ANTISSEMITISMO - uma história de milênios
Chegando ao planeta Terra em pleno século XXI, um ser curioso e questionador - após identificar a espécie humana e todas as formas de relacionamento entre os seres animados e inanimados - começa a procurar formas sistemáticas de atuação que poderiam caracterizar os seres humanos ao longo dos milênios. Deixando de lado as características relacionadas com a biologia, a geografia e a relação temporal que poderia caracterizar eventos ligados a espaço e tempo, busca entender comportamentos e grupamentos humanos mais complexos.
Neste contexto aparecem os judeus. Um grupo pequeno de indivíduos que singra os milênios e que não pode ser identificado nem pela cor da pele, nem por formas de vestir e nem por idiomas comuns. A cada época e em cada região do planeta, sempre estão em baixo número e é muito difícil de caracterizar hábitos e costumes. A vestimenta não só muda ao longo dos séculos, mas também incorpora muito dos locais em que habitam. Ao longo dos milênios, amigos e inimigos se sucedem e na maioria das vezes com a intenção de extinguir esta linha sucessória que é conduzida por um fio invisível. Fio este que, apesar de ser muitas vezes identificado com religião, os que conhecem seus processos sabem: ser ateu também é uma característica do judeu.
Marcos L. Susskind, que há anos transmite um noticiário semanal desde Holon, em Israel, falado em português, publicou na Revista Kadimah uma "Carta a um Antissemita". Vale a leitura! Susskind percorre os milênios focando diferentes continentes.
Mesmo sendo tão abrangente, ainda deixa pontos a completar; e gostaria que nossos leitores lembrassem o que ocorreu recentemente na Etiópia e no Sudão, que gerou a imigração de milhares de judeus para Israel, e o que ocorreu nos países árabes no século XX.
ALTERANDO O ÂNGULO DE VISÃO, mudando a perspectiva e o cenário. Para fazer isto, devemos nos perguntar como o judeu sobrevive a milênios de perseguição, milênios de fake-news!
Alguns buscam a resposta na religião, encarando-a como uma série de regras e a manutenção de hábitos e costumes. Esta hipótese é difícil de ser sustentada quando comparamos os muitos judeus que conhecemos. Nem todos mantém regras que tendem a ser identificadas como judaicas. Mesmo as regras alimentares, que foram ditadas na Torah, foram modificadas ao longo dos milênios. E, assim como o comer não significa identificação, há muitos outros detalhes que têm origem nos países da diáspora.
Há, no entanto, algumas heranças que vêm de milênios. A diversidade e a identidade é uma delas. O povo judeu é diverso desde sua origem. A esposa de Moisés era cushi (negra), assim como outros personagens bíblicos. Os filhos de todas as mulheres judias eram judeus, e de todas as mulheres que abraçavam o judaísmo. O livro de Ruth, que faz parte do Tanach, ilustra de forma inequívoca a inclusão.
Falando em inclusão, também é dos tempos bíblicos que é descrita a diferença entre as pessoas e que a cada uma devem ser dadas oportunidades e deve-se buscar o que têm de melhor para contribuir para a sociedade como um todo. Aqui podemos lembrar de Betzalel, o construtor de Tabernáculo (mishkan) que era voltado para a beleza! A Beleza que enriquece os olhos e que dá um toque especial à nossa existência. Arquitetura e Artes unem-se na Escola Betzalel na Israel moderna.
O texto vai ficando longo, e vou terminando com algo que já mencionei em muitos outros cenários. O povo judeu tem como característica uma obrigação. A obrigação dos pais deixarem aos filhos uma HERANÇA. Uma herança que não está escrita em nenhum testamento, uma herança que tem que ser construída durante a formação de uma criança e que seria a sua garantia para o futuro. Esta herança chama-se educação. Era no Templo que se ensinava, nos dias de feira, quando o comércio era feito. Os locais de reza são caracterizados por uma sala que reúne um mínimo de dez pessoas. Em alguns ramos do judaísmo dez homens, e em outros dez pessoas. Ao estabelecer uma nova comunidade era sempre importante estabelecer uma escola e era nesta escola que ficava o local para reunião.
Nesta segunda década do século XXI, vemos o antissemitismo aumentar de forma importante nos Estados Unidos e na Europa Ocidental. Os pontos de choque que há anos poderiam estar ligados ao Estado de Israel, hoje vemos uma ligação com grupos religiosos monoteístas ou não. Ao mesmo tempo percebemos uma reação contrária de cidadãos e governos. Como podemos contribuir para impedir que outras grandes tragédias ocorram? Uma das formas importantes é trazer o tema para discussão e aumentar o conhecimento sobre os judeus.
Talvez terminando de forma muito prosaica, e lembrando que o sol ☀️ , nosso grande luzeiro e fonte de energia pode levar a grandes desastres se não for alternado com a lua🌜. Não adianta tapar o sol com a peneira! Vamos mostrar a BELEZA e a ENERGIA em que nossa longa história está baseada.
Boa Semana a todos - com boas energias e muita beleza!
Regina P. Markus
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