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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Noticia: Frentes Parlamentares Pró-Israel - Congresso Nacional e Assembléia Legislativa de São Paulo

 Noticia: Frentes Parlamentares Pró-Israel - Congresso Nacional e Assembléia Legislativa de São Paulo

SP - 23 de fevereiro de 2025




Assim foram iniciados os trabalhos.


Muitas são as fontes oficiais que não informam sobre o ocorrido em 7 de outubro de 2023 nas cidades, kibutizim e moshavim localizados no limite da Faixa de Gaza e Israel. A barbárie também atingiu o Festival de Música NOVA, tradicional no mundo inteiro. Sim, este festival dispensa explicações para os milhões de fãs da música, mas a relevância tem que ser reforçada para os demais. 

Aqui no Brasil a posição oficial e a mídia passam ao largo do que acontece em Israel. 

Na segunda feira dia 24 de fevereiro ocorrei o lançamento da Frente Parlamentar em defesa da união entre Brasil e Israel coordenada pelo deputado Danilo Campetti (Republicanos), a frente é apoiada por 23 parlamentares. A cerimonia na íntegra pode ser acompanhada no YOU TUBE (https://www.youtube.com/watch?v=FJIPQPFLkWk). O mestre de cerimônia foi o Deputado Beto Saad. Também falaram na sessão os Deputados Oseias de Madureira, Lucas Bove, Tomé Abduch. Escutar as palavras dos líderes da comunidade judaica, pastores e lideres da comunidade evangélica abriam novas perspectivas para que se torne mais abertas as excelentes relações entre as diferentes comunidades. O projeto de Lei 787 propõe que o dia 7 de outubro seja um dia de memória. Lembrar é a base para construir um futuro melhor!

Líderes da comunidade judaica destacaram o momento e os acontecimentos em Israel. A Presidente da CIP, Laura Feldman, o presidente da FISESP, Daniel Knobel, CONIB Claudio Lotemberg e Stand with Us, André Lajst tiveram a palavra. O Cônsul Geral de Israel em São Paulo, Rafael Erdreich, destacou a amizade entre o Estado de São Paulo e Israel.

Também tivemos a oportunidade de escutar a um sobrevivente de 7 de outubro, Rafael Zimerman, contou sua experiência, ao estar no Festival Nova. Sim, este foi um dia a ser memorizado. E na minha mente junto com o 7 de setembro que além da independência do Brasil, reascende os atletas israelenses mortos nas Olimpíadas de Munique em 1972.

Que tal olharem, mesmo saltando a cerimônia no link que coloquei acima?


Uma visão do plenário - Os Sobreviventes do Holocausto presentes


E agora, a Regina, circulando entre os presentes e entrando no salão plenário em cima da hora. Encontro com a jornalista Tania Tarandash e reservo o lugar ao lado. Qual não é minha surpresa quando volto para sentar, seria vizinha de nosso querido Raul Meyer. Em segundos chega André Naves Jr. que acompanha nossos serviços toda sexta-feira e escreve a coluna Yachad nesta News Letter. Raul cede o lugar! 

 Vejo que sentou ao lado do Pastor Emérito Thomas L. Gilmer (83 anos). Fundador e Titular do Templo Batista de Indianópolis, SP. Imaginei que se conheciam e fiquei encantada de ver Raul conversando de forma animada.  Quando Marcela sugeriu que escrevesse sobre o evento, pedi que Raul encaminhasse sua impressão, e qual não foi a minha surpresa ao saber que tinham se conhecido ali. Mais um evento feliz, porque Os Batistas tem uma forte relação com Israel e respeitam muito o conceito do Sionismo. Eles sempre unem o Har Sion (Monte Sion) conquistado pelo Rei David à cidade de Jerusalém e com isso reforçam a identidade de Jerusalém como a Capital dos Reinos de Israel. Capital esta destruída e rebatizada pelos romanos no século I. O nome Jerusalem foi substituído por Aedes Palestinae, mas as Pedras dos Arcos do Triunfo em Roma deixam claro que esta foi uma decisão dos conquistadores que queriam eliminar a descendência judaica, como foi feito com tantos povos da antiquidade.

E Raul nos brindou com mais uma informação. Um cartão entregue durante a conversa que continha os seguintes versos:

·         Orar pela paz de Jerusalém ( Sião) 

·         Defender o direito a Israel à sua capital eterna, Jerusalém, unificada e indivisível. “ Por amor a Sião não me calarei...até que saia a sua justiça...Isaias 62:1

·         Compartilhar que o Rei Eterno reinará em Jerusalém ( Sião) sobre todo o mundo. ”Chamarão a Jerusalém o trono do Senhor, e todas as nações se ajuntarão à ela...Jeremias 3:17

Evangelizar é a missão do Pastor. Entendo por mostrar um caminho para todos. Jeremias mostrou que o caminho judaico que une um Monte (Tzion) a uma cidade (Jerusalém) onde foram construídos os Templos, está aberto para no futuro abrigar a todos os diferentes que acreditem na convivência pacífica. Este é o sonho judaico de como o mundo deve ser construído.

E o Recado foi dado pelos muitos que estiveram na Assembléia Legislativa de São Paulo.

AO FINAL - encontro com Ric Schenkman Presidente da Confederação Nacional das Câmaras Nacional de Comércio Brasil-Israel. Trazia o livro publicado para comemorar os 76o aniversário do Estado de Israel, idealizado e coordenado pelo Senador Carlos Viana (Presidente do Senado Federal 2023-2024) fundador do Grupo Parlamentar Brasil-Israel no Congresso Nacional. O discurso proferido em 13 de maio de 2024 na Embaixada de Israel aflora as importantes colaborações entre os dois países nos campos da agronomia, inteligência, energia, etc. E... PASMEM... o Projeto de Resolução do Senado (num. 44) que institui o serviço de cooperação parlamentar denominado "Grupo Brasil-Israel" é de 2019. Há muito a relatar sobre ações conjuntas, viagens, exposições. Tudo acontecendo em nosso Brasil. Guardando o respeito que merecem as identidades religiosas, e os interesses de cada país. Até agora são pouco relatadas na imprensa. Aí que ganha importância os nossos leitores que pode ajudar a divulgar e ... Estas iniciativas todas se somam em um conceito:

TIKUN OLAM ------- CONSTRUIR O MUNDO!

Este é um dos pilares do judaísmo! Um pilar que muitas vezes é olhado como ajuda, um olhar do que tem mais para o que tem menos. Outras vezes ganha o conceito de bondade e paz.

NESTA SEMANA e COM TODAS ESTAS ATIVIDADES - melhor entendo o conceito que aprendi em casa. Construir o mundo é abrir espaço para todos! É fazer o que você sabe e somar com o que o outro sabe. TODOS OS SABERES E TODAS AS HABILIDADES são relevantes. Assim, dar e receber tem a mesma importância. Cuidar e ser cuidado. 

NADA É POR ACASO!!!

E é neste espírito que comecei a semana que teve muito mais!!!!!! Vejam as imagens no ACONTECE da SEMANA e opinem.

AM ISRAEL CHAI - SHABAT SHALOM

Regina P Markus



 



terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

VOCÊ SABIA? - O pai do hebraico moderno

 


Por Itanira Heineberg


Você Sabia que Eliezer Ben Yehuda (17/01/1858 – 16/12/1922) foi o responsável pelo renascimento da língua hebraica na Terra de Israel entre o final do século XIX e início do século XX?

Com certeza ele é a celebridade de maior relevo neste assunto, destacando-se como fundador do Comitê de Língua Hebraica, fundador e editor do jornal ‘Hatzvi’ e do jornal ‘Hashkafa’,  além de escrever o Dicionário Ben Yehuda.

O visionário nascido na Lituânia transformou ou reconstruiu uma língua antiga em uma língua falada.



Ele nasceu em Vilna, e aos cinco anos de idade perdeu seu pai. Sua mãe o enviou para a yeshiva - escola, ‘Heder’. Após seu Bar Mitzvah em 1871, foi enviado à casa de seu tio na cidade Polotsk.

Seu tio, o líder da yeshiva rabino Yossi Bloikr, defendia o enriquecimento humano pela educação, e Eliezer logo se identificou com ele. Em um estudo conjunto, Eliezer descobriu a gramática do hebraico e apaixonou-se pela aprendizagem da língua. Ele interessou-se pela ideia do renascimento da língua hebraica como uma nova literatura.

Admiremos aqui a capacidade e dedicação de uma só pessoa de pensar grande e optar pelo hebraico, uma língua não mais usada para comunicação desde os tempos bíblicos, destituída de palavras e conceitos atuais, no intuito de trazê-la de volta à circulação.

Em Polotsk, conheceu pessoas estudiosas como Shlomo Naftali Jonas, passando a mergulhar na cultura geral e educação, dedicando-se ao estudo do russo, o que o levou a deixar o Beit Midrash e aceitar o secularismo. Tornou-se amigo e companheiro de estudos de Dvorah, filha de Jonas, que mais tarde viria a ser sua esposa.

 

“Em 1873 ele voltou ao lar materno e iniciou seus estudos no Gymnasium em Dienburg. Por um ano estudou com a ajuda de um dos alunos do Gymnasium o material das três primeiras séries da Escola Reali e em 1874 começou a estudar em sua quarta série. Ele estudou lá por três anos, e em 1877 se formou na escola com um diploma do ensino médio. No entanto, na Rússia, ele não teve permissão para estudar na universidade e, em 1878, estudou medicina em Paris. Emitiu um passaporte para o propósito da viagem, no qual ele foi registrado como “Elianov” ao invés de “Perlman”. Por um ano ele estudou francês e em 1879 foi aceito como estudante de medicina, residindo naquele país por quatro anos.”

 

Em Paris trabalhava para se sustentar, traduzindo do francês para o russo. Foi então que contraiu tuberculose e teve de parar seus estudos.

“Em fevereiro 1880 começou a estudar francês e geografia, a doença se agravou e ele foi hospitalizado no “Rothschild” em Paris entre 19 fevereiro e 18 março de 1880. Resolveu fazer um tratamento na Argélia, lugar conhecido por sua cura em pacientes com tuberculose, onde passou o inverno de 1880-1881. Entre março e maio de 1881, retornou a Paris. Escreveu a Jonas e sua filha Dvorah e informou-os de seu desejo de se estabelecer em Israel, e pediu  Dvorah em casamento. No verão de 1881 chegou a Viena, onde se encontrou com ela viajaram para Romênia e Istambul até o Cairo, onde se casaram. Em outubro de 1881, eles desceram nas margens de Jaffa.”

 

Na Palestina então governada pelo Império Otomano, escolheu  estabelecer-se em Jerusalém. Encontrou um emprego como professor na escola Alliance Israelite Universelle.

 

“Motivado pelos ideais circundantes de renovação e rejeição do estilo de vida da Diáspora, Ben-Yehuda começou a desenvolver uma nova linguagem que poderia substituir o iídiche e outros dialetos regionais como um meio de comunicação cotidiana entre os judeus que fizeram aliah de várias regiões do mundo. Ben-Yehuda considerava o hebraico e o sionismo como simbióticos: “A língua hebraica só pode viver se nós reavivarmos a nação e a devolvermos à pátria”, escreveu ele.”

 

Fiel ao seu propósito, Ben-Yehuda batalhou junto ao Comitê do Idioma Hebraico para que, ao citar os registros do Comitê, “para  suplementar as deficiências do idioma hebraico, o Comitê enumerasse as palavras de acordo com as regras da gramática e da analogia linguística de raízes semíticas: aramaico e especialmente de raízes arábicas.”

 

“Em 1881, ao chegar à Palestina, o hebraico não era a língua falada pelo povo judeu desde a época da Bíblia. No entanto, graças a Ben-Yehuda, em 1922, pioneiros judeus falavam hebraico suficiente para que as autoridades do Mandato Britânico o reconhecessem como a língua oficial dos judeus na Palestina.”

 

Uma curiosidade interessante, Ben-Yehuda criou seu filho, Ben Tzion (“Filho de Sião”), falando apenas em hebraico. Ele não permitia que seu filho escutasse outras línguas durante a infância. Certa vez ele até repreendeu sua esposa por cantar uma canção de ninar russa. Assim sendo, seguindo as exigências de seu pai, Ben Tzion tornou-se o primeiro falante nativo do hebraico moderno como língua materna.

Ben Yehuda foi casado duas vezes. Dvorah morreu em 1891 de tuberculose, deixando-o com cinco filhos pequenos. Seu último desejo era que Eliezer se casasse com sua irmã mais nova, Paula Beila.

Logo após a morte de Dvorah, três de seus filhos morreram de difteria dentro de um período de 10 dias. Seis meses depois, ele se casou com Paula, que levou o nome hebraico “Hemda”. Hemda Ben-Yehuda tornou-se uma jornalista e autora talentosa, garantindo a conclusão do dicionário hebraico nas décadas após a morte de Eliezer, além de mobilizar a captação de recursos e coordenar comitês de acadêmicos na Palestina e no exterior.



Ben Yehuda Street em Jerusalém, a primeira rua para pedestres no país, começou como um oásis de modernidade e ocidentalidade, mas logo os judeus ortodoxos começaram a visitá-la, atraindo sua comunidade que passou a frequentar esta via, e hoje em dia a mistura de culturas é total.

 

Esta rua acima, bem como as demais em Tel Aviv e outras localidades, é uma homenagem a este grande homem, lutador perseverante por aquela ideia que seria a melhor para representar seu povo e sua terra.

Ele encontrou mais inspiração em movimentos nacionalistas europeus ao constatar que países antigos como Itália e Grécia tornaram-se independentes e em 1877, ao terminar o ensino médio, acompanhou a guerra russo-turca com destaque ao movimento nacional búlgaro que buscava a independência dos otomanos. Imaginando os judeus como uma nação semelhante aos búlgaros, gregos e italianos, Ben-Yehuda decidiu ajudar a criar uma nação onde os judeus pudessem adotar o hebraico como sua língua nacional.

 

“Logo depois, Ben-Yehuda descobriu que as comunidades judaicas usavam o hebraico para se comunicar quando outras línguas não eram suficientes. (Os historiadores agora sabem que esse fenômeno existia desde a Idade Média na Europa e no Oriente Próximo.) Em Jerusalém, por exemplo, os judeus falavam iídiche, francês ou árabe coloquialmente.

No entanto, nas raras ocorrências em que assuntos intercomunitários exigiam comunicação verbal, uma forma modificada do hebraico medieval era a língua comum. O hebraico falado nesses contextos estava longe do que seria necessário para uma língua nacional moderna, mas as notícias, no entanto, inspiraram Ben-Yehuda a se mudar para a Palestina.

O secular Ben-Yehuda, a exemplo do que acontece com as ideias inovadoras, encontrou resistência em alguns grupos. Mas não se deixou abater, manteve-se firme em seu projeto, continuou a falar hebraico, convencendo outras famílias da crescente comunidade de nacionalistas judeus seculares na Palestina a fazerem o mesmo.”

 

Grande exemplo de idealismo, trabalho e devoção. Missão quase impossível!

Apresentaremos agora um curto vídeo sobre este idealista que recuperou um tesouro da história de seu povo em benefício do mesmo.

 



 

FONTES:

https://www.moreshetisrael.com/eliezer-ben-yehuda/

https://www.tudosobrejerusalem.com/rua-ben-yehuda

https://www.myjewishlearning.com/article/eliezer-ben-yehuda/

 


quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Há esperança

 

Esta semana aconteceram, em Israel, as provas de Bagrut (algo como provas finais do colegial) para os cursos de Artes e Dança. 

Tem tido uma apresentação mais linda que a outra. 

O senhor de preto que aparece no vídeo participando dessa apresentação emocionante é argentino e recentemente voltou do cativeiro em Gaza. Muita saúde e vida longa! 

Vídeo encaminhado por Levana, amiga do nosso comitê EshTá na Midia.




MiRYAM – a Profetiza – e as bases do Povo de Israel

 

Por Miriam Markus

 



 

Miriam K Markus – Morá Miriam

 

Há duas semanas ouvimos que, na Parasha Beshalach está a poesia Shirat ha Yam, a Canção do Mar, cantada por Miryam e demais mulheres,  chegarem sãs e salvas do outro lado do Mar Vermelho.

 

Este foi o momento da sensação de liberdade da escravidão egípcia.

 

Quem foi *Miryam*, mencionada neste trecho da Torá?

Irmã de Aron (Arão) e Moshe (Moises), conhecida como *Miriyam* a educadora durante a travessia pelo deserto, a caminho da Terra Prometida.

 

Enquanto Moises ensinava aos homens, ela ensinava às mulheres. Desde pequena, *Miriyam* percebia e carregava a missão em seu nome. *Miriyam* pode ser considerado um nome composto,  Em seu nome há "mara",  amarga, amargura e YAM, o Mar que um dia se abriria para salvar os que foram escravos e suas famílias.

 

Quando o Faraó quis se ver livre dos meninos israelitas recém nascidos, chamou as parteiras Shifra e Pua, ordenando que ao irem para Goshen fazer os partos das mulheres israelitas, deveriam sufocar os meninos recém nascidos.

 

Quem deles sobrevivesse deveria ser jogado no Rio Nilo e afogado.

 

Só meninas, futuras esposas dos egípcios deveriam sobreviver.

 

No entanto Shifra e Pua desobedeceram a ordem do Faraó.

Deixaram viver todo e toda recém-nascidos, justificando isso ao responderem ao Faraó da seguinte maneira: "as mulheres israelitas só nos chamam quando a criança já nasceu, com ajuda das amigas".

 

O que faz Miryam ao ver seu pai, Amram, quando este vem de visita, mas distancia-se da esposa Yochevet, com receio que ela engravidasse e tivesse eventualmente um bebê masculino? Este poderia ser afogado no Rio Nilo, causando uma tristeza imensa.

 

Miryam foi ao encontro do pai, mostrando ao mesmo “que desta maneira estaria matando duas vezes: menino E MENINA, chance que afinal poderia ocorrer".

 

Amran reflete e entende sua filha. Volta para perto de Yochevet, se junta a ela, e assim nasce Moises!

 

Miryam sugere a todos os homens que tenham filhos e filhas, sempre crendo que D´s protegeria o povo israelita.

 

E cumpriria o dito “AM ISRAEL CHAI VEKAIAM”- O Povo de Israel viverá para sempre.


Iachad (juntos - יחד) - por André Naves: Bibas

 


Bibas

         Perdoem-me...

Hoje não escreverei algo doce como de costume...

As minhas crônicas são recheadas de saudades, valores e Esperança. Cada um de vocês, das mais diferentes maneiras e ainda que não o saibam, acabam sendo co-autores das historietas: é que conforme a leitura avança e a imaginação toma conta, as suas saudades se misturam às minhas!

É aí que os sorrisos de cada um sempre brotam.

JUNTOS!

Mas hoje não! É impossível sorrir com tamanha crueldade. Eu, vocês me conhecem, sempre fui um ativista pelos Direitos Humanos, um militante pela Inclusão Social... E era repetido diariamente por mim que o respeito aos direitos humanos é fundamental, já que eles tratam de tudo quanto essencial dos seres humanos. Eles são a própria essência da pessoa!

Mas que Humanidade é essa? Que xou da xuxa é esse????

Pura monstruosidade!

O espelho não mente!

A vida sempre foi pródiga em injustiças e indecências. Como dizem, ela é “um fiofó de vaca”! Mas hoje em dia...

Assaltos, criminalidade, assassinatos... Insegurança pública! Vidas que valem menos que um celular! Senhoras brutalmente espancadas por uma aliança que, depois de mais de 40 anos, não sai mais dos dedos...

E a emergência climática, então? Ondas de calor, tempestades que aniquilam tudo por onde passam... Imagens conhecidas, dramas repetidos, autoridades inertes! Semana que vem tem mais!

E, aos poucos, vamos construindo mais muros... Nos escondemos. Blindamos nosso carro. Aceitamos o inaceitável. E, ao invés de juntos, passamos a sozinhos.

SOLITÁRIOS!

Cada um com seu idioma diferente, sem compreender o outro... Sem ENXERGAR! A vida nos impõe a cegueira de se ver mas nunca enxergar...  

Hoje não são sorrisos. Hoje são lágrimas...

Perdoem-me, mas a minha esperança foi assassinada! Desculpem-me, mas não consigo sorrir nem cantar. Uma profunda depressão parece ter tomado conta de mim. Minha fé na humanidade foi massacrada junto com aqueles ruivinhos que simbolizavam a construção de um novo mundo...

Um reino de PAZ!

André Naves
Defensor Público Federal. Especialista em Direitos Humanos e Sociais, Inclusão Social – FDUSP. Mestre em Economia Política - PUC/SP. Cientista Político - Hillsdale College. Doutor em Economia - Princeton University.  Comendador Cultural. Escritor e Professor.

www.andrenaves.com 

Instagram: @andrenaves.def


ACONTECE: O Presente Alerta

O Presente Alerta - Mishpatim




Hoje é dia 20 de fevereiro de 2025. Lemos esta semana a Parashat Mishpatim. Regras de conduta e de punição para o dia-a-dia do sujeito comum. Este seria o tema do Acontece desta semana. Vamos comentar também, mas hoje não posso deixar de registrar e comentar sobre a entrega de quatro corpos de reféns do dia 7 de outubro de 2023. Observando as imagens dos homens do Hamas, ladeados por homens da Cruz Vermelha e cercado por pessoas que tentam parecer civis, incluindo crianças, fico completamente sem ação. Os dedos digitam de forma quase automática e a mente voa para mil rincões buscando entender como não encontro eco desta atividade ao longo do mundo. É nestas horas que entendemos a importância de cada um de nós, simples comuns. E é nestas horas que percebemos que Le Chaim (Para a Vida) é um brinde, uma saudação muito forte, porque assegura que brindemos um bem maior e que este bem deve ultrapassar a Vida de cada um. Viver milênios e Mirar o Futuro requer força em momentos como os de hoje. Leis e regras de conduta permitem a vida em uma sociedade que prospera, desejar o fim de outros e atuar de forma sistemática para que isso aconteça leva à autodestruição. Como disse o refém Ohad Ben Ami, libertado do cativeiro do Hamas no dia 15 de fevereiro - "O que mantém acima do solo é quando de repente você vê que as pessoas - seu povo - estão lutando por você. 


O processo da entrega de quatro corpos de reféns sequestrados no dia 7 de outubro está em andamento. Já estão sendo exibidos os quatro caixões. A CNN acaba de anunciar publicando um palco onde são exibidos os caixões. Encenando uma pantomina que procura escrever a história atrás do palco há enormes paineis culpando uma autoridade israelense pela morte dos quatro reféns. Criar notícias falsas tem sido a primazia dos grupos que apoiam a criação de mais um estado árabe no Oriente Médio. É interessante ver as imagens dos que acompanharam a cerimônia de exposição dos caixões.


20/02/25 - Exposição dos caixões de 4 Reféns israelenses


Sim, a imagem mostra mulheres e crianças participando. Do rio ao mar - a eliminação do Estado de Israel - e pelos movimentos que vêm acontecendo ao redor do globo, seria também a eliminação do povo judeu. Há um video real circulando mostrando o momento em que os caixões estão expostos neste palco em Gaza e uma voz em árabe descreve a cena. As famílias e muitos grupos que estão trabalhando ativamente pela liberação de todos os reféns solicitou por vários canais que estas imagens não fossem exibidas.

Qual a lógica desta solicitação? Por que não mostrar? Por que usar apenas as palavras para descrever? A força da repetição para que determinadas informações possam ser transformadas em fatos é bastante conhecida. Assim, quanto mais imagens forem transmitidas, teremos um importante reforço de falsas ideias. Ao ler as notícias que a imprensa brasileira está veiculando, entendi que esta orientação é a correta. O que aconteceu em 7 de outubro é algo mencionado "de leve". Quem são as pessoas assassinadas é menos importante ainda. Uma mãe com dois filhos é transformada em mãe do bebê. O foco dos artigos é sobre o governo de Israel e sua "responsabilidade"!! Oi vei! (aquela expressão em íidish usada para momentos de ... Oi? 

Assim, disponibilizo algo que está sendo pouco veiculado, mas tem uma importância fundamental. As posições de ODED LIFSCHITZ"L.




A Folha de SP cita que Oded era jornalista de esquerda, tinha 83 anos e como os demais foi sequestrado no Kibutz Nir Oz. No post acima é informado que pertencia à organização "Road to Recovery" que providenciava o transporte de crianças de GAZA para 36 hospitais israelenses. Oded fazia este transporte como voluntário. Entrava em Gaza, e trazia para Israel a criança e a(o) responsável para fazer tratamentos curtos ou longos. 

E nesta hora, quando lemos de novo a Parashá Mishpatim, que tem muitas passagens que precisam ser interpretadas à luz dos tempos, entendemos que um inimigo muitas vezes tem que ser identificado e denunciado. Conviver pacificamente com um inimigo mortal, neste caso foi abrir as portas para um grande desastre.

Vamos encerrar a semana de uma forma diferente, com o coração pesado, mas com a mente fervilhando por que sabemos que o futuro é de VIDA! 

Am Israel Chai! 


Regina P. Markus



quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

ACONTECE: Guerra entre robôs


Por Juliana Rehfeld




Enquanto torcemos para que este tênue acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas e Hezbollah continue para que todos os reféns sejam devolvidos, e torcemos para que muitos estejam vivos…. enquanto vemos imagens atuais que lembram demais a libertação dos campos de concentração... enquanto ouvimos propostas esdrúxulas, talvez inexequíveis para Gaza, mas que chacoalham paradigmas que se repetidos como há décadas não vão resolver a questão nem para israelenses nem para palestinos…. Enquanto tudo isso aconteceu esses dias, me ocorreu outra guerra, entre robôs, entre realidade e artificialidade, entre verdade e mentira, que nos leva a guardar aquilo que, afinal, acreditamos.

Quando pensamos em robôs, nós de certa idade, pensamos em máquinas que andam, giram e às vezes falam. Nossa imagem desses seres foi formada em seriados como Perdidos no Espaço de 1968 (o robô B9, ator fantasiado e dublado  com voz metálica) ou o desenho animado Os Jetsons de 1962 (a temperamental robô fêmea, Rose, empregada doméstica). Esses dois são icônicos, mas houve muitos outros ao longo das décadas, todos com estruturas cada vez mais parecidas conosco, os humanos, embora com os movimentos mais lentos e com pequenos pulos e giros, enfim, movimentos e presença artificiais. Mais de 200 anos se passaram entre a invenção do primeiro autômato em 1738 (Google me informou) e o B9 e a Rosie… Mas, de lá para cá, os avanços nestes “objetos automáticos“ têm sido impressionante e seu nome mudou para humanóides. Um dos mais modernos, lançado em 2023, a Meca, apresenta movimentos sutis, mudanças de expressão facial, e às vezes assusta de tão parecida conosco. E, é claro, a fala enlatada de B9 e Rosie foi substituída por uma voz cada vez mais suave e clara, com dicção melhor que a de muitos humanos, capaz de dar entrevistas impecáveis. O que era obviamente artificial é hoje assustadoramente real. Às vezes não assustadores mas apaixonantes, já há termos criados para quem é atraído por robôs, portanto não devem ser poucos, como “digisexualidade” - leia mais aqui

A tecnologia possibilitou o avanço impressionante das estruturas, mas o que definitivamente vem transformando esses “entes” cada vez mais em “indivíduos” são os algoritmos inteligentes (chamávamos de software, de "programas", e hoje são conhecidos e superfalados como Inteligência Artificial) que subrepticiamente (pelo menos na minha leiga opinião) foram sendo instalados nestas figuras e que lhes permitem ser “quase nós”. Somos muito parecidos, eles e nós. Mas ainda conseguimos distintingui-las, estas figuras, de nós, nossa família, nossos amigos… eles, afinal são “fake humanos”, falsos humanos…

Já quando esses algoritmos são instalados, não em estruturas que se movem ao nosso lado, mas sim em textos que lemos e imagens que vemos na internet, que são portanto virtuais e não presenciais, quão parecidos com a realidade ficam? Como saber se são reais (originais, verdadeiros) ou fake (falsos, alterados, mentirosos)? Como podemos acreditar no que estamos lendo, vendo ou ouvindo? Agora que descobrimos que podemos ver a imagem de alguém conhecido, famoso, dizendo qualquer coisa, imagem esta montada a partir de outras exibições deste alguém, com a capacidade de mover seus lábios como se estivesse dizendo mesmo aquelas coisas, quando, de fato, ele/ela nunca gravou nada disso? 

Já é extremamente difícil, muitas vezes, acreditar no que estamos vendo e ouvindo de humanos que nos cercam, ou que discursam e apresentam propostas, sobretudo na área política. É difícil para quem conhece o assunto, estudou o assunto, acreditar ou concordar na versão que alguém de verdade apresenta. Imagine para quem não conhece e nem estudou o assunto, como questionar algo apresentado por alguém renomado e famoso, ou parecido com ele …

E pensei e busquei informações sobre isso por causa de um vídeo que recebi esta semana. Ele foi feito em protesto ao discurso neo nazista, agressivamente antissemita, que vem sendo postado por um rapper e cantor negro americano que tem cerca de 20 milhões de seguidores. Ele é real e dissemina um ódio real para essa enorme quantidade de pessoas, que não é estudiosa neste assunto, dos quais muitos talvez nem judeus conheçam. Mas sei que ele se baseia em conteúdos  fake nos quais acredita… sabemos que muitos, menos famosos e influentes, também ignorantes de história ou de judaísmo, repetem e assim propagam fatos e notícias absolutamente falsos até para “surfar” na onda que está na moda, para ficar bem com grupos que só os aceitam se pensar igual… e somados, todos esses atingem grande parte dos humanos, pelo menos os que têm acesso à internet mas não a usam para estudar…

Achei o protesto excelente porque esse rapper tinha espaço demais para instilar o ódio, e merecia uma resposta, uma crítica, qualquer manifestação contrária! O que me intrigou pouco depois de receber esse vídeo foi ler que ele foi criado por Inteligência Artificial, escolhendo alguns famosos judeus que afirmaram que não se manifestaram sobre isso, nunca gravaram isso… o vídeo, então, é fake. A guerra de informação é um campo que se abriu e que não sabemos onde vai dar…

Só para encerrar: na Parasha Itró desta semana, após criar um novo sistema jurídico para melhor conseguir lidar com as questões, Moisés encontra Deus, e apesar da própria insegurança e dúvidas, acredita nele. E em determinado momento após anunciado, é população reunida, Deus “se aproxima do monte e entre trovões e som de shofar, fala a todos quem é e o que fará.” Ninguém o vê, mas todos ouvem. Ele se revela a todos para que ninguém duvide de Moisés… e todos acreditam. Apesar de algumas intrigas e resistências que levam até a construção de um bezerro de ouro para idolatrar, a maioria acredita e sustenta esse Deus e suas leis… até hoje, este é o povo judeu… e esta revelação é usada nas religiões abraâmicas…

Hoje não poderíamos ter uma revelação, não assim. Não sabemos quem fala, quem aparece, se o que fala tem fundamento, se seria bom seguir… estamos “cegos e surdos” em meio um tiroteio. Temos a nossa educação, individual e coletiva, e aquela que estamos passando para as próximas gerações, como escudo. E temos sim, de maneira real, que contra-atacar; que denunciar as mentiras.

É um mundo complexo e nós realmente estamos nele. Façamos o melhor possível.

Shabat Shalom

‘Mitzvá Legal’ - O adultério caducou?

 

O Adultério Caducou?


Por Angelina Mariz de Oliveira


A proibição de pessoas casadas terem relações sexuais com outras pessoas que não seu cônjuge é clara e direta na Torá. Nos Dez Mandamentos o sétimo pronunciamento é objetivo: “Não adulterarás” (Shemot, 20:13).

Na obra Mechiltá a proibição ao adultério é relacionada ao segundo mandamento, que proíbe a idolatria. Isso em decorrência da conclusão de que se alguém trai a relação conjugal, tem potencial para trair Deus.

Os Sábios também equiparam no conceito de adultério ao comportamento impróprio, de luxúria, não sendo necessária essencialmente a consumação da relação sexual, ou mesmo seus atos preliminares. Essa ampliação da definição de adultério permite incluir as modernas conexões sexuais virtuais quando praticadas por pessoas casadas.

Antes dos Dez Mandamentos, desde que Noé e seus filhos são salvos do Dilúvio, os sábios inferem que Deus proibiu o adultério para toda a humanidade. E ainda, quando os hebreus eram uma família de Jacó e seus filhos, lemos sobre a suspeita do adultério de Tamar, e a condenação à morte por apedrejamento proferida por Judá (Bereshit, 38:24).

Após a proibição expressa, a Torá vai reforçar e esclarecer o mandamento no livro de Vaikrá. Na tradução de Rashi:

MITZVÁ: “Não deite carnalmente com a mulher de seu próximo, uma vez que isso o impurificará com ela” (Vaikrá, 18:20, p. 206);

PENA: “Um homem que cometer adultério com a mulher de outro homem; que cometer adultério com a mulher de seu próximo, o adúltero e a adúltera serão mortos” (Vaikrá, 20:10, p. 232).

De acordo com o Tratado Sanhedrim do Talmude, a morte do homem e da mulher deveria ser por estrangulamento (52b). Se a adúltera, porém, fosse filha de um cohen, deveria ser executada pelo fogo.

Apesar da dureza das penas, encontramos vários relatos e denúncias de adultério na Bíblia Hebraica. Um caso emblemático foi a relação de David com Batsheva (Samuel II, cap. 11). O segundo rei de Israel, apesar de acusado pelo Profeta Natan, foi perdoado por Deus do adultério e do assassinato de Urias, esposo de Batsheva.

Após a queda do Segundo Templo, o Talmude nos traz regras que atenuam a aplicação da pena de morte aos adúlteros:

- Como em todas as penas capitais, era necessário que o adultério tivesse sido cometido voluntariamente e conscientemente, e que duas testemunhas tivessem advertido os adúlteros de que estavam transgredindo uma mitzvá;

- Só se aplicava à esposa de um judeu e a um homem judeu;

- O termo ‘homem’ exclui o menor de idade;

- A frase ‘quem comete adultério com a esposa de outro homem’ exclui a esposa de um menor, já que o casamento de um menor de idade é inválido;

- É excluída a esposa de um não judeu, e o não judeu que tiver relações sexuais com uma judia casada, porque não existe casamento judaico válido entre estas pessoas.

Nessas hipóteses não era aplicada a pena de morte, mas a de chibatadas (Sanhedrim, 52b).

Os rabinos do Talmude concluem, porém, que desde que não existem mais cohanim servindo no Templo, não há mais julgamentos de casos com condenação a penas capitais, e, portanto, é impossível aplicar esse tipo de sanção aos adúlteros (Sanhedrim, 52b).

Apesar desse entendimento, Maimônides, na Idade Média, vai relacionar em sua obra “Os 613 Mandamentos” a obrigação de condenar os adúlteros à morte pelo estrangulamento como preceito positivo 227. Já a proibição ao adultério é encontrada no preceito negativo 347.

No Brasil, o antigo Código Civil de 1916 determinava que o adultério autorizava o desquite (art. 317), mas não era suficiente para questionar a presunção de legitimidade dos filhos (art. 343). Esses comandos legais foram revogados em 1977 pela Lei nº 6.515, que não inclui o adultério como fato relevante para a relação conjugal ou para a dissolução do casamento.

No entanto na esfera criminal, o Código Penal instituído pelo Decreto-Lei nº 2848 de 1940, estabelecia que o adultério era crime contra o casamento: Art. 240 - Cometer adultério:

Pena – detenção, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses.- Incorre na mesma pena o co-réu. A ação penal somente pode ser intentada pelo cônjuge ofendido, e dentro de 1 (um) mês após o conhecimento do fato.

Esse tipo penal vigorou até 2005, quando foi revogado pela Lei nº 11.106. Ou seja, apesar de o adultério ter sido excluído pelo Direto Civil das questões que merecem interferência da legislação na esfera privada, por vinte e oito anos continuou sendo definido como crime, passível de detenção.

O adultério, no entanto, continua a ser objeto de litígios judiciais. A atual jurisprudência dos Tribunais de Justiça admite a condenação por dano moral em casos de adultério público (por exemplo no processo nº 1027925-45.2023.8.26.0002); ou então nos casos de falsa acusação de prática de adultério.

No âmbito penal, o Supremo Tribunal Federal julgou que o adultério da esposa não permite o feminicídio, sob alegação de ‘legítima defesa da honra’ (ADPF 779). Em seu voto o Ministro Dias Toffoli afirma:

“A traição se encontra inserida no contexto das relações amorosas. Seu desvalor reside no âmbito ético e moral, não havendo direito subjetivo de contra ela agir com violência”.

Se o adultério não é punido com a morte pela Lei Judaica, porque não existe o Templo e cohanim para julgarem; e se a Lei brasileira não prevê punição nas relações conjugais, ou consequências penais; então a traição entre marido e mulher está liberada?

Se não existe sanção legal ao adultério, então sua proibição deixa de ter sentido? Os motivos que dão origem ao comando de fidelidade conjugal não existem mais? Não são relevantes?

O Rabino Samson R. Hirsch observa que a proibição ao adultério tem relação com o “(...) mandamento de ‘frutificai, multiplicai’ (Bereshit 2:15), que é o propósito mais sublime da vida conjugal. Esse propósito santifica a vida conjugal e promove a construção moral da humanidade, e é a condição fundamental para a santidade da vida conjugal. Aquele que se deita com a mulher de seu companheiro mina o fundamento moral da humanidade”.

Realmente, uma das questões subjetivas ao adultério é a paternidade dos filhos. Também são sensíveis os aspectos quanto à fidelidade, ao sentimento de ser proprietário do outro cônjuge, ao ciúmes, divisão de bens comuns, dever de sustentar, entre outros.

Hoffman, citado pelo Rabino W. Gunther Plaut, entende que a proibição ao adultério se aplica a toda a humanidade, porque Deus requer de todos um nível básico de moralidade sexual. Lembrando que a proibição ao adultério é listada como uma das Sete Leis de Noé, válidas para todos os seres humanos.

Para finalizar, vamos encontrar uma sábia e ponderada sugestão de como lidar contemporaneamente com a questão do adultério nos ensaios do Rabino W. Gunther Plaut, que analisa as regras judaicas acerca das relações sexuais de casados com pessoas que não sejam seus cônjuges: “o balanço total é positivo em termos de estabilidade, bem-estar da criança e transmissão de padrões morais e sociais. À luz desses resultados, mesmo os mais críticos das normas tradicionais de moralidade sexual serão bem aconselhados a examiná-las cuidadosamente, antes de rejeitá-las como ultrapassadas” (A Torá, Um Comentário Moderno, p. 787).


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

VOCÊ SABIA? - Refugiados Vietnamitas

 

CARIDADE    JUSTIÇA SOCIAL    HUMANIDADE

Por Itanira Heineberg


Tzedakah – Ajudar os necessitados a se tornarem suficientes. “Maimônides”



Tikun Olam: Nos ensinamentos judaicos, qualquer atividade que melhore o mundo, aproximando-o do estado harmonioso para o qual foi criado. 



Você sabia que em um momento histórico do país, Israel aceitou refugiados de um conflito distante? De 1977 a 1979 o então primeiro-ministro Menachem Begin acolheu cerca de 360 vietnamitas que fugiam de barco e iam de porto em porto buscando refúgio, ficando conhecidos como “O Povo do Barco”. Para salvar suas vidas da tomada comunista de seu país Israel lhes concedeu cidadania, direitos plenos e apartamentos subsidiados pelo governo.

 

Grande feito para um país tão pequeno em termos territoriais.

 


“Em 30 de abril de 1975, Saigon, até então capital do Vietnã do Sul, foi derrubada diante da entrada das forças comunistas do norte, marcando o fim de uma intervenção militar americana de quase duas décadas no país asiático. Foi um momento humilhante para o país mais poderoso do mundo.”

Um grupo de vietnamitas do sul não aceitou a derrota e a submissão ao novo regime e fugiu em um barco. Não foram autorizados a descer em Bangkok, na Tailândia, e em vários outros países asiáticos. Enquanto navegavam de porto em porto em busca de refúgio e acolhimento, ficaram conhecidos como Boat People, o Povo do Barco.

Após dois anos de peregrinação marítima foram convidados por Israel para aportarem e se estabelecerem no país.





De 1977 a 1979, O Primeiro-Ministro Menachem Begin recebeu cerca de 360 vietnamitas que fugiam para salvar suas vidas da tomada comunista de seu país. Israel concedeu-lhes condição, direitos e deveres de cidadãos e moradia.

 

Como esses refugiados se saíram na Terra Prometida? Eles ainda estão morando em Israel?

Assistamos agora a um vídeo que mostra a acolhida do Primeiro Ministro ao povo do barco e sua chegada a Sderot, onde os aguardavam um teto seguro, lençóis e toalhas confortáveis, alimentos e a certeza de terem chegado a uma terra hospitaleira.



 

 

E qual a situação dos vietnamitas do Sul em Israel hoje?

De acordo com um porta-voz da Embaixada do Vietnã em Tel Aviv, há de 150 a 200 refugiados e seus descendentes ainda vivendo em Israel. Huynh acrescenta que mais da metade dos refugiados vietnamitas originais deixaram Israel, principalmente para a Europa e América do Norte, onde se reuniram com suas famílias.

E fica aqui a pergunta que me ficou, ao conhecer a história do Povo do Barco: como definir a ação de Israel?

Tzedakah ou Tikun Olam?

Após muito pensar neste assunto e após inquirir alguns amigos, concluí que não sei responder.

Tzedakah, ou a ajuda material para quem dela necessita, para os judeus, não é questão de caridade, implica mais do que generosidade, mais ainda do que pode ser esperado; tzedakah na tradição judaica é uma exigência.

Para Maimônides, não devemos esperar que nos peçam, não devemos permitir a miséria, devemos doar incógnitos, antecipadamente.

Para o rabino Akiva, todo ser humano — judeu ou não, como eu ou não, próximo ou não — é criado à imagem de Deus.

Já Tikkun olam é trabalhar para produzir um mundo onde cada ser humano possa viver como se ele/ela tivesse sido criado/a à imagem de Deus.

Voltando aos vietnamitas do sul, ao seguirem suas crenças perderam seu torrão natal, e descobriram com surpresa e terror, que já não tinham onde se estabelecer. O mundo pode ser cruel. Por mais de dois mil anos os judeus não tiveram onde baixar suas âncoras e atracar com segurança.

Em ambos os casos houve necessidades materiais, muita dor, sofrimento, angústias e apreensões.

Mas Israel, já então dono de seu Estado, agiu magnanimamente, acolhendo com carinho e compreensão o sofrido povo do barco.

Esta tarefa é mais do que tzedakah, apesar dos apartamentos oferecidos, dos móveis, dos colchões e cobertas.

Esta tarefa é também Tikun Olam, justiça social ou seja, responsabilidade humana de consertar o que está errado no mundo, com a convicção de que os judeus devem liderar pelo exemplo.

Esta combinação de conceitos, caridade, justiça social, e a coalizão das ações humanas nesta história, me levam a lembrar o encontro das águas de um rio entrando no mar. Como separar as águas salgadas das águas doces na foz de um rio?

Fica aqui para você, leitor, uma questão para refletir.




FONTES:

https://www.timesofisrael.com/35-years-on-where-are-israels-vietnamese-refugees/

https://www.myjewishlearning.com/article/tikkun-olam-repairing-the-world/

https://aish.com/what-does-tikkun-olam-really-mean/

https://jewishjournal.com/judaism/225990/real-meaning-tikkun-olam/

https://www.myjewishlearning.com/article/tzedakah-101/

https://www.timesofisrael.com/35-years-on-where-are-israels-vietnamese-refugees/     


quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

ACONTECE: Laranja - O mundo em movimento - Shabat Shirá



Os símbolos do Hoje



Unindo forças e construindo imagens para transformar em palavras que possam marcar o que vem acontecendo. Estamos em um processo em andamento. A primeira fase da trégua entre Israel e Gaza terminou com a chegada de reféns no domingo. Na terça-feira (4/02) foi dado início no Catar às discussões para a implementação da segunda fase. Foram muitos os acontecimentos da semana. A visita do Primeiro-Ministro de Israel aos Estados Unidos, os dicursos proferidos no Congresso e na Casa Branca. O posicionamento do Presidente dos Estados Unidos a favor de Israel, e a criação de vários fatos novos. Assistir na íntegra aos dois discursos, e acompanhar o tom agitado imprimido pelos jornalistas presentes, é um ponto importante para poder formar opinião. 

Chavões como o célebre "do Rio ao Mar"- implicando que o Estado Judeu deve desaparecer do mapa. E quantos mapas encontramos publicados no Brasil, inspirados em mapas de movimentos islâmicos que pregam a extinção do Estado de Israel, circulam livremente! Aqui é preciso levantar a voz e grifar o texto: "esta não é a opinião do mundo árabe e nem a opinião do mundo islâmico". Esta é a opinião de um forte grupo ligado à Jihad Islâmica, movimentos palestinos, Irmandade Árabe, Irã dos ayatolás, Hezbollah, Houtis. Neste grupo temos aqueles que assumiram oficialmente a direção da Faixa de Gaza, pois foram eleitos, grupos que controlavam a Síria, e que tinham importante poderio sobre o Líbano. Mas, de forma alguma representam a maioria dos Estados Árabes. Estes ocupam um território gigantesco que vai do Oceano Atlântico até o Oceano Índico. Lembro que não é todo este o mundo islâmico, pois muitos países como a Indonésia e Turquia não são árabes.

Fica então a questão do Egito. Esta semana lemos a parashá Beshalach - o povo judeu inicia a saída do Egito. E o Egito é árabe? Naquela época não existia o conceito. Cleópatra, por exemplo, era de origem grega. Os árabes conquistaram o Egito no ano 641. Assim, a identidade egípcia é complexa e multifacetada.

A primeira fase da trégua termina com a libertação de 33 reféns, incluindo 5 trabalhadores tailandeses. Histórias de tortura e sofrimento vão sendo reveladas a conta-gotas. Histórias de capacidade pessoal de seguir num dia-a-dia terrível. Pessoas mantidas por meses em jaulas, sem alimento e tanto mais. Mas hoje quero lembrar as maravilhosas recepções, os emocionantes encontros com familiares e amigos e para alguns a saída dos hospitais e a chegada em suas cidades. Outros, que moravam na fronteira com a faixa de Gaza, não têm como voltar para suas casas. Vilas (kibutzim e moshaviam) foram todos destruídos. As pessoas iam sendo levadas e as residências e outras pessoas queimadas e mortas. Hoje, no dia 6 de fevereiro, vários grupos publicaram material encontrado em um dos túneis do norte de Gaza mostrando que no dia 23 de setembro de 2023, 25 comandantes do Hamas receberam documentos detalhando de forma precisa os planos do estrategista Mohammed Deif executado no dia 7 de outubro. O dia mais terrível da história do moderno estado de Israel. Segundo o canal 11 de notícias de Israel, que obteve cópia do documento, foguetes seriam disparados para todos os cantos de Israel simultaneamente. E isto aconteceu. Saímos correndo para o bunker pela primeira vez. Ao mesmo tempo haveria uma invasão por terra cruzando a fronteira em toda a extensão. Deif escreve que isto seria feito por "voluntários civis" sob o comando de Yahia Sinwar. Eram homens e mulheres pertencentes ao Hamas e treinados para torturar e matar. Impor o terror era o objetivo. Yahia Simwar e Mohamed Deif foram eliminados muitos meses depois por ações do exército de Defesa de Israel.

LARANJA - GINGI - DJINDJI - a cor do cabelo dos irmãos BIBAS - A COR da ESPERANÇA ou do DESESPERO - vamos esperar para ver o que vem... o que aconteceu com um bebê (Kfir) que comemorou o primeiro e segundo ano de vida em condições que nem imaginamos, seu irmão (Ariel) e mãe (Shiri). O pai, Yarden, foi liberado na primeira fase. Eles foram sequestrados no Kibutz Nir Oz. Se quiser olhar como está sua residência hoje, abra o link de uma visita organizada pela Stand With Us com o apoio do Pin for Peace.




Israel esperou um mês para iniciar atividades do Exército de Defesa dentro da Faixa de Gaza, e ficou evidente a força que o grupo terrorista Hamas tinha. Foi surpreendente revelar a quantidade de armamentos e a organização preparadas para destruir o Estado de Israel. Jogar os judeus no mar, como costumam propagar. 

Agora pergunto: com a quantidade de recursos enviados para Gaza desde 2005, quando Israel retirou-se daquele território, o que foi construído? Escolas? Hospitais? Centro de Ciências? Centros Turísticos? Estradas? Parques? Não sei responder oficialmente. Há pessoas que lá estiveram que contam as maravilhas das praias. Como era bom ir a alguns locais, e como era proibitivo ir a outros. Conheço fotos das comunidades agrícolas judaicas da faixa de Gaza antes de 2005. De lá vinha o mais doce tomate cereja, uma inovação agrícola que agrada aos paladares de todo o mundo.

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E Israel? O que aconteceu neste ano e meio de drones e ataques a pessoas andando nas ruas, paradas no pontos de ônibus? O que aconteceu com uma população que por meses tinha que diariamente se esconder por horas em abrigos anti-aéreos? Uma população que abre mão de filhos, filhas, maridos e esposas para proteger a nação.

Hoje quero dar um depoimento em primeira mão. Na quarta-feira dia 5 de fevereiro ocorreu a reunião das Diretorias dos Amigos do Instituto Weizmann de Israel. A reunião foi online, dirigida pelo Presidente Prof. Alon Chen, e contou com 110 participantes.

Foi feita uma apresentação sobre os avanços nos últimos dois anos. Está ocorrendo um aumento importante da área construída, planejada de acordo com os avanços científicos e educacionais programados. O estabelecimento de um "Jardim Botânico" distribuído por toda área externa do campus e organizado por biomas ou áreas de interesse de investigação dá uma ideia do planejamento de ambientes que possam ampliar a capacidade de gerar e transferir conhecimentos. O campus atualmente é todo alimentado por energia verde e solar. Sem querer fazer um relatório, gostaria de pontuar o que mais impressionou: foi dada a notícia em primeira mão de que as autoridades israelenses aprovaram o estabelecimento de uma Faculdade de Medicina. A arquitetura será muito semelhante à do Hospital Albert Einstein em São Paulo, ambos os projetos são da Safdie Arquitetura.

Este será o primeiro curso no mundo em que todos os alunos obterão o título de doutor (PhD) antes do título de MD (medical doctor). Ou seja, durante os estudos biomédicos, todos terão a chance de desenvolver pesquisas inéditas e defender teses de doutorado. Foi também frisado que estas não se restringirão a matérias clássicas da área biomédica, mas poderão estar voltadas a Física, Matemática, Inteligência Artificial, etc. Inédito? Sim, se considerarmos que isto será regra geral para todos os alunos e criará um ambiente de questionamento e inovação de suma importância. Mas aqui temos que lembrar que há 50 anos foi criado na USP o Curso de Ciências Moleculares. O modelo inclui a obtenção do doutorado, e depois, alunos que ingressaram na universidade via uma Faculdade de Medicina obtêm o grau profissionalizante. O intercâmbio entre o Moleculares-USP e o Weizmann tem sido frequente.




O próximo Shabat é o Shabat Shirá - Shabat da Canção ou do Cantar! Sim, ao chegar nas margens do Iam Suf (Mar Vermelho), o Exército do Faraó vinha atrás, e Moshé ordenou "Sigam em Frente! D'us fará um milagre. O mar recuará". E as águas do Mar se abriram o Povo de Israel e as demais pessoas que saíram juntas do Egito atravessaram. Miriam, irmã de Moshé, canta uma música que entoamos todo Shabat - Mi Chamocha!

Quanto mais para comentar! Vamos esperar que as demais etapas da trégua possam vir e hoje vale lembrar o que falou Rabi Isaac de Luria, o Leão da Cabala (Arizal): "A bênção flui mais abundantemente quando aceitamos o lugar onde estamos e reconhecemos que todas as almas têm seu espaço no plano divino".

Am Israel Chai

Regina P. Markus