Terremoto e Tsunami no Japão, suas consequências e uma história bonita para contar em Pessach.
Por Itanira Heineberg
Você Sabia
que anos após desastres devastadores, em 2021, uma sinagoga de Tóquio ganhou um
novo Rabino?
Tudo começou
antes de Pessach, após um tsunami aniquilar o Japão em março de 2011.
Andrew Scheer reuniu alimentos e suprimentos
de onde morava no Upper West Side, New York, e viajou para lá.
O desastre múltiplo
castigou o Japão, provocou um acidente nuclear na usina de Fukushima, 260
quilômetros ao norte de Tóquio, e como decorrência as sólidas defesas japonesas
não tiveram êxito.
Mais de 20
mil pessoas foram mortas pelo tsunami, e o acidente em Fukushima forçou a
retirada de 160 mil habitantes das imediações.
“A
catástrofe atingiu o nordeste do Japão, particularmente a região de Fukushima -
onde um reator nuclear derreteu. Isso se transformou em uma crise sem
precedentes. A Agência de Gerenciamento de Incêndios e Desastres do Japão
relatou mais de 22.000 pessoas mortas ou desaparecidas por causa do desastre.”
O jovem Scheer,
na época um graduado de 24 anos da Universidade de Nova York, pressentiu com
preocupação, que a comunidade judaica do Japão deveria estar lutando para se
recuperar do desastre.
E aqui segue
sua vibrante história que me foi agora relatada por uma querida amiga nestes
tempos de Pessach e Liberdade:
"Fui
ao Gourmet Glatt e a alguns supermercados kosher; saía carregado", disse
ele. Eu estava ao telefone com cada um dos rabinos, os rebetzins" das
poucas sinagogas em Tóquio. "O feriado da Páscoa estava chegando, então eu
lhes perguntei: "De que vocês precisam? Estou na América, posso conseguir
qualquer coisa."
As lojas kosher em que eu fazia compras contribuíram, doando mantimentos assim que lhes informava de minha missão.”
Ao
desembarcar no Japão, Scheer foi imediatamente às comunidades judaicas para
doar a comida Kosher. Missão cumprida, o rapaz percebeu. E agora?
"E
então foi estranho porque eu estava tipo, ok, ainda estarei aqui por mais três
semanas. O que eu faço durante este tempo?"
Com
determinação, Scheer juntou-se a um rabino e outros voluntários judeus em
caminhadas até a província de Fukushima, entregando alimentos e suprimentos. Com
devoção cumpriu os preceitos judaicos religiosos de observação das Festas
Judaicas; praticou a caridade e respeito
ao próximo, preceitos sociais do Judaísmo; e executou uma ação de Tikun Olam,
que incentiva os indivíduos a se envolverem em atividades que promovam o
bem-estar e justiça para todos. Levou alegria, dignidade e alimentos às
populações atingidas pela catástrofe.
Scheer retornou
aos Estados Unidos onde se formou na escola rabínica Yeshivat Chovevei Torá em
2015.
Ele então
passou um tempo como capelão na Reserva do Exército e também trabalhou por três
anos como membro do clero na prisão de Rikers Island, na cidade de Nova York.
Scheer se casou
com Avital Zipper, que conheceu no Tinder em 2017, e mais tarde
trabalhou como capelão para Assuntos de Veteranos e hospitais da cidade de Nova
York.
Scheer
substituiu o rabino David Kunin, que foi o líder espiritual do JCJ (Comunidade
Judaica do Japão) de 2013 até julho de 2020, quando Kunim subiu ao púlpito em
Syracuse, Nova York.
Scheer conheceu
o JCJ pela primeira vez depois de se formar na Universidade de Nova York em história judaica em 2008. Ele foi para o
Japão para ensinar inglês por um ano.
Lecionou em
uma pré-escola particular em uma cidade rural a cerca de duas horas de Tóquio.
Não era certo que as pessoas entendessem o que ele queria dizer quando falava
sobre ser judeu. Ele explica:
"Quando
eu morava no campo, tive que ensinar aos meus colegas de trabalho japoneses a
palavra japonesa para 'judeu'". (Isso é "ユダヤ人" - "yudayajin".)
"Eles não estavam familiarizados com o conceito. E isso não é incrível?
Não há tantos de nós."
As lembranças
daqueles tempos voltaram à memória de Scheer, enquanto ele se preparava para embarcar
em seu mais novo emprego: Em março de 2021 ele voltou a Tóquio para liderar uma
das poucas sinagogas do Japão.
O Japão tem
relativamente poucas instituições judaicas formais. Isso inclui a sinagoga da
Comunidade Judaica do Japão (JCJ) em Tóquio; bem como centros de vida judaica
em Tóquio, Kyoto e Takayama, administrados por rabinos do movimento Chabad.
A sinagoga
JCJ de Scheer está localizada no bairro residencial de luxo de Hiroo, no centro
de Tóquio. Sua fachada é decorada com triângulos e hexágonos interligados que
formam um padrão repetitivo de estrelas de Davi de seis pontas. Abaixo do
mosaico de estrelas, há uma placa de bronze com outra estrela judaica e - em
inglês, hebraico e japonês - as palavras "Comunidade Judaica do
Japão".
Hoje, o JCJ
realiza serviços igualitários de oração de Shabat – onde homens e mulheres
podem se sentar juntos – bem como refeições de Shabat e outras programações.
Seu prédio atual foi inaugurado em 2009 no mesmo local em que a congregação foi
fundada em 1953 e possui uma cozinha Kosher, um banho ritual usado para rituais
de purificação judaicos, uma biblioteca judaica e espaços para palestras.
A congregação
que frequenta o JCJ tem muitos expatriados. O ex-presidente do conselho da
Shul, Philip Rosenfeld, disse por telefone que estima que a demografia de
expatriados dos membros seja de cerca de 85% americanos, 10% europeus e 5%
israelenses. Muitos membros têm um cônjuge japonês, alguns dos quais se
converteram ao judaísmo. A comunidade tornou-se mais uma mistura de
estrangeiros e cidadãos japoneses, particularmente após a devastação de 2011 e
o subsequente êxodo em massa de expatriados do Japão.
Tomoko
Rosenfeld, esposa de Philip, é uma japonesa convertida ao judaísmo.
"Existem
muitos casais de casamentos mistos", ela contou. Atualmente, ela
dirige o grupo de mulheres japonesas judias no JCJ e disse que seu trabalho
inclui contato com esposas e parceiros japoneses para eventos, aulas e
atividades de caridade.
A
conversão ao judaísmo mudou a forma como ela é vista pela sociedade japonesa?
"Nada
mudou na minha posição na sociedade japonesa", disse ela. "Isso me
mudou muito de uma maneira muito boa, no entanto. Minha perspectiva em relação
ao mundo foi expandida enormemente."
Que bela
história para contar aos amigos nesta época do ano: altruísmo, desprendimento,
auxílio!
Ao deparar-se
com a tragédia no Japão, Scheer não hesitou um segundo, agiu, obedeceu seu
coração e sentimentos. Não esperar, realizar, atuar.
Isto nos faz
pensar no simbolismo da Matzá, o pão não levedado; não havia tempo para
esperar, era necessário sair do Egito, e o Povo Judeu assim o fez!
O novo rabino da Comunidade Judaica de Tóquio e sua esposa Avital
Foi com alegria que recebi esta história de amor ao ser humano de minha amiga Sandy, após ser tratada com cuidados médicos desvelados por mais de quarenta anos, por seu médico Dr. Max Scheer, um homem de bondade e ciência inigualável, pai do novo rabino no Japão.
Assim estes
preceitos judaicos seguem de geração em geração...
FONTES:
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-55943220
https://jccjapan.jp/profile/rabbi-andrew-scheer/
https://www.morasha.com.br/turismo/japao.html
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