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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

EDITORIAL: Carnaval/ Purim - as festas das fantasias

CARNAVAL E PURIM - A festa das fantasias





Chegando o carnaval, um período delicioso que informa a todos que o ano está realmente começando! Ter a oportunidade de poder separar muito bem as diferentes atividades é sempre um forma de organização, e nós brasileiros damos um enorme grito - um grito ensurdecedor - que acaba na quarta-feira e coloca todos aptos a iniciarem um ano produtivo.

Sempre penso nesta data como uma maneira de um povo que muito preza a liberdade e que sabe usufruir dela dizer: "só mais um pouquinho e estaremos todos prontos!". 

Mas, para que o tempo inclua todos, é preciso muito.... muito..... muito.... bem, deixo para cada um completar segundo a sua vontade. Alguns gostam da farra e do barulho, outros buscam o recolhimento e o silêncio, mas todos sabem que o carnaval aqui está, marcando o tempo em que vai começar a quaresma e esta acabará na Páscoa. Vale lembrar que tanto o Carnaval quanto a Páscoa são regidos pelo calendário lunar - e por isso são comemorações móveis.

No judaísmo há uma marcação de tempo muito semelhante, mas com significado muito diferente. Próximo a esta época do carnaval (este ano será no fim de março) acontece a festa de Purim. Nela, é lembrada uma das primeiras ameaças antissemitas ao povo judeu e é contada a história de como uma jovem muito bonita consegue demover o Rei dos conselhos recebidos do Primeiro Ministro e acaba salvando o Povo Judeu de ser exterminado.

Esta história está contada em um texto separado da Bíblia e que é lido nas sinagogas na festa de Purim - e junto com o contar desta história, é instalado um espaço de tempo para externar de forma explícita muita alegria. Todos são convidados a mudar suas roupas e vestir fantasias. Mas há algo mais: Rabinos ao longo dos séculos dizem que todo o mês de Adar - o mês em que acontece Purim - é o mês da alegria!

Neste mês, até os enlutados se alegram. É na alegria que está a vida plena e a vida que segue ao longo de milênios - ficar alegre porque sobrevivemos há algo que ocorreu a quase 2500 anos é uma forma de saber que podemos seguir em frente.

A festa da alegria também ocorre no Brasil, mas com conotações diferentes. Vamos nos alegrar nesta semana de Carnaval.

Boa Semana!

Regina

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

VOCÊ SABIA? - Grilo e Gafanhoto e a Capoeira Kosher






Você sabia que a Capoeira, expressão cultural brasileira que é uma combinação de luta, dança, jogo e música, já chegou aos jovens ortodoxos em Israel com
um sabor de "Capoeira Kosher"?


Os irmãos Miki e Yuda Hayat apaixonaram-se pela cultura brasileira.



Miki, já na infância, encantou-se com os movimentos que seu tio, judeu não
religioso, realizava. Indagando, foi informado que aquilo era a capoeira,
uma arte brasileira de origem africana.


"Desenvolvida por escravos africanos trazidos ao Brasil e seus descendentes,
a capoeira é caracterizada por movimentos ágeis e complexos, utilizando os
pés, as mãos e elementos ginástico-acrobáticos. Uma característica que a
distingue de outras lutas é o fato de ser acompanhada por música.

A palavra capoeira tem alguns significados, um dos quais refere-se às áreas
de mata rasteira do interior do Brasil. Foi sugerido que a capoeira
obtivesse o nome a partir dos locais que cercavam as grandes propriedades
rurais de base escravocrata."


A Capoeira foi recentemente declarada Patrimônio Cultural da Humanidade e
aos poucos chegou a Israel e aos territórios santos.


Assista aqui um vídeo de 2014 contando um pouco sobre a viagem da
Capoeira do Brasil para Bnei Brak, Israel, e aqui para ler a matéria completa.




"Além dos movimentos rápidos e ousados do corpo, a Capoeira vem acompanhada de instrumentos musicais, palmas, cantos e coros. Esta é mais uma influência em nosso país dos africanos escravizados.

Para Miki, virou motivo de curiosidade e de dedicação. O israelense conta
que tinha ainda 9 anos quando viu pela primeira vez seu tio, que não é
religioso, fazendo movimentos acrobáticos incomuns. "Eu disse: 'Uau, o que é
isso?' E ele respondeu: "É capoeira".


O menino levava uma vida comum de estudante da Yeshiva - como é chamada a
escola judaica para estudos religiosos. Isso inclui acordar às 7h, orar e
voltar para estudar a Torá, o conjunto de livros base da religião Judaica,
até a meia-noite.

E o interesse pela capoeira o levou a usar as pausas nos estudos na escola
religiosa para melhorar seus movimentos. 'Eu almoçava em 5 minutos e saía
correndo para praticar'.


Miki 'jogava' por toda a parte e isso ia desde a varanda e o parque até a
rua. Não demorou para os outros jovens ficarem curiosos. 'Como você faz
isso? Nós queremos fazer também. Você ensina a gente?', diziam eles. Mas nem
todo mundo o apoiou no começo. Alguns rabinos ameaçaram seus alunos de
expulsão da Yeshiva. 'Um dos rabinos me disse: 'vamos colocar as pessoas
contra você'. Então eu levei o meu rabino até ele, e tivemos uma boa
conversa. No fim, o filho do rabino também veio estudar capoeira', conta
ele.

Miki abriu uma escola de capoeira para judeus ultraortodoxos e hoje tem mais
de 300 alunos.

Ele, que já esteve várias vezes no Brasil e aprendeu a falar português, diz
que, embora não seja fácil entender outra cultura, a capoeira os ajuda a
entender as pessoas que não são como eles."



E Miki tem razão, é preciso conhecer os outros, os diferentes, antes de
julgá-los. Devemos nos aproximar de outras culturas sem receio, observá-las,
estudá-las, talvez absorver o que nelas há de melhor, assim combatendo o
preconceito ao desconhecido.



"Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito.”

Albert Einstein




"Nunca é tarde para abrirmos mão dos nossos preconceitos.

Henry David Thoreau



“As viagens dão uma grande abertura à mente: saímos do círculo de
preconceitos do próprio país e não nos sentimos dispostos a assumir aqueles
dos estrangeiros.”


Barão de Montesquieu



“Preconceito é opinião sem conhecimento."


Voltaire




Este texto é uma colaboração de Itanira Heineberg para os canais do EshTá na Mídia.



FONTES:



http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2014/12/judeus-ultraortodoxos-levam-capoeira-para-jerusalem.html



http://www.pletz.com/blog/capoeira-em-israel/


http://www.conib.org.br/capoeira-os-judeus-ultraortodoxos-apaixonados-pela-cultura-brasileira-em-israel/

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

EDITORIAL: ANTISSEMITISMO

EDITORIAL - ANTISSEMITISMO



Esh Tá na Mídia foi criada há cerca de 110 semanas com o objetivo de denunciar e analisar ações antissemitas ou contra o Estado de Israel. O movimento mais visível é o BDS (Boycott, Divestment and Sanctions; Boicote, Desinvestimento e Sanções) criado para deslegitimizar o Estado de Israel.

Boicotar - deixar de comprar produtos israelenses e também desautorizar e desacreditar qualquer autoridade constituída do Estado de Israel

Desinvestir - impedir e retirar investimentos estrangeiros no Estado de Israel

Sanções - atuar em órgãos internacionais, sendo um dos principais alvos a Organização das Nações Unidas e todas as suas subsidiárias com o objetivo de punir o Estado de Israel por sua existência.

Anos e anos de atuação e muitos espinhos e dissabores acabaram servindo de plataforma para que Israel usasse a sua principal e talvez única força - a capacidade humana de criar - e apesar de tudo e de todos, tornou-se a nação que mais produz conhecimento novo por habitante e que tem todo um país envolvido em desenvolvimento científico e cultural. 

Anos e anos de atuação do BDS despertaram e legitimaram uma onda de grandes proporções de antissemitismo ao redor do mundo. Judeus e judias mortos em suas residências, intelectuais judeus perseguidos nas ruas e, de uma forma mais sutil, parece ficar liberado o sentimento de que os judeus devem ser apontados e identificados em certos locais de trabalho e de ensino.

O antissemitismo em sua forma mais assustadora aflorou na Europa. Na França, a carga antissemita está tão grande que houve uma passeata de apoio aos judeus! Judeus franceses! Pessoas que, por gerações, contribuíram com o Estado Francês, mas que atualmente estão tão vulneráveis que uma parte da população e do establishement sente a necessidade de vir a público. Na mesma semana, os cemitérios judaicos foram vandalizados.

No Reino Unido membros do Partido Democrata desfiliam-se porque não apoiam as ações antissemitas dos partidos.

E nos Estados Unidos, estudantes judeus das Universidades denunciam perseguições e parlamentares do Congresso Americano atacam organizações judaicas de grande prestígio.

Não há necessidade de seguir nos casos; estes são muitos e o Brasil não fica atrás. Assim, é importante tornar público, mas, também é importante dar visibilidade às muitas ações das comunidades judaicas ou de seus membros no sentido de continuar seguindo a tradição de CRIAR - de Tikun Olam - reconstruir o mundo - a tradição de SER.

SER independente,
SER criativo,
SER um povo entre os povos,
SER uma nação entre as nações.

Esta foi a atitude que ao longo destes mais de três mil anos fez com que um grupo de tribos do deserto tenha sobrevivido a tantos impérios e tantos dissabores.

Seria muito bom que cada povo e cada pessoa no mundo encontrasse na sua identidade a beleza do SER.

Boa semana,

Regina


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

VOCÊ SABIA? - Mar Morto, obras de arte a céu aberto





Você sabia que existem obras de arte no Mar Morto, e que elas podem ser visitadas? É possível ver de perto as belíssimas e indescritíveis estruturas de sal que começaram a se formar recentemente graças à evaporação das águas do Mar Morto, o ponto mais baixo da terra.






O Mar Morto, lago salgado localizado no ponto mais baixo do planeta - a 430 metros abaixo do nível do mar - está aos poucos encolhendo sob o calor do sol do Oriente Médio.
O nível de sua superfície se retrai num ritmo superior a um metro por ano, conforme explica esta reportagem da BBC.
Ele é oito ou nove vezes mais salgado do que os oceanos do mundo, tão denso e rico em minerais que nem parece água, lembra azeite de oliva misturado com areia.






Ben Zaken, proprietário do único barco turístico navegando no Mar Morto, dono da empresa Salty Landscapes, serviu na marinha israelense e trabalhou em barcos comerciais no Alaska.
“Eu vou em busca da beleza nesta crise ambiental. Eu tento vislumbrar uma luz porque a escuridão está presente”!
Assim se pronuncia Ben Zaken ao conduzir os turistas pela superfície do Mar Morto cujas águas recuam a olhos vistos.






Ben Zaken mora em Mitze Shalem e oferece passeios turísticos que requerem reserva antecipada.
Seu barco tem capacidade para 12 pessoas e sai da costa perto de sua residência, a 45 milhas de Jerusalém.
Ele é o único a navegar pelo mar salgado, além de um barco de pesquisas científicas que percorre as mesmas águas, muitas milhas mais ao sul, perto de Ein Gedi.
Apesar de comprar seu barco em 2011, Zaken teve de esperar dois anos até obter licença militar para operar seus passeios pelo Mar Morto.






Deparamo-nos aqui com um paradoxo: enquanto este mar famoso por sua salinidade, lama e minerais recua perante nosso olhar incrédulo e vai desaparecendo, nasce um turismo: a descoberta da beleza das formações salinas que aos poucos despontam do fundo d’água e encantam a todos.






Estas belas formações salinas começaram a aparecer há 10 anos aproximadamente.
O instrutor de fotos de smartphones de Tel Aviv, Natali Tamir, assim relatou sua experiência ao navegar pelas águas salgadas:
“Era como se eu houvesse chegado à Lua!”








Por que este lago, cercado por desertos insignificantes, apresenta esta salinidade toda?
“Porque nos últimos 10.000 anos, seu nível de evaporação tem sido maior que o de reposição. Como o sal não se evapora com água, a concentração aumenta. A principal fonte abastecedora do Mar Morto é o Rio Jordão, que despeja cerca de 6,5 milhões de metros cúbicos de água por dia. Rios menores e temporários contribuem com cerca de 500 metros cúbicos. É pouco, se levar em conta que em dias de calor a evaporação é de 10 milímetros, pouco mais de 9 milhões de metros cúbicos. Além disso, chove pouco na região — 45 milímetros por ano. Em São Paulo, por exemplo, chega a chover 100 milímetros em um dia. Isso faz com que o Mar Morto tenha uma concentração de sal até dez vezes maior que a dos oceanos. Enquanto em cada 100 milímetros de suas águas há de 30 a 35 gramas de sal, nos oceanos esse número não passa de 3,5 gramas. Essa alta concentração de sal também é responsável pelo nome do mar.”

A preocupação em reduzir a entrada de água no Mar Morto por utilização de água do rio Jordão foi levada muito a sério por Israel. Em um país cuja economia é baseada no desenvolvimento científico, esta preocupação foi solucionada a partir da dessalinização da água do mar Mediterrâneo e da extração de água do ar. Assim, Israel não mais extrai água do Jordão numa tentativa de reduzir a velocidade com que o Mar está secando.

Ainda assim, acredita-se que este seja um processo natural e inevitável, e que o destino do Mar Morto seja tornar-se uma grande salina como já aconteceu em diversas partes do mundo.






Dos seus 630 km2 de extensão, ele está agora reduzido a um terço de suas águas.






Cada um destes degraus indica um ano de perda de águas.





Torres, cogumelos, formas pontiagudas, tantas diferenças de formato, tamanho, número de cristais acumulados no fundo do mar!
Estas estruturas variam com a salinidade, a evaporação e a temperatura das águas.




Museu sobre as águas, este é realmente um passeio inesquecível.



Com a evaporação das águas o panorama do lago se transforma aos nossos olhos.
O submerso aos poucos vai se expondo.



Agora os visitantes da região terão mais uma opção além de flutuar nas águas salgadas sem submergir, dos minerais e lamas medicinais, do sol constante e acolhedor: um passeio cultural pelas galerias de arte natural do famoso e valorizado Mar Morto.


Este texto é uma colaboração de Itanira Heineberg para os canais do EshTá na Mídia. 


FONTES:

https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/turismo/internacional/conheca-20-lugares-extremos-do-mundo,76ed4fce78019310VgnVCM20000099cceb0aRCRD.html




sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Editorial: Ciência - em busca de novos horizontes





Ciência: a busca do conhecimento - a geração de novas capacidades - o empoderamento do saber. Há muitas relações entre o Povo Judeu e a busca de novos horizontes, quer do ponto de chegada, adaptação e contribuição a novas terras, quer do ponto de vista de que a contagem do tempo é feita prezando o novo e lembrando que faz parte do ser humano participar da transformação de nosso Universo, e que para isso é preciso conhecer e gerar novas formas de melhorar a vida.

Esta semana tivemos dois fatos marcantes em São Paulo. Na segunda-feira, dia 11, foi celebrado o Dia das Meninas e Mulheres na Ciência. A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência participou com um seminário onde falaram mulheres envolvidas na educação, na realização e na gestão da ciência. Tive a oportunidade de participar de um dos paineis e toda a sessão e muitos dos comentários podem ser acessados através da mídia da SBPC

Destaquei a importância da diversidade entre os "fazedores" de ciência e compartilhei com a audiência minha predileção por manter a individualidade de cada um dos atores, permitindo que todos ajam de formas diferentes, dentro da ética e da vontade guiada pela curiosidade e pelo "quero mais", "quero melhor". Neste contexto, as mulheres devem ocupar seus espaços, mantendo sua individualidade, sem precisar abrir mão de suas vidas, para serem "iguais" a estereótipos criados ao longo dos anos para cientistas. Fazer ciência é divertido e estimulante. A melhor definição e a mais naive foi a dada por uma estudante escolhida para passar um mês trabalhando nos laboratórios do Instituto Weizmann em Israel durante o verão. Um dos patrocinadores, ao escutar uma palestra sobre matemática das mais avançadas perguntou à garota por que ela tinha escolhido esta atividade para as férias - e ela, falando pela primeira vez olhando para o público, e com um vasto sorriso nos olhos, disse - "foi o máximo - era uma Disneylândia!".

Pesquisadoras e Gestoras de Ciência mostraram dados sobre a participação da mulher na ciência brasileira.  Ao final do dia ficou evidente que o Brasil é um dos importantes atores no campo, mas esta é uma planta que necessita de alimentação contínua e que não pode ser desprezada ou penalizada por razões políticas, pois isto resulta em perdas irreparáveis. Interessante que políticos e governantes de todas as matizes têm continuamente mostrado o seu descompromisso com a matéria. Interesse em produtos de alta rentabilidade e desinteresse na geração de conhecimento inédito e disruptivo, este sim que pode gerar benefícios astronômicos para a área econômica e para a melhoria da vida no planeta.




Na mesma semana, O Prof. Perets Lavie, Presidente (Reitor) do Instituto de Tecnologia TECHNION em Israel, Haifa, esteve visitando o Estado de São Paulo. Visitou a UNICAMP e a USP, proferiu palestras na qualidade de Reitor, e também teve oportunidade de manter reuniões científicas com pesquisadores da do INCOR e da USP junto com sua esposa Dra. Lina Lavie, biologista celular.

Uma descrição da visita à USP e à UNICAMP pode ser encontrada aqui e aqui. Acompanhou a visita o Prof. Ary Plonski (FEA e POLI,  USP), Vice-Diretor do Instituto de Estudos Avançados da USP e membro da Junta de Governadores do Technion. Na conferência ministrada no IEA, Peretz Lavie fez um mergulho na Nação TECHNION - uma nação iniciada em 1901, ainda na Palestina Otomana, quando uma enorme onda de atissemitismo invadia a Europa do Leste e estava em andamento o sonho de 2000 anos de existir na face da terra uma nação para o Povo Judeu. Os que lá chegariam necessitariam de técnicas para construir casas e lavrar terras e, na cidade de Haifa, à beira do Mediterrâneo, surge então uma escola técnica que depois transforma-se em Escola de Engenharia e Medicina. Um pedaço de terra desprovido de riquezas naturais foi, de acordo com Lavie, buscar na diversidade entre os homens e mulheres a riqueza das mentes. 

Em breve, o vídeo com a conferênca completa estará disponível no YouTube - foi uma conferência muito marcante, feita por uma pessoa carismática, que viveu e atuou na geração de uma START UP Nation. 

E, não posso deixar de lembrar que a História do Povo Judeu, que hoje está ligada a enormes avanços científicos, em um passado muito recente esteve mergulhada nos horrores do holocausto. Para emergir e continuar a vida sem negar o passado, é preciso restaurá-lo sem querer revivê-lo a cada minuto. Esta semana, Itanira nos brinda com um Você Sabia especial, mostrando como violinos restaurados podem voar acima do tempo e tocar os corações do chamado mundo tecnológico. Não deixem de ler.

Vou terminando após uma semana de verdadeiro mergulho no mundo do amanhã.

Regina P. Markus


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

VOCÊ SABIA? - violinos do Holocausto voltam à vida



VIOLINOS, UM SÍMBOLO DA CULTURA JUDAICA: ESPEZINHADOS DURANTE O HOLOCAUSTO, VOLTAM À VIDA







Você sabia que centenas de violinos pertencentes a vítimas do holocausto nazista foram recuperados pelo israelense Amnon Weinstein e hoje aparecem em bem frequentadas salas de concerto, reverberando em alto e bom som, ao recontar a triste guerra que jamais poderá ser esquecida?







Os pais de Amnon fugiram da Europa em 1938 e foram para a Palestina onde papai Moshe abriu uma loja de violinos.
No final da guerra, Moshe descobriu que todos os seus familiares, sem exceção, haviam morrido nos campos de extermínio. Ao receber esta notícia, Moshe teve seu primeiro ataque cardíaco e nunca mais falou sobre os desaparecidos.
O jovem Amnon cresceu ouvindo as tristes histórias do holocausto e ao perguntar à mãe sobre a família na Europa, com lágrimas nos olhos ela lhe mostrava as fotos dos jornais e dizia: aqui estão eles.
Amnon tornou-se um dos mais respeitados artesãos, fabricantes de violinos.

Em 1996, fundou o projeto "Violinos da Esperança".
Violinista e construtor de instrumentos, Amnon recolheu e consertou algumas centenas de violinos de vítimas da Shoah.

Nunca esqueceu a tragédia dos parentes desaparecidos, e sobre esta dor vem compondo uma história comovente, inspirada nos 400 familiares que nunca chegou a conhecer.
Começou por localizar violinos usados em diferentes campos nazistas e com paixão e muito trabalho recuperou-os, devolvendo-lhes suas características originais a fim de que pudessem novamente soar, num movimento inverso, de volta à vida.
Hoje, o projeto permite que aqueles violinos destroçados no passado e sete décadas mais tarde recuperados por Weinstein, sejam ouvidos em suntuosas salas de concertos por toda a Europa e América do Norte.
A recuperação de cada instrumento é longa e meticulosa e Amnon deixa um pouco de si em cada um. Ele reconhece que cada violino tem uma história, cada um tem também sua própria alma.
Amnon se recusa a vender estes instrumentos trazidos à vida.
Segundo ele, a força de um violino é difícil de compreender. Por esta razão, seus violinos serão sempre usados em concertos de qualidade e impacto surpreendente, buscando a paz e felicidade que lhes foram confiscadas no passado.

“Os instrumentos testemunharam uma morte programada. Agora, com a ajuda da música e exposições contribuem para manter viva a memória do Holocausto.”

Assistamos agora um pequeno vídeo sobre o assunto:







Agora temos um curto vídeo EuroNews apresentando os violinos da esperança em Dresden:




E finalmente, 5 minutos de música que nos relatam ser impossível matar a cultura judaica.

Nesta viagem de Amnon revemos os campos, conhecemos o grande violinista Schlomo Mintz e ouvimos sua tristeza ao relembrar o sofrimento de seu povo tocando música na esperança de mais um dia de vida, mas morrendo sem compaixão.








Este texto é uma colaboração de Itanira Heineberg para o EshTá na Mídia.


FONTES:

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

EDITORIAL: MANTENDO IDENTIDADES - INCLUSÃO x UNIÃO




Esta semana foi iniciada com um "Você Sabia" sobre o seriado Shtisel, que está sendo transmitido na Netflix. É um olhar sobre o dia-a-dia de judeus ortodoxos que moram no bairro de Gueula, em Jerusalém. Não representam todos os ortodoxos, nem em hábitos, nem em costumes e nem na maneira de viver, mas é muito interessante como o cineasta, que fez um filme para israelenses, quis mostrar a identidade de uma parcela da comunidade israelense.

Assim como Israel, o Brasil também é um país formado por muitas etnias e por grandes diferenças do ponto de vista educacional, cultural e de valores. Assim como Israel, mas de uma forma muito peculiar, o Brasil tem lidado muito bem com todas estas diferenças... oops - talvez nem todos concordem, então vamos recolocar e considerar que apesar das diferenças, nunca geramos até agora ódios raciais ou culturais.

Em Israel, o mesmo ocorre. A bem da verdade, o que muda são as lentes que amplificam ou reduzem problemas. O povo judeu é um povo multicultural e multiétnico. Há brancos e negros, ocidentais e orientais. Há grupos que imigraram de países cristãos, outros de países comunistas e outros de países árabes. Não podemos esquecer os que vieram da África e da Índia e ainda da Pérsia (Irã).

Além da diversidade de judeus, há também a diversidade étnica de populações não judaicas. Muitas são árabes, e neste caso encontram-se os cristãos e os mulçumanos. Mas há também os drusos e mais recentemente um grupo que tem origem aramaica. Os arameus há muitos séculos foram convertidos pelos islâmicos e perderam inclusive a sua identidade linguística. O aramaico hoje é um lingua morta, usada apenas em orações, mas este pequeno grupo também busca a sua identidade.

Fora isto, há uma importante imigração de não judeus proveniente da América Latina, das Filipinas e Indonésia e de alguns países do leste europeu.

E ainda não falamos daqueles que após o Setembro Negro passaram a se indentificar como palestinos, e que não se enquadram como cidadãos, ou residentes do moderno Estado de Israel.

Como é possível conviver? A maioria das crianças sabe, desde pequenas, dois alfabetos - às vezes até três. Não é incomum ver crianças de origem filipina trocando os alfabetos com crianças de origem russa. E aqui surge um fato interessante: manter a identidade tanto em relação aos hábitos mais corriqueiros quanto à cultura mais elaborada é uma forma de permitir que haja um todo mais rico.

Conviver sem incluir. Não querer que todos tenham as mesmas características e nem que seus hábitos e costumes sejam mantidos artificialmente pelo isolamento ou pelo destaque da diferença. Simplesmente deixar acontecer, e entender que há possibilidade de viver em casa e na rua realidades diferentes, e na medida do possível compartilhar.

MANTER A IDENTIDADE é a fórmula mágica de conviver com as diferenças e com isto criar uma sociedade mais forte e melhor.

Será que conseguimos? 

Regina P. Markus

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

VOCÊ SABIA? - Shtisel - a série israelense aclamada em todo o mundo







 Você sabia que a série Shtisel, escrita pela  dupla magistral Ori Elon - Yehonatan Indursky e dirigida por Alon Zingman, é reconhecida como uma das melhores séries da televisão israelense pela extraordinária qualidade de produção e pela projeção internacional da história?

Para os leitores desta coluna que ainda não penetraram na fantasia do mundo Shtisel, a novela gravita em torno de uma família imaginária em um bairro de Haredim, de judeus ortodoxos, em Jerusalém.

O patriarca Shulem Shtisel, professor em uma escola religiosa local, recentemente viúvo, vive com seu filho solteiro, Akiva, um rapaz frustrado, artista nato, dono de grande talento para lápis e pincéis, que não consegue conciliar seu dom artístico ao mundo religioso, estreito e cheio de leis em que foi criado. Akiva ainda debate-se com a constante interferência dos casamenteiros do bairro e parentes próximos, cheios de boa vontade, que procuram apresentá-lo a possíveis noivas, sem conhecer suas reais aspirações.

A imensa e vibrante família apresenta-nos uma simpática velhinha, Bubby, a avó, residente em um Lar para idosos após a morte do marido, onde descobre com grata surpresa a  TV e seus inúmeros programas. Em pouco tempo ela se apaixona pelo novo objeto, deixa-se seduzir pelas novidades televisivas e chega ao ponto de rezar pelos personagens das novelas.

Através de suas conversas com seus filhos, netos e residentes do Lar, Bubby transmite lições de vida, aconselha os que sofrem e acrescenta humor às cenas, com suas palavras e narrativas.

Giti, a filha casada de Shulem, demonstra uma grande vontade de lutar pela dignidade de sua família e de seus cinco filhos, ao ser abandonada pelo marido que vai a trabalho para a Argentina e lá tenta abandonar a religião e o passado. Sua filha adolescente é a que mais sofre, mas mesmo assim procura aliviar as saudades que os irmãos sentem do pai distante. Dotada de um generoso coração, a jovem tenta auxiliar também um estudante de yeshiva que tem dificuldades em se concentrar nos textos sagrados.

Shulem tem outros filhos e netos, todos sujeitos às suas influências de pai, educador e personalidade dominadora. Cada capítulo nos enriquece com as relações e conversa dos familiares, as emoções dos acontecimentos diários e dos imprevistos, tudo  ambientado no universo Haredi.

                                                                                   
“A série foi ao ar pela primeira vez em Israel em junho de 2013, com ambas as temporadas alcançando sucesso e aclamação da crítica. Estes incluíram 11 Israeli TV Awards para sua temporada inaugural (incluindo Melhor Drama, Melhor Ator, Melhor Diretor e Melhor Roteiro para a 1ª Temporada), seguidos de seis prêmios em 2015 (incluindo Melhor Ator e Melhor Atriz para a 2ª Temporada)."

Durante 2 temporadas e 24 episódios, a série Shtisel virou “the talk of the town” ou seja, o assunto da cidade.

Os atores, nenhum de religião ortodoxa, durante algumas semanas observaram discretamente as atividades nos bairros de Gueula e Mea Sharim, e a movimentação de seus habitantes. Suas atuações na série são realmente dignas de louvor. Nadav Palti, o CEO e presidente da Dori Medi Group, responsável pela criação da série, ficou muito feliz ao vender Shtisel para a Netflix depois do grande sucesso nacional alcançado pela série em 5 anos.  
      
Os dois excelentes escritores reuniram-se em um restaurante com preços módicos no bairro de Gueula para conversar. Gostaram tanto do nome do mesmo, Shtisel, que decidiram: "independente do que escrevermos, o nome será Shtisel. Este nome soa muito bem."
          
   Ao ver as imagens do seriado, desde o final de 2018 na Netflix com projeção mundial, os espectadores pensam que imergirão em um mundo diferente, hermético, inacessível. Um mundo sem comunicação com o deles!
Ledo engano...

                Assistamos a este curto vídeo de introdução de Shtitsel acompanhado da bela melodia, criada pelo diretor Alon, um “niggun" - peça musical que, para a alegria de seu compositor, encanta tanto Haredim como não-religiosos:





É quando, para surpresa de todos, surgem as cenas familiares cheias de amor e companheirismo, as disputas entre irmãos, a luta pela sobrevivência digna, tristezas e muita música para celebrar os momentos importantes do dia a dia. 


     

Como expressou um amigo meu, esta série mostra que atrás das barbas e “peiot”, cachos laterais dos judeus, há modernidade, jovens em desenvolvimento, internet, negócios e assuntos de coração. Gente como a gente, os Haredim apreciam sua maneira de viver, seus descendentes e amigos. Valorizam suas famílias, suas conquistas, seus sucessos. São simplesmente humanos. 

A religião não desponta como um problema, eles obedecem suas leis, fazem suas orações e mitzvot (boas ações), apaixonam-se, casam, têm filhos e acesso ao divórcio.

A série pode ter alguns exageros, mas consegue mostrar fortalezas de debilidades de um setor da sociedade como em qualquer outro. 

Segundo a Torah, há 613 mitzvot - mandamentos - ordenados por Deus.

Na tragédia de Brumadinho, várias pessoas não entenderam a ação de Israel ao enviar mais de 130 especialistas em resgate em inundações à área da catástrofe ambiental. Alguns até criticaram, outros ridicularizaram o trabalho e os equipamentos utilizados pelos israelenses. Houve quem ousasse servir-se da situação dramática para trazer a política à tona.

Israel estava simplesmente cumprindo uma mitzvá ao ajudar seres humanos em hora de dor e necessidade.




Shimon, o Justo, afirmava: “Sobre três coisas se sustenta o mundo: o estudo da Torá, o Serviço Divino e os atos de bondade."
Pirkei Avot


Este texto é uma colaboração de Itanira Heineberg para o EshTá na Mídia.


FONTES: