Pessach
(פֶּסַח)– em hebraico;
Páscoa (Πάσχα
)– em grego;
Passagem –
em português
A
celebração de Pessach entre os judeus e da Páscoa entre os cristãos ocorre na
mesma época, na entrada da primavera no hemisfério norte – no caso de Pessach, no
dia 15 de Nissan no calendário judaico. Esta é uma festa em que se comemora a
mudança radical de uma forma de vida para a outra. Da escravidão para a LIBERDADE.
Entre os judeus, a celebração de Pessach dura 8 dias e é cercada de muitas
regras alimentares e muitos jantares em família, e mais recentemente, com
amigos e com as comunidades.
O
preparo para Pessach começa semanas antes, com uma rigorosa limpeza da casa.
Cada canto tem que ser inspecionado com uma vela, ou atualmente com uma
lanterna, e todo o “chametz” é juntado e queimado. Esta prática religiosa foi
de grande importância na Idade Média. Cidades lotadas e com pouca higiene eram
assombradas por muitas doenças quando o clima começava a esquentar, quando a
primavera entrava. Muitos achavam que os judeus eram os culpados, porque eram
poupados de muitas doenças. Hoje sabemos que a higiene é essencial para que
bactérias não proliferem!
É
muito comum conhecermos amigos judeus que não mantém nenhum dos hábitos
alimentares, mas que na festa de Pessach deixam de comer farinha ou o que for
fermentado, para lembrarem... mas lembrar o quê? Tradicionalmente, a saída do
Egito. Todo ano, ao redor de uma mesa muito farta, e com toda a família, é lida
a Hagadah (História) de Pessach. Para lembrar é preciso saber, e a memória tem
dois momentos: o do aprender e o do recordar. Estes dois momentos são cultuados
pelo judaísmo. Todos têm que aprender, desde a mais tenra idade, algo sobre a
história, e, com o correr dos anos, este conhecimento vai se aprimorando. Para
lembrar é preciso ter tido contato, é preciso ter sido ensinado, é preciso
saber.
Ao
longo dos séculos, muitos judeus tentaram trazer a história da liberdade para
os dias de “hoje”, e entendam como “hoje” o presente que cada um viveu. Aqui no
Brasil não foi diferente; o maravilhoso escritor judeu gaúcho, Moacyr Scliar,
escreveu uma Hagadah de Pessach moderna em que, ao invés de falar do Faraó e
das dez pragas do Egito, falava de todos os algozes modernos e de como os
diferentes povos buscam a liberdade. Foi uma universalização da história
judaica. Mas muitos continuam contando a história original: as pragas, a saída
e a abertura do Mar Vermelho. Se perguntarmos a cada um que leu a Bíblia quem é
o personagem central desta história, a resposta vem fácil – Moisés – aquele que
saiu das águas, tornou-se Príncipe do Egito, casou-se com uma princesa negra,
Tsipora, e foi escolhido para libertar o Povo de Israel da escravidão. Bem, se
perguntarmos a quem lê ano a ano a Hagadah de Pessach quem foi Moisés, a
resposta será: Este nome não é mencionado na história da libertação dos judeus
do Egito. E assim é ensinada uma importante lição. Cada homem tem o seu papel e
a sua vida, mas na hora de lembrar momentos muito importantes é preciso saber
que não apenas os que foram nominados, mas também o povo anônimo, faz parte da
história. E, nesta noite de celebração, onde há vários pontos importantes,
gostaria de lembrar de um que não é muito mencionado nas Wikipedias da Vida.
OS
QUATRO FILHOS – quando a história de Pessach começa a ser contada porque a
criança mais nova perguntou “Por que esta noite é diferente de todas as
demais?”, é informado que a história deve ser contada para quatro crianças
diferentes – as inteligentes, as tolas, as más e as que não sabem perguntar. E
para cada uma a história será contada e será compreendida de forma diferente. Mas
o Povo Judeu é composto de pessoas de todos os tipos, e no Seder de Pessach
aprendemos que cada um é responsável pelo outro.
SER
LIVRE é assumir a responsabilidade pelos seus atos e assumir o bem estar de
toda a comunidade - e assim, seguimos em frente. Lembremos que em Pessach
contamos a história do primeiro movimento sionista – OLHAR PARA SION – que
aconteceu há 3300 anos. E, é por isso que ao encerrar o Seder, todos cantam
juntos:
Le
Shana ha Bá B’Yerushalaim – O ano que vem em Jerusalém.
CHAG PESSACH SAMEACH