Por Itanira Heineberg
Livro de
Êxodo: “Plantem e colham os produtos da terra por seis anos, mas, no sétimo
ano, deixem que ela se renove e descanse sem cultivo. Permitam que os pobres do
povo colham o que crescer espontaneamente durante esse ano. Deixem o resto para
servir de alimento aos animais selvagens. Façam o mesmo com os vinhedos e os
olivais.”
VOCÊ SABIA que o atual Ano Judaico de 5782 também é o ano sabático da terra, o “ano da
libertação”? Parte dos ciclos de tempos inerentes à vida judaica, é o ano de
perdoar dívidas, deixar a terra descansar e abrir-se a todos para colherem o
que lhes faltar.
“Livro de
Levítico: “Deus falou a Moisés no Monte Sinai, dizendo-lhe para falar aos
israelitas e dizer-lhes: Quando vocês vierem para a terra que eu estou dando a
vocês, a terra deve ter um período de descanso, um sábado para Deus Durante
seis anos você pode plantar seus campos, podar seus vinhedos e colher suas
safras, mas o sétimo ano é um sábado de sábados para a terra. É o sábado de
Deus, durante o qual você não pode plantar seus campos, nem podar seus
vinhedos. não colha as safras que crescem sozinhas e não colhe as uvas nas suas
vinhas não podadas, pois é um ano de descanso para a terra. [O que cresce
enquanto] a terra está em repouso pode ser comido por você, por seu macho e sua
fêmea escravos, e pelos empregados e trabalhadores residentes que vivem com
você. Todas as colheitas devem ser comidas pelos animais domésticos e selvagens
que estão em sua terra.” (Levítico 25: 1-7)”
Que Lei
maravilhosa esta, quanto respeito pela terra que nos alimenta há milênios, e,
pela primeira vez que com ela me deparei, era eu uma inexperiente jovem
estudante da Aliança Francesa em Porto Alegre e foi-me difícil entender esta
prática muito observada na França. Baseado no compromisso com a terra e sua
melhor produção, sem fazer alusão ao texto bíblico, meu saudoso professor
Monsieur Roche mostrou-nos os benefícios agrícolas obtidos com este processo.
Esta ideia
levou-me agora a pensar que outros benefícios obteríamos em outros campos da
vida, se nos permitíssemos descansar, desacelerar e dar um tempo a relações
complicadas, a cobranças indevidas, a sentimentos raivosos e vingativos em
nossas almas?
Assim como o
solo, o ser humano é um terreno a ser cultivado, preparado com sabedoria,
adubado com boas intenções e tolerância, irrigado com perdão e pensamentos significativos.
Voltando à
História do Povo Judeu, com o acontecimento da Diáspora, ficou mais difícil
esta prática bíblica de dar descanso à terra, uma vez que já não estavam na
terra prometida.
Mas foi
quando eclodiu o movimento sionista que este mandamento voltou à tona trazendo
muitas controvérsias.
Em 1888
nasceram os debates sobre a Lei da Shmitah em Israel e consequentemente,
muitas discussões e tentativas de chegar a um consenso final.
Atualmente, apesar
de obrigatório para os ortodoxos por uma questão de observância religiosa, o
cumprimento dos preceitos de Shmitah é facultativo em relação ao governo civil
no Estado de Israel contemporâneo.
“Os
tribunais civis não fazem cumprir as regras. Uma dívida seria transferida para
um tribunal religioso por um documento de prosbul somente se ambas as partes
concordassem voluntariamente em fazê-lo.
Muitos
judeus israelenses não religiosos não observam essas regras, embora alguns
agricultores não religiosos participem da venda simbólica de terras a não
judeus para permitir que seus produtos sejam considerados kosher e vendáveis a judeus ortodoxos que permitem a clemência.”
Mesmo assim
no ano Shmitah, as safras em Israel resultam insuficientes, exigindo a
importação de alimentos do exterior.
E quando se
inicia o cumprimento dos mandamentos relacionados à agricultura, no caso,
Shmitah?
“ A
determinação veio na Mishnah, tratado de interpretações rabínicas sobre a
Torah, que compõe o Talmud. Segundo esta interpretação rabínica é em Rosh
Hashanah que começa o ano civil de Israel. Eles também determinaram que nesta
data se inicia o cumprimento dos mandamentos relacionados à agricultura, por
exemplo o Shmitah.”
Vejamos agora
as três promessas que D’us fez ao Povo Judeu se observassem a mitsvá de
Shmitah:
1 - D'us
prometeu que a colheita do ano anterior ao ano de Shmitah duraria três anos:
"Não se preocupem. Abençoarei a terra, de modo que a colheita do sexto ano
seja suficiente para o sexto, sétimo e oitavo anos."
2 - D'us
prometeu que "Durante o ano de Shmitah ficarão satisfeitos, apesar de
comerem pequenas quantidades de alimento. Assim, sua produção agrícola
durará."
3 - "Se
guardarem tanto os anos de Shmitah como os de Yovel (7 ciclos de 7 anos
consecutivos, num total de 49 anos, o ano 50 seria o ano do jubileu, Yovel),
estarão seguros em Israel. Porém se não observarem nem Shmitah, nem Yovel,
seus inimigos os forçarão ao exílio."
Parreiral em
Israel |
A Lei da Shmitah
ordenada ao povo judeu pela Torah e muito praticada em Israel é um alento para
o século XXI em meio aos grandes problemas globais de meio ambiente,
alimentação e instabilidade econômica.
E para nós,
um convite à uma vida mais humana, reflexiva, pura e caridosa!
FONTES:
https://www.myjewishlearning.com/article/what-is-shemita-the-sabbatical-year/
https://cafetorah.com/o-ano-sabatico-shenat-shemita-o-que-significa/
https://israelemcasa.com.br/o-ano-de-shemitah-em-israel/
https://pt.chabad.org/library/article_cdo/aid/920255/jewish/O-Descanso-da-Terra-a-Cada-Sete-Anos.htm
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