Você sabia que a palavra SHOAH foi introduzida na língua
do mundo pelo famoso cineasta Claude Lanzmann, ao adotá-la para o filme de mais
de 9 horas de duração e mais de 7 anos de produção que ele finalmente lançou em
1985?
Claude Lanzmann, filho de uma família de tradição judaica
oriunda da Belorússia, jornalista francês, escritor e diretor de cinema, foi procurar
esta palavra no judaísmo fazendo dela o título para seu filme, uma palavra
tétrica, com o significado de tragédia, hecatombe, infortúnio.
Shoah, um vocábulo forte e carregado de emoções, foi
entendido por todos e instantaneamente adotado pelo mundo. A partir de seu
filme Shoah, o massacre de 6 milhões
de judeus cometido atrozmente por Adolf Hitler passou a ser conhecido em todos
os continentes.
“O
mundo ficou incrédulo. A “solução final”, um dos momentos mais ignóbeis da
história humana, de sua vergonha e de sua loucura, embora continuasse opaco e
inconciliável, era por fim representado.”
Claude Lanzmann nasceu perto de Paris em 1925.
“Foi
no Liceu Henry IV, antes da 2ª Guerra, que o judeu agnóstico encontrou o
antissemitismo. Ele ficou estupefato ao ver como as salas de aula da burguesia
francesa estavam infectadas por um ódio pegajoso. Foi um choque, mas Lanzmann
permaneceu passivo. Após a guerra, ele leu A Questão Judaica, de Jean-Paul
Sartre. “Sartre me curou, me livrou da vergonha de ser judeu. A cada linha, eu
renascia.”
Sartre,
então no auge da glória, dirigia uma revista, Les Temps Modernes. Lanzmann
enviou alguns artigos. Sartre publicou e convidou-o a participar das reuniões
de pauta. Ali, ele conheceu intelectuais – Deleuze, Merleau-Ponty, Rezvani – e
a companheira de Sartre, Simone de Beauvoir. “Adorei sua voz velada, seus olhos
azuis, a pureza de seu rosto e, acima de tudo, suas narinas”, contava Lazmann.
Militante
anticolonialista, grande admirador de Franz Fanon, dos terceiro-mundistas e dos
anarquistas, impetuoso, rabugento, caloroso, defensor entusiasta do Exército
israelense, seus caminhos às vezes são confusos, quase incompreensíveis.”
Shoah foi
um filme que causou um grande impacto no mundo, chocou as plateias e trouxe à
tona uma verdade sangrenta da história da humanidade. Tornou concreta uma memória
que muitos tentaram e ainda tentam apagar.
Lanzmann ficou conhecido como o titã do cinema, todavia não
podemos esquecer que seu trabalho não parou por aí. Em sua vida longeva de mais
de 90 anos, produziu outras significativas obras como “O Último dos Injustos”,”
Napalm”, “Tsahal” e livros como “A Lebre da Patagônia – Memórias”.
Lanzmann e Simone de Beauvoir |
“É pura obra-prima”, disse Simone de Beauvoir. “O filme
tem magia, e magia não se explica.“
Mais de 70
anos se passaram desde o Holocausto – Shoah - e parece que o mundo não quer refletir sobre esta tragédia nem aprender com o passado.
Assim sendo e
em tempos de vívidas demonstrações neonazistas na Berlim do século XXI, é hora
de preservar e evocar a memória de
Claude Lanzmann e de seu filme.
Últimas cartas do Holocausto |
Este texto é uma colaboração especial de Itanira Heineberg para o EshTá na Mídia.
FONTES:
"ESQUECER,JAMAIS!"
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