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segunda-feira, 24 de setembro de 2018

VOCÊ SABIA? - Shoah





Você sabia que a palavra SHOAH foi introduzida na língua do mundo pelo famoso cineasta Claude Lanzmann, ao adotá-la para o filme de mais de 9 horas de duração e mais de 7 anos de produção que ele finalmente lançou em 1985?




Claude Lanzmann, filho de uma família de tradição judaica oriunda da Belorússia, jornalista francês, escritor e diretor de cinema, foi procurar esta palavra no judaísmo fazendo dela o título para seu filme, uma palavra tétrica, com o significado de tragédia, hecatombe, infortúnio.



Shoah, um vocábulo forte e carregado de emoções, foi entendido por todos e instantaneamente adotado pelo mundo. A partir de seu filme Shoah, o massacre de 6 milhões de judeus cometido atrozmente por Adolf Hitler passou a ser conhecido em todos os continentes.

“O mundo ficou incrédulo. A “solução final”, um dos momentos mais ignóbeis da história humana, de sua vergonha e de sua loucura, embora continuasse opaco e inconciliável, era por fim representado.”


Claude Lanzmann nasceu perto de Paris em 1925.

“Foi no Liceu Henry IV, antes da 2ª Guerra, que o judeu agnóstico encontrou o antissemitismo. Ele ficou estupefato ao ver como as salas de aula da burguesia francesa estavam infectadas por um ódio pegajoso. Foi um choque, mas Lanzmann permaneceu passivo. Após a guerra, ele leu A Questão Judaica, de Jean-Paul Sartre. “Sartre me curou, me livrou da vergonha de ser judeu. A cada linha, eu renascia.”


Sartre, então no auge da glória, dirigia uma revista, Les Temps Modernes. Lanzmann enviou alguns artigos. Sartre publicou e convidou-o a participar das reuniões de pauta. Ali, ele conheceu intelectuais – Deleuze, Merleau-Ponty, Rezvani – e a companheira de Sartre, Simone de Beauvoir. “Adorei sua voz velada, seus olhos azuis, a pureza de seu rosto e, acima de tudo, suas narinas”, contava Lazmann.

Militante anticolonialista, grande admirador de Franz Fanon, dos terceiro-mundistas e dos anarquistas, impetuoso, rabugento, caloroso, defensor entusiasta do Exército israelense, seus caminhos às vezes são confusos, quase incompreensíveis.”

Shoah foi um filme que causou um grande impacto no mundo, chocou as plateias e trouxe à tona uma verdade sangrenta da história da humanidade. Tornou concreta uma memória que muitos tentaram e ainda tentam apagar.
Lanzmann ficou conhecido como o titã do cinema, todavia não podemos esquecer que seu trabalho não parou por aí. Em sua vida longeva de mais de 90 anos, produziu outras significativas obras como “O Último dos Injustos”,” Napalm”, “Tsahal” e livros como “A Lebre da Patagônia – Memórias”.


Lanzmann e Simone de Beauvoir


“É pura obra-prima”, disse Simone de Beauvoir. “O filme tem magia, e magia não se explica.“

Mais de 70 anos se passaram desde o Holocausto – Shoah - e parece que o mundo não quer  refletir  sobre esta tragédia nem  aprender com o passado.
Assim sendo e em tempos de vívidas demonstrações neonazistas na Berlim do século XXI, é hora de  preservar e evocar a memória de Claude Lanzmann e de seu filme.



Últimas cartas do Holocausto


Este texto é uma colaboração especial de Itanira Heineberg para o EshTá na Mídia.

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