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sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

EDITORIAL: ANTISSEMITISMO - HOJE

 EDITORIAL: ANTISSEMITISMO HOJE

Cartões Postais - disseminando imagens

A Assembleia Geral da ONU instituiu o dia 27 de janeiro como o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. Neste dia em 1945, um dia frio de inverno na Polônia, o exército americano entrou no Campo de Concentração Auschwitz-Birkenau. Esta data teria fim pedagógico, porque há um número cada vez maior de pessoas e organizações negando a Shoá - o Holocausto. 

O Povo Judeu já havia instituído há anos uma data para lembrar as vítimas do Holcausto: Iom haShoá acontece oito dias antes do dia da Independência de Israel para lembrar, reter na memória, reverenciar. Esta é a forma judaica de alcançar a vida eterna. Cada família faz isto particularmente a cada ano em Iom Kipur - mas muitas das vítimas do nazismo não deixaram família: foram pessoas ceifadas na mais tenra idade, ou foram famílias inteiras exterminadas. Portanto, como uma grande família, foi instituído um momento em que todos possam juntos LEMBRAR.

O contexto da palavra memória no "Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto" é mais direto. O mundo vem há muitos anos negando o Holocausto, e este dia foi criado para que as gerações seguintes possam ser ensinadas e para que a história não se apague. Mas como estamos na época das fakenews podemos ver que há também uma intenção de generalizar o Holocausto, deixando de dar o foco no processo deliberado de exterminação dos judeus. Na própria página da Wikepaedia sobre a temática são lembrados dias de Memória do Holocausto da Alemanha, França e Itália, mas não cita Iom haShoá. 

Ainda hoje, a educação sobre a segunda guerra mundial é vaga e muitos jovens não têm noção do que ocorreu com os judeus naquela época. O "resumo da ópera" é que o antissemitismo está de volta e com grande vigor! Os cartões postais que ilustram este editorial compõem uma coleção de postais sobre a cultura judaica. Todos do início do século XX, usam o estereótipo do judeu europeu, com um nariz avantajado e uma predileção por dinheiro. Aqui é acrescentado um instinto assassino. Hoje, o antissemitismo voltou a estar em alta. Antissemitismo contra o judeu que é cidadão de cada país em que vive e também contra o Estado de Israel.

A educação e o conhecimento de fatos certamente são a forma de reduzir o antissemitismo, mas é preciso lembrar que este tem raízes milenares. Distorcer o judaísmo é uma forma comum há mais de 2000 anos para difamar o que é judaico. Por isso, esta semana deixo de comentar sobre os ataques antissemitas a uma sinagoga do Texas ou aos constantes levantes que acontecem na França, Alemanha e outras países da Europa.

Hoje quero voar com vocês para o Deserto do Sinai, o deserto da Torah, e aproveitar a porção da Torah (parashat) que vem sendo lida esta semana.


Parashat Yitró - Exodus 18:1 - 20:23

Yitró, sogro de Moisés e líder midianita, é uma figura central na Torah. A única porção da Torah que é identificada pelo nome de uma pessoa é a Parashat Yitró. Esta é uma das importantes mostras de inclusão do povo judeu. Não a inclusão que anula a identidade e características da pessoa, mas apenas a menção. No caso, a palavra "apenas" está muito mal colocada.

É Yitró que sugere a Moisés o estabelecimento de um sistema judiciário hierarquicamente constituído e que deva incluir um número muito grande de instâncias, para que problemas possam ir sendo resolvidos em curto tempo. Continuando a leitura, e no mesmo espírito, é nesta porção da Torah que são lidos os 10 mandamentos - em hebraico Hasseret haDibrot. É contado que Moisés gravou os mandamentos em pedra. Aqui D'us revela o seu nome e se identifica como "Aquele que os tirou das terras do Egito". E ao chegar no final da leitura estão descritas as regras de como lembrar e reverenciar a D'us. 

É conhecimento comum que Moisés subiu ao Monte Sinai duas vezes e que na primeira, ao encontrar o povo adorando o bezerro de ouro, quebrou as tábuas da lei. Esta passagem é contada na parashat KiTitsá (Exodus 30:11- 31:17) que será lida em fevereiro. A ordem não é cronológica e mais ainda há uma importante diferença entre as duas versões. Em uma foi comandado que o Shabat (sábado) fosse guardado (respeitado) como dia do descanso e na outra é simplesmente dito para lembrar do Shabat porque é Santo. 

LEMBRAR - MEMÓRIA - é a forma de honrar e santificar fatos e pessoas. Também é a forma de evitar ou ao menos estar alerta a um presente que teima em trazer novamente à tona um antissemitismo atávico.

Vejam agora uma história pessoal. Uma entre muitas, com um sabor individual mostrando que os milhões de pessoas afetados pela Shoá eram seres humanos individuais.



LEMBRAR e LEMBRAR --> Conhecer e agir --> está a fórmula operacional para protegermos a nossa e as futuras gerações.

Boa Semana!

Regina P. Markus


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