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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

VOCÊ SABIA? - O processador de alimentos de 350 mil anos

 

Por Itanira Heineberg


Você sabia que o primeiro processador de alimentos do mundo, de 350.000 anos, foi encontrado perto de Haifa, ao norte de Israel? O desgaste, agora conhecido por ter começado pelo menos 350.000 anos atrás, é um precursor de uma virada de jogo no comportamento e na evolução humana: moer grãos.


A ferramenta de abrasão mais antiga já encontrada tem cerca de 350.000 anos e foi descoberta na Caverna Tabun no Monte Carmelo.

A pedra abrasiva dolomita se destacou entre as dezenas de milhares de ferramentas de pedra enformadas encontradas lá, diz a equipe da Universidade de Haifa. Crédito: Iris Groman-Yaroslavski

(crédito da foto: CORTESIA DR. IRIS GROMAN-YAROSLAVSKI)



Este instrumento acima é a ferramenta de abrasão mais antiga até agora encontrada. Os pesquisadores acreditam que o apetrecho tenha sido utilizado na tentativa de processar alimentos.

 

 

 

Um novo estudo publicado no prestigioso Journal of Human Evolution pelo Dr. Ron Shimelmitz, Dra. Iris Groman-Yaroslavski, Prof. Mina Weinstein-Evron e Prof. Danny Rosenberg do Instituto Zinman de Arqueologia da Universidade de Haifa identifica a mais antiga ferramenta usada para lixar vários materiais há cerca de 350.000 anos, antes do aparecimento do Homo sapiens.”

 

A grande surpresa dos arqueólogos israelenses é que esta engenhoca de pedra com idade tão avançada, provavelmente utilizada para triturar alimentos e víveres da natureza, teria sido fabricada pelo menos 50 mil anos antes do aparecimento do Homo Sapiens.

 

A pedra arredondada de dolomita que apresenta minúsculos sinais de abrasão encontrava-se na Caverna Tabun, Monte Carmelo, um dos mais representativos locais da pré-história em Israel e no mundo inteiro.

Mais uma surpresa para os pesquisadores: esta descoberta é anterior aos aproximadamente 150 mil outros aparatos encontrados até nossos dias com indícios de esfolamento.

      

“Embora não tenhamos conseguido associar esse item com certeza ao processamento de alimentos, é altamente provável que tenha sido utilizado para esse fim. Seja qual for o caso, para aqueles de nós que estão envolvidos na arqueologia da comida e dos métodos de processamento de alimentos em diferentes períodos - da pré-história aos tempos modernos - este pequeno seixo de Tabun é de enorme importância. Permite-nos explorar as primeiras origens do ato de abrasão e ver como as capacidades cognitivas e motoras que se desenvolveram ao longo da evolução humana levaram a fenômenos que continuam a ser importantes na cultura humana moderna. Esses processos tiveram seus começos na abrasão e no desenvolvimento de técnicas de processamento de alimentos, e se estenderam a domínios como a transição para assentamentos permanentes, agricultura, armazenamento e o aumento da complexidade social e econômica.” 

 

Os pesquisadores concluíram no artigo que “a descoberta incomum da Caverna Tabun mostra que os hominídeos processavam vários materiais por meio de abrasão há 350.000 anos.

Em outras palavras, em um estágio muito inicial, eles adicionaram uma tecnologia crucial ao seu kit de ferramentas, mostrando que estavam dispostos e eram capazes de processar materiais de várias maneiras para maximizar a exploração dos recursos que encontraram ao seu redor.”

 

A Caverna Tabun, que faz parte dos Sítios da Evolução Humana da UNESCO no Monte Carmelo, as Cavernas Nahal Me'arot / Wadi el-Mughara, é única devido à série de aproximadamente 100 camadas arqueológicas sobrepostas que foram expostas nela, testemunhando as atividades dos hominídeos nos últimos 500.000 anos.

 

Por noventa anos o site tem sido um importante foco para o estudo da evolução humana. A descoberta inovadora foi parte de um novo projeto liderado por Shimelmitz, junto com Weinstein-Evron e parceiros de Israel e do exterior. O projeto está fazendo com que os cientistas reexaminem descobertas de escavações anteriores no local como parte do projeto apoiado pela Fundação de Ciência de Israel, Fundação Gerda Henkel e Fundação Dan David.

 

Ao analisar as descobertas nas escavações realizadas na caverna na década de 1960 pelo Prof. Arthur Jelinek da Universidade do Arizona que não foram pesquisadas ou publicadas anteriormente, Shimelmitz percebeu que uma das pedras apresentava sinais claros de abrasão. Esses sinais eram semelhantes aos encontrados em ferramentas de pedra muito posteriores, mas nunca haviam sido vistos antes em ferramentas tão antigas.

Uma análise cuidadosa do item nos laboratórios do Instituto Zinman de Arqueologia forneceu um perfil sistêmico dos sinais de desgaste do uso na superfície da pedra. A pesquisa, realizada em conjunto com Rosenberg e Groman-Yaroslavski, chefe do Laboratório de Análise de Desgaste de Uso, se concentrou em um exame microscópico da pedra.

Para entender e interpretar os padrões observados no microscópio, os pesquisadores realizaram uma série de experimentos de abrasão controlada usando seixos dolomita naturais coletados no Monte Carmelo que têm características semelhantes ao seixo encontrado na caverna Tabun. Durante o experimento, vários materiais foram lixados em diferentes períodos de tempo usando as pedras, que foram imediatamente submetidas a um exame microscópico para identificar os padrões de abrasão criados nos experimentos. “Embora os resultados não tenham mostrado uma correlação completa entre os padrões de abrasão vistos na pedra única e aqueles que documentamos em nossos experimentos, encontramos um alto nível de semelhança com as marcas de abrasão encontradas após a abrasão de peles de animais. Assim, concluímos que a antiga ferramenta de pedra era usada para lixar materiais macios.

“Embora esta ferramenta seja ostensivamente 'simples', seu surgimento em uma data tão precoce e o fato de ser incomparável nas descobertas deste estágio inicial da evolução humana significam que é de importância global”, disseram os pesquisadores.

"Em essência, a evolução da tecnologia manifestada nas ferramentas de pedra é um reflexo direto dos padrões de mudança na capacidade dos antigos hominídeos de moldar seu ambiente", explicou Shimelmitz, observando que o período de 400.000 a 200.000 anos atrás viu algumas das mais importantes inovações tecnológicas e mudanças significativas no comportamento humano. “Por exemplo, o uso do fogo passa a fazer parte da rotina diária, assim como a utilização de acampamentos de onde os hominídeos saíam para diversas atividades. Assim, a tecnologia de abrasão não aparece isoladamente, mas como parte de uma rede de mudanças mais amplas que, em certa medida, antecipa o comportamento mais complexo com o qual estamos familiarizados em hominídeos posteriores, como os neandertais e o Homo Sapiens”.

A próxima evidência do uso de abrasão vem somente depois de cerca de 150.000 anos, levando os pesquisadores a especular se essa habilidade foi perdida por quase 200.000 anos e então encontrada novamente.

 

Esta será uma das questões em que os arqueólogos se concentrarão quando continuarem suas pesquisas sobre esta pedra.”


Pequena pedra de 350 mil anos revela evolução cognitiva humana. Caverna Tabun, sul de Haifa.


FONTES:

https://br.sputniknews.com/ciencia_tecnologia/2020102216262610-ferramentas-na-dinamarca-indicariam-chegada-neandertais-a-europa-muito-antes-do-imaginado-foto/

https://br.sputniknews.com/ciencia_tecnologia/2020122816691517-pequena-pedra-de-350-mil-anos-revela-evolucao-cognitiva-humana-fotos/

http://roxcorp.com.br/pequena-pedra-de-350-mil-anos-revela-evolucao-cognitiva-humana-fotos-4134.html

http://israelagora.com.br/israel/arqueologia/arqueologia-judaica/uma-virada-de-350000-anos-na-evolucao-humana-encontrada-em-israel/


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