Esta semana foi iniciada com um "Você Sabia" sobre o seriado Shtisel, que está sendo transmitido na Netflix. É um olhar sobre o dia-a-dia de judeus ortodoxos que moram no bairro de Gueula, em Jerusalém. Não representam todos os ortodoxos, nem em hábitos, nem em costumes e nem na maneira de viver, mas é muito interessante como o cineasta, que fez um filme para israelenses, quis mostrar a identidade de uma parcela da comunidade israelense.
Assim como Israel, o Brasil também é um país formado por muitas etnias e por grandes diferenças do ponto de vista educacional, cultural e de valores. Assim como Israel, mas de uma forma muito peculiar, o Brasil tem lidado muito bem com todas estas diferenças... oops - talvez nem todos concordem, então vamos recolocar e considerar que apesar das diferenças, nunca geramos até agora ódios raciais ou culturais.
Em Israel, o mesmo ocorre. A bem da verdade, o que muda são as lentes que amplificam ou reduzem problemas. O povo judeu é um povo multicultural e multiétnico. Há brancos e negros, ocidentais e orientais. Há grupos que imigraram de países cristãos, outros de países comunistas e outros de países árabes. Não podemos esquecer os que vieram da África e da Índia e ainda da Pérsia (Irã).
Além da diversidade de judeus, há também a diversidade étnica de populações não judaicas. Muitas são árabes, e neste caso encontram-se os cristãos e os mulçumanos. Mas há também os drusos e mais recentemente um grupo que tem origem aramaica. Os arameus há muitos séculos foram convertidos pelos islâmicos e perderam inclusive a sua identidade linguística. O aramaico hoje é um lingua morta, usada apenas em orações, mas este pequeno grupo também busca a sua identidade.
Fora isto, há uma importante imigração de não judeus proveniente da América Latina, das Filipinas e Indonésia e de alguns países do leste europeu.
E ainda não falamos daqueles que após o Setembro Negro passaram a se indentificar como palestinos, e que não se enquadram como cidadãos, ou residentes do moderno Estado de Israel.
Como é possível conviver? A maioria das crianças sabe, desde pequenas, dois alfabetos - às vezes até três. Não é incomum ver crianças de origem filipina trocando os alfabetos com crianças de origem russa. E aqui surge um fato interessante: manter a identidade tanto em relação aos hábitos mais corriqueiros quanto à cultura mais elaborada é uma forma de permitir que haja um todo mais rico.
Conviver sem incluir. Não querer que todos tenham as mesmas características e nem que seus hábitos e costumes sejam mantidos artificialmente pelo isolamento ou pelo destaque da diferença. Simplesmente deixar acontecer, e entender que há possibilidade de viver em casa e na rua realidades diferentes, e na medida do possível compartilhar.
MANTER A IDENTIDADE é a fórmula mágica de conviver com as diferenças e com isto criar uma sociedade mais forte e melhor.
Será que conseguimos?
Regina P. Markus
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