Israel, de
uma única estação de TV e de uma modesta indústria de cinema, passou a um dos
melhores produtores de entretenimento do mundo!
Por Itanira Heineberg
Você sabia
que a série “Unorthodox”, que conta o drama de uma jovem Haredi em fuga do
mundo ortodoxo onde nasceu e é baseada em uma história real está indicada para
dois Globos de Ouro?
Este sucesso da Netflix, que mostra as dificuldades de uma jovem mulher ao abandonar o mundo ortodoxo em que foi criada e educada para encarar as novidades e grandes diferenças do mundo dos gentios, baseia-se no livro Unorthodox, obra autobiográfica de Deborah Feldman.
A série foi indicada na categoria “Melhor Minissérie ou Filme para televisão” e a atriz principal, a israelense Shira Haas, na de “Melhor atriz em minissérie ou filme para TV”.
Segundo Oscar Wilde, “A vida imita a arte mais do que a arte imita a vida” e suas palavras permanecem atuais; é exatamente isto que acontece com Deborah Feldman, a autora do livro em pauta.
Nascida em comunidade hassídica de judeus ultraortodoxos, Deborah cresceu debatendo-se com os preceitos e leis que desde cedo se via obrigada a cumprir.
Aos 17 anos casou-se contra seu desejo e após dois anos virou mãe. Em 2006, passou a viver sozinha com o esposo e em 2009 fugiu de casa, levando consigo o filho e abandonando para sempre a comunidade e os costumes que a faziam sofrer.
Seu livro é um relato apaixonado sobre suas dificuldades em aceitar o que não lhe parecia justo, em ouvir seus professores relatarem fatos diferentes dos que ela, às escondidas, lia na Torah em inglês que, a duras penas, conseguiu comprar com o dinheiro de seu trabalho cuidando de crianças para os vizinhos.
Como dizem os críticos, é um livro dolorosamente bonito.
Ela relatou sua história na primeira pessoa em 2012 na autobiografia “Nada Ortodoxa: A Escandalosa Rejeição de Minhas Raízes Judaicas”. Esta obra foi a inspiração para a minissérie da Netflix que leva o mesmo nome e que agradou o público em geral e os juízes do Globo de Ouro.
Shira
Haas, primeira atriz israelense a ser indicada para o prêmio Globo de Ouro. |
Shira
nasceu em Israel em 1995 e iniciou sua carreira artística cedo. Além de vários
outros troféus, recebeu ainda em 2020 o Prêmio do Festival de Fimes Tribeca por
seu desempenho no drama israelense Ásia.
Aos 14
anos a jovem aspirante ao teatro iniciou seu trabalho apresentando-se em peças
no Teatro Cameri, vivendo Ghetto em Ricardo III.
Sua
primeira aparição na TV, em 2013, foi como Ruchami Weiss, uma jovem inquieta em
busca da felicidade na série mundialmente aplaudida Shtisel.
Seu
currículo inclui vários filmes e novelas; tão jovem e já com tantos trabalhos aplaudidos
e premiados levaram-na a ser incluída na Lista Forbes de Israel conhecida como
“30 antes dos 30”.
Como sabemos,
a transmissão televisiva levou algum tempo a ser aceita em Israel.
Durante
anos debateu-se sobre os prováveis efeitos da telinha na população do novo país.
David Ben-Gurion foi o líder da oposição à TV, “considerando que a renascente cultura hebraica viria a ser prejudicada com a introdução de valores estrangeiros, que o Povo do Livro viraria o povo da televisão, que valores ascéticos seriam substituídos pelo consumismo, que a política ideológica seria abandonada pela política da personalidade.”
Aqueles em
prol da introdução da televisão acreditavam que o meio não carregava nenhuma
mensagem intrínseca, que faria o que lhe fosse dito: informar, educar, ensinar
hebraico, absorver imigrantes, promover a criatividade, emancipar grupos
marginais, e finalmente, mostrar as conquistas de Israel para si e para o mundo.
Shira Haas está aí para provar que realmente a televisão e o cinema estão abrindo os horizontes artísticos e culturais do país para o mundo, mostrando a diversidade do povo, seus costumes, seus valores e a vontade de lutar, viver e criar.
FONTES:
https://helloisrael.tv/inside-israel-booming-film-television-industry/
https://www.nytimes.com/subscription?campaignId=9RXQY
Shira Haas é linda
ResponderExcluirAssisti e gostei muito. Produção e atuações impecáveis.
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