Você sabia que o Fusca, ou o Fusquinha, o carro do povo
da Volkswagen, considerado a única ação positiva de Adolf Hitler em seus anos
de governo na Alemanha, na realidade foi uma invenção de Josef Ganz – como mostra
Paul Schilperoord em seu livro “A Extraordinária Vida de Josef Ganz – o
engenheiro judeu por detrás do Volkswagen de Hitler”?
Adolf Hitler usurpou a ideia de um carro em forma de besouro
(beetle) do engenheiro judeu Josef Ganz e baniu-o da história, conforme relatos
do livro de Paul Schilperoord.
Foi assim que
o líder nazista recebeu os louros da vitória, ao esboçar o conceito do carro em
1935 num encontro com Ferdinand Porsche.
Sua ideia
para o Volkswagen, ou carro do povo, tem sido vista por muitos como o único
acerto de seu governo ditatorial e genocida.
Mas o livro
de Schilperoord pode mudar esta ideia para sempre.
Josef
Ganz: seu projeto foi visto por Hitler
em uma exposição de carros em 1933, bem antes do encontro do ditador com
Porsche.
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Curvas graciosas e encantadoras: um dos primeiros
desenhos de Ganz que foram enterrados no passado por muitos anos.
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“Carro
do povo”: Josef Ganz com um de seus modelos que, segundo Paul Schilperoord, conduziu
ao desenvolvimento do Volkswagen.
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Hitler
decidira que o veículo tivesse quatro assentos, motor refrigerado a ar e um
custo que não ultrapassasse 1.000 marcos – o preço exato do carro de Ganz. Porsche recusou-se a produzir os carros por
este preço, mas foi obrigado a tanto pelos nazistas.
Três
anos antes de Hitler descrever sua ideia para Ferdinand Porsche em Berlim,
Josef Ganz já dirigia o carro por ele criado ao qual chamou de Maikaefer, ou May
Bug.
Maikaefer
– May Bug - 1933
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“Não há dúvida de que a Porsche
utilizava conhecimento de pessoas que trabalharam com ele em várias empresas e
em seu escritório de design. No entanto, traduzir essas ideias em um carro é
outra dimensão. Uma delas pode ter sido de um engenheiro mecânico judeu Joseph
Ganz. Ele também foi o editor da Motor-Kritic, uma revista amplamente lida que
criticou a indústria automobilística alemã por sua abordagem conservadora ao
projeto do carro.”
Já
como estudante, Ganz sonhava com um carro para o povo em geral, um veículo leve
com suspensão independente das rodas, motor central e forma aerodinâmica e arrojada.
Em
seus artigos na revista Motor-Kritic ele criticava ferozmente a engenharia
automobilística da época com seus carros pesados, falta de segurança e desenhos
antigos.
“Ganz foi preso e acabou liberado pela
Gestapo. Resolveu fugir da Alemanha para a Suíça em 1934. As acusações para sua
prisão foram baseadas em informações falsas de chantagear a indústria
automotiva no cargo editorial e como consultor para a BMW e a Daimler-Benz. Ele
finalmente se estabeleceu na Austrália onde trabalhou para a divisão da General
Motors Holden e morreu em 1967.”
Peso
leve e custo baixo: esboços de Josef Ganz para sua ideia surgiram em 1923.
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Inspiração:
mais evidências dos exaustivos desenhos de Ganz, que aparentemente foram excluídos
da história.
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No
momento atual, a imagem de Porsche está sob ameaça com alguns críticos
acusando-o de crimes de guerra.
Apesar
da VW admitir ter produzido peças militares e ter usado trabalho escravo,
Porsche nunca foi julgado por crimes de guerra.
Vejamos
agora o papel de Josef Ganz na criação do modelo inspirador para o carro do
povo alemão:
“A palavra final sobre o assunto pode
surgir quando o historiador Karl Ludvigsen publicar seu segundo livro sobre
design da Porsche.
O primeiro livro, "Ferdinand
Porsche Genesis de um Gênio", fala sobre o design da Porsche de 1900 a
1933, e o próximo livro vai relatar a vida do designer da Porsche no período do
desenvolvimento dos veículos civis e
militares durante o regime nazista, um período sombrio na história do mundo e o
mais triste dos tempos modernos.
O novo livro deve ser uma leitura
fascinante e o enigma de quem criou o Fusca pode finalmente ser resolvido.”
"roubado": o rascunho que Adolf Hitler teria dado a Ferdinand Porsche em 1934
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Design popular: Os primeiros Fuscas em frente ao Portão de Brandenburgo, em 1938
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Fusca alemão - 2018
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Este texto é uma colaboração especial de Itanira Heineberg para os canais do Esh Tá na Mídia.
FONTES: