Você sabia que
Portugal também teve o seu altruísta e generoso Schindler, que com bravura e
determinação salvou a vida de mais de 30 mil judeus perseguidos pelo Nazismo
alemão durante a Segunda Guerra, ao NÃO negar-lhes os preciosos carimbos em
seus passaportes com vistos de trânsito portugueses?
Aristides de
Sousa Mendes, o Cônsul Desobediente, nascido em 1885 em Cabanas de Viriato,
Viseu, Portugal, filho de uma família católica, aristocrática, optou pela
licenciatura em Direito pela Universidade de Coimbra.
Em 1910 ingressou
na carreira diplomática atuando como Cônsul em Zanzibar, em várias capitais do
Brasil, Estados Unidos, Espanha, Bélgica, e em 1938, na França, na cidade de
Bordéus, ou seja, Bordeaux.
Em 1939 temos o
início da guerra. Hitler, aos poucos, inicia
suas investidas contra os países vizinhos, prendendo e perseguindo seus
inimigos políticos e cidadãos por ele considerados abjetos. E neste contexto os
perseguidos iniciam sua corrida para a salvação.
“Com os alemães cada vez mais perto de Bordeaux, Sousa Mendes atira-se
de corpo e alma na árdua tarefa de emitir o maior número de vistos, o mais
rapidamente possível. A operação de socorro tomou a forma de trabalho em
cadeia. O filho de Mendes, José, seu genro Jules, o rabino Kruger e outros
refugiados, além de dois colegas de Jules do Ministério das Colônias belgas,
Van Acht e Vingerhoedt, preparavam os vistos com estampilhas. Mendes não tinha
senão que assinar. Em seu depoimento para o Yad Vashem, o rabino Kruger contou
que sentados, sem perder tempo com comida ou descanso, eles carimbaram milhares
de passaportes com vistos de trânsito portugueses. Em uma corrida contra o
tempo, tomado pelo cansaço, Sousa Mendes decidiu abreviar sua assinatura nos vistos,
passando a escrever apenas "Mendes".
Em quatro dias, estimam-se em 30 mil os vistos emitidos, a
maioria para judeus. Para o historiador do Holocausto Yehuda Bauer, "a
operação comandada por Sousa Mendes foi a maior realizada por um único homem
para salvar os judeus durante o Shoá".
Como cônsul-geral em Bordeaux, Aristides Sousa Mendes era
também responsável pelo vice-consulado de Toulouse e de Bayonne. A situação dos
refugiados se repetia nas duas cidades. Quando o vice-cônsul de Portugal em
Toulouse, Émile Gissot, telefonou a Sousa Mendes, perguntando-lhe como lidar
com a situação, ouviu a seguinte resposta: "Emita os vistos para os
refugiados".
Em Bayonne, onde o chefe da missão era Faria Machado, o
número de recém-chegados era enorme. Quando Sousa Mendes ficou sabendo que
Faria Machado se recusava a emitir vistos sem autorização do Ministério das
Relações Exteriores, ele próprio vai até Bayonne. Era o dia 18 de junho. Ao
chegar, pergunta por que o vice-cônsul não estava ajudando os refugiados. "Gostarias
de estar na mesma situação, junto com tua mulher e teus filhos? Afirmas seguir
as ordens de teus superiores, pois eu sou teu superior e ordenei que emitisses
tantos vistos quantos necessários". E Sousa Mendes ficou três dias em
Bayonne para assegurar a liberação dos vistos e ter a certeza de que as pessoas
poderiam atravessar a Espanha antes da chegada dos alemães.
Mendes estava ainda em Bayonne quando Salazar decidiu tomar
providências contra o diplomata.
Sousa Mendes segue então para Hendaye, onde continuou a
emitir vistos.
No dia 23 de junho, Salazar tomou a primeira medida punitiva
contra o diplomata, retirando sua autoridade para emitir vistos e ordenando seu
retorno imediato a Portugal.”
No início de julho,
Aristides e sua família retornaram a Portugal e o diplomata logo recebeu uma
informação preocupante: Salazar iniciara um inquérito contra sua pessoa.
Além da desobediência
ao Ministério das Relações Exteriores, permitindo a saída dos fugitivos, havia
o aspecto prejudicial ao prestígio do país frente às nações em comando.
Apesar da defesa
apresentada, Aristides não foi absolvido de suas ações e foi afastado do
serviço por um ano recebendo apenas a metade de seu salário habitual.
Finalmente, foi
forçado à aposentadoria, perdendo de vez o seu salário.
Assim precisou vender
seus bens pois a única ajuda que recebeu para amparar sua família foi uma
quantia mensal da comunidade judaica portuguesa.
Também a organização
judaica de auxílio aos refugiados, HIAS, ajudou dois de seus filhos a se
instalarem nos Estados Unidos.
Em 1954 Aristides
faleceu. Apesar da miséria em que foi obrigado a viver com sua família, nunca
lastimou o que fizera em prol dos desesperados.
Com o fim da ditadura
militar de Salazar em 1974, aos poucos a vida voltou ao normal no país. E com a
eclosão da Revolução dos Cravos que derrubou o governo totalitário, teve início
o processo de reabilitação da figura pública de Aristides de Sousa Mendes.
A residência de
Aristides em estado avançado de degradação esteve a ponto de ruir enquanto a
casa de Salazar que tanto o prejudicou, em sua vida profissional bem como em
sua vida familiar, virou museu - fato inexplicável à luz do documento universal
dos Direitos Humanos.
Cordão
Humano, um abraço de reconhecimento tardio à volta da casa de Aristides, o
herói inesperado!
A recuperação da
casa-museu aqui aparece em sua primeira tentativa de musealização.
Em 2001 a Fundação
Aristides de Sousa Mendes comprou a Casa do Passal com ajuda financeira do
Ministério de Negócios Estrangeiros e após 10 anos o prédio foi denominado
Monumento Nacional.
O presidente de
Portugal externou seu desejo de ver a casa aberta ao público até 2019 como museu dedicado à vida e obra de
Aristides de Sousa Mendes.
“Aristides de Sousa Mendes morreu pobre e
desonrado e a sua bravura e honradez só começaram a ser restituídas em seu país
em 1987, altura em que o presidente Mário Soares entregou a “Ordem da
Liberdade”
à filha do ex-Cônsul, em cerimônia realizada na “Embaixada de
Portugal”,
em Washington. A honra do Cônsul só foi restaurada completamente em 1989,
quando a Parlamento português o reintegrou, por “unanimidade e aclamação”, no serviço diplomático
português. Mas um ato em agradecimento ao valor da ação de Aristides Sousa
Mendes já havia acontecido em Israel, no ano de 1966, quando ele foi
reconhecido, em Jerusalém, como “Justo entre as Nações” pelo “Yad Vashem”, o “Museu
Memorial do Holocausto”,
com a sua mais elevada distinção, uma medalha com a seguinte inscrição do
Talmude: “Quem salva uma vida humana é como se salvasse um
mundo inteiro”.”
Este texto é uma colaboração de Itanira Heineberg para os canais do grupo Esh Tamid.
FONTES -
Deus em sua graça e misericórdia usa pessoas importantes para salvar pessoas. Quando atendemos o Seu chamado, seremos honrados, não importando como vivemos, mas sim como terminamos, Deus é soberano e justo, e seus caminhos inescrutáveis, fazer o bem é o legado que vamos deixar de herança eternamente. Ótima matéria e informações. Obrigada!
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