, promissor aos nossos pés!

Ao término do serviço a oração de Havdalá é recitada sobre um copo de vinho kosher:       

 

Barukh atah Adonai Eloheinu melekh ha’olam, bo’re m’orei ha’esh”

E a chama é extinta no resto do vinho reservado na taça.

 

Ao término de Yom Kipur, a Havdalá deve ser feita sem bessamim (especiarias) e a Bênção da Luz deve ser feita sobre uma vela trançada que permaneceu acesa desde o dia anterior.




Em Yom Kipur a Havdalá - a separação entre a luz e as trevas, a separação do sagrado do mundano - marca o final da festa sagrada, iniciando uma nova página na vida de cada um!

“Para os Judeus houve Luz, felicidade, júbilo e honra – assim seja para nós”

 

Shavua Tov

 

 

 

FONTES:

http://www.morasha.com.br/yom-kipur/algumas-leis-relacionadas-a-yom-kipur-3.html

http://www.morasha.com.br/nossas-festas/yom-kipur.html

https://origemdapalavra.com.br/pergunta/origem-230/

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

EDITORIAL: ACORDOS - ANO NOVO - PAZ

 EDITORIAL: ACORDOS - ANO NOVO - PAZ


Às vésperas de Rosh Hashaná, Iamim Noraim, Yom Kipur - 10 dias dedicados a qualificar nossas vidas com reflexões que permitam aprimorar nosso relacionamento com o outro e ao mesmo tempo buscar forças interiores para promover mudanças necessárias na vida de cada um de nós - presenciamos importantes eventos globais.

5780 é o ano que será lembrado pela pandemia, pela importância da ciência e da busca pelo conhecimento. O ano em que nós, cientistas, passamos a valorizar ainda mais a informação qualificada e avaliada por pares ao mesmo tempo em que foram abertas portas que permitem o compartilhamento universal de dados. Ano em que todos passamos a compreender que cada grupo de pessoas utiliza linguagens próprias e que as traduções devem ser muito bem feitas para não gerar reações  incoerentes. Ao mesmo tempo, neste ano, as mil possibilidades de comunicação, com suas vantagens e desvantagens, tornam os homens mais iguais e mais diferentes, dependendo da sua cultura de base e da sua vontade de colaboração.

A Universidade Mohamed bin Zayed, nos Emirados Árabes Unidos, e o Weizmann Institute of Science assinam acordo - clique para ler.

É neste período que vemos aflorar os Tratados de Paz entre Israel e dois países do Golfo Pérsico, os Emirados Árabes Unidos e Barein. Envolvimentos políticos à parte, este é sim um momento histórico, porque nações que já se relacionavam em diferentes campos por milênios encontraram um caminho para estabelecer relações regulares e assinar acordos de paz. A paz é desenhada nas muralhas de Jerusalém e a pomba da Paz é um cartoon nos Emirados Árabes Unidos.

Para não esquecermos que estamos em um caminho, mas que ainda há muitos que continuam fazendo válidas as palavras da Primeira Ministra de Israel, Golda Meir, proferidas em 1957: "A Paz virá quando líderes árabes forem corajosos o suficiente para desejá-la". Este momento vem aos poucos, é um caminho que precisa ser construído, mas ainda falta. Há esperança que outros países venham se juntar à comunidade dos descendentes de Abrão. 

Romã - a fruta símbolo deste dias -
lembra a multiplicidade de comandos e de responsabilidades dos judeus. 



O Tratado de Paz ontem assinado vai revelando entendimentos prévios e pavimentando entendimentos futuros que muito alegram a comunidade judaica de Barein, hoje composta por 50 pessoas que comemorarão de forma especial estas Grandes Festas.

Regina P. Markus

Shaná Tová uMetuká são os votos de toda a equipe EshTáNaMídia.

Um ano doce que reflita o aprendizado do ano que se encerra - paz e saúde para todos.









sexta-feira, 11 de setembro de 2020

NOTICIA EXTRA: O Último Shabat do Ano


 Noticia Extra: O último Shabat de 5780


Às vésperas de iniciar o último Shabat antes de Rosh ha Shaná recebemos a notícia que Israel e Bahrein reatam relações. Ano conturbado e cheio de transformações, abrindo novas possibilidades para o Oriente Médio e para o Mundo!!!







VOCÊ SABIA? - Lasar Segall

 

Lasar Segall: pintor, gravador, escultor, desenhista.

Lituânia, 1889 - Brasil, 1957


Por Itanira Heineberg






Você sabia que o artista judeu Lasar Segall, um dos fundadores da Sociedade Pró-Arte Moderna – SPAM - em 1932, foi um artista completo que introduziu o Modernismo no Brasil transformando-se num símbolo para toda uma geração?

O artista lituano, considerado um representante das vanguardas europeias em São Paulo, executou a decoração para o Baile Futurista do Automóvel e para o Pavilhão Modernista de Olívia Guedes Penteado (1872-1934), filantropa e patronesse das artes na cidade.

Lasar Segall nasceu em Vilna, parte do Império Russo, em 1889, filho de um escriba da Torah, o Pentateuco, e desde os primeiros anos encantava-se ao observar o pai copiando o texto sagrado. Assim ele relata:

 

“Com tinta profundamente preta, do negror do piche, por ele próprio preparada, formava sobre o pergaminho branco ou amarelado, também preparado por ele, os monumentais caracteres hebraicos. Também eu tentava desenhar essas letras, pintá-las, enriquecê-las com ornamentos de minha invenção”.

 

Demonstrando desde cedo o gosto e inclinação pelas tintas e lápis, em 1905 inicia suas lições de arte  na Academia de Desenho do mestre Antokolski, em Vilna, e ainda muito jovem, em 1906, vai para Berlim, ingressando na Academia Imperial de Belas Artes - um mundo totalmente estranho para ele, com outra outra língua e outros costumes. Conta o artista ter tido a impressão de ter aterrissado em um planeta desconhecido, nada em comum com as vivências de sua criação.

Quatro anos mais tarde muda-se para Dresden, Alemanha:

 

“Em 1910, muda-se para Dresden, Alemanha, onde frequenta a Academia de Belas Artes. Este é um dos principais períodos na vida de Segall, durante o qual aperfeiçoa sua técnica, participa ativamente do movimento expressionista e convive com inúmeras personalidades do mundo das artes. Em 1912, viaja para a Holanda.”

 

Em 1913 viaja para o Brasil, expondo seus trabalhos em São Paulo e Campinas.

Retorna então a Dresden mas em 1914, com o início da Primeira Guerra Mundial e o conflito Alemanha/Rússia, Segall é expulso da Academia e estabelece-se em Meissen, próximo à Dresden.

Voltando a Vilna em 1916, depara-se com sua cidade destruída pelos combates e produz uma série de gravuras e desenhos inspirado pelo cenário que o esperava antes de retornar a Dresden.


 

“Em 1923, volta ao Brasil onde fixa residência em São Paulo. Conhece o Rio de Janeiro e se encanta com sua geografia e sua população. Nesse período, executa vários desenhos e gravuras de negros e favelas e concebe a série “Mangue”, a qual finaliza mais tarde em Paris. Inicia sua série denominada “Fase Brasileira”, substituindo temporariamente os ocres, cinzas e pretos pelos vermelhos, verdes e amarelos.”


FAVELA
BANANAL


“Em 1928, viagem a Paris onde permanece até 1932. Nessa fase, começa a produzir suas primeiras esculturas. Em 1929, visita Kandinsky, Lyonel Feininger, Marcel Breuer e Moholy-Nagy, na Bauhaus de Dessau, Alemanha.”





ENCONTROS 

Ao retornar ao Brasil, cheio de inspiração e novas ideias, Segall instalou-se na Rua Afonso Celso, Vila Mariana, naturalizou-se brasileiro, casou-se com Jenny e ali viveu com a família até o fim de sua vida.

Em 1967 a residência transformou-se no Museu Lasar Segall, iniciativa de sua viúva Jenny Klabin Segall e seus filhos Maurício e Oscar.

 

Uma vivência rica em viagens, escolas, mudanças, relações com artistas contemporâneos europeus refletiu-se na arte criativa e múltipla de Segall.

Sua relação com os jovens modernistas brasileiros, Tarsila do Amaral, Mário e Oswald de Andrade, Anita Malfatti, entre outros, acrescenta sua visão de mundo e das artes.



Lasar Segall pinta Mário de Andrade



Das pinceladas rápidas do impressionismo às pinturas de derivação do expressionismo; das técnicas da gravura às águas fortes da litografia; do mono cromatismo às cores vivas e alegres dos trópicos; da atmosfera sombria de tons escuros aos espaços abertos, amplos da floresta e dos campos.

Um artista dotado de um olhar abrangente e agregador, Segall encontrou em seu novo país uma terra de diversidade de climas, população, línguas e sabores culinários, o lugar ideal para criar sua vida, sua família e sua arte.






“O humanismo, revelado pela preocupação com a violência, a miséria e as injustiças sociais, e certo caráter lírico estão presentes em toda a sua carreira. Segall aborda temas universais, expressando-os com emoção, por meio da cor em sua pintura ou pelo jogo entre linha e vazio em suas produções gráficas.”


CAMINHOS NA FLORESTA



Em 1935, entre São Paulo e as altitudes de Campos de Jordão (SP), o artista executa grandes séries, como as suas “Florestas”, fortemente inspiradas na natureza local.

 Mário de Andrade, seu crítico mais importante, destaca essa fase como “sensação de uma serenidade grave, de uma vida silenciosa”.

 

 

FONTES:

http://www.mls.gov.br/exposicoes/longaduracao/mls_550/

http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa8580/lasar-segall

https://www.guiadasartes.com.br/lasar-segall/exposicao

https://fazerpedagogia2.webnode.com.br/news/lasar-segall/

 





quinta-feira, 10 de setembro de 2020

EDITORIAL: UM ANO NOVO BOM E DOCE

 EDITORIAL: SHANA TOVA U METUKA                 שנה טבה ימתוקה



Queridos amigos, queridos leitores - hoje é dia 10 de setembro, dia 21 de Elul. Estamos nos aproximando rapidamente do final do ano de 5780 e do início de 5781. Nestes nossos encontros semanais, focamos nos impressionantes acontecimentos do Oriente Médio, na grande explosão em Beirute, na mobilização mundial para ajudar e entender o que aconteceu, na não menos surpreendente assinatura dos acordos diplomáticos entre Israel e a União dos Emirados Árabes, seguida da partida de um voo da El/Al para Abu Dhabi cruzando os céus da Arábia Saudita, e em seguida as declarações da Sérvia e do Kosovo de regularização de atividades diplomáticas com Israel.

Foram tantos os detalhes e tantas as manifestações prós e contras que deveremos voltar ao tema muitas vezes. Mas... agora estamos nos aproximando do dia da virada. A entrada em 5781. 

Se voltarmos aproximadamente 3.700 anos, estaríamos nos tempos de Moisés e de recebimento dos Dez Comandos. Tempos sérios que, como mencionei ao longo de várias semanas, unem 9 de AV - o dia da destruição - a 10 de Tisherei - o Dia do Arreependimento/Perdão. E entre estes dois dias muito sérios e rigorosos encontramos Rosh haShaná - traduzindo literalmente, a cabeça do ano. Dia 1 de Tisherei em Israel e 1 e 2 na Galut. Este dia faz parte do contexto de reflexão e dá início a um período conhecido como Yamim Noraim - Dias Terríveis - ou Temíveis. Apesar deste contexto, é um dia em que o futuro é visto com muita esperança e que o doce dos alimentos traz ao nosso corpo e ao nosso espírito uma nova força através de velhos hábitos.

O judaísmo tem muitas tradições alimentares - como que lembrando que corpo e espirito têm que participar conjuntamente dos processos da vida. Ao se imaginar um ano doce, come-se maçã com mel, mas também a romã, uma fruta que simboliza a abundância e muitas outras coisas, como podemos conferir no "Você Sabia?" que Itanira nos traz esta semana. Confira.

Estamos no Mês de Elul - cujas letras formam acrônimos para várias ações de Rosh Hashaná - há semanas comentamos sobre a frase no Cântico dos Cânticos (Eu sou de meu amado e meu amado é meu - Ani le Dodi ve Dodi Li). Esta era uma chamada pessoal! O Eu e o Tu - uma relação a dois.
ELUL - também pode ser o acrônimo de :

Seu coração e o coração de sua semente         את לבבך ואת לב זרעך
          
Cante para Adonai e ele(a)s te dirão o que fazer       אשירה לאדוני ויאמרו לאמור  

Neste preparo para a entrada do novo ano, as sementes que cada um de nós colocamos no mundo na forma de filhos, alunos, colaboradores e amigos atuam juntas para tornar nosso mundo melhor. Nestes tempos muitos estão envolvidos em levar dias mais doces e melhores de muitas formas. A pessoa que me enviou estes textos, Eva Cialic, mora em Modiin, Israel e junto com filhas e netas distribui doces para vizinhos mais idosos.



                                                     
Seriam muitos os exemplos do que está sendo feito neste nosso imenso Brasil. Por muitas comunidades de todas as matizes políticas e religiosas. Que tal esta semana, cada um que for dar um like ou fizer um comentário coloque uma foto, video, endereço eletrônico, etc. de ações de solidariedade que conhece ou atua?

Terminando este ano que se mostra tão diferente do que havíamos esperado, é possível ver que temos caminhos positivos. Que possamos usá-los para nos dar a visão dos negativos e combater a falta de confiança no ser humano e na ciência - que é reforçada nos acrônimos de ELUL que mostrarm que os caminhos são de nossa responsabilidade.

Boa Semana!

Regina P. Markus

 


terça-feira, 8 de setembro de 2020

VOCÊ SABIA? - Romã

 

Romã, símbolo de Rosh Hashanah, o Ano Novo Judaico: uma das sete espécies de Israel listadas na Torah, na Parashat (capítulo) Eikev .(Deuteronomy 7:12-11:25)

Por Itanira Heineberg



 

Você sabia que a deliciosa e atraente romã, uma joia da natureza presente nas ceias de Ano Novo, simboliza a fertilidade e o amor como nos versos do Cântico dos Cânticos -

"Seus lábios são como um fio vermelho, sua boca é adorável. Sua testa atrás do véu [brilha] como uma romã ao se abrir."?

(Song of Songs or Song of Solomon 4:3)

 



No capítulo acima mencionado, Eikev - a romã - é citada juntamente com o trigo, a cevada, as uvas, as azeitonas e as tâmaras como alimentos saudáveis e saborosos e ingredientes indispensáveis na tradicional culinária judaica.

Cartões com votos para um feliz, pacífico e muito doce novo ano oferecem em abundância imagens de romãs apetitosas junto ao tradicional shofar, guampa de carneiro, instrumento musical dos rituais judaicos, e os outros alimentos listados anteriormente.



Antes de comer a romã, no seder ou jantar comemorativo, os judeus costumam proferir a seguinte prece:

“Sejamos nós repletos de mitzvot (preceitos) assim como a romã é cheia de sementes!”



A romã é tradicionalmente associada aos 613 mitzvot, ou mandamentos, mencionados na Bíblia. É sabido que o número de grãos da fruta não corresponde exatamente a 613, mas este pensamento vai de encontro a outra passagem na Gemara que afirma: mesmo os mais desprovidos dos judeus possuem tantas mitzvot como a romã possui sementes.

A romã, fruta deliciosa e provocante, vem sendo cultivada no Oriente Médio por milênios e ainda continua sendo produzida em Israel e áreas vizinhas. De acordo com o portal internacional do Ministério de Agricultura, Israel produz 60.000 toneladas de fruta por ano, sendo que metade do produto é exportada.

Durante a fase da colheita, um gostoso e refrescante suco de romã, espremido na hora, é servido em quiosques por todo o país.



Nos campos, nas ruas, nos cafés e nos cartões, a imagem da romã aparece com frequência, trazendo alegria aos olhos.

Também adornam as vestes dos sacerdotes, antigas moedas e aparecem nos antigos textos como a Bíblia e a Torah.


Ornamentos em forma de romã (rimonim) decoram o pináculo dos rolos da Torah.

Além da beleza e simbolismo da fruta, encarnada por fora e com sementes que remontam a cristais translúcidos, não podemos deixar de acrescentar seus valores nutritivos. Fiquei boquiaberta perante todos os benefícios que esta fruta nos oferece e tentarei resumir alguns, em poucas linhas:

Promove a boa circulação do sangue, ajuda na luta contra anemia, diabete e osteoartrite.

É rica em fibras e reduz o nível do mau colesterol, LDL.

Reduz a celulite.

E por evitar a absorção de gorduras e triglicérides no corpo, pasmem! Ajuda a emagrecer!

Nunca jogar suas cascas fora, elas oferecem um chá preventivo para tosse e inflamação da garganta.

E por último, mas há ainda muito mais nas palavras e pesquisas dos nutricionistas, a fruta contém baixa caloria, 50kcal em cada 100g.

Alguns amigos meus aprovam a fruta, mas lamentam a dificuldade em debulhar seus grãos.

Também eu sofria com esta operação ao abrir a fruta até receber os conselhos de minha irmã caçula, Marina, que mora no Canadá: “Lava a fruta, corta em 4 ou mais pedaços, coloca numa tigela com água e após alguns instantes, descasca a romã como quem descasca um ovo cozido.”   Bingo!




Agora que já sabemos como descascar este abacaxi do Médio Oriente, aqui vai uma receita supimpa para a ceia de Rosha Hashanah:


Salada refrescante de romã e laranja:

Ingredientes

1 colher de chá de mel ou xarope de milho ou maple syrup

6 xícaras de folhas verdes

Sal marinho e pimento preta moída na hora

1 xícara de sementes de romã (aproximadamente uma romã)

2 laranjas cortadas em pequenos pedaços

1 colher de chá de mostarda Dijon

¼ de xícara de azeite de oliva

1 ½ colheres de cebolinha picada

2 colheres de vinagre de maçã

 

A – Misturar temperos e deixar descansar.

B – Em uma tigela misturar as laranjas, as romãs e as folhas.

C – Salpicar o conjunto com os temperos previamente misturados, mexendo os ingredientes gentilmente.

D – Rezar a prece antes de comer!



Que seu Ano Novo de 5781 tenha tanta doçura, boas ações, alegrias e momentos de plenitude como a romã que vem carregadinha de sementes de rubro açúcar.

 

 

SHANAH TOVAH

FELIZ 5781!

 

 

FONTES:

https://www.myjewishlearning.com/article/9-jewish-things-about-pomegranates/

https://www.myjewishlearning.com/article/rosh-hashanah-symbolic-foods/

www.arevistadamulher.com.br

https://www.conquistesuavida.com.br/noticia/roma-a-fruta-que-combate-o-envelhecimento-precoce-das-celulas-descubra-como_a4476/1

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Editorial: De Barajas a Abu Dhabi



Estamos emocionadas com os acontecimentos desta semana. O vôo da El Al que decolou em Israel e pousou nos Emirados Árabes, o primeiro vôo comercial a fazer a rota e passando pelo espaço aéreo saudita. E o shofar foi tocado em Abu Dhabi. Esperamos estar vendo o início de um caminho de entendimento e colaboração - e sabe D'us o que mais de bom virá.




E chega o mês de setembro, no meio do mês de Elul. A história recente conta que foi no dia 1o de setembro de 1939 que Hitler invadiu a Polônia dando início à Segunda Guerra Mundial e à intensificação do Holocausto Judaico. No dia 1o de setembro de 2020, aviões das forças aéreas da Alemanha e Israel, juntamente com Hungria, fazem pela primeira vez na história um exercício militar conjunto voando sobre os céus da Alemanha. Com grande alegria e respeito dois pilotos, um israelense e um alemão, se cumprimentam na forma adequada para tempos de COVID19. Poderia seguir com este importante fato por um editorial inteiro! Kol ha Kavod - dizemos todos - Bezrat HaShem.


Seguindo os passos de um passado de perseguição e resiliência Itanira Heineberg, que todas as semanas nos traz novas gotas de conhecimento com sua coluna "Você Sabia?", esta semna nos conta sobre a origem do nome do Aeroporto Internacional de Madrid - BARAJAS. Este nome liga a persistência dos judeus da Inquisição - os cripto judeus de Madrid - em manter o judaísmo e a vida. Vale a pena ler o texto e saber o por que este nome une Setembro, Elul, cartas de baralhos e Brajá - ברחה– "benção". 


O Aeroporto de Madrid - uma lembrança da punjante presença judaica nas terras de Espanha!


Estamos participando de um novo momento da história: após a assinatura do acordo de paz entre os Emirados Árabes e Israel em agosto, chega o dia do primeiro vôo entre TelAviv e Abu Dhabi - LY972, que volta como LY971. Estes número não foram casuais - 972 é o DDI de Israel e 971 dos Emirados Árabes Unidos. Este primeiro vôo, cuja aeronave foi chamada de SHALOM/ SALAM/ PEACE cheio de simbolismo, que levou a bordo americanos e israelenses e cruzou os céus da Arábia Saudita.


A delegação americana foi encabeçada por Jared Kushner - o responsável pelas relações com o Oriente Médio - e Meir Ben-Shabbat, Presidente do Conselho de Segurança Nacional de Israel. Jornalistas, empresários e cientistas compunham a delegação que iniciou negociações e também foi escutar o Shofar na Sinagoga.


2020 - um ano marcado pela pandemia e por um número imensurável de perdas, um ano em que o homem se dá conta de que o planeta precisa ser olhado com mais carinho, um ano em que constatamos a iletralidade científica dos governantes brasileiros e de muitos outros ao redor do mundo, mas também um ano que nos traz um momento de alento que pode significar um ponto de inflexão - de virada - na história da humanidade.


Assistir à entrevista dos governantes dos Emirados Árabes mostra que estes possuem uma cultura universal e contato real com diferentes culturas. Jovens, na faixa dos 30 a 40 anos, estão promovendo uma virada histórica, que não foi feita na base de uma revolta, mas sim em um caminho de alguns anos de contatos e de progressos lentos. Nesta semana, assistimos ao que pode se tornar uma alteração geopolítica importante. Que possa ser esta marca que o século XXI - e o terceiro milênio - deixe para a humanidade.


Salam - Shalom - Paz


Peace - Shalom - Salam


Regina P. Markus

terça-feira, 1 de setembro de 2020

VOCÊ SABIA? - A origem secreta do nome do aeroporto de Madrid

 

Aeroporto Madrid-Barajas: um nome singular para um singular aeroporto e as histórias singulares do Judeus espanhóis durante a Inquisição.

Por Itanira Heineberg





Você Sabia que o nome original deste aeroporto, Madrid -Barajas, pode estar relacionado aos Shabbatot arriscados dos habitantes daquela área de Madrid no passado?

O aeroporto foi construído em 1927, a 17 km do centro de Madrid e entrou em serviço em 1931.

Após a morte do Presidente Adolfo Suárez, Mariano Rajoy, o novo representante do governo do país, mudou o nome do aeroporto para Adolfo Suárez, Madri-Barajas em homenagem ao ex-presidente falecido, através de uma ordem ministerial, com o seguinte discurso:

 

"O presidente Adolfo Suárez desempenhou um papel fundamental na história da Espanha. Sua envergadura moral e o seu sentido de Estado foram chaves no sucesso da Transição espanhola e da Democracia. Seu trabalho foi essencial para culminar uma das maiores conquistas obtidas pela Espanha como país: a Constituição de 1978".

 

E é Michel Gausze, de Goiânia, em sua página do Facebook Sangue Verde, que nos relata esta história da origem do nome Barajas:

 

“Interessantíssimo!!

Há vários anos, a comunidade judaica da Espanha queria comprar um terreno na área de Barcelona, para nele construir um acampamento de verão para a comunidade.

O Rabino Garzon veio de Madrid para negociar com o proprietário do terreno.

Foi no final de setembro. O preço foi acordado e o rabino disse ao proprietário, que eles poderiam assinar os papéis.

Mas o dono disse-lhe que havia certos dias da semana seguinte, em que não poderia fazer isso.

O Rabino tomou nota das datas e logo percebeu que elas coincidiam com feriados judaicos.

Quando o Rabino perguntou ao proprietário, por que ele não poderia assinar naquelas datas, ele lhe disse que sua família tinha um estranho calendário e que, havia alguns dias de cada ano em que não trabalhavam nem manuseavam dinheiro.

Perguntou-lhe o rabino, o que fazia a família naqueles dias e o proprietário respondeu-lhe que eles jogavam cartas.

No seu regresso a Barcelona, o rabino estava interessado no assunto. Pesquisando, ele aprendeu que, durante o tempo da Inquisição, os judeus tinham um segredo, pois, se reuniam para orar, sentados ao redor de uma mesa, com “cartas de jogar” sobre as mesas e livros de orações em seus colos.



Quando estranhos iam até lá e olhavam, eles estavam jogando cartas e quando estavam a sós, voltavam-se para os livros de oração.

Era um modo divulgado entre os cripto-Judeus, de continuar a tradição judaica.

E um fato mais: as cartas também eram chamadas de “barajas”.

bracha (braja) = oração

Barajas = aeroporto de Madrid”

 

Aí está uma bela história e após várias pesquisas encontrei este relato abaixo, no Centro Virtual Cervantes, Archivo del Foro del espanõl, 2014, sempre falando do aeroporto Barajas:

 

Buenas tardes, amigos foristas:

Me he enterado de que el aeropuerto de Madrid llevará el nombre de Adolfo Suárez.

Siempre me he preguntado qué significado tenía la palabra Barajas en la antigua denominación. ¿Puede alguien explicarme el porqué del nombre?

Muchas gracias.

Saludos.

Marcela Croitoru”


BOA TARDE, AMIGOS DO FORUM:

FIQUEI SABENDO QUE O AEROPORTO DE MADRID TERÁ O NOME DE Adolfo Suárez.

SEMPRE ME PERGUNTEI QUAL O SIGNIFICADO QUE TINHA A PALAVRA BARAJAS NA ANTIGA DENOMINAÇÃO. ALGUÉM PODERIA ME EXPLICAR O PORQUÊ DO NOME?

MUITO OBRIGADA

LEMBRANÇAS.

Marcela Croitoru"

 

“Al menos popularmente, ya verás cómo va a quedarse, por ejemplo, en Adolfo Barajas, aunque se me ocurren variaciones. Creo conocer a este pueblo, que no gozó de tanta justicia como otros, y que, quizá por lo mismo, es resabiado y lenguaraz. ( Luisa Seoane Rey, abril 2014)

 

“Ao menos popularmente, já você verá como ficará, por exemplo, em Adolfo Barajas, se bem posso pensar em variações. Acredito conhecer este povo, que não desfrutou de tanta justiça como outros, e que talvez por isso mesmo, é esperto e falador.”  (Luisa Seoane Rey, abril 2014)

                                           


Como podemos perceber, os povos com suas culturas deixam para trás rastros de suas ações e sentimentos, alguns muito elogiáveis, outros não tanto e outros, às vezes, pegadas de vergonha.

 

 

FONTES:

https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=1671095076370998&id=100004115641  Michel Gausze

https://cvc.cervantes.es/foros/leer_asunto1.asp?vCodigo=45869

https://www.passaportemadri.com/dicas-sobre-o-aeroporto-de-madri-barajas/

https://brasil.elpais.com/brasil/2014/03/24/internacional/1395668227_537136.html