Ser Humano - Eu Sou - Tu és - Ele é
E a agressão do Hamas sobre Israel continua. Israel revida e causa danos importantes no chamado "metrô" de GAZA: um sistema de túneis que ligava Gaza a Israel e que em 2007 era usado para raptar israelenses, soldados e civis, e para introduzir terroristas em Israel. Interessante ler depois de tantos anos este artigo da revista Exame. Foram destruídos mais de quinze quilômetros de túneis, dentro dos quais estavam terroristas, e foguetes que subiam por plataformas sofisticadas e eram (melhor dizer são, porque enquanto escrevo recebo alertas vermelhos no celular) lançados em Israel. Estes foguetes que tinham baixo alcance agora chegam a atingir até 250 quilômetros de distância. Outro fato importante para deixar registrado é que esta semana, quando Israel abriu a fronteira para deixar passar caminhões com ajuda humanitária para a população de Gaza, tiveram que neutralizar terroristas que atiravam nos caminhões e nos soldados israelenses.
Caros leitores, o meu propósito hoje não é comentar sobre a guerra que acontece em Israel - podemos até fazê-lo em outra oportunidade - mas quero levar vocês para uma questão que é muito mais longeva que este conflito e que, ao longo da história da humanidade, tem sido sujeita a muitos conflitos.
SER HUMANO - seguindo um costume judaico instituído a partir de Shavuot, que acabamos de comemorar, os judeus, também conhecidos como hebreus, leem uma passagem da Torah (5 livros de Moisés) todas as semanas. Hoje esta leitura é considerada religiosa, mas na época dos Templos fazia parte da rotina semanal. A mesma passagem era lida nas segundas, quintas e sábados. Nos dois primeiros dias para os que vinham à feira (mercado) que acontecia às segundas e quintas e aos sábados durante o dia de descanso. Assim, a Torah, a mesma passagem seria conhecida por todos, independente de aderirem ou não a princípios religiosos. Isto fazia parte do SER HUMANO. Por quê?
ELE É, TU ÉS, EU SOU: A passagem que é lida esta semana (Nassó, נָשֹׂא) dá um pouco desta noção. Esta é a segunda parashat do livro Shemot (Números), a mais longa da Torah. Nassó é levantar o censo - a tradução literal do hebraico para o português de Shemot é NOMES. Então por que foi dado o nome de Números na tradução grego-latina? Aqui o nosso português é mestre! O verbo contar em português serve para números e serve para histórias. Serve ao impessoal e ao pessoal; fazendo a ligação entre o frio e o quente, a esquerda e a direita, os céus e a terra, fazendo com que possamos achar a forma correta de transmitir uma informação. Sim, é importante conhecer os números e também é importante conhecer o contexto. Quando falamos de pessoas, é importante conhecer as quantidades, mas é muito, ou talvez mais importante distinguir cada indivíduo. Sim, cada um de nós é diferente do outro, mas guardamos uma semelhança porque somos humanos. Este jogo de palavras até poderia ser interpretado como o conjugar o verbo "ser" no presente do indicativo. Tu e ele, refere-se a pessoas com quem tenho ou não contato! E a primeira pessoa do singular, além de falar de forma individual a cada ser humano, também é o nome de D´us (יְהוָה), que os judeus nunca pronunciam. Estas são as pessoas que formam o povo - e não apenas a sua dimensão numérica. Talvez seja por isso que 0,2% da população mundial seja destacada de forma especial. Não é a média amostral que exprime a relevância do dado, mas a medida da dispersão, a possibilidade de admitir redundâncias.
EU MULHER: Em Shemot (5:6) lemos "Quando um homem ou uma mulher cometer qualquer pecado". Este pequeno versículo mereceu atenção especial dos amoraitas do século III da era comum. O relato está no Talmud Babilônico: "disse Rav Judah em nome de Rav, e também foi ensinado na escola do rabino Ismael, que as Escrituras assim tornaram as mulheres e os homens iguais em relação a todas as penalidades da Lei (Naso (parsha) - Wikipedia). Rav é usado como referência para Abba Aricha (175-247 EC, pronuncia Arírra). Nasceu no que seria hoje o Irã e fundou uma das Academias Rabínicas de Sura, na Babilônia, hoje Iraque. Esta foi uma das Academias responsáveis pelo legado do Talmud Babilônico.
Eu mulher passo a entender porque no século XIX e início do século XX, nas famílias pobres da Moldávia, que ainda não tinham muito contato com o mundo ocidental, as mulheres estudavam, inclusive nas escolas não judaicas, dirigiam os negócios de família e viajavam até as feiras para vender seus produtos. Eu mulher - aprendi que o mesmo acontecia com as mulheres judias etíopes, que viveram aldeias separadas do mundo ocidental. Elas aprendiam a ler e escrever desde a mais tenra idade, e de forma diferente que os homens, também aprenderam a arte do debate. O resultado é ter muitas mulheres etíopes, ou descendentes, em altos postos de governo, nas ciências, nas start ups, e esta semana uma representa Israel na Eurovision na Holanda! Eden Allen se apresentou esta semana na primeira semifinal com a música Set Me Free. Emocionante ver a sua simples e assertiva declaração em relação à sua pátria, ao seu pequeno país, Israel.
SER HUMANO: ser humano é ser diferente, é contar em diferentes contextos e é buscar as semelhanças de forma a permitir que ampliemos nossa capacidade de conviver, solidarizar e congregar.
Com esperança - Hatikva
Regina P. Markus
Muito bom, Rê!
ResponderExcluirEsperança é a palavra!
Parabéns! Ita
Muito bom, Rê!
ResponderExcluirEsperança é a palavra!
Parabéns! Ita