Dia 1 de setembro de 2019 coincide com o dia 1 de Elul de 5779, o último mês do calendário judaico.
Estão chegando Rosh Hashaná (cabeça do ano) e Yom Kipur (Dia da Expiação, Dia do Perdão). A virada do ano no calendário judaico é um momento muito sério e o mês de Elul serve de preparação.
É na virada do ano que podemos ganhar todas as energias para um novo período, podemos ajustar planos e buscar novas inspirações. Também é neste período que devemos dar uma segunda chance aos nossos problemas, e aos nossos amigos e não tão amigos.
O mês de Elul é um mês de preparo; as rezas são alteradas de forma a lembrar a chegada de um momento de virada, e não é importante apenas lembrar, mas também programar e sonhar.
Mas de onde vem esta tradição? Tradição ou História? Fatos ou Mitos? Tenho a opinião que são fatos históricos, que apesar de terem ocorrido há tantos milênios atrás vão sendo preservados na memória do povo, na única forma em que isto é possível, ao ser contados de geração em geração. Conta a história, conta a Torá (cinco livros de Moisés) em seu último livro (Devarim - traduzindo livremente "coisas" - ou na forma mais tradicional - Números).
Em todas as sinagogas do mundo, esta semana lê-se Números 28: 1-3; 3-15. E a história conta que no dia 1 de Elul do ano de 2448 (1313 AEC), Moisés sobe ao Monte Sinai pela segunda vez, levando as duas tábuas de pedra que ele mesmo entalhou, e que passa 40 dias na Montanha - até o Iom Kipur - quando recebe o Perdão Divino por ter quebrado as primeiras Tábuas da Lei, escritas por D'us.
Contar uma história que ocorreu há 3332 anos e mesmo seguir costumes que são iniciados há mais de 3 milênios parece algo um pouco bizarro, mas os judeus, religiosos ou não, mesmo muitos que se dizem ateus, lembram e ouvem falar deste período com respeito e reverência. Mergulhar neste tempo é energizante.
Os sépticos dizem: como provar que esta história ocorreu? Os religiosos nem contestam, visto que está escrito. E muitos olham os sinais que o tempo não conseguiu apagar e veem que não há necessidade de provar e nem de acreditar, simplesmente é observar que mesmo no ano de 2019 em todo o planeta, as sinagogas do mundo inteiro anunciam a chegada de Elul. Poucas pessoas vão escutar este anúncio, mas certamente as sinagogas estarão lotadas daqui a 40 dias quando chega o Dia do Perdão, o dia em que o Povo de Israel inicia a sua longa jornada sob os auspícios de uma lei. Lei que provê condições de respeito às gerações passadas e a responsabilidade de participar do conserto do mundo. Lei que concede ao futuro e ao passado um status que dignifica o presente.
Chegamos a mais um mês de Elul e iniciamos a fase de preparativos para mais uma jornada.
Desejo a todos um mês muito especial.
Regina P. Markus