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segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

VOCÊ SABIA? - Martin Buber, o filósofo do diálogo




Sócrates (470 - 339 a. c.)
Martin Buber, mais de dois milênios mais tarde, retoma o diálogo socrático como única resposta ao mundo em que viveu, mundo dilacerado por desequilíbrio, intransigência, barbárie, que reporta aos dias que estamos vivendo neste início do ano 2020.



VOCÊ SABIA que Martin Buber (1878-1965), o “filósofo do Diálogo”, deixou um legado que pode nos restituir o alento perdido nestes presentes momentos de insegurança e ansiedade global pelos quais estamos passando?








Martin Mordechai Buber foi um renomado jornalista e teólogo, filósofo, escritor e pedagogo austríaco, mais tarde naturalizado israelense, que nasceu em uma família judaica ortodoxa de tendência sionista.

Buber era poliglota; em casa aprendeu iídiche e alemão e na escola judaica estudou hebraico, francês e polonês.


O filósofo em Martin Buber nos premiou com um livro de menos de 100 páginas que é uma herança para a humanidade - um trabalho considerado um dos mais densos e belos da área: Eu e Tu, de 1923.





“A base de seu pensamento é o diálogo, como única saída para o mundo em que viveu, dividido e marcado pela intolerância e pela violência - um pouco como os dias atuais.

Nascido em uma família de judeus observantes, uma crise pessoal leva-o a romper com os costumes religiosos judaicos, para prosseguir os estudos seculares de filosofia. Começa a ler Immanuel Kant, Søren Kierkegaard e Friedrich Nietzsche, inspirando-se especialmente nos dois últimos.
Em 1896, Buber vai estudar em Viena, dedicando-se à filosofia, história da arte, estudos germânicos e filologia.

Em 1898, ingressa no movimento sionista, participando de congressos e das atividades de organização do movimento. Em 1899, quando estudava em Zurique, Buber conhece sua futura esposa, Paula Winkler, uma escritora de Munich, sionista e não judia. Mais tarde, ela iria converter-se ao judaísmo.

Em 1902, torna-se editor do semanário Die Welt, órgão central do movimento sionista. Mais tarde, porém, abandonaria as atividades de organização do movimento.

Em 1923, escreve seu famoso ensaio sobre a existência, Ich und Du (Eu e Tu).
Em 1925, inicia a tradução da Bíblia Hebraica para o idioma alemão.
Em 1930, torna-se Honorarprofessor (professor honorário) de Ética e Religião da Universidade de Frankfurt, demitindo-se logo após a ascensão de Adolf Hitler ao poder, em 1933.
Em 1935, é excluído da Reichsschrifttumskammer ("Câmara de Letras do Reich"). Em seguida, Buber cria o Gabinete Central para a Educação de Adultos Judeus, que se tornou muito importante quando o governo alemão proibiu os judeus de frequentarem o ensino público.

Em 1938, Buber finalmente deixa a Alemanha e se estabelece em Jerusalém (à época, Palestina mandatária), ingressando na Universidade Hebraica - onde lecionaria antropologia e sociologia até 1951. Nesse período torna-se muito próximo de alguns intelectuais sionistas, como o filósofo Felix Weltsch, o escritor Max Brod e políticos como Chaim Weizmann e Hugo Bergman, pessoas que Buber conhecera ainda na Europa, nas cidades de Praga, Berlim e Viena. Essa amizade permaneceria até a década de 1960.”


Longe de nós está a pretensão de exaustar a vasta obra literária de Martin Buber.
Lembramos aqui que em seu trabalho filosófico, Buber afirmou desde o início que não há vida sem comunicação e diálogo, e que os objetos não existem sem que entre eles aconteça uma interação: interação do homem com ele mesmo, com seus semelhantes, com o mundo e com Deus (transcendental).
Em sua visão o ser humano é substancialmente conectado à comunidade: família, trabalho, responsabilidades, deveres - e sua essência é o ser humano frente a frente ao se humano, em diálogo e compreensão.
Segundo Buber, o homem só é capaz de se encontrar a partir do encontro com outros homens.


“As palavras-princípio, Eu-Tu (relação), Eu-Isso (experiência), demonstram as duas dimensões da filosofia do diálogo buberiano que, segundo o filósofo, dizem respeito à própria existência.”






“O homem nasce com a capacidade de interrelacionamento com seu semelhante, ou seja, a intersubjetividade.
Intersubjetividade é a relação entre sujeito e sujeito e/ou sujeito e objeto.
O relacionamento, segundo o filósofo Martin Buber, acontece entre o Eu e o Tu, e denomina-se relacionamento Eu-Tu. A interrelação segundo Martin Buber, envolve o diálogo, o encontro e a responsabilidade, entre dois sujeitos e/ou a relação que existe entre o sujeito e o objeto. Intersubjetividade é umas das áreas que envolve a vida do homem e, por isso, precisa ser refletida e analisada pela filosofia, em especial pela Antropologia Filosófica.”








“Só haverá paz quando cada um respeitar a singularidade do outro”.

Buber foi um ferrenho defensor da coexistência entre árabes e judeus.
Acreditava no diálogo!
E o diálogo buberiano entre nações, culturas, religiões, é o que nos acena na busca pela Paz.


Este texto é uma colaboração especial de Itanira Heineberg para os canais do EshTá na Mídia.


FONTES:





Livros:

1 - Estes Homens Fizeram o Judaismo – Coleção Documenta/Ideias – Ed. B’Nai-B’Rith – Buber, o Humanista por John Sherman
Editora Documentário – 1974- Primeira Edição


2 - On Judaism – Martin Buber
Shocken Books Inc.  1967 – Primeira Edição

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