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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

VOCÊ SABIA? - O "leite engrossado" e os médicos judeus

 


Iogurte, uma comida antiga feita em sacos de pele de carneiro por nômades em seus camelos, e sua longa jornada.

Conta a lenda que Moisés comeu iogurte em sua viagem à Terra Prometida!

Por Itanira Heineberg



Você sabia que a viagem do iogurte a partir do oriente levou muitos séculos e chegou finalmente ao mundo ocidental graças à intervenção de três médicos judeus?

 

O iogurte é um dos pratos mais antigos descobertos pelos humanos. O leite dos animais não durava muito enquanto fresco, porém ao ser ensacado e guardado para o dia seguinte, transformava-se em um manjar dos deuses.

Este foi um alimento básico nos Balcãs, Cáucaso, Ásia Central e Índia por milênios.



Apesar de não podermos definir com exatidão a origem deste alimento, ele existe há pelo menos 5.000 anos.

As tribos errantes da Ásia Central e suas manadas de animais herbívoros carregavam em suas bagagens o líquido precioso e nutritivo para suas refeições. O leite era acondicionado em sacos de pele de carneiro e transportado pelos camelos.

 

“O calor do sol, juntamente com as bactérias no interior dos sacos, transformava o leite em iogurte. O iogurte era conhecido pelos gregos antigos e pelos romanos.

Hipócrates e Heródoto sabiam de seus benefícios para a saúde e Plínio o chamou de "leite árido com um sabor agradável".

 

O iogurte também é mencionado em textos turcos medievais. Na verdade, a palavra iogurte deriva do yoğurmak turco, que significa "engrossar".



Mas, porém, todavia, contudo ... não foi fácil nem rápido para o “alimento árido e engrossado” chegar até nós, aqui no mundo ocidental.

Esta introdução alimentícia saudável e apetitosa alcançou a outra metade do globo graças à sabedoria e conhecimentos de três médicos judeus.

 


O alimento em pauta chegou em sua primeira incursão à Europa Ocidental no início do século XVI, quando um médico judeu de Constantinopla curou Francisco I, rei da França, de sua crônica infecção intestinal com potes e colheradas de iogurte.

Nem por isso o iogurte emplacou na Europa Ocidental até a chegada do século XX.

A bacteriologista russa de origem judaica Ilya Ilyich Mechnikov, diretora do Instituto Louis Pasteur em Paris e recipiente do Prêmio Nobel, se extasiou com a extraordinária longevidade dos camponeses búlgaros, consumidores diários de grandes quantidades de iogurte.

 

Como a Bulgária tinha mais centenários per capita do que qualquer outro país do mundo, Mechnikov acreditava que as culturas bacterianas vivas no iogurte eram as responsáveis pela boa saúde e longa vida dos centenários. Em 1908 ela escreveu um livro chamado The Prolongation of Life (O Prolongamento da Vida), no qual alegou que a autointoxicação causada por bactérias tóxicas no intestino era a principal causa do envelhecimento.”

 

Oito anos após a aparição do livro de Mechnikov, em 1916, um médico judeu de Tessalônica, Isaac Carasso, radicou-se na Espanha, lá estabelecendo sua clínica.

Ao perceber os problemas digestivos apresentados por seus pacientes, Carasso trouxe culturas vivas da Bulgária, instalando uma pequena fábrica de iogurte em Barcelona.

O médico sefardita Carasso chamou sua empresa de Danone homenageando seu filho Daniel. Ao expandir-se para França e Estados Unidos, o nome passou para Dannon.

A partir de então o iogurte transformou-se em um grande negócio nos EUA, na Europa Ocidental e em todo o mundo.

Em 1972, minha filha tomava um pote por dia de Danone sabor baunilha, já no Brasil.

 

Em nosso mundo ocidental o iogurte é servido no café da manhã, lanche ou sobremesa. Os supermercados oferecem uma grande variedade de iogurte artificialmente aromatizado e colorido que é embalado com açúcar ou adoçantes artificiais, passando por espessadores (equipamento utilizado na separação de sólidos e líquidos) e recebendo estabilizadores e conservantes.

Este não é o caso no resto do mundo, onde o iogurte geralmente é servido simples e sem adoçante.

 

O iogurte aparece em todos os tipos de pratos judeus, do Mediterrâneo Oriental à Índia. Alguns dos pratos sefarditas mais deliciosos dos Balcãs são feitos com iogurte — notadamente berinjela ou musaka de batata, banitsa de queijo búlgaro (pastéis de filo), yaourtopita (um iogurte grego e bolo de amêndoas) e fritoles (panquecas de farinha de arroz de Corfu que são tradicionalmente feitas para Hanukkah).

Em Israel e no Levante, o iogurte aparece em inúmeros molhos, molhos de salada e mezze. Arroz, bulgur, macarrão, lentilha, legumes recheados e fritas vegetais são frequentemente servidos com iogurte e molho de alho. Os judeus iranianos gostam de adicionar iogurte (mastro) a uma variedade de sopas e ensopados — especialmente abdough khiar (um pepino resfriado e sopa de iogurte com nozes picadas e pétalas de rosa seca) e purê de cinzas (um grão-de-bico, lentilha e sopa de espinafre enriquecido com iogurte), bem como uma variedade de borani - pratos de salada feitos com iogurte e legumes, geralmente espinafre, beterraba ou berinjela — que são nomeados em homenagem à Rainha Sassânida Boran, que amava iogurte. Eles também gostam de se refrescar com um copo de doogh — uma bebida feita de iogurte, hortelã, suco de limão e água gelada de refrigerante que é semelhante ao ariano turco. Judeus do Afeganistão e da Índia usam iogurte (dahi) em inúmeras sopas e curries. Na Índia, as refeições são frequentemente acompanhadas por um lassi — uma bebida doce ou salgada refrescante feita com iogurte e hortelã, frutas frescas ou especiarias.”

 

“Iogurte é muito bom para sua saúde. É rico em proteínas, cálcio e vitaminas B, especialmente B-6 e B-12, por isso é especialmente bom para vegetarianos. Quando é feito com culturas vivas como Lactobacillus bulgaricus e Streptococcus thermophilus, também age impulsionando seu sistema imunológico, ajudando a remover o colesterol ruim e equilibrando a flora intestinal — o que pode promover a perda de peso.”

 

Depois de receber este artigo de minha querida amiga Leonor, passei a adicionar meio pote de iogurte ao meu bolo do café da tarde, todos os dias! Uma delícia!

Pode-se fazer iogurte em casa, uma tarefa muito fácil.

Minha mãe sempre o fazia pois gostava de comê-lo com mel. Lembro que ela comprava as culturas vivas e depois de ferver o leite, adicionava-as ao líquido morno com algumas colheres de leite em pó e deixava a mistura descansar. Quanto mais tempo repousava, mais forte era o sabor.

Não vou dar nenhuma receita pois encontrei no Google incontáveis maneiras de preparar este alimento precioso.



Certa vez li a história de uma avó carinhosa que preparava o iogurte, misturava com geleia de frutas, gelava e oferecia aos netos como sorvete.

Assim enquanto eles se deliciavam com a sobremesa, ela ficava tranquila por estar provendo uma alimentação saudável às crianças. Ah, o amor incansável das avós!



Tarator, sopa fria de iogurte, água, pepino, nozes e ervas | Foto: Madhvi

 

Doce, salgado, frio, quente, em sopas, sucos, bebidas e bolos, aí está um alimento saudável e mais durável, para todos nós!

Le Chaim! Saúde! Agora para o mundo inteiro!




FONTES:

https://www.tabletmag.com/sections/food/articles/yogurts-long-journey?fbclid=IwAR0Ujfp6SpXwNnRa3gXLpdNHtvFUV3RqPVT3tr54RlWzl045lFigzwHOPm8

https://www.bbc.com/portuguese/vert-tra-42811572

https://www.istockphoto.com/br/search/2/image?phrase=iogurte

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