QUAL ERA O SONHO DESTES SUPER HERÓIS?
OU DE SEUS CRIADORES?
Capitão América – Superman - Batman
Por Itanira Heineberg
“Esse talento para contar histórias é quase
genético, imbuído na mente e no espírito judaico”,
Will Eisner, o criador do personagem Spirit.
Você Sabia que uma das histórias culturais mais
fascinantes do século XX — o modo como jovens judeus imigrantes ou filhos de
imigrantes ajudaram a criar o mito moderno do super-herói nos Estados Unidos - foi
uma forma de responder, simbolicamente, à opressão, ao exílio e à busca por
justiça?
“É um pássaro? Não... É um avião? Não... É o
Super Man.
Este slogan faz parte da memória coletiva das
várias gerações que cresceram lendo histórias em quadrinhos e se imaginando no
mundo fantasioso dos super-heróis, que povoavam e coloriam as bancas de
revistas, desde a década de 1930.”
Voltemos às décadas de 1920 e 1940, quando os filhos de
imigrantes judeus da Europa Oriental —
fugidos dos pogroms e da pobreza — viviam nos bairros populares de Nova
York (Brooklyn, Bronx) e Cleveland.
Muitos deles tinham talento artístico, mas por serem
judeus, eram excluídos dos grandes jornais e editoras, devido à forte
discriminação antissemita.
Os quadrinhos (comics) — uma mídia “menor” — foram um espaço acessível
para aqueles jovens capazes mas discriminados expressarem ideias, criar histórias e projetar fantasias
de poder e justiça.
Quadrinhos de super-heróis são fundamentalmente
literatura judaica. Como mencionamos acima, nas décadas de 1920 a 1940 , os
imigrantes judeus em Nova York foram excluídos da maioria das indústrias “respeitáveis”,
então editoras, escritores e artistas criaram sua própria indústria, os
quadrinhos. Eles também criaram seu próprio gênero, os super-heróis, aos quais
infundiram vários níveis de significado judaico.
Menos conhecido é o fato de que a história em
quadrinhos em si é uma invenção judaica.
Em 1933, um professor desempregado do Bronx chamado
Maxwell Gaines (nascido Ginsburg) teve a ideia de licenciar tiras de jornal
antigas e reimprimi-las em formato de revista (é por isso que são chamadas “histórias
em quadrinhos”, originalmente eram todas tiras de humor.) Gradualmente, novos
conteúdos foram necessários e, cinco anos depois, em junho de 1938, o Super Man
estreou.
Falemos de Super Man (1938) (e meu herói favorito), o
arquétipo do redentor imigrante.
Seus criadores foram Jerry Siegel e Joe Shuster, filhos
de imigrantes judeus da Lituânia e da Ucrânia.
“O último filho de Krypton, enviado por seus
pais antes da destruição de seu mundo, chega à Terra e assume uma identidade
dupla: Kal-El / Clark Kent.
Essa duplicidade ecoa a experiência judaica
de viver entre dois mundos — o da origem (Kal-El) e o da integração (Clark
Kent).
Super Man encarna a força moral do exilado e
o desejo de ser aceito sem abrir mão da sua essência.”
A seguir, vejamos Batman (1939) – o trauma e a justiça pessoal.
Seus criadores, Bob Kane (nascido Robert Kahn) e Bill
Finger, eram ambos judeus nova-iorquinos.
Bruce Wayne é marcado pelo trauma da perda dos pais e
decide combater o mal pela inteligência, disciplina e vontade, não por poderes
sobrenaturais.
O personagem ecoa uma ética judaica de responsabilidade
moral e reparação — um homem comum que decide agir diante da injustiça, à
maneira dos tzadikim (justos).
E agora Capitão
América (1941) – o herói contra o nazismo.
Seus criadores, Joe Simon e Jack Kirby (nascido Jacob
Kurtzberg), também eram ambos filhos de imigrantes judeus.
Antes mesmo dos EUA entrarem na Segunda Guerra, o Capitão
América apareceu esmurrando Hitler na capa da primeira edição (março de 1941).
Era um ato político e corajoso — e uma resposta direta ao
antissemitismo e à ameaça nazista.
Kirby, mais tarde, disse que criou o personagem como “a
arma moral de um povo que se recusava a ser vítima”.

On Dec. 20, 1940 – Captain America makes his debut, punching Hitler and becoming an icon.
Em uma síntese simbólica,
os super-heróis da Era de Ouro e Prata dos quadrinhos norte-americanos são, em
essência, mitos judaico-modernos de exílio, justiça e redenção.
Eles transformam o trauma da exclusão em uma narrativa de
poder ético: o herói não busca dominar, mas reparar o mundo — uma ideia próxima
ao conceito judaico de Tikkun Olam (“restaurar o mundo”).
Em suma, todo super-herói tem uma mensagem dirigida
especialmente aos jovens: fazer o bem e lutar contra qualquer tipo de injustiça
e preconceito, tornando, desta forma, o mundo um lugar melhor.
E não apenas estes super-heróis citados acima, mas todos
saídos das penas dos jovens judeus marginalizados, a turma dos comics da década
de 1950, da Marvel de Stan Lee, trazem consigo e para o mundo a ideia judaica
de um mundo melhor, onde nosso papel é fazer tudo para consertar suas mazelas, corrigir
seu defeitos, aperfeiçoar e apaziguar os corações na busca de um entendimento amigável
e respeitoso entre nós, os humanos.
FONTES:
https://www.morasha.com.br/arte-e-cultura/a-hora-e-a-vez-dos-super-herois.html
https://www.jewishbookcouncil.org/pb-daily/comic-books-are-jewish-literature
https://atelieanaavila.com.br/produtos/quadros-super-herois-batman-capitao-america-e-superman/






