Lasar Segall:
pintor, gravador, escultor, desenhista.
Lituânia,
1889 - Brasil, 1957
Por Itanira Heineberg
Você sabia
que o artista judeu Lasar Segall, um dos fundadores da Sociedade Pró-Arte
Moderna – SPAM - em 1932, foi um artista completo que introduziu o Modernismo
no Brasil transformando-se num símbolo para toda uma geração?
O artista
lituano, considerado um representante das vanguardas europeias em São Paulo,
executou a decoração para o Baile Futurista do Automóvel e para o Pavilhão
Modernista de Olívia Guedes Penteado (1872-1934), filantropa e patronesse das
artes na cidade.
Lasar Segall
nasceu em Vilna, parte do Império Russo, em 1889, filho de um escriba da Torah,
o Pentateuco, e desde os primeiros anos encantava-se ao observar o pai copiando
o texto sagrado. Assim ele relata:
“Com tinta
profundamente preta, do negror do piche, por ele próprio preparada, formava
sobre o pergaminho branco ou amarelado, também preparado por ele, os
monumentais caracteres hebraicos. Também eu tentava desenhar essas letras,
pintá-las, enriquecê-las com ornamentos de minha invenção”.
Demonstrando
desde cedo o gosto e inclinação pelas tintas e lápis, em 1905 inicia suas
lições de arte na Academia de Desenho do
mestre Antokolski, em Vilna, e ainda muito jovem, em 1906, vai para Berlim,
ingressando na Academia Imperial de Belas Artes - um mundo totalmente estranho
para ele, com outra outra língua e outros costumes. Conta o artista ter tido a
impressão de ter aterrissado em um planeta desconhecido, nada em comum com as
vivências de sua criação.
Quatro anos
mais tarde muda-se para Dresden, Alemanha:
“Em 1910,
muda-se para Dresden, Alemanha, onde frequenta a Academia de Belas Artes. Este
é um dos principais períodos na vida de Segall, durante o qual aperfeiçoa sua
técnica, participa ativamente do movimento expressionista e convive com
inúmeras personalidades do mundo das artes. Em 1912, viaja para a Holanda.”
Em 1913 viaja
para o Brasil, expondo seus trabalhos em São Paulo e Campinas.
Retorna então
a Dresden mas em 1914, com o início da Primeira Guerra Mundial e o conflito
Alemanha/Rússia, Segall é expulso da Academia e estabelece-se em Meissen,
próximo à Dresden.
Voltando a
Vilna em 1916, depara-se com sua cidade destruída pelos combates e produz uma
série de gravuras e desenhos inspirado pelo cenário que o esperava antes de
retornar a Dresden.
“Em 1923,
volta ao Brasil onde fixa residência em São Paulo. Conhece o Rio de Janeiro e
se encanta com sua geografia e sua população. Nesse período, executa vários
desenhos e gravuras de negros e favelas e concebe a série “Mangue”, a qual
finaliza mais tarde em Paris. Inicia sua série denominada “Fase Brasileira”,
substituindo temporariamente os ocres, cinzas e pretos pelos vermelhos, verdes
e amarelos.”
FAVELA
|
“Em 1928,
viagem a Paris onde permanece até 1932. Nessa fase, começa a produzir suas
primeiras esculturas. Em 1929, visita Kandinsky, Lyonel Feininger, Marcel
Breuer e Moholy-Nagy, na Bauhaus de Dessau, Alemanha.”
ENCONTROS |
Ao retornar ao Brasil, cheio de inspiração e novas ideias, Segall instalou-se na Rua Afonso Celso, Vila Mariana, naturalizou-se brasileiro, casou-se com Jenny e ali viveu com a família até o fim de sua vida.
Em 1967 a residência transformou-se no Museu Lasar Segall, iniciativa de sua viúva Jenny Klabin Segall e seus filhos Maurício e Oscar.
Uma vivência rica em viagens, escolas, mudanças, relações com artistas contemporâneos europeus refletiu-se na arte criativa e múltipla de Segall.
Sua relação com os jovens modernistas brasileiros, Tarsila do Amaral, Mário e Oswald de Andrade, Anita Malfatti, entre outros, acrescenta sua visão de mundo e das artes.
Lasar Segall
pinta Mário de Andrade |
Das
pinceladas rápidas do impressionismo às pinturas de derivação do expressionismo;
das técnicas da gravura às águas fortes da litografia; do mono cromatismo às
cores vivas e alegres dos trópicos; da atmosfera sombria de tons escuros aos
espaços abertos, amplos da floresta e dos campos.
Um artista dotado de um olhar abrangente e agregador, Segall encontrou em seu novo país uma terra de diversidade de climas, população, línguas e sabores culinários, o lugar ideal para criar sua vida, sua família e sua arte.
“O
humanismo, revelado pela preocupação com a violência, a miséria e as injustiças
sociais, e certo caráter lírico estão presentes em toda a sua carreira. Segall
aborda temas universais, expressando-os com emoção, por meio da cor em sua
pintura ou pelo jogo entre linha e vazio em suas produções gráficas.”
CAMINHOS NA FLORESTA
Em 1935,
entre São Paulo e as altitudes de Campos de Jordão (SP), o artista executa
grandes séries, como as suas “Florestas”, fortemente inspiradas na natureza
local.
Mário de Andrade, seu crítico mais importante,
destaca essa fase como “sensação de uma serenidade grave,
de uma vida silenciosa”.
FONTES:
http://www.mls.gov.br/exposicoes/longaduracao/mls_550/
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa8580/lasar-segall
https://www.guiadasartes.com.br/lasar-segall/exposicao
https://fazerpedagogia2.webnode.com.br/news/lasar-segall/
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