Por Itanira Heineberg
Você Sabia
que Eliezer Ben Yehuda (17/01/1858 – 16/12/1922) foi o responsável pelo
renascimento da língua hebraica na Terra de Israel entre o final do século XIX
e início do século XX?
Com certeza ele
é a celebridade de maior relevo neste assunto, destacando-se como fundador do
Comitê de Língua Hebraica, fundador e editor do jornal ‘Hatzvi’ e do jornal
‘Hashkafa’, além de escrever o
Dicionário Ben Yehuda.
O visionário
nascido na Lituânia transformou ou reconstruiu uma língua antiga em uma língua
falada.
Ele nasceu em
Vilna, e aos cinco anos de idade perdeu seu pai. Sua mãe o enviou para a
yeshiva - escola, ‘Heder’. Após seu Bar Mitzvah em 1871, foi enviado à casa de
seu tio na cidade Polotsk.
Seu tio, o
líder da yeshiva rabino Yossi Bloikr, defendia o enriquecimento humano pela educação,
e Eliezer logo se identificou com ele. Em um estudo conjunto, Eliezer descobriu
a gramática do hebraico e apaixonou-se pela aprendizagem da língua. Ele interessou-se
pela ideia do renascimento da língua hebraica como uma nova literatura.
Admiremos
aqui a capacidade e dedicação de uma só pessoa de pensar grande e optar pelo
hebraico, uma língua não mais usada para comunicação desde os tempos bíblicos,
destituída de palavras e conceitos atuais, no intuito de trazê-la de volta à
circulação.
Em Polotsk,
conheceu pessoas estudiosas como Shlomo Naftali Jonas, passando a mergulhar na
cultura geral e educação, dedicando-se ao estudo do russo, o que o levou a
deixar o Beit Midrash e aceitar o secularismo. Tornou-se amigo e companheiro de
estudos de Dvorah, filha de Jonas, que mais tarde viria a ser sua esposa.
“Em 1873
ele voltou ao lar materno e iniciou seus estudos no Gymnasium em Dienburg. Por
um ano estudou com a ajuda de um dos alunos do Gymnasium o material das três
primeiras séries da Escola Reali e em 1874 começou a estudar em sua quarta
série. Ele estudou lá por três anos, e em 1877 se formou na escola com um
diploma do ensino médio. No entanto, na Rússia, ele não teve permissão para
estudar na universidade e, em 1878, estudou medicina em Paris. Emitiu um
passaporte para o propósito da viagem, no qual ele foi registrado como
“Elianov” ao invés de “Perlman”. Por um ano ele estudou francês e em 1879 foi
aceito como estudante de medicina, residindo naquele país por quatro anos.”
Em Paris
trabalhava para se sustentar, traduzindo do francês para o russo. Foi então que
contraiu tuberculose e teve de parar seus estudos.
“Em
fevereiro 1880 começou a estudar francês e geografia, a doença se agravou e ele
foi hospitalizado no “Rothschild” em Paris entre 19 fevereiro e 18 março de
1880. Resolveu fazer um tratamento na Argélia, lugar conhecido por sua cura em
pacientes com tuberculose, onde passou o inverno de 1880-1881. Entre março e maio
de 1881, retornou a Paris. Escreveu a Jonas e sua filha Dvorah e informou-os de
seu desejo de se estabelecer em Israel, e pediu Dvorah em casamento. No verão de 1881 chegou a
Viena, onde se encontrou com ela viajaram para Romênia e Istambul até o Cairo,
onde se casaram. Em outubro de 1881, eles desceram nas margens de Jaffa.”
Na Palestina então
governada pelo Império Otomano, escolheu estabelecer-se em Jerusalém. Encontrou um
emprego como professor na escola Alliance Israelite Universelle.
“Motivado
pelos ideais circundantes de renovação e rejeição do estilo de vida da
Diáspora, Ben-Yehuda começou a desenvolver uma nova linguagem que poderia
substituir o iídiche e outros dialetos regionais como um meio de comunicação
cotidiana entre os judeus que fizeram aliah de várias regiões do mundo.
Ben-Yehuda considerava o hebraico e o sionismo como simbióticos: “A língua
hebraica só pode viver se nós reavivarmos a nação e a devolvermos à pátria”,
escreveu ele.”
Fiel ao seu
propósito, Ben-Yehuda batalhou junto ao Comitê do Idioma Hebraico para que, ao
citar os registros do Comitê, “para suplementar as deficiências do idioma
hebraico, o Comitê enumerasse as palavras de acordo com as regras da gramática
e da analogia linguística de raízes semíticas: aramaico e especialmente de
raízes arábicas.”
“Em
1881, ao chegar à Palestina, o hebraico não era a língua falada pelo povo judeu
desde a época da Bíblia. No entanto, graças a Ben-Yehuda, em 1922, pioneiros
judeus falavam hebraico suficiente para que as autoridades do Mandato Britânico
o reconhecessem como a língua oficial dos judeus na Palestina.”
Uma
curiosidade interessante, Ben-Yehuda criou seu filho, Ben Tzion (“Filho de
Sião”), falando apenas em hebraico. Ele não permitia que seu filho escutasse
outras línguas durante a infância. Certa vez ele até repreendeu sua esposa por
cantar uma canção de ninar russa. Assim sendo, seguindo as exigências de seu
pai, Ben Tzion tornou-se o primeiro falante nativo do hebraico moderno como
língua materna.
Ben Yehuda
foi casado duas vezes. Dvorah morreu em 1891 de tuberculose, deixando-o com
cinco filhos pequenos. Seu último desejo era que Eliezer se casasse com sua
irmã mais nova, Paula Beila.
Logo após a
morte de Dvorah, três de seus filhos morreram de difteria dentro de um período
de 10 dias. Seis meses depois, ele se casou com Paula, que levou o nome
hebraico “Hemda”. Hemda Ben-Yehuda tornou-se uma jornalista e autora talentosa,
garantindo a conclusão do dicionário hebraico nas décadas após a morte de
Eliezer, além de mobilizar a captação de recursos e coordenar comitês de
acadêmicos na Palestina e no exterior.
Ben Yehuda
Street em Jerusalém, a primeira rua para pedestres no país, começou como um
oásis de modernidade e ocidentalidade, mas logo os judeus ortodoxos começaram a
visitá-la, atraindo sua comunidade que passou a frequentar esta via, e hoje em
dia a mistura de culturas é total.
Esta rua
acima, bem como as demais em Tel Aviv e outras localidades, é uma homenagem a
este grande homem, lutador perseverante por aquela ideia que seria a melhor
para representar seu povo e sua terra.
Ele encontrou
mais inspiração em movimentos nacionalistas europeus ao constatar que países
antigos como Itália e Grécia tornaram-se independentes e em 1877, ao terminar o
ensino médio, acompanhou a guerra russo-turca com destaque ao movimento
nacional búlgaro que buscava a independência dos otomanos. Imaginando os
judeus como uma nação semelhante aos búlgaros, gregos e italianos, Ben-Yehuda
decidiu ajudar a criar uma nação onde os judeus pudessem adotar o hebraico como
sua língua nacional.
“Logo
depois, Ben-Yehuda descobriu que as comunidades judaicas usavam o hebraico para
se comunicar quando outras línguas não eram suficientes. (Os historiadores
agora sabem que esse fenômeno existia desde a Idade Média na Europa e no
Oriente Próximo.) Em Jerusalém, por exemplo, os judeus falavam iídiche, francês
ou árabe coloquialmente.
No
entanto, nas raras ocorrências em que assuntos intercomunitários exigiam
comunicação verbal, uma forma modificada do hebraico medieval era a língua
comum. O hebraico falado nesses contextos estava longe do que seria necessário
para uma língua nacional moderna, mas as notícias, no entanto, inspiraram
Ben-Yehuda a se mudar para a Palestina.
O secular
Ben-Yehuda, a exemplo do que acontece com as ideias inovadoras, encontrou
resistência em alguns grupos. Mas não se deixou abater, manteve-se firme em seu
projeto, continuou a falar hebraico, convencendo outras famílias da crescente
comunidade de nacionalistas judeus seculares na Palestina a fazerem o mesmo.”
Grande
exemplo de idealismo, trabalho e devoção. Missão quase impossível!
Apresentaremos
agora um curto vídeo sobre este idealista que recuperou um tesouro da história
de seu povo em benefício do mesmo.
FONTES:
https://www.moreshetisrael.com/eliezer-ben-yehuda/
https://www.tudosobrejerusalem.com/rua-ben-yehuda
https://www.myjewishlearning.com/article/eliezer-ben-yehuda/
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