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terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

VOCÊ SABIA? - O pai do hebraico moderno

 


Por Itanira Heineberg


Você Sabia que Eliezer Ben Yehuda (17/01/1858 – 16/12/1922) foi o responsável pelo renascimento da língua hebraica na Terra de Israel entre o final do século XIX e início do século XX?

Com certeza ele é a celebridade de maior relevo neste assunto, destacando-se como fundador do Comitê de Língua Hebraica, fundador e editor do jornal ‘Hatzvi’ e do jornal ‘Hashkafa’,  além de escrever o Dicionário Ben Yehuda.

O visionário nascido na Lituânia transformou ou reconstruiu uma língua antiga em uma língua falada.



Ele nasceu em Vilna, e aos cinco anos de idade perdeu seu pai. Sua mãe o enviou para a yeshiva - escola, ‘Heder’. Após seu Bar Mitzvah em 1871, foi enviado à casa de seu tio na cidade Polotsk.

Seu tio, o líder da yeshiva rabino Yossi Bloikr, defendia o enriquecimento humano pela educação, e Eliezer logo se identificou com ele. Em um estudo conjunto, Eliezer descobriu a gramática do hebraico e apaixonou-se pela aprendizagem da língua. Ele interessou-se pela ideia do renascimento da língua hebraica como uma nova literatura.

Admiremos aqui a capacidade e dedicação de uma só pessoa de pensar grande e optar pelo hebraico, uma língua não mais usada para comunicação desde os tempos bíblicos, destituída de palavras e conceitos atuais, no intuito de trazê-la de volta à circulação.

Em Polotsk, conheceu pessoas estudiosas como Shlomo Naftali Jonas, passando a mergulhar na cultura geral e educação, dedicando-se ao estudo do russo, o que o levou a deixar o Beit Midrash e aceitar o secularismo. Tornou-se amigo e companheiro de estudos de Dvorah, filha de Jonas, que mais tarde viria a ser sua esposa.

 

“Em 1873 ele voltou ao lar materno e iniciou seus estudos no Gymnasium em Dienburg. Por um ano estudou com a ajuda de um dos alunos do Gymnasium o material das três primeiras séries da Escola Reali e em 1874 começou a estudar em sua quarta série. Ele estudou lá por três anos, e em 1877 se formou na escola com um diploma do ensino médio. No entanto, na Rússia, ele não teve permissão para estudar na universidade e, em 1878, estudou medicina em Paris. Emitiu um passaporte para o propósito da viagem, no qual ele foi registrado como “Elianov” ao invés de “Perlman”. Por um ano ele estudou francês e em 1879 foi aceito como estudante de medicina, residindo naquele país por quatro anos.”

 

Em Paris trabalhava para se sustentar, traduzindo do francês para o russo. Foi então que contraiu tuberculose e teve de parar seus estudos.

“Em fevereiro 1880 começou a estudar francês e geografia, a doença se agravou e ele foi hospitalizado no “Rothschild” em Paris entre 19 fevereiro e 18 março de 1880. Resolveu fazer um tratamento na Argélia, lugar conhecido por sua cura em pacientes com tuberculose, onde passou o inverno de 1880-1881. Entre março e maio de 1881, retornou a Paris. Escreveu a Jonas e sua filha Dvorah e informou-os de seu desejo de se estabelecer em Israel, e pediu  Dvorah em casamento. No verão de 1881 chegou a Viena, onde se encontrou com ela viajaram para Romênia e Istambul até o Cairo, onde se casaram. Em outubro de 1881, eles desceram nas margens de Jaffa.”

 

Na Palestina então governada pelo Império Otomano, escolheu  estabelecer-se em Jerusalém. Encontrou um emprego como professor na escola Alliance Israelite Universelle.

 

“Motivado pelos ideais circundantes de renovação e rejeição do estilo de vida da Diáspora, Ben-Yehuda começou a desenvolver uma nova linguagem que poderia substituir o iídiche e outros dialetos regionais como um meio de comunicação cotidiana entre os judeus que fizeram aliah de várias regiões do mundo. Ben-Yehuda considerava o hebraico e o sionismo como simbióticos: “A língua hebraica só pode viver se nós reavivarmos a nação e a devolvermos à pátria”, escreveu ele.”

 

Fiel ao seu propósito, Ben-Yehuda batalhou junto ao Comitê do Idioma Hebraico para que, ao citar os registros do Comitê, “para  suplementar as deficiências do idioma hebraico, o Comitê enumerasse as palavras de acordo com as regras da gramática e da analogia linguística de raízes semíticas: aramaico e especialmente de raízes arábicas.”

 

“Em 1881, ao chegar à Palestina, o hebraico não era a língua falada pelo povo judeu desde a época da Bíblia. No entanto, graças a Ben-Yehuda, em 1922, pioneiros judeus falavam hebraico suficiente para que as autoridades do Mandato Britânico o reconhecessem como a língua oficial dos judeus na Palestina.”

 

Uma curiosidade interessante, Ben-Yehuda criou seu filho, Ben Tzion (“Filho de Sião”), falando apenas em hebraico. Ele não permitia que seu filho escutasse outras línguas durante a infância. Certa vez ele até repreendeu sua esposa por cantar uma canção de ninar russa. Assim sendo, seguindo as exigências de seu pai, Ben Tzion tornou-se o primeiro falante nativo do hebraico moderno como língua materna.

Ben Yehuda foi casado duas vezes. Dvorah morreu em 1891 de tuberculose, deixando-o com cinco filhos pequenos. Seu último desejo era que Eliezer se casasse com sua irmã mais nova, Paula Beila.

Logo após a morte de Dvorah, três de seus filhos morreram de difteria dentro de um período de 10 dias. Seis meses depois, ele se casou com Paula, que levou o nome hebraico “Hemda”. Hemda Ben-Yehuda tornou-se uma jornalista e autora talentosa, garantindo a conclusão do dicionário hebraico nas décadas após a morte de Eliezer, além de mobilizar a captação de recursos e coordenar comitês de acadêmicos na Palestina e no exterior.



Ben Yehuda Street em Jerusalém, a primeira rua para pedestres no país, começou como um oásis de modernidade e ocidentalidade, mas logo os judeus ortodoxos começaram a visitá-la, atraindo sua comunidade que passou a frequentar esta via, e hoje em dia a mistura de culturas é total.

 

Esta rua acima, bem como as demais em Tel Aviv e outras localidades, é uma homenagem a este grande homem, lutador perseverante por aquela ideia que seria a melhor para representar seu povo e sua terra.

Ele encontrou mais inspiração em movimentos nacionalistas europeus ao constatar que países antigos como Itália e Grécia tornaram-se independentes e em 1877, ao terminar o ensino médio, acompanhou a guerra russo-turca com destaque ao movimento nacional búlgaro que buscava a independência dos otomanos. Imaginando os judeus como uma nação semelhante aos búlgaros, gregos e italianos, Ben-Yehuda decidiu ajudar a criar uma nação onde os judeus pudessem adotar o hebraico como sua língua nacional.

 

“Logo depois, Ben-Yehuda descobriu que as comunidades judaicas usavam o hebraico para se comunicar quando outras línguas não eram suficientes. (Os historiadores agora sabem que esse fenômeno existia desde a Idade Média na Europa e no Oriente Próximo.) Em Jerusalém, por exemplo, os judeus falavam iídiche, francês ou árabe coloquialmente.

No entanto, nas raras ocorrências em que assuntos intercomunitários exigiam comunicação verbal, uma forma modificada do hebraico medieval era a língua comum. O hebraico falado nesses contextos estava longe do que seria necessário para uma língua nacional moderna, mas as notícias, no entanto, inspiraram Ben-Yehuda a se mudar para a Palestina.

O secular Ben-Yehuda, a exemplo do que acontece com as ideias inovadoras, encontrou resistência em alguns grupos. Mas não se deixou abater, manteve-se firme em seu projeto, continuou a falar hebraico, convencendo outras famílias da crescente comunidade de nacionalistas judeus seculares na Palestina a fazerem o mesmo.”

 

Grande exemplo de idealismo, trabalho e devoção. Missão quase impossível!

Apresentaremos agora um curto vídeo sobre este idealista que recuperou um tesouro da história de seu povo em benefício do mesmo.

 



 

FONTES:

https://www.moreshetisrael.com/eliezer-ben-yehuda/

https://www.tudosobrejerusalem.com/rua-ben-yehuda

https://www.myjewishlearning.com/article/eliezer-ben-yehuda/

 


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