Acontece... pensando em datas que se completam:
Quarta-feira 25 Jan - Fundação da Cidade de São Paulo (569 anos)
Sexta-feira 27 Jan - Libertação de Auschwitz
Parasha da Semana - Bó - Shemot (Êxodo 10:1-13:16).
Esta é uma semana em que as datas chamam a atenção. Eventos que se repetem anualmente tanto no calendário judaico quanto no calendário comum coincidem e permitem que nossas mentes voem pelo que já foi comentado sobre os diferentes tópicos. Muitas vezes, estes comentários podem receber citações específicas - e em outras, após as leituras, formamos a famosa "sopa de letrinhas" que pode gerar uma nova combinação. As letras em hebraico do mês de Shvat (שבת) são as mesmas letras de Shabat (שבת) e formam o acróstico da frase BeShimá Besurot Tovot, que pode ser entendido como "escutar boas notícias" e interpretado como a benção aos que partilham boas notícias. Juntar todas estas datas é uma linda forma de projetar o futuro.
Muito falamos sobre a Shoá, os sobreviventes e os depoimentos que têm feito ao longo destes 80 anos. Mas este ano a Federação Israelita do Estado de São Paulo (FISESP) e várias outras entidades promoveram um evento especial. Brasileiros naturalizados, que viveram nesta cidade maravilhosa a maior parte de suas vidas, homenageiam os 469 anos de São Paulo e agradecem de forma pessoal a acolhida. Cliquem nos números para descobrir os muitos eventos programados. (1; 2; ato público, depoimento dos sobreviventes).
Aqui vão mais alguns eventos desta semana:
Museu do Holocausto de CURITIBA;
Museu Judaico de São Paulo;
Memorial da Imigração Judaica São Paulo (fundado em 1912);
Memorial do Holocausto Rio de Janeiro (inaugurado em 2023).
NESTA MESMA SEMANA - a LIBERDADE narrada no século XX e há aproximadamente 3500 anos têm aspectos comuns. Vamos a eles:
Na parashá Bó (Shemot 10:1 - 13:6) são relatadas as últimas três das dez pragas do Egito. O coração do Faraó estava endurecido, ou será que por morar encastelado não tinha a real dimensão do que ocorria? Até a nona praga o Faraó chegou a negociar a possibilidade de Moisés partir apenas com os homens, que eram a força de trabalho escrava, mas isto nunca foi aceitável. Um povo é um povo quando todos os seus integrantes, homens, mulheres e crianças são considerados. As diferenças individuais fazem parte do coletivo. Assim, Moisés parte com todo o Povo. Num paralelo muito triste, quando o regime nazista decide acabar com os judeus, este também não diferencia entre homens, mulheres e crianças. Entre os que professam ou não a religião judaica, ou que tenham diferentes graus de instrução formal ocidental.
Um outro paralelo que considero muito importante é que nesta parashá aprendemos o que é a liberdade, e ao longo de todo regime nazista muitos daqueles ensinamentos já estavam tão consolidados na cultura judaica que foram seguidos de forma natural e permitiram que o nazismo hoje se tornasse o passado de um Povo Vivo! Há muitos relatos de sobreviventes de estudos nos ambientes mais difíceis. Crianças que aprenderam a ler e escrever em esconderijos e mesmo em guetos e campos de concentração. Estudar e saber a sua história! E hoje, ao relatar as histórias para judeus e não judeus e também histórias de todos que sofreram faz parte de uma projeção para o futuro. Neste contexto, não podemos esquecer os muitos relatos de Justos Entre os Povos que salvaram muitas vidas naquele período tenebroso da história da humanidade.
Voltando à Torah, o comentário feito há anos pelo saudoso Rabino Jonathan Sacks z'l (The Rabbi Legacy) sobre esta longa parashá é exemplar. Moisés, ao falar aos israelitas antes de obterem a permissão de sair do Egito, não menciona o destino final, ou o percurso. Há um comando claro "Contem aos seus filhos esta história". Faça da maneira mais objetiva para que todos possam captar. Faça com que as crianças perguntem. Conte a história como se você estivesse saindo do Egito. Você estivesse se preparando para deixar a escravidão e chegar à liberdade". Esta história tem que ser contada de maneira pessoal e adaptada a todos os tempos. A liberdade não é alcançada por abrir celas, tirar grilhões ou imigrar de um terra de escravidão. A liberdade é alcançada através do conhecimento e do questionamento.
Assim, quantos sobreviventes da Shoá e de outras tragédias que aconteceram ao longo dos séculos não relatavam a importância de comemorar PESSACH - PÁSCOA - Passsagem - que é a festa judaica descrita com detalhes na Parashá Bó. Porque a identidade é formada pelas muitas histórias que os pais, avós e bisavós (e aqui apenas honro o português, entendendo que estou mencionando pais e mães, etc) contam a respeito do passado de cada família e também do passado do Povo Judeu.
Esta semana também aprendemos que não basta contar, mas é preciso escutar perguntas dos ouvintes para que cada um possa construir a sua narrativa. Narrar e contar podem ter o mesmo significado ou significados diferentes. Sim, todos sabemos que contar é uma operação que envolve números. Novamente, tanto o que ocorreu na Shoá como no Egito mostram que os números são de grande relevância para validar as narrativas, mas que muitas vezes estas podem ser superadas por dados frios.
Volto agora ao início deste texto, lembrando que atualmente ACONTECE um fato que também envolve narrar e contar. Muitas narrativas falsas vem sendo criadas e validadas pelo número de pessoas que atingem e o número de vezes que são repetidas. Portanto, neste mês de SHVAT - beShimá Besurot Tovot - escutar notícias boas, ou em termos atuais escutar e transmitir narrativas reais, é a base para não sermos escravizados por grupos que querem reescrever a história.
Esta será um semana intensa! Que possamos aproveitar a primeira semana de Shvat para narrar e contar, para escutar e transmitir!
Ontem no próprio dia do Holocausto ocorreu um ato terrorista em Jerusalém. Ao sair de uma sinagoga 7 ou 8 judeus foram mortos (depende da fonte) e mais 10 feridos a tiros disparados por um sujeito a queima roupa. Foi publicado de forma diferente na mídia e muitas vezes ligando a represálias que o governo de Israel faz a determinados grupos. Também chamam a atenção que o sujeito que disparou não está ligado a nenhuma organização. Tico e Teco estão requisitando um pouco mais de fosfato!!! EDUCAR - é uma forma de preparar a mente para agir ou reagir... Tico e Teco - reguladores positivos e negativos são formados ao longo da vida! Acabo de seguir a leitura da Parasha Bo - e fico cada vez mais convencida que é preciso criar culturas educacionais e não apenas Educação e Culturas.
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