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segunda-feira, 30 de agosto de 2021

VOCÊ SABIA? - Lauren Bacall

 Por Itanira Heineberg



Você sabia que Lauren Bacall (1924-2014), uma das últimas divas da era dourada de Hollywood e uma das mulheres mais fotografadas de sua época nunca foi conhecida pelos espectadores como uma atriz judia?


Lauren Bacall, jovem judia do Bronx nascida Betty Joan Perske, filha de imigrantes. A moça de lábios grossos e olhar embriagante acalentava o sonho de trabalhar no teatro, mas enquanto batalhava por ele trabalhou como modelo nas confecções judias da Sétima Avenida em Nova York.

Sua mãe, Natalie Weinstein, era oriunda de Iasi, na Romênia, e seu pai, William Perske, era nascido em Nova Jersey de pais vindos de Valozhyn, hoje uma comunidade predominantemente judaica na atual Bielo-Rússia. Lauren foi criada pela mãe e sua família materna dentro dos valores, tradições e heranças judaicos.

 

O pai não participou de sua educação porém Lauren contou com o perene apoio e amor da família Weinstein. Sendo filha única, foi uma menina acarinhada pela avó Sophie e pelos tios Renée, Charlie e Jack e respectivos cônjuges.

 

Sua mãe trocou o nome da família para Bacall - daí ela o ter adotado para sua vida artística.

Estreou na Broadway com a peça “Jonny 2X4” e sua foto na capa de Harper’s Bazaar chamou a atenção de muitos, especialmente da esposa do diretor Howard Hawks que a convocou para um teste. Assim, aos 19 anos, ela apareceu no filme “Uma Aventura na Martinica” (To Have and Have Not), estreando seu nome artístico Lauren Bacall ao lado de Humphrey Bogart, o grande amor de sua vida, com quem ela contou ter perdido a virgindade (Bogart era casado e os pombinhos tiveram de ser discretos até ele obter o divórcio e finalmente poderem se casar, em 1945).

 

Já nas primeiras filmagens eles se apaixonaram - amor à primeira vista - e permaneceram casados e felizes junto aos dois filhos até 1957 quando um câncer de esôfago os separou para sempre.


Stephen Humphrey Bogart nasceu em 6 de janeiro de 1949.

Leslie Howard Bogart nasceu em 23 de agosto de 1952.


Em 1961 Lauren Bacall se casou com o ator Jason Robarts e no mesmo ano nasceu seu filho Sam.

O casamento durou pouco devido ao alcoolismo do marido.

Vejamos o que escreveu Mendy Tal em 21 de agosto referindo-se à atriz pela passagem de seu yortzait, aniversário de sua morte:

 

Ciente do preconceito contra os judeus expresso por muitas pessoas no poder em Hollywood, Bacall - uma das poucas protagonistas judias do sistema de estúdio - não proclamou em voz alta suas raízes.

 

No entanto, de acordo com sua autobiografia, ela sempre se sentiu orgulhosa de sua herança judaica, que estava enraizada principalmente em seu amor pela família Weinstein. Seus valores e identidade como judia foram firmemente fixados por sua educação no meio deles.

 

Ela era prima do ex-presidente israelense Shimon Peres, embora eles não se tenham conhecido até a idade adulta.

 

As pessoas ficavam surpresas ao saber que ela era judia. Cansada de pessoas dizendo que ela não "parecia" judia, ela disse: "E eu pensei, o que há com essa coisa judia? É terrível parecer? Não parecer? Isso significa que você tem que parecer Shylock (personagem judeu de Shakespeare na peça O Mercador de Veneza)? "

 

Certa vez, ela disse que se sentia "totalmente judia e sempre se sentiria", embora também tenha perguntado a Humphrey Bogart, seu marido, se isso era um problema (ele disse que não).

 

Apesar de toda a sua ousadia na tela, a atriz Lauren Bacall passou boa parte de sua carreira timidamente tentando se esquivar do antissemitismo de Hollywood.

 

Bacall era uma democrata liberal convicta e proclamou suas opiniões políticas em várias ocasiões. Bacall e Bogart estavam entre as cerca de 80 personalidades de Hollywood que enviaram um telegrama protestando contra as investigações do Comitê de Atividades Não Americanas da Câmara, durante o Macarthismo, sobre americanos suspeitos de aderir ao comunismo.

 

O antissemitismo do mundo em geral foi particularmente chocante para ela, dada a calorosa atmosfera judaica romena em que ela foi criada.

 

Mais tarde, em seu livro, ela declararia: “Pensando na minha vida até hoje, o sentimento da família judia permanece forte e me deixa orgulhosa, e por fim, posso dizer que estou feliz por ter vindo disso - eu não trocaria essas raízes - essa identidade.”

 

Bacall nunca precisou se explicar como judia às suas gerações de fãs fervorosos, que, com razão, a admiraram por quase 70 anos como o epítome de uma mulher independente e obstinada.

 

Essa estrela de primeira grandeza fez mais de 30 filmes, dezenas de peças de teatro e participações na TV.

 

A atriz recebeu indicações de mais de 30 organizações teatrais, cinematográficas e de televisão.

 

Bacall morreu em 12 de agosto de 2014 em seu apartamento no Upper-West Side de Nova York com vista para o Central Park.

Lauren Bacall estudou na American Academy of Dramatic Arts e trabalhou como modelo.

 

Desde a estreia no cinema, Bacall impressionou o público e os produtores com sua beleza e sua voz rouca. A atriz trabalhou em diversos filmes, séries e telefilmes. Entre os destaques de sua carreira estão Paixões em Fúria (1948), O Último Pistoleiro (1976), Louca Obsessão (1990), Dogville (2003) e O Falsificador (2012).”

 




Bacall foi eleita uma das 25 estrelas mais importantes da história do cinema em 1999 pelo American Film Institute.

 

FONTES:

https://cinemaclassico.com/curiosidades/21-curiosidades-sobre-lauren-bacall/ 

https://www.papodecinema.com.br/artistas/lauren-bacall/biografia/

https://brasil.elpais.com/brasil/2014/08/13/cultura/1407888716_536197.html


quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Editorial - Ki tavô e Ki navô



Continuamos em tempos difíceis para a tolerância entre as pessoas, com mais  manifestações de ódio contra os diferentes nas ruas e principalmente na internet - e particularmente com ataques antissemitas em meio a reuniões em meio eletrônico. Esta semana ocorreram algumas, com impressionante agressividade.  Foram episódios em que houve descuido nos métodos de segurança, sabemos que é possível evitar e como fazê-lo, mas o fato de acontecerem mostra que continuam a existir pessoas que investem seu tempo a atacar eventos pacíficos, de estudos, mostra que devemos continuar sempre a estar alertas e, com certeza, monitorar e combater a origem destas manifestações - e fazer isso com armas inteligentes e formadoras de transformação.

Já falamos aqui sobre a mobilidade do calendário judaico e de como o estudo da Torá se faz, e refaz, continuamente, por porções semanais - e neste bailar de textos e datas se inserem os nossos momentos, o que estamos vivendo agora, e essa combinação é fascinante. A Parashá dessa semana é Ki Tavô - quando entrares. A Parashá fala em frutos a serem colhidos e oferecidos a Deus e uma lista de bençãos que serão recebidas - ou castigos se não forem cumpridas as “regras da aliança". 

À nova rede - UJR - queremos trazer frutos do que tem sido nosso trabalho, bem como novos “leitores” e colaboradores que hoje são apenas nossos… e sabemos que colheremos muitos frutos nesta nova parceria, portas se abrirão e pontes serão construídas. 

E, muito importante, esta aliança reforçará os desafios comuns que temos: viver em um mundo que queremos cada vez mais diverso, um mundo que é cada vez mais complexo e onde a reflexão, a postura crítica,  são fundamentais para uma prática significativa. E isto para enfrentar visões radicais, simplistas e impositivas que infelizmente encontramos ainda tão abundantes no mundo e particularmente, no mundo judaico.

Analisar e explicar, à nossa moda (Editorial); conhecer o passado e o inusitado ("Você Sabia?") e explorar os mais diversos aspectos de Israel é o que fazemos semanalmente - queremos compartilhar isto com a nova e ampla rede e ser inspirados e alimentados pela nova parceria.

Que seja um futuro conjunto auspicioso Ki Navô - quando entrarmos!


Comitê Editorial EshTá na Mídia (Grupo Esh Tamid) 

Juliana Rehfeld, Regina P. Markus, Marcela Fejes e Itanira Heineberg

ESH TAMID – UMA CHAVURÁ REFORMISTA






ESH TAMID – UMA CHAVURÁ REFORMISTA


O Judaísmo se manteve vivo através dos milênios por não ser monolítico, pelo contrário: por possuir diversas linhas religiosas e por possuir uma ampla cultura milenar mantidas ao longo dos milênios por incontáveis comunidades ao redor do mundo.

Na religião, o judaísmo possui duas linhas principais: a ortodoxa e a não ortodoxa - ou em outras palavras, liberal.

Tanto a ortodoxa como a liberal também possuem diversas divisões baseadas na origem de seus congregantes, nos seus rituais, nas elaborações das tradições religiosas e na interpretação da Halachá, que é a legislação judaica.

A Chavurah Esh Tamid se identifica e pratica a linha liberal progressista, assim chamada Judaísmo Reformista, que é uma das maiores linhas religiosas do Judaísmo no globo.

Esta linha Reformista possui o foco de manter as tradições, a cultura e a nossa religião milenar adaptando-as ao mundo moderno e à sociedade atual na qual está inserida.

A Esh Tamid possui também uma importante atividade de divulgação semanal de notícias contra o antissemitismo e em prol de Israel que é a EshTá na Mídia.  

A Esh Tamid se filiou recentemente à UJR - União Judaísmo Reformista, o braço latino-americano da World Union for Progressive Judaism, com o intuito de divulgar nossas atividades e de acompanhar os diversos cursos e atividades que a UJR promove.

UJR terá, por seu lado na Esh Tamid, um exemplo de Chavurah que poderá ser divulgado e replicado em outras partes da América Latina onde existem pequenas comunidades judaicas.

Convidamos todos que se interessarem em se aprofundar nos conhecimentos do judaísmo reformista a acessar o site da UJR – AMLAT.ORG e acompanhar as atividades da Esh Tamid, e da EshTá na Mídia.

 

Shalom

Raul Meyer

 

 

ESH TAMID – UNA JAVURÁ REFORMISTA

 

El judaísmo se ha mantenido vivo a través de los milenios, por no ser monolítico y al contrario por tener varias líneas religiosas, por tener una amplia cultura milenaria mantenida a lo largo de los milenios por innumerables comunidades alrededor del mundo.

En cuanto a la religión, el judaísmo tiene dos líneas principales: la ortodoxa y la no ortodoxa, o en otras palabras, la línea liberal.

Tanto los ortodoxos como los liberales tienen varias divisiones basadas en el origen de sus feligreses, sus rituales, las elaboraciones de tradiciones religiosas y la interpretación de la Halajá que es la legislación judía.

La Javurá Esh Tamid se identifica y practica la línea progresista liberal, el llamado judaísmo reformista, que es una de las principales líneas religiosas del judaísmo en el mundo.

Esta línea reformista tiene un enfoque en mantener las tradiciones, la cultura y nuestra religión ancestral, adaptándolas al mundo moderno y a la sociedad actual en la que opera.

Esh Tamid también tiene una importante actividad informativa semanal dedicada contra el antisemitismo y a favor de Israel, que se denomina  Esh Ta Na Media (Está En Los Medios).

Esh Tamid se incorporó recientemente a la UJR-Unión de Judaísmo Reformista, el brazo latinoamericano de la Unión Mundial por el Judaísmo Progresista, con el objetivo de dar a conocer nuestras actividades y acompañar diversos cursos y actividades que promueve la UJR.

La UJR tendrá, por su parte en Esh Tamid, un ejemplo de Javurá que podría ser difundido y replicado en otras partes de Latinoamérica donde existan pequeñas comunidades judías.

Invitamos a todos los interesados ​​en profundizar en su conocimiento del judaísmo reformista a acceder al sitio web de la UJR - AMLAT.ORG, y seguir las actividades de Esh Tamid y Esh Ta Na Midia.

 

Shalom

Raul Meyer 

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

VOCÊ SABIA? - UJR

 

UJR América Latina, o braço regional da World Union for Progressive Judaism: o movimento judaico global mais extenso do planeta.

Por Itanira Heineberg



Você sabe o que é a U.J.R. AmLat - União do Judaísmo Reformista?

 

“A União do Judaísmo Reformista para a América Latina é o capítulo regional da World Union for Progressive Judaism, o movimento judeu de maior desenvolvimento no mundo que centraliza suas práticas na tradição judaica, no respeito pelos direitos humanos, no pluralismo, na igualdade e na inclusão.”

 

Este link  http://ujr-amlat.org/art/pt/voce-e-bem-vinda-voce-e-bem-vindo/ nos conduz ao site do UJR para América Latina. Aqui podemos conhecer as ideias de seus participantes, suas atividades, história e conquistas e como contatar a comunidade reformista mais próxima de nós.

Por meio do link, também temos acesso aos rabinos e líderes espirituais, podemos simplesmente escrever para eles. E ainda oferecem uma oportunidade: se não houver uma comunidade reformista em nosso país, eles vão até lá e criam uma.   

Pode-se assim perceber os objetivos da instituição: braços e coração abertos para receber a todos, incluir e acolher.

Nos poucos anos de desenvolvimento na América Latina, a UJR-AmLat já conta com congregações na Argentina, Brasil, Chile, Costa Rica, Equador, Guatemala e Peru. E seguem trabalhando para que novas instituições sejam acrescentadas ao movimento.

 

Estes esforçados judeus se denominam reformistas, progressistas ou liberais, sem distinções, orgulhando-se dos valores, crenças, tradições e história, bases de um Judaísmo que inspira e ativa o aparecimento de novas vivências judaicas frente às convicções do momento presente.

Afirmam que o Judaísmo não consiste em um agrupamento de leis que parou no passado e que estabelece o que deve e o que não deve ser feito.


Você é bem-vinda! Você é bem-vindo!

Somos todos bem-vindos!




Na tradição reformista, a Torá é aceita como um sistema de valores que orienta e instiga à prática de Mitzvot, isto é, práticas que acentuam o compromisso de respeito pela vida de todos os habitantes do mundo. E a recompensa de uma mitzvah é a própria mitzvah.


Ao cumprir uma mitzvah o ser humano e seu mundo tornam-se um só com o próprio D’us.


Vemos aí o compromisso de respeito pela vida de todos os seres humanos indistintamente.

Desta maneira, famílias interculturais e interconfessionais, qualquer pessoa que se identifique com o a religião judaica independente de sua orientação sexual, sua identidade de gênero ou sua realidade socioeconômica são convidadas ao Judaísmo Reformista.

Todos os membros das congregações têm as portas abertas às mais variadas atividades culturais ou religiosas desenvolvidas e não podemos esquecer os programas especiais oferecidos aos integrantes do coletivo LGBTQIA+.

Um aspecto a ressaltar é saber que os filhos de judeus de casamentos mistos são considerados judeus se um dos progenitores for judeu, a despeito do gênero. A herança genética não afeta a identidade judaica.  Todos podem ser judeus se assim o desejarem.

Viver vidas judaicas carregadas de sentido, liberdade e felicidade é a conquista almejada para todos os participantes das congregações da UJR.

 

A educação é um capítulo central da UJR-AmLat. É por isso que em 2017 criou-se o Instituto de Formação Reformista que já conta com mais de 30 estudantes, com o objetivo de formar rabinos e líderes comunitários envolvidos nas idiossincrasias da região. O IIFRR também tem como missão assessorar instituições de nossa rede para contribuir com a sustentação dos princípios que movem a UJR-AmLat e assim garantir a inclusão e a participação de quem quiser viver com orgulho a experiência judaica sem abandonar seus valores ou renunciar à sua diversidade.

 

O esforço formativo de novos líderes estimula um princípio fundamental de nosso movimento: a educação e o conhecimento não são exclusivos dos rabinos, mas promove-se o estudo em comunidade, para que todos os integrantes de nossas congregações sejam protagonistas da tomada de decisões que lhes permitam viver suas vidas judaicas carregadas de sentido, com liberdade e felicidade.

 

Finalizando porém não concluindo, a educação é a peça de resistência da União para um Judaísmo Reforma.

O Instituto de Formação Reformista foi criado para formar rabinos e líderes comunitários que orientem as sinagogas da rede, que permitam a inclusão e aceitação daqueles que optarem por uma vivência judaica sem abandonar seus valores ou renunciar à sua diversidade.


“A UJR-AmLat é promotora e protagonista do diálogo e da ação inter-religiosa em todos os países em que está presente. Estamos convencidos de que o judaísmo só pode crescer em liberdade se construir canais de encontro com as comunidades em que está inserido.

O judaísmo como forma de vida não abre mão de suas exigências morais e espirituais: a preservação do Shabbat, as festividades e os Dias Sagrados, a conservação e o desenvolvimento destes costumes, símbolos e cerimônias que possuem um valor inspirador, o culto das formas distintivas de arte religiosa e música e o uso do hebraico, junto com a língua vernácula, em sua liturgia e formação.”


Alunos do Instituto Rabínico de cinco países se reúnem para avançar em sua formação como futuros líderes espirituais de comunidades ibero-americanas.


Estes eternos objetivos e ideais da fé judaica são apresentados num clima de irmandade e camaradagem, de maneira tolerante, pacífica e cooperativa.


 

FONTES:

http://ujr-amlat.org/

http://ujr-amlat.org/art/pt/columbus-a-expressao-do-sionismo-progressista/

https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/1732476/jewish/O-Que-Uma-Mitsv.htm

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

Editorial - A nossa forma de combater






"Exatamente 100 anos atrás, entre os dias 16 e 18 de agosto de 1921, uma série de reportagens do jornalista Philip Graves no jornal britânico The Times desmascarava Os Protocolos dos Sábios de Sião como uma fraude. Diante do avanço de teorias conspiratórias na atualidade, é fundamental revisitar este caso." - o Museu do Holocausto de Curitiba introduziu assim sua aula desta semana sobre o assunto.

Precisamente, os protocolos eram Fake News. 

Mas se sabemos que é “fake”, qual é o problema? O problema é que, como vivemos atualmente avalanches destas “news” percebemos que sempre há interessad@s em criá-las e espalhá-las, e há interessad@s em ouví-las e usá-las. Uso @ para representar a ou o, incluindo ambos os gêneros, para que todos os gêneros se sintam incluid@s.

Por que esse interesse? É bom trazer uma notícia em primeira mão, torna-me importante, informad@, admirad@. Fortalece-me como membr@ do meu grupo, dá-me influência. E, quem no meu grupo quiser estar bem comigo, vai reproduzir e espalhar a “notícia” até para conquistar nov@s admiradores e membros… 

Mas e o conteúdo que é “fake”? Bem, se o teor da notícia confirma meus preconceitos, minhas suspeitas, meus desejos escondidos, ah, então é porque tem aí uma verdade. E a propago de com prazer. 



Mas há muito mais por trás do sucesso das “teorias conspiratórias” ao longo da história. 

E a história é a que estudamos, a que estamos vivendo e a que estamos fazendo. 

Essas teorias pretendem separar o bem do mal, apontam culpad@s, “explicam” fatos intrigantes, negam fatos incômodos e geralmente trazem respostas e soluções simples que em momentos complexos ajudam a acalmar ânimos, diminuir ansiedades, dar tranquilidade, mesmo que se tenha que por de lado - ou debaixo do tapete - alguns pontos que teimariam em estragar a paisagem… 

As teorias conspiratórias e as fake news mais pujantes são as que incitam ao ódio. Como foram os Protocolos, a propaganda fascista, a propaganda nazista, como são as teorias racistas , os argumentos contra imigrantes, a teoria sobre produção intencional de vírus e tantas mais. 

E apesar de que estas respostas simples para questões difíceis são desejáveis porque resolvem dúvidas, elas são radicais e extremas porque “trazem o bem para combater o mal” e vão separando os grupos, vão “armando os exércitos que se mantêm em prolongada guerra”.

E isso, como temos experimentado, vai implodindo a sociedade que se quer democrática e próspera .

O que nos traz a “Ki Tetse” = “Quando Saírem”, a Parashá da semana. 

Ela contém mais leis que qualquer outra porção da Torá: do total de 613 Mitsvot ela contém 72. São instruções de todo tipo para garantir a continuidade e a solidez da família e da sociedade.

Mas salta entre elas o que é menos intuitivo: “não despreze um Edomita, porque ele é seu irmão. Não despreze o Egípcio, porque você foi estrangeiro na terra dele”. (Deuteronômio 23:8)

Sim, mesmo que os hebreus tivessem sido escravizados no Egito, eles primeiro foram acolhidos, e em tempos de fome. Edom é um outro nome para Esaú, o irmão que mesmo odiado por Jacob optou por não odiar de volta…

A língua do ódio é capaz de criar inimizade entre povos de diferentes credos e etnias que tenham antes vivido em paz… tem sido consistentemente a força mais destrutiva na história e mesmo a existência do Holocausto não encerrou o ódio na Europa,  e no mundo… é a marca da liderança tóxica. 

Moisés, como grande líder que foi, buscou construir um povo melhor.  

Rav Jonathan Sacks Z'L conta que perguntou a Judea Pearl, pai do jornalista assassinado Daniel Pearl, porque ele ainda trabalhava pela paz entre judeus e muçulmanos  e ele respondeu : “Ódio matou meu filho. Então estou determinado a combater o Ódio.”

E Sacks reforça: odeie o pecado, não o pecador. Não esqueça o passado mas não seja prisioneir@ dele. Reconheça o mal que o ser humano faz mas foque no bem que você tem o poder de fazer. 

Nós do EshTaNaMidia combatemos Fake News ou Preconceito com informações, história, música  e colaboração. Acompanhe e colabore.


Juliana Rehfeld

segunda-feira, 16 de agosto de 2021

VOCÊ SABIA? - Zubin Mehta e seu sonho de paz

 

Zubin Mehta, um cidadão do mundo - e seu sonho de paz: repetir, em algum lugar simbólico do mundo, um concerto como o encontro de orquestras de Israel e Baviera em Buchenwald (um dos maiores campos de concentração dos nazistas, criado em 1937 nas encostas da floresta de Ettersberg, a noroeste de Weimar).

Por Itanira Heineberg



Você sabia que o lendário maestro de orquestra e diretor musical indiano Zubin Mehta, famoso por sua expressividade no palco e por sua interpretação do repertório operístico, pacifista dedicado às grandes causas humanitárias de nosso planeta, ansiava pelo dia em que músicos palestinos e israelenses tocariam lado a lado, num concerto de paz e amizade entre as duas nações?


Zubin Mehta, de origem parsi*, nasceu em 1936 em Bombaim, na Índia, filho de Mehli Mehta, violinista e fundador da Orquestra Sinfônica de Bombaim.

Em seu livro “Zubin Mehta -The Score of my Life”, o autor conta que aprendeu a tocar violino sozinho e mais tarde estudou este instrumento e também o piano com seu pai.

Desde a infância teve acesso aos inúmeros discos de Mehli, conhecendo a fundo todas as grandes peças musicais da preferência paterna, uma discoteca invejável e única no país.

Aos 18 anos, cursando medicina em sua terra natal, abandonou os estudos e rumou para Áustria a fim de estudar música sob os auspícios do pai, e sua primeira opção de instrumento foi o contrabaixo.

Em uma ocasião, ao passar pelo famoso auditório Musikverein, aventurou-se a entrar e ouviu então o som maravilhoso da Quarta Sinfonia de Tchaikovsky. Esta peça ele conhecia muito bem pelos discos da família, mas logo constatou que aquela sinfonia ao vivo era outra realidade! Entrou disfarçadamente na sala do ensaio e deparou-se com o ilustre maestro Herbert Von Karajan à frente da orquestra.

 

“À medida em que a música evoluía, Zubin percebia que aquele, sim, era o som que ele imaginava alcançar desde a infância. Era como se um novo mundo estivesse se abrindo. "Eu me sentia o próprio Cristóvão Colombo liderando uma expedição musical. Ali estavam os fundamentos de tudo que eu queria atingir na vida".



E isso ele atingiu!

Sua carreira na música erudita evoluiu vertiginosamente: estudou regência com Hans Swarowsky em Viena e aos 22 anos de idade venceu o Concurso Internacional de Regência em Liverpool, na Inglaterra. Ainda com pouca idade regeu as orquestras de Viena, Berlim e Israel.

Em 1961, aos 25 anos, regeu pela primeira vez em Israel e ali nasceu seu grande amor pelo país. Para Zubin, a Filarmônica de Israel era sua própria família. Ao longo das muitas décadas em que a regeu ele escolheu seus músicos, estabelecendo com eles uma perfeita comunicação que lhes permitiam entender cada gesto de seu regente. Estes companheiros de jornada tornaram-se assim seus grandes amigos, percebendo também outras possibilidades em seu maestro, que atuava às vezes como confessor, psicólogo ou orientador profissional.

Ao identificar-se com Israel, Zubin emociona-se com seu hino nacional e, quando na Alemanha, para várias e repetidas apresentações, sempre que o público pedia bis, ele executava a Hatikva, o hino israelense.

Ao falar sobre este homem fascinante, muitas são as histórias que poderíamos contar, muitas foram as orquestras por ele regidas, muitos foram os países onde ele se apresentou, e muito amor aos desafortunados ele dedicou, tanto em palavras como em ações.

Muito jovem ele se envolveu com as injustiças sociais e uma de suas primeiras apresentações, aos 20 anos, foi em um campo de refugiados na Áustria.

Outro evento marcante em sua vida aconteceu no início da guerra de 1967 em Israel:

 

Tel Aviv, 5 de junho de 1967, o maestro Mitropolus ia ensaiar a filarmônica de Israel quando soaram as sirenes que anunciavam o início da guerra, ele então guardou sua batuta, correu para o aeroporto e pegou o primeiro avião.

Naquela mesma hora, Mehta aboletava-se em Viena em um avião de carga da El Al. No dia seguinte, ensaiou a filarmônica no subsolo do auditório Mann e, à noite, ali regeu um concerto inesquecível.”

 

Não podemos esquecer os shows em Belém, Israel, durante a Guerra dos Seis Dias e as apresentações em Buenos Aires após a derrota nas Malvinas.

Outra imagem inesquecível foi vê-lo com uma máscara de gás pendurada ao pescoço, ao visitar Tel Aviv durante a Guerra do Golfo.

E assim, de canto em canto, por Israel, Saravejo, Buenos Aires e Brasil, Zubin ia mostrando ao mundo sua coragem e sugerindo que a música seria um meio de conquistar seu sonho de paz entre as nações.

Foi ovacionado em vida, homenageado e recebedor de muitos prêmios e medalhas.

Foi também hostilizado ao tentar tocar Wagner em Israel para uma plateia onde havia sobreviventes do Holocausto, muitos com seus números de prisioneiros tatuados em seus braços.

Zubin entendeu a reação dos insatisfeitos e após algumas cadeiras voarem pelos ares o concerto foi suspenso e ele se desculpou.

Muito ainda poderia ser escrito, mais atos de bravura, generosidade e talento poderiam ser acrescentados, sua vida de cidadão do mundo aparece nas mais diversas páginas de história da música e basta clicar seu nome e teremos momentos de alegria, descoberta e revelações.  



Ao fim de uma carreira brilhante, em outubro de 2019 Zubin Mehta, aos 83 anos, dirigiu já com saudades seu último concerto em Tel Aviv.



Assistamos agora a este emocionante vídeo de despedida do maestro após 50 anos como diretor artístico da Orquestra Filarmônica de Israel:

 



(*)

Pársi

Os pársis são de origem persa, seguidores do Profeta Zoroastro, e abandonaram seu país entre os séculos VIII e X, trabalhando como lavradores na província de Gujarat.

Mais tarde radicaram-se em Bombaim, Índia, e ali assimilaram os costumes e tradições do país.

 

 Zubin tem orgulho de sua ancestralidade pársi e hoje, mesmo depois de ter-se tornado um aclamado cidadão do mundo, considera-se basicamente um indiano e conserva seu passaporte hindu, o que lhe tem ocasionado desagradáveis problemas para obter vistos quando se desloca para dezenas de países dos cinco continentes. Mesmo assim, não abdica do passaporte original.

 


FONTES:

http://pt.infobiografias.com/biografia/25885/Zubin-Mehta.html

https://www.conjur.com.br/2013-set-06/ideias-milenio-zubin-mehta-maestro-indiano-diretor-filarmonica-israel

http://www.morasha.com.br/biografias/zubin-mehta-cidadao-do-mundo.html

https://encyclopedia.ushmm.org/content/pt-br/article/buchenwald

https://www.britannica.com/biography/Zubin-Mehta

http://www.zubinmehta.net/5.0.html

https://www.em.com.br/app/noticia/cultura/2019/10/22/interna_cultura,1094632/maestro-zubin-mehta-se-despede-da-filarmonica-de-israel-com-concerto.shtml

https://youtu.be/ZBzIGNHNm4k

https://youtu.be/ZBzIGNHNm4k?t=119

 

quinta-feira, 12 de agosto de 2021

EDITORIAL: ELUL - Ani Ledodi ve Dodi Li

Cântico dos Cânticos


Segunda-feira, dia 9 de agosto de 2021, coincide com o primeiro dia de Elul! Chegamos ao último mês de 5781 e é o mês em que na esfera pessoal e comunitária se inicia um período de retrospecção, introspecção e projeção para alinhar o mundo interior ao mundo exterior. 

Ao ler os textos que escrevi em anos anteriores e que podem ser encontrados em nosso blog, e muitos outros encontrados na internet, temos a sensação que estamos repetindo e repetindo fórmulas antigas. Muitos dirão que precisamos adaptar estas formas aos nossos tempos, precisamos reformar, precisamos reconstruir. Outros dirão que o que valeu por anos sempre continua válido... portanto vamos aprender dos antigos porque eles eram mais sábios. E ao ler sem preconceitos os textos das diferentes linhas do judaísmo, percebo que é nesta riqueza de opiniões que está a mensagem importante que levaremos de agora a Rosh Hashaná e Iom Kipur.

ELUL é uma palavra formada pelas primeiras letras de um dos versos do Cântico dos Cânticos - "Eu sou para o meu amado, assim como meu amado é para mim"- "Eu estou para o meu amado, assim como meu amado está para mim". 

Ao ler esta frase na tradução a grande ênfase está na relação entre EU-AMADO e AMADO-MIM. Hoje, preparando a imagem acima vi que a ênfase está na primeira pessoa do singular [EU (א) - PARA (ל) - E (ו) - MIM (ל)]. Cada EU estará se relacionando com o mundo e cada mundo estará se relacionando com aquele EU - e esta atividade que parece tão solitária e egocêntrica deixará de ter esta conotação se for recheada de AMOR.

Este é um mês em que o Shofar toca todos os dias de manhã para alertar a grande oportunidade que temos para nos conectar com o que amamos. Para deixar as portas abertas recebendo o amor que tanto precisamos. Para que nossas vidas possam ser representadas por vias de duas mãos, ou por reações químicas de direção, aquelas que atingem o equilíbrio.

Este também é o mês em que podemos agradecer pelas bençãos e amor recebidos neste ano pouco característico.

Quarta-feira, 11 de agosto de 2021: Ministro das Relações Exteriores de Israel, Yair Lapid, abre Escritório de Representação no Marrocos.


Sexta-Feira, 13 de agosto de 2021: dia em que este editorial será publicado. Dia muito especial para mim e minha família e um grande motivo para comemorar o AMOR e o Futuro.

Dia muito especial para TODOS que acompanhamos com alegria e curiosidade a assinatura do Acordo de Abraão entre Israel e os Emirados Árabes Unidos. Há um ano todos achamos "legal" (usando a gíria mesmo) - muitos ficaram surpresos e muitos viram uma conclusão positiva de anos de trocas e conversações. Todos estávamos torcendo e aguardando o que o futuro traria. Após um ano, tenho a certeza que este momento abriu muitas portas. Após os EAU, vários outros países árabes mulçumanos e países africanos mulçumanos assinaram acordos de cooperação e acordos de paz, abriram embaixadas e representações estrangeiras, etc., etc... Agora, o mais importante para lembrar em ELUL é a quantidade de turistas que vão e vêm, apesar da pandemia, e o notável intercâmbio de estudantes, professores e cientistas, além das trocas comerciais e de projetos de inovação que estão adquirindo volume muito importante. Pessoas se encontrando, visitando e aprendendo. Sexta-feira, dia 13 de agosto de 2020, um dia a ser lembrado positivamente neste mês de Elul e que deve servir de inspiração para o futuro.

Desejo a todos uma boa semana!

E um mês de Elul como muitas interações EU-TU.


Regina P. Markus


segunda-feira, 9 de agosto de 2021

VOCÊ SABIA? - Abe

 

Harmonia, congraçamento em família e conquistas da culinária: Abe, filme brasileiro apresentado em 2019 no Sundance Festival, agora chega aos cinemas brasileiros.

Por Itanira Heineberg


Sundance Film Festival   Utah, USA


Você sabia? O filme “Abe” conta a história de um jovem de mãe judia e pai palestino que, na luta para estabelecer a paz entre seus queridos familiares, pesquisa os gostos e preferências de cada um com o intuito de conquistar a todos. O filme estreou no Brasil na última quinta-feira, dia 5 de agosto.

Por que não misturar sabores e temperos? Especiarias sempre foram o forte na gastronomia caseira e internacional.

O jovem Abe preza de verdade sua família assim como também é apaixonado pela culinária.

Eis aí uma tentativa inteligente e generosa para abranger sua parentada em um abraço gourmet e carinhoso.



O filme foi dirigido por Fernando Grostein Andrade, meio-irmão de Luciano Huck, autor de outros filmes como Coração Vagabundo, Na Quebrada e o curta Quebrando o Tabu.


  Luciano e Fernando


Nesta empreitada conhece o chef brasileiro Chico, interpretado pelo ator carioca Seu Jorge.

E assim a amizade e cumplicidade se desenvolvem entre os dois, acrescentando a pimenta necessária para a história.




Assistamos agora ao trailer deste filme cativante:

 


 

FONTES:

http://institutobrasilisrael.org/noticias/noticias/ibi-leva-formadores-de-opiniao-para-israel/

https://www.youtube.com/watch?v=rpmWZufcTf0 

https://emais.estadao.com.br/noticias/gente,fernando-grostein-andrade-irmao-de-luciano-huck-se-casara-com-namorado-nos-eua,70003225519

https://entretetizei.com.br/resenha-abe-retrata-conflitos-religiosos-em-familia-com-um-toque-especial-da-cultura-e-culinaria-brasileira/

https://cinemacao.com/2021/02/05/festival-de-sundance-2021-confira-vencedores/

https://rollingstone.uol.com.br/cinema/tudo-o-que-sabemos-sobre-abe-filme-com-seu-jorge-e-noah-schnapp-lancamento-historia-e-mais-lista/

sexta-feira, 6 de agosto de 2021

EDITORIAL: ANTISSEMITISMO - e a besta ataca em pleno século XXI

 ANTISSEMITISMO - uma história de milênios



Chegando ao planeta Terra em pleno século XXI, um ser curioso e questionador - após identificar a espécie humana e todas as formas de relacionamento entre os seres animados e inanimados - começa a procurar formas sistemáticas de atuação que poderiam caracterizar os seres humanos ao longo dos milênios. Deixando de lado as características relacionadas com a biologia, a geografia e a relação temporal que poderia caracterizar eventos ligados a espaço e tempo, busca entender comportamentos e grupamentos humanos mais complexos.

Neste contexto aparecem os judeus. Um grupo pequeno de indivíduos que singra os milênios e que não pode ser identificado nem pela cor da pele, nem por formas de vestir e nem por idiomas comuns. A cada época e em cada região do planeta, sempre estão em baixo número e é muito difícil de caracterizar hábitos e costumes. A vestimenta não só muda ao longo dos séculos, mas também incorpora muito dos locais em que habitam. Ao longo dos milênios, amigos e inimigos se sucedem e na maioria das vezes com a intenção de extinguir esta linha sucessória que é conduzida por um fio invisível. Fio este que, apesar de ser muitas vezes identificado com religião, os que conhecem seus processos sabem: ser ateu também é uma característica do judeu. 

Marcos L. Susskind, que há anos transmite um noticiário semanal desde Holon, em Israel, falado em português, publicou na Revista Kadimah uma "Carta a um Antissemita".  Vale a leitura! Susskind percorre os milênios focando diferentes continentes.

Mesmo sendo tão abrangente, ainda deixa pontos a completar; e gostaria que nossos leitores lembrassem o que ocorreu recentemente na Etiópia e no Sudão, que gerou a imigração de milhares de judeus para Israel, e o que ocorreu nos países árabes no século XX.

ALTERANDO O ÂNGULO DE VISÃO, mudando a perspectiva e o cenário. Para fazer isto, devemos nos perguntar como o judeu sobrevive a milênios de perseguição, milênios de fake-news!

Alguns buscam a resposta na religião, encarando-a como uma série de regras e a manutenção de hábitos e costumes. Esta hipótese é difícil de ser sustentada quando comparamos os muitos judeus que conhecemos. Nem todos mantém regras que tendem a ser identificadas como judaicas. Mesmo as regras alimentares, que foram ditadas na Torah, foram modificadas ao longo dos milênios. E, assim como o comer não significa identificação, há muitos outros detalhes que têm origem nos países da diáspora.

Há, no entanto, algumas heranças que vêm de milênios. A diversidade e a identidade é uma delas. O povo judeu é diverso desde sua origem. A esposa de Moisés era cushi (negra), assim como outros personagens bíblicos. Os filhos de todas as mulheres judias eram judeus, e de todas as mulheres que abraçavam o judaísmo. O livro de Ruth, que faz parte do Tanach, ilustra de forma inequívoca a inclusão.

Falando em inclusão, também é dos tempos bíblicos que é descrita a diferença entre as pessoas e que a cada uma devem ser dadas oportunidades e deve-se buscar o que têm de melhor para contribuir para a sociedade como um todo. Aqui podemos lembrar de Betzalel, o construtor de Tabernáculo (mishkan) que era voltado para a beleza! A Beleza que enriquece os olhos e que dá um toque especial à nossa existência. Arquitetura e Artes unem-se na Escola Betzalel na Israel moderna.

O texto vai ficando longo, e vou terminando com algo que já mencionei em muitos outros cenários. O povo judeu tem como característica uma obrigação. A obrigação dos pais deixarem aos filhos uma HERANÇA. Uma herança que não está escrita em nenhum testamento, uma herança que tem que ser construída durante a formação de uma criança e que seria a sua garantia para o futuro. Esta herança chama-se educação. Era no Templo que se ensinava, nos dias de feira, quando o comércio era feito. Os locais de reza são caracterizados por uma sala que reúne um mínimo de dez pessoas. Em alguns ramos do judaísmo dez homens, e em outros dez pessoas. Ao estabelecer uma nova comunidade era sempre importante estabelecer uma escola e era nesta escola que ficava o local para reunião.

Nesta segunda década do século XXI, vemos o antissemitismo aumentar de forma importante nos Estados Unidos e na Europa Ocidental. Os pontos de choque que há anos poderiam estar ligados ao Estado de Israel, hoje vemos uma ligação com grupos religiosos monoteístas ou não. Ao mesmo tempo percebemos uma reação contrária de cidadãos e governos. Como podemos contribuir para impedir que outras grandes tragédias ocorram? Uma das formas importantes é trazer o tema para discussão e aumentar o conhecimento sobre os judeus. 

Talvez terminando de forma muito prosaica, e lembrando que o sol ☀️ , nosso grande luzeiro e fonte de energia pode levar a grandes desastres se não for alternado com a lua🌜. Não adianta tapar o sol com a peneira! Vamos mostrar a BELEZA e a ENERGIA em que nossa longa história está baseada.


Boa Semana a todos - com boas energias e muita beleza!


Regina P. Markus

segunda-feira, 2 de agosto de 2021

VOCÊ SABIA? - O deserto que floresceu

 

Ben Gurion e o Negev: Fazer florescer o deserto...

Por Itanira Heineberg

 

Tão importante quanto ser Primeiro-ministro é a tarefa de transformar o deserto em uma área fecunda, fértil, abundante: esta era a ideia e o sonho de Ben Gurion ao mudar-se para o Negev.



Fazer a região selvagem florescer é o símbolo da importância do deserto, em especial do Negev, na história da colonização judaica na terra de Israel.  

Você sabia que a tarefa gigantesca de transformar e dominar a região árida do Negev começou com um único duto de água, há mais de 70 anos?

De acordo com o ex-Primeiro-ministro israelense e Ministro das Relações Exteriores Moshe Sharet Z’L (falecido): "A história do assentamento judeu no país é, antes de mais nada, a história da busca, descoberta e exploração de novas fontes de água".

Vejamos um pouco desta história de sucessos e lutas:


“No verão de 1946, Israel estava envolvido na corrida pela autodeterminação e na definição de suas fronteiras finais. O parlamento britânico votou a favor do Plano de Partição Morrison-Grady, que deixou o deserto de Negev fora do futuro Estado Judeu. A Agência Judaica, que na época era ativa na compra e preparação de terras para assentamentos, desenvolveu o plano de 11 pontos. O objetivo era frustrar as intenções do governo britânico em relação ao Negev, criando uma realidade que assegurasse que o Negev fosse incluído no Estado Judeu.

Assim foi, que no final do Dia da Expiação, na noite entre o 5 º e 6 º de outubro de 1946, 11 novos assentamentos foram estabelecidos no Negev. Seu estabelecimento despertou o sonho de irrigar o deserto, um sonho expresso sete anos antes por Simcha Blass, o primeiro engenheiro-chefe da Mekorot.

Blass iniciou a ideia de trazer água para o Negev de Ashdod, do rio Yarkon e do norte do país.

Àquelas alturas  as partes do plano de Blass  pareciam imaginárias. Mas, desta vez, Blass teve os resultados da pesquisa hídrica realizada no norte do Negev pelo geólogo israelense Leo Pickard, segundo o qual: o norte do Negev era rico em água. Blass selecionou a área de Gever-Am e Nir-Am do norte de Negev como uma área potencialmente rica em água. Apenas um mês após o estabelecimento dos 11 assentamentos, em novembro de 1946, um acordo foi assinado entre o "Escritório de Irrigação" da Agência Judaica, Mekorot, Solel Boneh e Herut para o fornecimento de água ao Negev. A Mekorot foi escolhida para executar o projeto e Solel Boneh foi encarregado de construir os reservatórios e piscinas conectadas ao empreendimento. Herut construiu e soldou os tubos.

Antes de começar o trabalho no que era, naquela época, um projeto gigantesco, um curto oleoduto foi colocado entre os assentamentos mais antigos de Nir-Am e Be'erot Yitzhak. Foi colocado para testar a reação da Autoridade Britânica, para testar técnicas de colocação de tubos e para fornecer aos envolvidos no projeto alguma experiência prática. O tubo foi colocado ao longo de uma noite com a ajuda de mão-de-obra retirada de todos os assentamentos de Negev e, pela manhã, o trabalho estava concluído. O sucesso da implantação desse primeiro segmento trouxe uma sensação de segurança e a convicção de que seria possível concluir com sucesso todas as etapas do projeto.”



A Mekorot, foto acima, fundada em 1937 comemora mais de 80 anos desde sua fundação. Hoje, a água potável em cada torneira, a água de irrigação que chega a cada campo é algo garantido para a população; a certeza de um serviço.

Mas nem sempre foi assim.

 

“Mekorot é uma empresa estatal de propriedade integral sob a tutela do Ministério de Energia e Águas e do Ministério das Finanças. Paralelamente aos projetos de infraestrutura e água, a empresa realiza operações contínuas para fornecer um abastecimento de água regular, confiável e de alta qualidade.

As atividades da Mekorot abrangem abastecimento de água, gestão de recursos hídricos, qualidade da água, segurança hídrica, dessalinização, hidrologia e perfuração, recuperação de efluentes, tratamento de águas residuais, melhoria da chuva, captação de águas pluviais, P&D e desenvolvimento de tecnologias de água e desenvolvimento sustentável.

A Mekorot estabeleceu o WaTech, um centro de inovação tecnológica e cooperação no campo da água, para fornecer uma resposta aos desafios relacionados à água em Israel e em todo o mundo.”

 

Um grande sucesso é a história que acabamos de contar, com muitas lutas com palestinos e beduínos destruindo as tubulações, atacando os trabalhadores em ação e impedindo a colocação do sistema em algumas partes do território.

Mas ...a água venceu junto com a obstinação e desvelo de todos.

 

“Assim, a partir de um pequeno duto desenvolveu-se um impressionante sistema de água, que incorpora a visão do assentamento judaico em Israel, um sistema que abrange interesses nacionais, estratégicos e históricos e que tem desafiado a Mekorot, desde o seu estabelecimento, a fornecer a água da vida que torna possível a existência e o desenvolvimento do Estado e dos seus cidadãos.”

 

Concluindo, vejamos o que falou Shimon Peres, já há mais de uma década:

“Se os próximos 70 anos de Mekorot forem similares aos seus primeiros 70 anos – então o céu, e não apenas a água será o limite!”

TRATAMENTO DAS ÁGUAS DO MAR DA GALILEIA


 

FONTES:

https://wold.mekorot.co.il/Eng/newsite/InformationCenter/Milestones/Pages/Negev70.aspx

https://wold.mekorot.co.il/Eng/newsite/InformationCenter/Milestones/Pages/80Years.aspx

https://finder.startupnationcentral.org/company_page/mekorot

https://www.dreamstime.com/mini-israel-miniature-park-latrun-may-mekorot-tank-line-pipes-national-water-company-located-near-image139368088