DIA
DO AMOR – TU be AV – 15 de AV
A
lua cheia chega aos céus na metade do mês de Av, no dia 15 de Av, um mês em que
se lê lamentações e são lembradas datas históricas marcadas por tragédias que
aconteceram ao povo judeu ao longo da história. Conta o Talmud que no dia 15 de
Av as filhas de Jersualém iam dançar entre as videiras da cidade e para os que
queriam encontrar uma esposa, esta seria o local para o bom encontro. O Talmud
considera esta uma data muito importante, que fica muito próxima de Iom Kipur.
Neste dia não devem ser lidos textos tristes na sinagoga e as pessoas já
começam a cumprimentar as outras desejando uma boa vida e que “você seja
inscrito e confirmado em um bom ano novo”.
Em
português “castiço” diríamos “o ponto da virada”! Lembrar das muitas tragédias
que aconteceram no dia 9 de AV fica para trás. Neste momento, cada um olha para
dentro de si e sonha com o futuro. Sonhos transportam a humanidade para
realizar as mais incríveis façanhas. Quantos matemáticos e filósofos não
revelam que os sonhos foram capazes de desvendar mistérios do mundo da matéria
e do mundo da vida. Ao chegar a Lua Cheia do mês de Av, o penúltimo mês do
calendário judaico é o momento do amor, o momento dos muitos casamentos. A
maravilha de estar junto e compartilhar a VIDA é uma das formas de criar algo
para eternidade. E com esta sensação de bem estar e vida compartilhada acordamos,
olhamos ao redor e nos deparamos com o dia 11 de agosto de 2022.
Para
aqueles que moram na cidade de São Paulo e têm mais de 70 anos é impossível não
lembrar do dia 11 de agosto de 1968. Impossível esquecer da “carta aos
brasileiros” escrita pelo Prof. Gofredo da Silva Teles e lida nas escadarias
que levam à Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Aqui, quero lembrar
um ritual que acontecia no primeiro dia de aula de Direito Civil ministrado
pelo catedrático Gofredo da Silva Teles. Olhando a classe com respeito, ele
perguntava: “O que é ordem?” - e ele mesmo, de forma pausada, respondia: “Ordem
é a disposição adequada de seres para consecução de um fim comum”. E a seguir
perguntava com toda a ênfase: “O que é desordem?” E a resposta... “Desordem é a
ordem que encontramos no lugar da que queremos”.
Olhar
o Brasil neste 11 de agosto de 2022 revela que estas palavras continuam
verdadeiras. Mas então pergunto a todos vocês - há alguma forma de ordenarmos
este mundo?
E
aí me deparo com os sonhos... o sonho judaico, que é capaz de passar pelo 9 de
Av e chegar ao 15 de Av... passa por Tishá be Av e rápido chega a Tu Bi Av.
Para sairmos do mundo da desordem, onde a ordem é ditada por leis ou executada
por generais que invalidam ou mesmo retiram as nossas vidas, há necessidade de
uniões amorosas que gerem o futuro, que possam sonhar além das fronteiras que
hoje conhecemos e que possam fazer isto mantendo a herança de cada um. Uniões
levando à geração de filhos e filhas, de seres humanos únicos, de forma que
cada um terá a possibilidade de deixar na terra a sua marca e a nossa herança
seguir através dos tempos.
Nestes
dias em que muitos lembram de Max Born, não pelas importantes contribuições que
deu ao desenvolvimento da física quântica mas pelo falecimento de sua neta, a
artista Olívia Newton-John, vale ressaltar que foi orientador e mentor de
muitos cientistas de grande renome internacional. Os achados que levaram ao Prêmio
Nobel de 1954 foram tão importantes quanto seu legado em humanos modificados
por sua presença.
E
é com o amor dançando ao redor de nossas mentes e sonhando com um futuro que
desejo a todos uma excelente semana!
Regina
P. Markus
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