Você sabia
que na segunda metade do século passado, Salvador Dalí inspirou-se apaixonadamente
pela História dos judeus, seu Livro, suas perseguições e resiliências e criou
uma série de telas, reunidas mais tarde numa exposição denominada “Shalom Dalí”?
Salvador Dalí,
“Eu sou o Surrealismo”, como ele próprio se intitulava, nem sempre foi um
sionista. Porém, a partir dos anos 60, passou a perceber a conexão do povo judeu
com a Terra de Israel observando a concretização de certas profecias bíblicas tal
como o renascimento do Estado de Israel.
Seus
trabalhos de arte totalmente voltados para este povo e sua longa trajetória
levaram-no a ser chamado de judeu.
Houve até quem
especulasse a possibilidade de o pintor ter um sangue marrano, talvez uma
secreta descendência judaica, mas na realidade Dalí sempre se declarou árabe -
como ele mesmo explicava, um “Mudejar”, isto é, um muçulmano coagido a se
converter ao catolicismo.
Conforme
Gibson, biógrafo do artista, “Dalí” é um nome comum nos países árabes ao
longo do litoral norte do Mediterrâneo e tem o significado de
"líder".
Pois estes
trabalhos instigantes e notadamente Dalinianos foram reunidos por Jean Paul
Delcourt em 2002 em uma exposição denominada “Shalom Dali”, no Centro de Artes
Performáticas, na residência do presidente em Jerusalém, Israel em junho de
2002. Depois a exposição seguiu para Rishon Le-Zion, também em Israel, de setembro
a outubro de 2002.
Naquelas
telas encontramos toda a saga, sonhos e anseios dos judeus por mais de dois mil
anos.
Cada tela
recebeu um verso bíblico escolhido pelo artista.
Muitos se perguntam
qual o significado deste trabalho para o pintor.
Uma súbita
admiração pelos judeus e sua perseverança aos princípios religiosos e tradição?
Um exercício
puramente comercial?
Aliyah, o
renascimento de Israel
"Tu que
dominas sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre o gado, e sobre
todos os répteis" (Gênesis 1:26)
A terra do
leite e do mel
Nas margens da
liberdade: O navio Eliahu Golomb traz imigrantes "ilegais"
Enquanto fica
a dúvida quanto ao objetivo de Dalí ao inspirar-se no povo do livro, nossa
ideia, assim como a do site Eterna Sefarad, é apreciar estes quadros
fascinantes que representam, por meio da arte surrealista, uma história de
erros, acertos, lutas, conquistas e muito desvelo, dedicação e garra.
Temos no link
abaixo a oportunidade de conhecer a exposição Shalom Dalí.
Parte fundamental da Parasha Vaieshev desta semana são os sonhos de José, sonhos que ele, ingenuamente, conta a seus nada amigáveis irmãos… eles já tinham muitos ciúmes dele por ser o preferido do pai, e ainda por cima a imagem trazida pelos sonhos não lhes é particularmente agradável já que aparecem neles como submissos ao irmãozinho…
Compartilhar sonhos pode ser perigoso de acordo com o relato bíblico, mesmo quando quem ouve são seus irmãos e mesmo que você consiga “dar a volta por cima” como fez José.
Algumas profecias compartilhadas são ousadias que implicam em alto risco. Aconteceu com Martin Luther King que ao dizer em público “eu tenho um sonho” estimulou americanos negros a se opor fortemente à sociedade branca e passar novas leis, mas despertou ódios que levaram a seu assassinato cinco anos depois.
Quem se debruçou já na Idade Média sobre a diferença entre sonho e profecia - esta “emanada do divino” - foi o filósofo Moisés ben Maimon - também conhecido como Maimonides ou Rambam - em seu impressionante Guia dos Perplexos. Na Torá, ele lembra, Deus diz “Se houver um profeta entre vós, Eu, o Eterno, Me faço conhecer a ele numa visão ou falo com ele num sonho” (Números 12:6). Mas ele, Rambam, prefere estudar pelos Sábios. Escreveu ele: “os sábios afirmam que o sonho é o sexagésimo (0,01666!) de uma profecia ou ainda que o sonho é o fruto imaturo da profecia”. Desviando da leitura de que o sonho é um meio de proteção de um perigo antecipado, ele desenvolve a ideia de que se trata de uma visão na qual a “faculdade imaginativa” se torna tão perfeita que você consegue ver algo como se estivesse fora de você, e aquilo que é produzido no sonho parece ser uma sensação externa. Ou seja, o sonho pode aparecer tão real que você acordado acredita que ele exista em algum lugar, o que pode explicar que você o busque fora de você ou que foi tão claro que será possível construí-lo, concretizá-lo, torná-lo real.
Sonhos muitas vezes trazem soluções mas podem também nos mostrar o que censuramos, evitamos ver acordados e com isso nos colocam em maus lençóis, como já discutiu amplamente Freud.
Sonhamos dormindo e precisamos nos dedicar a entender a mensagem que esses sonhos trazem. O Talmud nos diz que “um sonho que não é interpretado é como uma carta que não é lida”.
A interpretação - e bastante trabalho - podem render importantes frutos. Veja o caso de Einstein: quando jovem ele sonhou que estava em um trenó descendo uma montanha íngreme e acelerou tanto que teria alcançado a velocidade da luz. Neste momento as estrelas em seu sonho passaram a ter outra aparência em relação à ele. Acordado passou a meditar sobre isso e logo formulou sua teoria que viria a ser uma das mais notáveis da história da humanidade.
Mas sonhamos muito também acordados. E compartilhamos sonhos para obter ajuda ao construir novos empreendimentos, para mudar o mundo para o que acreditamos ser melhor; mas sempre estaremos sujeitos a que outros não gostem dessa visão de mundo que anunciamos, que se sintam incomodados com o que sonhamos e com o fato de perseguirmos com empenho esses sonhos.
Theodor Herzl escreveu em seu diário em 1897: “Na Basiléia eu fundei o Estado Judeu. Se eu falasse isso em voz alta hoje eu seria objeto de risada universal…mas daqui a cinco, ou talvez cinquenta anos, todos o conhecerão". Era seu sonho sionista e nem precisamos dizer o que este sonho até hoje sofre.
Outro sonhador eloquente foi Ben Gurion desde que fundou em Plonsk, na Polônia, o Ezra - movimento para promover o hebraico, a sua aliá em 1906 quando começou a trabalhar em pomares até a realização de sua visão de união de todos os trabalhadores e a criação da “Histadrut” em 1920. Mais que isso, a Universidade Ben Gurion em Beer Sheva fundada em 1969 é conhecida como a realização de seu sonho porque ele achava que Israel deveria ser o pequeno estado judaico da educação e da ciência e que deveria equilibrar a população do Mediterrâneo com a do Negev.
Amos Oz uma vez perguntou a Golda Meir sobre o que ela sonhava e ela respondeu: “Não tenho tempo para sonhar, quase não durmo porque o telefone toca à noite para me informar sobre Israelenses feridos.” Anos depois de sua morte um líder do partido Mapam revelou que ela, sim, disse a ele que sonhava mas era sempre um recorrente pesadelo no qual havia um telefone em cada canto da casa e todos tocavam ao mesmo tempo, e ela acordava e sabia o que isso queria dizer e tinha medo de atender. E assim foi, às 4 da manhã do Yom Kipur de 1973, quando a informaram dos ataques de Egito e Síria.
Quando Itzhak Rabin foi assassinado há exatos 26 anos ele estava em um comício pela paz e seu legado de intrépido militar no front e grande líder democrático na política ficou conhecido como o sonho de dois Estados pela paz de ambos os povos.
Dois anos antes deste comício era lançado o livro “Um lugar entre as Nações”, contendo o sonho do até então embaixador e chanceler Benjamin Netanyahu de expor o que ele considerava os dez mitos sobre a questão Israel/ Palestina e as “amarras estatizantes“ estabelecidas pelos fundadores, sendo que ele queria “liberar as enormes energias criativas do povo”. Ele foi o governo mais longevo do país, conseguiu mudanças profundas em Israel para o bem e para o mal - isto é, para o desenvolvimento e evolução bem como para os enormes problemas sociais que o atual governo herdou.
A principal novidade assinada no governo de Bibi, mas gestada antes e lentamente construída por muitos líderes, foram os acordos abraâmicos que vêm dando frutos em todas as direções e compõem hoje os sonhos comuns de muitos cidadãos da região, árabes e judeus.
O novo governo de coalizão herdou e está fortalecendo este sonho; além disso, o maior líder desta coalizão, Yair Lapid, expressou sua visão de que “para criar estabilidade de ambos os lados da fronteira (com Gaza) é preciso iniciar um grande e longo processo de economia para a segurança, ou seja: a melhoria da economia em Gaza vai trazer maior segurança a Israel.”
Sonhos anunciados em voz alta, sabemos desde José, podem ser objeto de ataques e restrições alheias: o acordo anunciado semana passada entre Israel e Jordânia, mediado pelos Emirados Árabes Unidos, foi criticado pela Arábia Saudita que pressionou os EAU propondo-se a substituir Israel no acordo.
Ainda esta semana tivemos novos ataques terroristas que mostraram claramente que o Hamas não pretende aliviar o seu lado da pressão.
Ainda estamos longe de materializar tão desejadas visões…
O analista político David Suissa lembra a famosa frase de David Ben Gurion “Em Israel, para ser realista, você deve acreditar em milagres” e retomando o plano de Lapid diz que “substituir líderes terroristas por visionários que construam a ‘Riviera de Gaza’ pode não parecer realista no momento mas é, definitivamente, um milagre com o qual vale a pena sonhar!
Assim como no caso da Índia, os laços diplomáticos de Israel com a China completam 30 anos em 2022. No entanto, só nesta semana aconteceu o primeiro telefonema entre os presidentes dos países - Herzog e Xi Jinping - no qual trocaram efusivos convites para que visitassem cada um o país do outro. Xi Jinping reconheceu que o pai de Herzog, Chaim Herzog, também fez história pela relação entre as duas nações: foi o primeiro presidente de Israel a visitar a China. Xi Jinping se aliou à preocupação com o avanço nuclear do Irã. E na quinta interação no âmbito do Comitê Conjunto China-Israel para Inovação, que começa em Janeiro do ano que vem, são esperadas muitas iniciativas de cooperação.
Outra notícia fresca é que conforme a prioridade definida por Naftali Bennet quando assumiu como primeiro ministro, Israel se prepara para assinar na próxima semana um acordo de cooperação com a Jordânia sobre água e energia mediado pelos Emirados Árabes Unidos. Por esse acordo será criada uma usina de energia solar no deserto jordaniano para gerar eletricidade para Israel e uma planta de dessalinização em Israel para servir a Jordânia.
No campo da ciência, o informativo AlefNews publicou que a startup médica israelense Salignostics vai começar a disponibilizar o SaliStick, o primeiro kit de teste rápido de gravidez baseado em saliva. O método é econômico, rápido e não invasivo. O resultado é informado em apenas 10 minutos. AlefNews informa também que a região da Alta Galiléia de Israel está se posicionando para se tornar um líder global em tecnologia de alimentos: vários aceleradores e empresas de tecnologia de alimentos e agrotecnologia se estabeleceram na “periferia” do norte de Israel, onde o governo israelense oferece incentivos para que indivíduos e empresas se instalem.
Todos os dias temos notícias interessantes e alvissareiras sobre Israel, um jovem polo de desenvolvimento que vem trabalhando também para incluir e acolher cada vez mais todos os segmentos de sua população diversa.
Esta semana lemos em Vayislach (e mandou Jacob mensageiros a Esau…) o retorno de Jacob a Canaã, relato sobre as muitas ameaças à sua vida e suas vitórias até ser divinamente renomeado como Israel. Há inúmeras interações entre os universos humano e divino e para celebrá-las e demonstrar sua gratidão, Jacob constrói pilares e altares. São ambos monumentos mas, diz Rabbi Abraham Isaac Kook, Rav Kook, que há uma diferença fundamental entre eles: o pilar é ereto na vertical enquanto o altar se estende na horizontal. O pilar é monolítico (Matzevá) e se projeta para alcançar o céu. Assim, diz Rav Kook, ele comemora um encontro de apenas um indivíduo com o Divino. Já o altar não é monolítico, é composto de muitas pedras (Mitzbeach), e representa o reconhecimento de que “para construir uma sociedade funcional, sob um compromisso de aliança mútua, são necessárias as contribuições de muitos.”
A orientação do rabino propõe que reflitamos, em nossa vida pessoal, em que momentos somos como o pilar, enfatizando orgulho e posse, e quando somos altar, aportando humildade e concessão. E em quando todos os nossos atributos trabalham em conjunto para produzir o melhor de nós mesmos.
Faz-me pensar em Israel que se faz pilar e ergue domos nas ocasiões em que precisa se defender estoica e potentemente em momentos de conflito, mas que vem buscando construir altares e pontes, a muitas mãos e pedras de cooperação, para obter alianças cada vez mais sólidas e sustentáveis a caminho da paz e prosperidade de inúmeros cidadãos da região.
Façamos nossa reflexão pessoal sugerida por Rav Kook e fiquemos torcendo por muito mais altares do que pilares na vida de Israel.
Em tempos preocupantes
de hediondo antissemitismo ao nosso redor, é edificante vislumbrar uma luz de
esperança nos céus do Velho Mundo.
Por Itanira Heineberg
“Queremos
ver a vida judaica prosperando novamente no coração de nossas comunidades”,
disse a presidente da Comunidade Europeia, Ursula von der Leyen. "Assim é
como deve ser”.
Você sabia
que Portugal pode ser o modelo da Europa para fomentar a vida judaica?
Cidade do Porto
Salas de
oração, restaurantes kosher, um Museu Judaico, um Museu do Holocausto e uma
biblioteca foram construídos pela Comunidade Judaica do Porto assim como
centros judaicos foram ali desenvolvidos.
Esta
entidade também é responsável por oferecer conferências e concertos, além da
criação de um jornal.
No
início de outubro de 2021 a Comissão Europeia anunciou que a vida judaica será
promovida em uma Europa que abrigava 9,5 milhões de judeus antes da Segunda
Guerra Mundial e cujos 1,5 milhão restantes estão abandonando o Velho
Continente.
Em
contrapartida a este êxodo, Portugal tem acolhido milhares de judeus nos
últimos anos e este acontecimento extraordinário é exatamente o objetivo a que
a C.E. se propõe.
Portugal
agora faz parte do mapa judaico.
Aos poucos,
grupos compostos na maioria de sefarditas recém-chegados estão evoluindo e se
fortificando em todo o país, até mesmo em áreas menores e fora da capital.
Cascais,
uma vila do distrito e área metropolitana de Lisboa, é o lar do maior centro
Chabad da Europa, e duas famílias da organização trabalham juntas para ajudar
todo o país. Seu entusiasmo é inconfundível. Elas acreditam que o Judaísmo
português será um assunto sério no futuro. O casal chabad mais recente é
sefardita, não ashkenazi, o que é incomum naquela organização com sede em Nova
York.
Apresentamos
aqui um pequeno vídeo de 3 minutos contando a inauguração do Centro de Estudos
Judaicos Avner Cohen, em Cascais: um sonho de 7 anos que se realizou trazendo
luz para a região.
Porém o
melhor modelo de renovação da experiência judaica no país nas palavras de
Gabriela Cantergi, funcionária da CJP, é encontrado na Comunidade Judaica de
Porto (CJP):
“Nossa
Comunidade não existe para agradar a todos, mas sim para homenagear a
comunidade judaica que foi expulsa desta cidade no final do século XV, e para
ser um forte religioso, cultural e organização social em Portugal e no
estrangeiro”.
Possui
setecentos congregantes vindos de mais de 30 países.
Esses
membros oficiais são ativos nas artes, ciências, medicina, música, direito,
bancos e esportes.
Estes
empresários, na sua grande maioria profissionais financeiros, investiram
milhares de milhões de euros em Portugal nos últimos anos.
Sinagoga Kadoorie Mekor Haim,
principal centro religioso da cidade, porém não o único.
A
comunidade cria centros de encontros convidando estudantes judeus estrangeiros
que frequentam as universidades do Porto para atividades sociais e culturais.
"Nosso
objetivo é promover a amizade e possivelmente futuros casamentos entre
estudantes que vêm por conta própria para este país, principalmente da
França", disse Noemie Amar, do departamento de religião da CIP/CJP.
Importantes
conquistas aconteceram na cidade: em 2012 a sinagoga foi totalmente reformada
para cerimônias religiosas agora constantes, um hotel kosher foi inaugurado
trazendo uma grande leva de turistas, e em 2015 a lei que oferece nacionalidade
portuguesa a judeus sefarditas acolheu muitas e muitas famílias.
Outra
atração será a abertura, para breve, de uma galeria de arte com a história
milenar dos judeus no Porto.
A cidade
está efervescente com tantos acontecimentos em prol dos judeus.
“O
Museu Judaico do Porto, criado pela CIP/CJP em parceria com a B'nai B'rith
International, relata a história milenar da comunidade judaica da cidade, sua
expulsão, o retorno de judeus marroquinos, gibraltarianos e venezianos no
século XIX, a tentativa fracassada de converter o Bnei Anousim ao judaísmo nas
décadas de 1920 e 1930 e judeus ashkenazi alemães, russos e poloneses no século
XX, bem como o "maior afluxo sefardita do século 21", basicamente
motivado — disse Rose Mousovich, do departamento de cultura da CIP/CJP —
"pela nacionalidade que Portugal concede aos judeus de origem
portuguesa".
A
Comunidade Judaica do Porto está muito ativa apoiando os judeus sefarditas que
voltam ao solo de seus antepassados, auxiliando hospitais e necessitados em
Portugal, proporcionando condições ao Arquivo Nacional da Torre para salvar e
digitalizar processos da Inquisição em perigo de deterioração.
O Museu do
Holocausto do Porto, imagem acima, criado em parceria com os museus do
Holocausto de Washington, Moscou e Hong Kong, é dirigido por membros da
Comunidade Judaica do Porto que perderam membros da família no Shoah.
"Desde
sua inauguração, em maio de 2021, esse espaço musicológico é o de Portugal que
teve mais visitantes. Como não há cobrança de admissão, o museu é visitado
principalmente por jovens e também recebeu importantes políticos portugueses e
estrangeiros, bem como os embaixadores dos Estados Unidos, Rússia, Reino Unido,
França, Bélgica e outros."
Na esteira
de atividades, relatamos também o protocolo assinado com a Diocese do Porto,
com a inclusão de projetos de caridade e educacionais envolvendo o Museu do
Palácio Episcopal e o Museu Judaico do Porto.
Quatro
filmes sobre a história dos judeus na cidade já foram produzidos e "1618",
sobre a Inquisição, conquistou o maior número de prêmios que um filme português
já ganhou em festivais internacionais.
Outro filme
"O Kaddish da Freira", foi louvado pelo Papa Francisco, que aplaudiu
a amizade e a cooperação entre as duas comunidades religiosas como um bom
exemplo para o mundo.
”1618” um filme de Luís Ismael sobre a Inquisição.
Vivendo atuais
notícias tristes de antissemitismo, como o fato que se passou em Londres
durante a comemoração do 83º aniversário da Noite dos Cristais quando a
embaixadora de Israel, Tzipi Hotovely foi perseguida por uma multidão violenta,
é sempre reconfortante descobrir os esforços de Portugal em fomentar a vida
judaica no país através de apoio e reconhecimento dos erros históricos do
passado.
A atual
Comunidade Judaica do Porto apoia projetos de auxílio aos judeus de vários
países e as palavras hebraicas que a comunidade mais promove são:
achdut
("união")
simcha
("alegria") e
kadima
("para frente"), enfatizando os ensinamentos da história judaica.
Missão do
site oficial:
"A
história dos judeus na Europa nos ensina que onde há muitos judeus hoje pode
não haver nenhum amanhã.
Assim,
as leis da comunidade estabeleceram que, se um dia for preciso, todas as suas
propriedades e bens reverterão para a Agência Judaica de Israel."
Pesquisa
de Miriam Assor, escritora e jornalista, membro da comunidade judaica de
Lisboa.
Rav Jonathan Sacks (z’l) diz que na parashá desta semana - Vaietsé (E Saiu Jacob de Beer Sheva a Haram) nasce o mais antigo ódio do mundo, embora o relato bíblico não mostre a violência que o ódio geralmente provoca, e isto apenas pela interferência de uma mensagem clara e ameaçadora de Deus. Sacks diz que a parashá talvez tenha apresentado o paradigma do antissemitismo através dos tempos. Laban “acolhe” Jacob em suas terras quando este foge de Canaã sob ameaça de morte por seu irmão Esaú. Mas ao longo de muitos anos Laban se comporta menos com generosidade do que com interesse próprio e premeditação, tanto em relação à permissão a Jacob de casar-se com quem ele realmente amava - Raquel, sua filha caçula - como em relação aos inestimáveis serviços que Jacob vai lhe prestando. Ao final deste longo tempo a única opção viável para Jacob é fugir com a grande família que gerou, com os bens que esforçadamente produziu. Não há mais lugar para eles lá, ele precisa voltar para “sua casa”.
“Jacob”, diz Sacks, “é quem tem as mais profundas experiências espirituais sozinho, à noite, cercado de perigos e longe de casa, e vive de perigo em perigo. E é ele que nos ensina que precisamente quando estamos mais sozinhos que (“a presença de Deus”) nos dá a coragem de ter esperança e a força para sonhar”.
Esta semana em 9/novembro tivemos a lembrança do dia, ou melhor, da Noite dos Cristais -Kristallnacht, quando, há 83 anos, espalharam-se ataques a sinagogas e lojas na Alemanha e na Áustria tragicamente sinalizando o horror que se abateu sobre a Europa nos anos seguintes, majoritariamente sobre os judeus , que se consideravam cidadãos europeus.
Novamente olhamos para esse continente que imaginávamos nunca mais evocar esses ódios e intolerância, mas percebemos que não é bem assim.
"A pandemia de covid-19 'ressuscitou' a retórica antissemita e deu origem a 'novos mitos e teorias conspiratórias, culpando os judeus' pela atual crise sanitária, de acordo com um relatório da União Europeia (UE), divulgado hoje… sobretudo na internet", estampa jornal português, no mesmo dia 9.
E continua: "Na Alemanha, segundo a rede de associações RIAS, 44% dos incidentes antissemitas registrados nos primeiros meses da pandemia foram 'associados ao coronavírus'. Na República Checa, a Federação das Comunidades Judaicas registrou 'um aumento do discurso de ódio' na internet, alimentado pelo movimento conspiratório contra as vacinas para combater a covid-19 e as restrições impostas para travar a pandemia." E por aí segue… muitos incidentes nem reportados são, o que dificulta o monitoramento. https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/pandemia-agravou-antissemitismo-na-europa-revela-relatorio-da-uniao-europeia
Bode expiatório! Sério? Até quando?
Uma pesquisa divulgada nesta quarta mostrou que metade das pessoas no Reino Unido não sabia que 6 milhões de judeus foram assassinados pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial. 22% dos pesquisados pensavam que no máximo 2 milhões teriam sido mortos. Mas animadores 88% deles acham que é muito importante que se continue a ensinar sobre o Holocausto, para que isso não se repita, e a maioria diz que o governo deve promover e bancar esta educação.
Apesar dos recuos e da desinformação, há boas notícias esta semana que nos permitem sonhar com tempos melhores: o partido comunista da Áustria rejeita o BDS (movimento de boicote, desinvestimento e sanções a Israel) e lembra boicotes nazistas contra os judeus; é um dos partidos comunistas mais antigos e resistiu à tendência da extrema esquerda pró-boicote a Israel, declarou o direito de Israel de existir como inviolável e o BDS como antissemita.
Também na Austria foi inaugurado no centro de Viena um memorial com 64000 nomes de vítimas do regime nazista.
E continuam se ampliando as parcerias de Israel com países muçulmanos no âmbito dos recentes acordos de Abraão: foi firmado em Ramat Gan acordo de Cooperação entre centros de pesquisa do Marrocos e de Israel. Disse Dr Shimon Ohayon, diretor do centro Dahan que com isso se espera que a Biblioteca Real do Marrocos abra uma janela para promoção de pesquisa e cooperação, de estudos da Lei Judaica e da Lei Muçulmana "ressaltando a herança legal Judaico-Islâmica no Marrocos".
Parcerias para inovação foram ampliadas esta semana entre Startups de Israel e dos Emirados Árabes Unidos. E esta semana, na COP-26 em Glasgow, o primeiro-ministro Naftali Bennet teve seu primeiro amistoso encontro com o governante Modi na Índia, país com o qual em 2022 Israel celebra 30 anos de relações diplomáticas plenas.
São luzes em meio a novos tempos de escuridão. A campanha da Marcha da Vida Internacional para marcar a memória da Kristallnacht diz “Que haja luz” . Temos muito a aprender com a resiliência de Jacob.
A Associação
Europeia para a Preservação e Promoção da Cultura e Patrimônio Judaico apresentou
recentemente mais de uma dúzia de palácios, vilas e casas de campo com tema
judaico apresentados em uma nova rota de turismo online.
Por Itanira Heineberg
Waddesdon
Manor - sala de jantar
(Chris Lacey - National Trust Waddesdon Manor)
Você sabia
que um tour online, que funciona como uma rota de turismo virtual testemunha as
conquistas e calamidades do passado judaico na Inglaterra dos séculos XIX e XX?
Waddesdon
Manor, acima, uma propriedade rural que pertenceu ao Barão Ferdinand de
Rothschild, é mais uma entre numerosos palácios, residências e casas de campo
com raízes judaicas que conheceremos neste passeio através da história de um
povo milenar em terras europeias.
Os judeus,
expulsos da Inglaterra em 1290, voltaram ao país nos anos 60 do século XVII com
o favorecimento de Oliver Cromwell.
Os séculos
XIX e XX foram um período de mudanças sociais e econômicas no mundo, um
fenômeno que permitiu o nascimento de potentes dinastias financeiras na
Inglaterra, como os Goldsmids, Rothschilds e Samuels.
Os chefes
destas famílias, suficientemente enriquecidos, passaram a adquirir terras e
nelas levantar grandes casas de campo numa ascensão à elegante vida social do
país e tentativa de afirmação entre os nobres e quem sabe, aceitação.
Conforme o
site da rota, estas casas eram como uma ponte entre a sociedade judaica e a não
judaica, situando "famílias judias urbanas no coração das comunidades
rurais".
Estas
propriedades mostram até que ponto chegou a emancipação judaica naquela época
na política, cultura e estirpes europeias, acentuando o esforço e a luta destas
famílias para serem bem-vindas e reconhecidas. Apesar do antissemitismo
vigente, vários judeus se destacaram no cenário político e monetário, atingindo
altos cargos e conquistando a amizade e admiração da família real inglesa.
“Muitas
têm coleções de arte e jardins extraordinários. Algumas foram palcos de
entretenimento extravagante, outras serviram de inspiração para a vanguarda
europeia. Todas foram lares amados que testemunham os triunfos - e tragédias -
do passado judaico”.
Hughenden
Manor, propriedade de Benamin Disraeli
Este foi o
primeiro Primeiro-Ministro judeu na Inglaterra, Disraeli, o favorito da rainha
Vitória - que lhe conferiu o título de Cavaleiro da Jarreteira, a mais antiga e
prestigiosa ordem da cavalaria britânica.
The Nymans, propriedade da família Messel
Ludwig
Messel, seguindo seu amor por jardinagem, comprou esta residência em 1890 para
ali cultivar seu hobby favorito.
Um de seus
herdeiros foi Lord Snowdon, marido da Princesa Margarete, irmã mais jovem da
rainha Elizabeth II.
Anthony Armstrong-Jones - Lord Snowdon e Princesa
Margarete em 1960
Mas não
são só estas pessoas notórias que se destacaram naqueles séculos.
Embarquemos
agora neste passeio turístico para visitar mais palácios e vilas elegantes,
conquistados por judeus trabalhadores, sérios e responsáveis em suas
trajetórias por uma vida de paz, sucesso e consideração.
Ao entrar
no site abaixo sugerido, coloque o cursor sobre o texto, clique com o botão
direito do mouse e escolha a opção “ traduzir para o português”.
E lá se vai outubro de 2021. Nossas rotinas vão novamente se alterando e o mundo segue em busca de novos rumos. Reverenciar a história e criar fatos novos que possam facilitar o futuro é o objetivo de muitos e deveria, certamente, ser o objetivo da Organização das Nações Unidas, criada após o tsunami gerado pela Segunda Guerra Mundial.
Muito já falamos neste blog sobre os desmandos e as mazelas causadas por esta organização, e principalmente pelo uso inadequado do sistema democrático, que deixa de considerar a ética e a justiça. Mas hoje voltamos ao tema, porque a ONU conseguiu superar as expectativas de todos que duvidam de sua capacidade de desvalorizar com atos os seus discursos ou metas.
Este ano a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-21) está sendo realizada em Glasgow, na Escócia. O Brasil é um país que tem grande interesse na COP e participa de forma ativa desde que começamos a discutir atitudes para o bem estar do planeta. Temos algumas das maiores reservas florestais do planeta: Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Pantanal, Serrado... apenas para ficar com nomes que todos conhecemos. Entre os povos nativos, uma indígena brasileira de Roraima teve a oportunidade de se dirigir aos membros da Conferência! Uma mulher, uma indígena, falando de um tema que requer atenção técnica e política, como bem colocou Joaquim Levy em sua entrevista a "O Estado de São Paulo" de 1 de novembro de 2021. Joaquim Levy já foi Presidente do BNDES (2019), diretor geral e financeiro do Banco Mundial (2018-2019) e Ministro da Fazenda do Brasil (2015). Nosso olhar externo aplaude a oportunidade e gostaria de dar um crédito positivo à ONU, que tanto tem contribuído para desentendimentos e injustiças no Oriente Médio.
MAS - e este é um grande MAS - a Ministra de Estado de ISRAEL para Infraestrutuda Nacional, Energia e Recursos Hídricos foi IMPEDIDA de entrar na conferência. Longe de ser mais um ato anti-Israel, este fato apenas ilustra de forma cristalina a importância que a ONU dá para suas recomendações. Em 1975 foi aprovado pela Assembleia Geral a Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes (http://www.dhnet.org.br/direitos/sip/onu/deficiente/lex61.htm), que previa o livre trânsito de cadeirantes.
Karine Elharrar nasceu em Kiryat Ono, Israel há 44 anos. É membro do Parlamento de Israel desde 2013 e uma importante voz para os deficientes (será politicamente correto? será que a ONU aprova o termo?). Mãe, esposa, advogada e cadeirante. E foi este último motivo que impediu sua entrada no COP26 em Glasgow. Não havia entrada que permitisse a passagem de uma cadeira de rodas. Israel, um país que aumentou a sua área verde no século XX e que tem buscado soluções para problemas de demografia ligados ao meio ambiente, está fora de Conferência. Água - um grave problema no mundo e que Israel conseguiu com ciência, tecnologia e capacidade de transferência produzir a partir do ar, ou dessalinizando a água do mar.
Excluindo a Ministra Karine Elharrar da 26a Conferência sobre Mudanças Climáticas, a ONU prova que suas resoluções têm servido apenas para gerar polêmicas ou serem esquecidas pela própria organização. Neste contexto, lembro do cuidado com que autoridades e cientistas brasileiros têm ao montar reuniões, dando oportunidade não apenas aos cadeirantes mas também a outros que têm dificuldade de visão e audição.
E nada como um dia após o outro. O primeiro ministro de Israel Yair Lapid conseguiu hoje, dia 2 de novembro, providenciar condições para o transporte da Ministra Elharrar e pudemos acompanhar no noticiário a reunião que teve com o primeiro ministro da Inglaterra, Boris Johnson.
A mensagem que fica com este infeliz acontecimento é que queremos mais do que incluir; queremos somar. Em Israel, jordanianos estão entrando no país para colher azeitonas - somar na força de trabalho - e o mundo todo tem que dar oportunidade para que crianças convivam desde a mais tenra idade.
Somar: a forma mais correta de unir.
SOMAR:cada número continua tendo o seu próprio valor, e este valor pode ser conceituado de muitas formas.
Notas de zero a dez, intuitivamente almejamos um DEZ.
Classificações, o objetivo é estar no primeiro lugar.
E poderia seguir dando exemplos que mostram que cada número, mantendo a sua identidade é valorizado de forma diferente, na dependência da questão analisada!
Individualizar é preciso, ser diferente é desejável e somar pode levar a resultados importantes. Não mais queremos ser todos iguais! Ser diferente é que dá à natureza a possibilidade de evoluir e seguir em frente!
Princesa de Portugal, uma desconhecida heroína
da história, que fez frente a Hitler!
Por Itanira Heineberg
Você sabia
que a longeva princesa Adelaide (1912-2012), infanta de Portugal, que viveu uma
longa vida de dedicação e respeito por seus semelhantes, foi condenada à morte
duas vezes pelos nazistas mas conseguiu escapar, sobreviver e comemorar 100
anos de existência em companhia de sua família?
A última
filha de D. Miguel II e neta de D. Miguel I, irmão de nosso Imperador Pedro I
do Brasil, viveu e atuou em um mundo em transformação.
Seu avô D.
Miguel I havia sido exilado na Europa em 1834 após ter sido Príncipe Regente de
Portugal e tentado usurpar o título monárquico de sua sobrinha D. Maria da
Glória, filha de D. Pedro I que então regia do Brasil.
Assim, a
infanta nasceu na França e trabalhou na Áustria como enfermeira - uma jovem
corajosa que, durante a segunda guerra, ao escutar as sirenes de aviso de
bombardeamento, corria ao sótão da casa para acompanhar a queda das bombas e depois
apressava-se a ajudar os feridos nas ruas e casas abatidas.
“Numa
dessas incursões pós-bombas por Viena incendiada, a infanta acabou a noite
auxiliando um jovem estudante de Medicina numa tenda da Cruz Vermelha.
Chamava-se Nicolaas van Uden e foi amor à primeira vista.
Casaram-se,
tiveram dois filhos, antes de se mudarem para Portugal, e mais quatro, já em
território nacional onde o nome van Uden tem mais descendência do que em
qualquer outro país da Europa.”
Esta jovem
destemida acompanhou a queda de impérios, viveu duas grandes guerras e foi
ativa colaboradora da resistência contra os nazistas.
Em duas
ocasiões esteve presa e condenada à morte.
“A
primeira condenação foi quando chefiava uma rede que tinha por missão ajudar
pessoas procuradas, perseguidas ou condenadas pelos Nazis a fugirem do país, desde
paraquedistas aliados, espiões, judeus e outros. Foi apanhada pelas SS e
condenada à morte. O governo de Salazar ao saber da notícia interveio
imediatamente, afirmando que era cidadã portuguesa e após muita luta diplomática,
conseguiu salvá-la.
A
segunda condenação foi ainda mais "heróica".
Novamente
agente da resistência, tendo por nome de código "Mafalda", fazia a
ligação entre os Ingleses e o Conde Claus von Stauffenberg, líder do atentado fracassado
contra a vida de Hitler, a chamada operação Valquíria.
O
atentado realizado pela Operação Valquíria aconteceu na Toca do Lobo,
quartel-general dos nazistas na Prússia Oriental.
“É
apanhada, condenada à morte pela segunda vez mas desta feita é salva pelos
soviéticos, após a vitória destes em Viena.
Voltou
a Portugal em 1949 e por lá ficou até falecer em 2012.”
Chegando
em solo português em companhia de seu esposo, suas atitudes benevolentes e seu
estilo autêntico e determinado a auxiliar os mais necessitados passaram a
desagradar a sociedade chique e arrogante que não via com bons olhos seu
interesse por uma classe destoante de sua condição.
“O
livro de Raquel Ochoa, A Infanta Rebelde, mostra-nos a vida de uma figura
absolutamente ímpar na História Contemporânea de Portugal, mas, acima de tudo,
o retrato de uma mulher que teve a coragem de ultrapassar todos os obstáculos e
lutar pelo ideal que dava sentido à sua vida - tornar a sociedade, tal como a
sua natureza, mais justa e benévola.”
“Longe das
fugazes ribaltas e feiras de vaidades, a senhora Dona Maria Adelaide celebra
hoje 100 anos. Celebra-os com uma missa de Ação de Graças pelo dom da vida, na
Igreja do Bom Sucesso, e um jantar simples organizado por amigos e família no
Centro Cultural de Belém. A Senhora Infanta, como é tratada pelos mais
próximos, além de constituir um precioso testemunho vivo, direto e indireto, da
história dos últimos duzentos anos, constitui um verdadeiro exemplo de profunda
nobreza, aliada a uma invulgar coragem e irreverência, que tanta falta faz nos
dias de hoje.
Jornal i, 31
de Janeiro de 2012”
Adelaide
de Bragança voltou a Portugal em 1949 e criou a Fundação Nun’Alvares Pereira em
apoio aos desprivilegiados, prestando assistência aos pobres da margem sul do
Tejo.
Por ocasião de seu 100º
aniversário recebeu a Medalha da Ordem do Mérito.