"Exatamente 100 anos atrás, entre os dias 16 e 18 de agosto de 1921, uma série de reportagens do jornalista Philip Graves no jornal britânico The Times desmascarava Os Protocolos dos Sábios de Sião como uma fraude. Diante do avanço de teorias conspiratórias na atualidade, é fundamental revisitar este caso." - o Museu do Holocausto de Curitiba introduziu assim sua aula desta semana sobre o assunto.
Precisamente, os protocolos eram Fake News.
Mas se sabemos que é “fake”, qual é o problema? O problema é que, como vivemos atualmente avalanches destas “news” percebemos que sempre há interessad@s em criá-las e espalhá-las, e há interessad@s em ouví-las e usá-las. Uso @ para representar a ou o, incluindo ambos os gêneros, para que todos os gêneros se sintam incluid@s.
Por que esse interesse? É bom trazer uma notícia em primeira mão, torna-me importante, informad@, admirad@. Fortalece-me como membr@ do meu grupo, dá-me influência. E, quem no meu grupo quiser estar bem comigo, vai reproduzir e espalhar a “notícia” até para conquistar nov@s admiradores e membros…
Mas e o conteúdo que é “fake”? Bem, se o teor da notícia confirma meus preconceitos, minhas suspeitas, meus desejos escondidos, ah, então é porque tem aí uma verdade. E a propago de com prazer.
E a história é a que estudamos, a que estamos vivendo e a que estamos fazendo.
Essas teorias pretendem separar o bem do mal, apontam culpad@s, “explicam” fatos intrigantes, negam fatos incômodos e geralmente trazem respostas e soluções simples que em momentos complexos ajudam a acalmar ânimos, diminuir ansiedades, dar tranquilidade, mesmo que se tenha que por de lado - ou debaixo do tapete - alguns pontos que teimariam em estragar a paisagem…
As teorias conspiratórias e as fake news mais pujantes são as que incitam ao ódio. Como foram os Protocolos, a propaganda fascista, a propaganda nazista, como são as teorias racistas , os argumentos contra imigrantes, a teoria sobre produção intencional de vírus e tantas mais.
E apesar de que estas respostas simples para questões difíceis são desejáveis porque resolvem dúvidas, elas são radicais e extremas porque “trazem o bem para combater o mal” e vão separando os grupos, vão “armando os exércitos que se mantêm em prolongada guerra”.
E isso, como temos experimentado, vai implodindo a sociedade que se quer democrática e próspera .
O que nos traz a “Ki Tetse” = “Quando Saírem”, a Parashá da semana.
Ela contém mais leis que qualquer outra porção da Torá: do total de 613 Mitsvot ela contém 72. São instruções de todo tipo para garantir a continuidade e a solidez da família e da sociedade.
Mas salta entre elas o que é menos intuitivo: “não despreze um Edomita, porque ele é seu irmão. Não despreze o Egípcio, porque você foi estrangeiro na terra dele”. (Deuteronômio 23:8)
Sim, mesmo que os hebreus tivessem sido escravizados no Egito, eles primeiro foram acolhidos, e em tempos de fome. Edom é um outro nome para Esaú, o irmão que mesmo odiado por Jacob optou por não odiar de volta…
A língua do ódio é capaz de criar inimizade entre povos de diferentes credos e etnias que tenham antes vivido em paz… tem sido consistentemente a força mais destrutiva na história e mesmo a existência do Holocausto não encerrou o ódio na Europa, e no mundo… é a marca da liderança tóxica.
Moisés, como grande líder que foi, buscou construir um povo melhor.
Rav Jonathan Sacks Z'L conta que perguntou a Judea Pearl, pai do jornalista assassinado Daniel Pearl, porque ele ainda trabalhava pela paz entre judeus e muçulmanos e ele respondeu : “Ódio matou meu filho. Então estou determinado a combater o Ódio.”
E Sacks reforça: odeie o pecado, não o pecador. Não esqueça o passado mas não seja prisioneir@ dele. Reconheça o mal que o ser humano faz mas foque no bem que você tem o poder de fazer.
Nós do EshTaNaMidia combatemos Fake News ou Preconceito com informações, história, música e colaboração. Acompanhe e colabore.
Juliana Rehfeld
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