Você sabia que, nesses tempos de Dia Internacional da Mulher,
pesquisando sobre Lady Liberty, a famosa
Estátua da Liberdade, descobri que em seu pedestal foi colocado o famoso
poema Novo Colosso, de
autoria de Emma Lazarus, uma jornalista americana descendente
de judeus sefaraditas portugueses fugidos de Recife durante a Insurreição Pernambucana
ocorrida em meados do século XVII ?
”A Estátua da Liberdade para os milhões de emigrantes que procuram na terra americana um abrigo seguro, é o símbolo da promessa de liberdade. Mas o que poucos sabem, é que o poema gravado nos pés da estátua, famoso em todo solo americano, e que expressa a angústia e a esperança destes homens, é
Descendente de uma família de 7 filhos, desde cedo Emma demonstrou seus
dotes literários, encantando-se com o estudo de línguas e da literatura. Nasceu
em Nova York em 1849 e foi educada por tutores particulares. Já em 1867,
publicou seu primeiro livro de poesias, “Poemas e Traduções”, uma coletânea de juventude escrita entre seus 14
e 17 anos.
“Em 1871, seu segundo livro "Admerus e outros poemas" contém
um trabalho com tema judaico, "Na sinagoga judaica de Newport ".
Esta poesia foi reproduzida pelo "American Hebrew", jornal da
comunidade judaica, juntamente com a tradução de Emma de grandes
poetas sefarditas da época de ouro da Espanha, como Ibn Gabirol e de Judah
Halevi. Suas primeiras obras foram grandemente influenciadas pelos horrores da
Guerra Civil Americana. Mas a partir de seu segundo livro, Emma começou a se
aproximar, cada vez mais, da comunidade judaica.”
Em 1883 a
França presenteou os Estados Unidos com uma belíssima escultura neoclássica que
recebeu o nome de Liberdade, em comemoração ao centenário de sua independência
(1776 – 1876).
Inspirada no Colosso de Rodes, a imagem representa Libertas, a deusa
romana, referida como a deusa da liberdade e da liberdade pessoal, entre
outras.
A estátua chegou ao país em 1885 e imediatamente criou-se um leilão no
intuito de levantar fundos para seu pedestal. A deusa vinha sem pedestal.
Muitos se voluntariaram e muitos colaboraram física e monetariamente. Foi então
que pediram também à Emma uma contribuição literária, e ela compôs o poema Novo
Colosso.
O Novo Colosso
Não como o gigante bronzeado de grega
fama,
Com pernas abertas e conquistadoras a abarcar a terra
Aqui nos nossos portões banhados pelo mar e dourados pelo sol, se erguerá
Uma mulher poderosa, com uma tocha cuja chama
É o relâmpago aprisionado e seu nome
Mãe dos Exílios. Do farol de sua mão
Brilha um acolhedor abraço universal; Os seus suaves olhos
Comandam o porto unido por pontes que enquadram cidades gêmeas.
"Mantenham antigas terras sua pompa histórica!" grita ela
Com lábios silenciosos "Dai-me os seus fatigados, os seus pobres,
As suas massas encurraladas ansiosas por respirar liberdade
O miserável refugo das suas costas apinhadas.
Mandai-me os sem abrigo, os arremessados pelas tempestades,
Pois eu ergo o meu farol junto ao portal dourado."
Com pernas abertas e conquistadoras a abarcar a terra
Aqui nos nossos portões banhados pelo mar e dourados pelo sol, se erguerá
Uma mulher poderosa, com uma tocha cuja chama
É o relâmpago aprisionado e seu nome
Mãe dos Exílios. Do farol de sua mão
Brilha um acolhedor abraço universal; Os seus suaves olhos
Comandam o porto unido por pontes que enquadram cidades gêmeas.
"Mantenham antigas terras sua pompa histórica!" grita ela
Com lábios silenciosos "Dai-me os seus fatigados, os seus pobres,
As suas massas encurraladas ansiosas por respirar liberdade
O miserável refugo das suas costas apinhadas.
Mandai-me os sem abrigo, os arremessados pelas tempestades,
Pois eu ergo o meu farol junto ao portal dourado."
Emma
Lazarus, 1883
Em 1907 ocorreram os horripilantes pogroms de Kishinev que assustaram o
mundo e indignaram a comunidade judaica americana. Unidos no combate ao
antissemitismo, os judeus criaram o Comitê Judaico Americano e Emma tornou-se
sua porta voz na América, o que a levou ao sionismo mais tarde.
Falava alemão, francês, italiano e foi considerada a precursora do movimento sionista, argumentando pela criação de um estado para os judeus, 13 anos antes de Theodor Herzl o sugerir.
“Certa vez o poeta americano William James escreveu para Emma: ‘O poder
de brincar com palavras e pensamentos deveria ser o ponto culminante de uma
vida rica em muitos outros aspectos’. Mas o que se tornou "o ponto
culminante" na vida de Emma foi seu incansável trabalho de assistência aos
milhares de refugiados judeus que, perseguidos, chegavam famintos. Emma
juntou-se a grupos judaicos de assistência e lançou-se em todo tipo de
trabalho. Nada era duro ou difícil para ela. Chegou a usar seu próprio dinheiro
para ajudar os emigrantes em sua fase de adaptação. Trabalhou incessantemente
na própria Staten Island, a famigerada ilha, por onde os emigrantes eram
obrigados a passar por uma humilhante seleção, que determinava quem poderia
entrar em terras americanas.”
Apesar do pilar do pedestal ter sido construído em 1884, somente em 1912 o poema Novo Colosso foi gravado em
placa de bronze e colocado no pedestal da estátua.
Ao ler seus versos, o poeta James Russel Lowell escreveu:
"Gostei do soneto mais do que gostei da
Estátua da Liberdade. O soneto deu ao objeto em questão uma ‘raison d´être’,
que é, sem dúvida, mais necessária do que o pedestal".
Em 2011, ao escrever a biografia da
escritora, Esther Schor escreveu: ”Emma Lazarus foi o primeiro americano (the
first American) a reconhecer o valor desta estátua.”
Inauguração da estátua “Liberdade Iluminando o Mundo” (Liberty
Enlightening the world) – óleo de J.Clarence Davies Collection – Museu da
Cidade de Nova York
Os norte-americanos identificaram-se de tal forma com a estátua que a
apelidaram carinhosamente de “Miss Liberty” - Senhorita Liberdade!
Este texto é uma colaboração de Itanira Heineberg para os canais do EshTá na Mídia.
FONTES:
https://pt.m.wikipedia.org>wik>Estatua-da-Liberdade
Nenhum comentário:
Postar um comentário