Iogurte, uma
comida antiga feita em sacos de pele de carneiro por nômades em seus camelos, e
sua longa jornada.
Conta a lenda que Moisés comeu iogurte em sua viagem à Terra Prometida!
Por Itanira Heineberg
Você sabia
que a viagem do iogurte a partir do oriente levou muitos séculos e chegou
finalmente ao mundo ocidental graças à intervenção de três médicos judeus?
O iogurte é
um dos pratos mais antigos descobertos pelos humanos. O leite dos animais não durava
muito enquanto fresco, porém ao ser ensacado e guardado para o dia seguinte, transformava-se
em um manjar dos deuses.
Este foi um
alimento básico nos Balcãs, Cáucaso, Ásia Central e Índia por milênios.
Apesar de não
podermos definir com exatidão a origem deste alimento, ele existe há pelo menos
5.000 anos.
As tribos errantes
da Ásia Central e suas manadas de animais herbívoros carregavam em suas
bagagens o líquido precioso e nutritivo para suas refeições. O leite era acondicionado
em sacos de pele de carneiro e transportado pelos camelos.
“O calor
do sol, juntamente com as bactérias no interior dos sacos, transformava o leite
em iogurte. O iogurte era conhecido pelos gregos antigos e pelos romanos.
Hipócrates
e Heródoto sabiam de seus benefícios para a saúde e Plínio o chamou de
"leite árido com um sabor agradável".
O iogurte
também é mencionado em textos turcos medievais. Na verdade, a palavra iogurte
deriva do yoğurmak turco, que significa "engrossar".
Mas, porém,
todavia, contudo ... não foi fácil nem rápido para o “alimento árido e
engrossado” chegar até nós, aqui no mundo ocidental.
Esta introdução alimentícia saudável e apetitosa alcançou a outra metade do globo graças à sabedoria e conhecimentos de três médicos judeus.
O alimento em
pauta chegou em sua primeira incursão à Europa Ocidental no início do século
XVI, quando um médico judeu de Constantinopla curou Francisco I, rei da França,
de sua crônica infecção intestinal com potes e colheradas de iogurte.
Nem por isso
o iogurte emplacou na Europa Ocidental até a chegada do século XX.
A
bacteriologista russa de origem judaica Ilya Ilyich Mechnikov, diretora do
Instituto Louis Pasteur em Paris e recipiente do Prêmio Nobel, se extasiou com a
extraordinária longevidade dos camponeses búlgaros, consumidores diários de
grandes quantidades de iogurte.
“Como a
Bulgária tinha mais centenários per capita do que qualquer outro país do mundo,
Mechnikov acreditava que as culturas bacterianas vivas no iogurte eram as responsáveis
pela boa saúde e longa vida dos centenários. Em 1908 ela escreveu um livro
chamado The Prolongation of Life (O Prolongamento da Vida), no qual alegou que
a autointoxicação causada por bactérias tóxicas no intestino era a principal
causa do envelhecimento.”
Oito anos
após a aparição do livro de Mechnikov, em 1916, um médico judeu de Tessalônica,
Isaac Carasso, radicou-se na Espanha, lá estabelecendo sua clínica.
Ao perceber
os problemas digestivos apresentados por seus pacientes, Carasso trouxe
culturas vivas da Bulgária, instalando uma pequena fábrica de iogurte em
Barcelona.
O médico
sefardita Carasso chamou sua empresa de Danone homenageando seu filho Daniel.
Ao expandir-se para França e Estados Unidos, o nome passou para Dannon.
A partir de
então o iogurte transformou-se em um grande negócio nos EUA, na Europa
Ocidental e em todo o mundo.
Em 1972,
minha filha tomava um pote por dia de Danone sabor baunilha, já no Brasil.
Em nosso
mundo ocidental o iogurte é servido no café da manhã, lanche ou sobremesa. Os supermercados
oferecem uma grande variedade de iogurte artificialmente aromatizado e colorido
que é embalado com açúcar ou adoçantes artificiais, passando por espessadores (equipamento
utilizado na separação de sólidos e líquidos) e recebendo estabilizadores e
conservantes.
Este não é o
caso no resto do mundo, onde o iogurte geralmente é servido simples e sem
adoçante.
“O iogurte
aparece em todos os tipos de pratos judeus, do Mediterrâneo Oriental à Índia.
Alguns dos pratos sefarditas mais deliciosos dos Balcãs são feitos com iogurte
— notadamente berinjela ou musaka de batata, banitsa de queijo búlgaro (pastéis
de filo), yaourtopita (um iogurte grego e bolo de amêndoas) e fritoles
(panquecas de farinha de arroz de Corfu que são tradicionalmente feitas para
Hanukkah).
Em Israel
e no Levante, o iogurte aparece em inúmeros molhos, molhos de salada e mezze.
Arroz, bulgur, macarrão, lentilha, legumes recheados e fritas vegetais são
frequentemente servidos com iogurte e molho de alho. Os judeus iranianos gostam
de adicionar iogurte (mastro) a uma variedade de sopas e ensopados —
especialmente abdough khiar (um pepino resfriado e sopa de iogurte com nozes
picadas e pétalas de rosa seca) e purê de cinzas (um grão-de-bico, lentilha e
sopa de espinafre enriquecido com iogurte), bem como uma variedade de borani -
pratos de salada feitos com iogurte e legumes, geralmente espinafre, beterraba
ou berinjela — que são nomeados em homenagem à Rainha Sassânida Boran, que
amava iogurte. Eles também gostam de se refrescar com um copo de doogh — uma
bebida feita de iogurte, hortelã, suco de limão e água gelada de refrigerante
que é semelhante ao ariano turco. Judeus do Afeganistão e da Índia usam iogurte
(dahi) em inúmeras sopas e curries. Na Índia, as refeições são frequentemente
acompanhadas por um lassi — uma bebida doce ou salgada refrescante feita com
iogurte e hortelã, frutas frescas ou especiarias.”
“Iogurte
é muito bom para sua saúde. É rico em proteínas, cálcio e vitaminas B,
especialmente B-6 e B-12, por isso é especialmente bom para vegetarianos.
Quando é feito com culturas vivas como Lactobacillus bulgaricus e Streptococcus
thermophilus, também age impulsionando seu sistema imunológico, ajudando a
remover o colesterol ruim e equilibrando a flora intestinal — o que pode
promover a perda de peso.”
Depois de
receber este artigo de minha querida amiga Leonor, passei a adicionar meio pote
de iogurte ao meu bolo do café da tarde, todos os dias! Uma delícia!
Pode-se fazer
iogurte em casa, uma tarefa muito fácil.
Minha mãe
sempre o fazia pois gostava de comê-lo com mel. Lembro que ela comprava as
culturas vivas e depois de ferver o leite, adicionava-as ao líquido morno com
algumas colheres de leite em pó e deixava a mistura descansar. Quanto mais
tempo repousava, mais forte era o sabor.
Não vou dar
nenhuma receita pois encontrei no Google incontáveis maneiras de preparar este
alimento precioso.
Certa vez li
a história de uma avó carinhosa que preparava o iogurte, misturava com geleia
de frutas, gelava e oferecia aos netos como sorvete.
Assim
enquanto eles se deliciavam com a sobremesa, ela ficava tranquila por estar
provendo uma alimentação saudável às crianças. Ah, o amor incansável das avós!
Tarator, sopa
fria de iogurte, água, pepino, nozes e ervas | Foto: Madhvi
Doce,
salgado, frio, quente, em sopas, sucos, bebidas e bolos, aí está um alimento
saudável e mais durável, para todos nós!
Le Chaim!
Saúde! Agora para o mundo inteiro!
FONTES:
https://www.bbc.com/portuguese/vert-tra-42811572
https://www.istockphoto.com/br/search/2/image?phrase=iogurte
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