Narrativas e esperanças
Por Juliana Rehfeld
Narrativas e esperanças
O barulho no Oriente Médio diminuiu esta semana, pelo menos o de mísseis e caça-mísseis. Isso é muito bom.
Já o barulho das narrativas continua, e este é anterior: 100? 73? 54 anos? Um momento de tensão traz de volta personagens e discursos que estavam em vias de esquecimento.
Em um momento de coincidência de datas religiosas e políticas, como já escrevemos aqui, o terror vem literalmente “sair do buraco”, do túnel do enfraquecimento - e o discurso antissemita de grande parcela da imprensa acorda requentado, justamente porque e quando passos firmes são dados a caminho de um novo futuro de paz e diálogo.
Não é concidência que esteja acontecendo junto com os acordos Abraâmicos de paz, as parcerias entre Israel e vários países árabes e a complexa, mas progressiva, integração da população árabe nos mais variados setores da sociedade israelense - inclusive a possível participação da coalizão a governar o país no ocaso de Benjamin Netanyahu.
Como parte da nossa tarefa trazemos fatos e discursos que você não encontra na imprensa, muito menos em português. Aproveite:
- Parte de entrevista da Sky News com Mahmoud Al-Zahar, um dos fundadores e líder do Hamas em Gaza, traduzido pelo Stand With Us;
- Conversa entre Daniela Kresch pelo Instituto Brasil Israel e Henrique Cymerman, experiente jornalista israelense que dialoga com países árabes e líderes dos movimentos palestinos como OLP, Al Fatah - hoje Autoridade Palestina (AP)- e vários líderes do Hamas há cerca de 40 anos. Esta visão “dentro” você não encontra na imprensa brasileira.
Depois dos estragos que poucos queriam virão certamente reconstruções que a maioria deseja:
- Reparos nas edificações, em Israel e em Gaza, estes com aporte volumoso dos EUA nas mãos da AP;
- Aportes volumosos da comunidade internacional com a esperança de que sejam aplicados na melhoria da qualidade de vida da população de Gaza e não na compra de novos armamentos;
- Renovação de canais de diálogo para uma mudança da relação entre Gaza e Cisjordânia com Israel;
- E, por último mas não menos importante, e ainda, mais difícil, os reparos e reconstrução da coexistência entre cidadãos israelenses que sofreram abalos - minoritários e radicais, mas doloridos.
A coexistência tem sim apoio majoritário em Israel e fora do país. É difícil porque envolve dedicação de pessoas ao diálogo diário, à cooperação entre países árabes e Israel e à manutenção da resistência conjunta, cidadãos árabes e judeus, a radicalismos tanto religiosos como políticos.
O que mais queremos é que nossos ouvidos deixem de ouvir os barulhos e que nossos corações e nossos olhos assistam pela imprensa a realização dessa esperança: coexistência em paz e prosperidade.
A Parashá (porção da Torá) da semana -Beha’alotcha- se refere a dificuldades e oportunidades na grande jornada dos judeus pelo deserto a caminho de Canaan.
Atribuem a Churchill a frase: um pessimista vê dificuldades em qualquer oportunidade, um otimista vê oportunidades em qualquer dificuldade.
Nós precisamos e queremos fazer nossa parte e ser otimistas.
Shabat Shalom!
Juliana Rehfeld
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