Por Itanira Heineberg
Você sabia que a Ben-Gurion University of the Negevm –
BGU - em seus três campi Beer-Sheva, Sde Boker e Eilat, nas horas mais negras
de sua história no pós 7 de Outubro de 2023, demonstrou notável resiliência frente à trágica adversidade do momento?
O Negev, vasta região desértica que cobre 60% do
território israelense, abriga apenas 10% da população e é também sede da
Universidade Ben-Gurion e de muitas das comunidades atacadas pelos terroristas
do Hamas em 7 de outubro.
O campus principal em Beer-Sheva fica a apenas 35
quilômetros de Gaza. Havia vários estudantes no local do festival de música
Nova, e vários funcionários e suas famílias habitantes da região oeste do
Negev, ou na região de Gaza.
Hoje a universidade computa 111 mortos incluindo os
assassinados em 7 de outubro, bem como soldados mortos. Cerca de 6.600
estudantes, professores, funcionários e administração foram convocados para o serviço
militar, a reserva, e nem todos retornaram. Aproximadamente 2.000 ainda estão
lutando.
O impacto do massacre do Hamas foi direto e
desproporcional. Na realidade todos em Israel vivenciaram essa guerra. Cada
família conhece alguém, mas no Negev é definitivamente desproporcional.
Literalmente, os filhos de todos os professores e funcionários estão lutando.
Todas as mulheres mais jovens na faixa
dos 30 anos e seus maridos estão lutando. As pessoas pesquisam no WhatsApp
tentando descobrir o que vai acontecer no próximo momento. É uma situação muito
surreal.
Noa Argamani, resgatada em junho de 2024, aluna de Sistemas de Informação estava no
festival e foi forçada a se separar de seu namorado Avinatan Or, ainda refém do Hamas, também aluno
da BGU.
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Noa relembra cativeiro do Hamas na ONU: 'Não conseguia me mover, respirar. Estar aqui hoje é um milagre' |
As aulas, obviamente, deveriam começar em 15 de outubro, mas isto só aconteceu mais tarde, em 31 de dezembro. O reitor da universidade, Professor Daniel Chamovitz, fez o possível para que nenhum aluno ficasse para trás. Mas, em algum momento, tiveram de retomar as aulas. E hoje, quando você vai ao campus, percebe que não está prosperando, mas já está funcionando. Há uma nova normalidade na vida em Israel e também no campus.
Mas não há nada de normal nesse novo normal.
Em 7 de outubro a universidade teve que fechar por causa
da guerra – passando de um centro de atividades para um porto seguro de apoio ao
corpo docente e discente, mas também à comunidade – um centro logístico, por
assim dizer. A universidade passou a abrigar em seus dormitórios famílias
evacuadas e também profissionais médicos do centro do país que precisavam de
ajuda. O Soroka, que é o principal hospital do Negev e também o hospital-escola
das duas faculdades de medicina, tem um relacionamento muito próximo com o
Centro Médico Soroka. Os estudantes de
medicina imediatamente se tornaram médicos de triagem de emergência. Eles
aprendem fazendo.
Os alunos de Serviço Social e Psicologia se tornaram uma
espécie de assistentes sociais. Todos fazendo o que podiam e, de certa forma,
sentindo-se muito bem com isso. É difícil dizer que houve um lado positivo em 7
de outubro. Mas a resiliência que o país demonstrou na universidade, em
particular, é incrível e bastante inspiradora.
Quando você visita o campus de Beer-Sheva, da UBG do
Negev, sente que de certa forma está em uma nação de startups turbinada. Tem a
Universidade Ben-Gurion e o hospital Soroka, o parque de tecnologia avançada
que conta com 3.000 funcionários e 70 empresas multinacionais, bem em frente à
estação de trem de alta velocidade, que leva você à Tel Aviv em pouco mais de
uma hora.
Ali se destacam a força acadêmica em engenharia, ciências
da computação, TI e segurança cibernética.
A capital cibernética de Israel é, na verdade, Beer-Sheva.
A base da IDF adjacente é chamada de sistemas de defesa
do século 22, tecnologia de defesa por satélite de sensoriamento remoto.
A base da Força Aérea de Hatzerim fica no Negev, onde
todos os membros da Força Aérea israelense ganham suas asas, mas, na verdade,
eles obtêm seu diploma, seu diploma acadêmico, na Universidade Ben-Gurion.
Com certeza, David Ben Gurion ao profetizar “fazer o deserto florescer”, tinha esta imagem
em mente, uma ideia viva de seu sonho.
Em 15 de abril 2025, durante o evento beneficente da
A4BGU em Houston, o CEO Doug Seserman compartilhou o papel vital da BGU na
recuperação de Israel, observando:
“A resposta da universidade às atrocidades do Hamas está
mostrando o quão vital a instituição é para a notável resiliência de toda a
nação.”
A seguir, um curto vídeo revelando os fatos ocorridos no
campus após o ataque do Hamas, a grande mudança ali ocorrida, as improvisações incríveis
para atender aos necessitados, desde acolhimento, primeiros socorros, cuidados com
as crianças, no intuito de devolver normalidade, segurança, respeito às vítimas
do inesperado e mortal atentado.
Em suas trajetórias milenares pelo mundo o Povo Judeu tem
sucumbido a cada batalha soerguendo-se com dignidade a cada passo, para o
espanto de todos e admiração de muitos, guiado por sua crença inabalável na
valorização da vida e na santidade do ser humano. Aqui temos presente a coragem
e resistência dos israelenses frente ao infortúnio, conectados com a comunidade
judaica da diáspora determinada a defender e auxiliar o país, sempre e em seus
momentos mais difíceis.
https://americansforbgu.org/video/bgu-remarkable-resilience-oct7/
https://www.ajc.org/news/podcast/rebuilding-israels-devastated-negev-region-post-107
https://www.bgu.ac.il/en/news-and-articles/ben-gurion-university-presents-excellence-on-all-fronts/
https://bengurion.ca/reflections-on-my-recent-trip-to-israel/