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terça-feira, 24 de outubro de 2023

Você Sabia? - Tribo perdida das estepes

 

Tribo perdida das estepes, uma comunidade de 2000 anos à beira de desaparecer.

Por Itanira Heineberg


Multidão de judeus de Bukhara, 1890.

Desde a década de 1990, milhares partiram para Israel.



Você sabia que os judeus bucaranos do Uzbequistão, em número de 20.000 meio século atrás, estão desaparecendo?

Em setembro 2023 a revista The Economist relatou a história desta tribo de judeus orientais do Uzbequistão:

 

“Ao por do sol de uma sexta-feira recente, o canto de oração ecoou em torno dos azulejos azul-turquesa de Bukhara, a antiga cidade uzbeque que os muçulmanos consideram a mais sagrada da Ásia Central. No entanto, não veio de uma mesquita ou madrassa, mas de uma sinagoga.”

 

Há mais de 2.000 anos os judeus vivem naquela cidade, um oásis localizado na antiga e conhecida Rota da Seda (mapa abaixo).



Fato relevante e recorrente entre os judeus da diáspora, eles têm cultura e língua distintas, o Bukhori, ou seja, um dialeto do persa. Infelizmente a comunidade está diminuindo rapidamente em números e pode desaparecer em pouco tempo.

Durante o governo da União Soviética, estes 20.000 judeus de Bukhara e outros mais 20.000 viviam espalhados pela Ásia Central – porém, atualmente, não há mais do que uma centena na cidade e outras centenas em todo o Uzbequistão.

Abraham Iskhakov, 73 anos de idade e cantor da sinagoga quatrocentona da cidade, lastima o fato de serem muito poucos os judeus ali residentes. Desde a morte do rabino há cinco anos ele tem conduzido os serviços religiosos da comunidade, na falta de um substituto.

Conta a tradição local que os judeus vieram para Bukhara em 538 BC, após serem libertados do jugo na Babilônia.

Mais judeus artesãos se dirigiram a Bukhara no século XIV ao serem convidados pelo imperador Tamerlane a viverem em suas terras e a comunidade floresceu com a chegada de artistas e comerciantes.

Ishkakov relata os ensinamentos de seu pai ao dizer que judeus e muçulmanos são irmãos pois o pai de ambos é Abraão. Mas, segundo ele, pairava sempre no ar a sensação de que judeus eram pessoas de segunda classe no reino muçulmano pois as portas de entrada de suas casas eram todas rebaixadas do nível da rua para mostrar que judeus deviam se curvar antes de entrar em casa.

Após a revolução russa, os comunistas donos do poder trataram todas as religiões com desdém. A maioria das sinagogas foi fechada e somente os velhos ainda podiam orar nas que sobraram.


Sinagoga de Bukhara


O Rabino Babayev, nascido em 1955 numa comunidade judaica, conta que seu avô foi preso e morreu na prisão, acusado de secretamente ensinar Judaísmo para crianças.

Em 1970 os comunistas permitiram a emigração para Israel e assim o êxodo teve início, acelerado com a queda da União Soviética em 1991.

Rabino Babayev abençoou muitas famílias que partiram para fazer a Aliyah (imigração de um judeu para Israel). Em 1997 também ele se foi.

A diáspora contabiliza aproximadamente 200.000 judeus de Bukhara entre Israel e Estados Unidos.

O rabino voltou algumas vezes ao país para alguns serviços religiosos, mas a septuagenária Marusya Malkyieva que havia imigrado para Israel voltou para sempre à sua terra natal. Ela conta que reservou sua cova ao lado da de sua mãe, no cemitério judaico que agora é muito bem cuidado por um muçulmano.

Mas seu filho, em Israel, telefona, reclamando que não encontra maridos aceitáveis para suas 3 filhas em Bukhara. 


Judeus bucaranos em NYC.



FONTES:

http://www.anussimbrasil.com.br/news-detalhes/475/os-judeus-bukharim-

https://herancajudaica.com/2017/11/05/judeus-de-bukharan/

 

https://www.economist.com/asia/2023/09/07/uzbekistans-bukharan-jews-are-disappearing

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