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segunda-feira, 10 de agosto de 2020

VOCÊ SABIA? - Gratidão

Gratidão em tempos de pandemia

Por Itanira Heineberg




Você sabia que a gratidão é um aspecto básico da vida judaica?

 “Devemos sentir e expressar gratidão às pessoas à nossa volta e também sentir e expressar gratidão a D'us.”

 

Segundo o Rabino Sachs, “as primeiras palavras que nos são ensinadas a dizer todas as manhãs, imediatamente ao acordar, são Modê / modá ani, “Agradeço (eu)”. Agradecemos antes de pensar.

O judaísmo é gratidão com a atitude”.

 

Atualmente estudos e pesquisas de embasamento científico apontam que a gratidão enriquece e traz mais leveza à vida. Ela diminui a depressão, limpa a alma e aumenta a autoestima do ser.

Dr. Tali Loewenthal, palestrante sobre Espiritualidade Judaica na Universidade College London, esclarece:

“Um importante aspecto desta gratidão especial é a recitação da “Benção de Graças” (Bircat Hamazon) depois de comermos pão. É um evento importante, seja em um grande banquete, em uma refeição com a família ou simplesmente quando alguém come um sanduíche na hora do almoço.

A recitação da “Benção de Graças” expressa a ideia de que nós dependemos de D'us para todos os detalhes em nossas vidas e nós somos gratos a Ele por de nós cuidar a cada passo. Nós precisamos de D'us para nossa existência em todo momento, pelo ar que nós respiramos e pelos alimentos que comemos.”


Bircat Hamazon: Gratidão! - Êke

O Povo Judeu que vagava pelo deserto recitava esta prece depois de comer o maná que caía dos céus.

Todá lecha elohim al hashemesh

Obrigado a ti D´us pelo sol.

 

A “Benção de Graças” não somente agradece a D'us por suprir nossas necessidades básicas; ela também é parte integral de nossas vidas como judeus, expressando todo o curso da História Judaica, com suas alegrias, tragédias e esperança. Recitá-la ou cantá-la nos une aos milhares de anos de vida do Povo Judeu e também oferece uma preciosa oportunidade de falarmos diretamente com D'us.

É chegada a hora de refletirmos sobre a gratidão em tempos de pandemia. Como aceitamos as mudanças bruscas que nos foram impostas de um momento para o outro? Como reagimos a este vírus que se intrometeu entre nós e nossos queridos amigos e familiares? E o emprego que nos garantia o sustento da família e dos nossos prazeres?

Frequentemente tenho me deparado com reações contraditórias, diferentes, oriundas de diferentes pessoas.

Muitas perceberam o tanto que possuíam e saíram a socorrer os desamparados, os mais desprovidos.

Outras se aproveitaram da crise para enriquecer à custa de ações corruptas, em detrimento de outros, prejudicando os doentes em suas necessidades básicas de leitos, medicamentos e respiradores.

Também houve o depoimento de uma sobrevivente do Holocausto que festejou o afastamento social:

“Eu fiquei 4 anos escondida, sem o mínimo de conforto, com muito medo, fome e frio. E a terrível incerteza de até quando eu resistiria?

Como não posso esperar a cura desta doença quando nada me falta? É precioso saber que em breve me reunirei novamente aos meus queridos!”


Como podemos ver, a gratidão enriquece aqueles que a praticam. Enobrecem e servem de exemplo aos não satisfeitos com a própria vida.

E nestes momentos de agradecer pelo que somos, pelo que possuímos, pela vida que nos foi ofertada, que linda oportunidade de nos comunicarmos diretamente com D’us!

Há quem não acredite na presença divina, mas mesmo os mais descrentes, a Ele recorrem num piscar de olhos em momentos de dor, sofrimento, angústia ou morte.

O que mais me encanta em uma partida de futebol é perceber a alegria dos jogadores ao conquistarem uma defesa importante, um gol decisivo, um pênalti. A primeira coisa que fazem é levantar os olhos para os céus e agradecer às suas divindades através de gestos, beijos ou palavras imperceptíveis.

Nestes momentos de gratidão, em hospitais, comemorações, praças de esporte ou no próprio lar, algo profundo e espiritual dentro de nosso coração humano se desloca, alça voo, e alcança o Ser fora de nós. Ao agradecermos nos aproximamos de D’us.


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