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terça-feira, 4 de setembro de 2018

VOCÊ SABIA? - Golda Meir






Você sabia que Golda Meir, Primeira Ministra de Israel de março de 1969 a junho de 1974 e a Dama de Ferro dos políticos israelenses, viveu momentos de grande tensão durante os encontros secretos que manteve com o rei Abdullah, da Transjordânia, antes da declaração da independência do Estado de Israel?
Em 1947, antes da criação do Estado de Israel, Golda recebeu a tarefa de se encontrar com o rei da Transjordânia, o rei Abdullah, no intuito de apaziguar a atmosfera hostil que já vibrava no ar.



Golda, então chefe do Departamento Político da Agência Judaica, e Eliahu Sasson, expert em temáticas árabes, encontraram-se com o rei em uma usina elétrica às margens do rio Jordão. Golda relatou:

 "Bebemos as costumeiras xícaras cerimoniais de café e depois começamos a falar. Abdullah era um homem de baixa estatura, belo porte e grande encanto. Não tardou a ir direto ao assunto; ele não se associaria a qualquer ataque árabe contra nós. Disse que permaneceria sempre nosso amigo e que, como nós, queria a paz acima de tudo. Afinal de contas, tínhamos um inimigo comum: o Mufti de Jerusalém, Haj Amin el-Husseini. E não só isso. Sugeriu ainda que voltássemos a nos encontrar após a votação nas Nações Unidas".


Porém, Ezra Danin, outro expert em assuntos árabes, tinha outras impressões sobre Abdullah e desconfiava de suas boas intenções para com Israel. E não se enganou: com a passagem do tempo, o rei filiou-se à Liga Árabe.


Quatro dias antes da proclamação da independência, dia 10 de maio de 1948, Bem Gurion e Golda Meir quiseram tentar mais uma conversa com o rei porém ele exigiu que os israelenses fossem até Amã, a capital, pois tinha receio de ir até a usina novamente, e não se responsabilizaria pela segurança de Golda nem de Danin. Golda e Danin partiram de Haifa. Como ele falasse árabe com maestria, usaria como “disguise”, disfarce, uma kafiah na cabeça. Golda escreveu sobre sua camuflagem:

"Quanto a mim, iria com as volumosas vestes escuras de uma mulher árabe; eu não falava uma só palavra de árabe, mas como uma esposa muçulmana, acompanhando o marido, era pouco provável que tivesse que dizer qualquer coisa a quem quer que fosse".

Para não serem seguidos, efetuaram várias trocas de veículos em seu trajeto até o local onde seriam esperados e de lá levados até a casa de um dos assistentes de Abdullah.

Conforme relato de Golda, o rei estava em pânico, pálido, gaguejando, e após a conversa introdutória confessou que não mais poderia manter sua palavra de apoio a Israel. Agora já não estava mais agindo independentemente, agora havia 5 países: Egito, Líbano, Síria, Iraque e ele. Perguntou então qual a pressa de proclamar a independência do Estado de Israel, ao que Golda respondeu sabiamente:

"Quem já está esperando há dois mil anos, certamente ignora o que seja pressa. Vossa Majestade não compreende que nós somos seus únicos aliados nesta região? Se formos forçados à guerra, lutaremos e venceremos". Ele respondeu: "Vocês têm o dever de lutar. Mas por que não esperam alguns anos? Desistam de suas exigências de livre imigração. Eu assumirei o controle de todo o país e vocês serão representados no meu parlamento".

Ao ouvirem suas palavras desencorajadoras, Golda e Danin fizeram suas despedidas e regressaram a Tel Aviv numa viagem digna de ser apresentada em um filme de terror.

O motorista transjordaniano, apavorado a cada parada nos postos de controle da Legião Árabe, fez com que eles abandonassem o carro num local bem distante da usina elétrica. Em plena madrugada, mais de duas horas da manhã, os dois caminharam a esmo no escuro, incertos sobre a direção da usina em Naharaym.

Enorme foi o medo de Golda e maior ainda a sensação de fracasso por não obter o resultado esperado na conversa com o rei.
Golda e Danin foram encontrados por um jovem da Haganá que os esperava perto da usina.

"No escuro não pude ver seu rosto, mas creio que jamais segurei a mão de alguém tão firmemente e com tanto alívio" escreveu Golda.
Mais tarde, em julho de 1951, o rei Abdullah foi assassinado em uma visita à mesquita de Al Aqsa em Jerusalém.

Acredita-se que o responsável pelo crime tenha sido o Mufti de Jerusalém, desconfiado do desejo secreto de Abdullah de estabelecer a paz com Israel.




Este texto é uma colaboração especial de Itanira Heineberg para os canais do EshTá na Mídia.


FONTES:



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