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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

EDITORIAL: SORTE - MAZAL - PURIM - CONTINUIDADE

 EDITORIAL: SORTE - MAZAL - PURIM - CONTINUIDADE



Na semana passada começamos a falar sobre o mês de ADAR e a festa de PURIM. Alegria, alegorias, carnaval - as ruas lotadas de fantasias e de sorrisos. Quem sou eu? Ah, hoje vou de grande herói a uma elegante bailarina. E na expectativa de ver os amigos em fantasias caprichadas! 

Esta noite, porque hoje é Purim, a história da rainha Esther, do seu tio Mordechai de seu marido Achashverosh - mais conhecido por Xerxes, o Imperador da Pérsia - é contada pelos quatro ventos e é lida com toda a cerimônia nas sinagogas do mundo inteiro. 

Quando vocês estiverem lendo este texto, Purim 2021 já será passado. Se quiserem podem até revisitar outros textos que foram escritos para o EshTá na Mídia desde 2017. Variações sobre o mesmo tema? Confira nos links 2017,   201820192020!


A identidade de um povo milenar que se mantém unido pela cultura, pelo estudo e pela lembrança e vivência em uma pátria ancestral abre caminho para muitas reflexões. Hoje, em meio à pandemia, quando muitas crianças estão usando pencas de máscaras que foram suas companheiras diárias em 2020 e neste início de 2021, vou viajar com vocês pelo corpo humano.



Convido a todos a entrarem no submarino que vai nos levar ao interior de nosso corpo, e é dentro dele que vamos buscar as respostas para a sobrevivência. Nosso corpo, nosso templo - qual o sábio que contou que o corpo tem que ser respeitado? Que a vida tem que ser preservada, tem que ser cultuada?

Vamos pegar nosso submarino para visualizar o esforço diário que é feito e por que isto chega tão perto de Purim (Jogar a Sorte), da individualidade e da sobrevivência eterna!

Pronto, caímos na corrente sanguínea e vemos pela janela um turbilhão de figuras redondas ou aneladas, todas nadando com muito afinco... Êeepa, nem todas - olha aquela branquela tentando se agarrar nas paredes que circundam o rio vermelho! Veja aquela outra, ela está forçando a entrada! e com um pouco mais de tempo acabamos até vendo algumas que entram para o corpo. O rio continua veloz, passa por um excelente parque de alimentação e mais uma volta por este parque e vemos que muitas daquelas figuras que nadam em volta de nosso submarino vão para locais de descanso, casas de recondicionamento e atingem a idade avançada e morrem. E agora? Como fica? Ainda de dentro de nosso submarino entramos em uma área muito estranha. Hiper dura e rígida por fora e bem macia por dentro. 

Para quem ainda não sabe - este é o osso e o tutano - e é dentro desta parte macia, muito organizada que está a maternidade de novos atletas que passeiam no sangue sem parar. Tem alguns poucos elementos que mantém a memória da vida e toda a história dos antepassados. Ficam alojados em um ninho muito gostoso e quentinho. A cada dia produzem novos bebês e a cada noite estudam um pouco e relaxam para voltar a encarar o próximo dia. São regrados e ao mesmo tempo muito inventivos: conseguem prever a necessidade de mais elementos rodando pelo sangue e, assim vão produzindo mestres, que produzem especialistas, que produzem todo o tipo de novos elementos. Na quantidade certa para cada momento. Enganos para mais ou para menos são sempre problemáticos. 
Ia esquecendo de contar que os mesmos anciãos têm escolas especializadas em produzir ossos!

Como fazem isto? Mantendo um dia a dia muito divertido e interessante, mas guardando alguns momentos ao longo de suas vidas para rememorar a história de sua família, de sua espécie e também de muitos ancestrais biológicos. De tempos em tempos estes anciãos saem para dar uma volta pela circulação, inspecionam como está o mundo de fora e também encontram com anciãos que moram em outros locais, como no cérebro e depois... voltam para os nichos. Grandes turbilhões acontecem quando chega uma doença ou uma grande perturbação. 

Ah - está na hora de sair - de voltar para o mundo real e vamos então atravessar a barreira pulmonar e sair pelo ar expirado. Voltamos à nossa vida real. 

Purim, a cada ano, é uma parada necessária para que a alegria exuberante e consequente, a alegria coletiva e individual possa nos alcançar e nos preparar para continuar o caminho. Ao mesmo tempo, é a hora em que lemos a Meguilá, um livro (pergaminho) que conta uma história milenar que aconteceu na cidade de Shushan, no atual estado de Hamadan, uma das províncias curdas do Irã.

Uma história que nos ensina a como sobreviver e viver as "fakenews", as difamações e as mais diferentes formas de injustiça. Hoje vemos todas estas ações voltadas não só aos judeus em particular e ao Estado de Israel de forma coletiva. A negação de uma capital que Xerxes há 2500 anos atrás reconhecia como judia e iniciou o processo de retorno do Exílio Babilônico. 

Perguntei acima: seria a comemoração de Purim uma variação sobre um mesmo tema? Minha resposta é um sonoro não! Poder marcar o tempo e saber o que fizemos juntos nestes últimos 4 anos (abra os links) nos permite  ter a capacidade  seguir em frente sem romper com nossa história. Transformar esta história no monumento vivo de nossa existência é que faz com que não fiquemos pelo caminho. Faz com que nossos filhos conheçam nossos antepassados. Mais ainda, é o que nos dá energia para sermos multitarefa imaginativos independente da história recente de cada um.

Boa semana!

Regina P. Markus






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