Gratidão em
tempos de pandemia
Você sabia
que a gratidão é um aspecto básico da vida judaica?
“Devemos sentir e expressar gratidão às
pessoas à nossa volta e também sentir e expressar gratidão a D'us.”
Segundo o Rabino
Sachs, “as primeiras palavras que nos são ensinadas a dizer todas as manhãs,
imediatamente ao acordar, são Modê / modá ani, “Agradeço (eu)”. Agradecemos
antes de pensar.
O judaísmo é gratidão com a atitude”.
Atualmente
estudos e pesquisas de embasamento científico apontam que a gratidão enriquece
e traz mais leveza à vida. Ela diminui a depressão, limpa a alma e aumenta a
autoestima do ser.
Dr. Tali
Loewenthal, palestrante sobre Espiritualidade Judaica na Universidade College
London, esclarece:
“Um
importante aspecto desta gratidão especial é a recitação da “Benção de Graças”
(Bircat Hamazon) depois de comermos pão. É um evento importante, seja em um
grande banquete, em uma refeição com a família ou simplesmente quando alguém
come um sanduíche na hora do almoço.
A
recitação da “Benção de Graças” expressa a ideia de que nós dependemos de D'us
para todos os detalhes em nossas vidas e nós somos gratos a Ele por de nós cuidar
a cada passo. Nós precisamos de D'us para nossa existência em todo momento,
pelo ar que nós respiramos e pelos alimentos que comemos.”
Bircat
Hamazon: Gratidão! - Êke
O Povo Judeu
que vagava pelo deserto recitava esta prece depois de comer o maná que caía dos
céus.
Todá lecha
elohim al hashemesh
Obrigado a ti
D´us pelo sol.
A “Benção
de Graças” não somente agradece a D'us por suprir nossas necessidades básicas;
ela também é parte integral de nossas vidas como judeus, expressando todo o
curso da História Judaica, com suas alegrias, tragédias e esperança. Recitá-la
ou cantá-la nos une aos milhares de anos de vida do Povo Judeu e também oferece
uma preciosa oportunidade de falarmos diretamente com D'us.
É chegada a
hora de refletirmos sobre a gratidão em tempos de pandemia. Como aceitamos as
mudanças bruscas que nos foram impostas de um momento para o outro? Como
reagimos a este vírus que se intrometeu entre nós e nossos queridos amigos e
familiares? E o emprego que nos garantia o sustento da família e dos nossos
prazeres?
Frequentemente
tenho me deparado com reações contraditórias, diferentes, oriundas de
diferentes pessoas.
Muitas
perceberam o tanto que possuíam e saíram a socorrer os desamparados, os mais
desprovidos.
Outras se
aproveitaram da crise para enriquecer à custa de ações corruptas, em detrimento
de outros, prejudicando os doentes em suas necessidades básicas de leitos,
medicamentos e respiradores.
Também houve
o depoimento de uma sobrevivente do Holocausto que festejou o afastamento
social:
“Eu fiquei
4 anos escondida, sem o mínimo de conforto, com muito medo, fome e frio. E a
terrível incerteza de até quando eu resistiria?
Como não
posso esperar a cura desta doença quando nada me falta? É precioso saber que em
breve me reunirei novamente aos meus queridos!”
Como podemos
ver, a gratidão enriquece aqueles que a praticam. Enobrecem e servem de exemplo
aos não satisfeitos com a própria vida.
E nestes
momentos de agradecer pelo que somos, pelo que possuímos, pela vida que nos foi
ofertada, que linda oportunidade de nos comunicarmos diretamente com D’us!
Há quem não
acredite na presença divina, mas mesmo os mais descrentes, a Ele recorrem num
piscar de olhos em momentos de dor, sofrimento, angústia ou morte.
O que mais me
encanta em uma partida de futebol é perceber a alegria dos jogadores ao
conquistarem uma defesa importante, um gol decisivo, um pênalti. A primeira
coisa que fazem é levantar os olhos para os céus e agradecer às suas divindades
através de gestos, beijos ou palavras imperceptíveis.
Nestes
momentos de gratidão, em hospitais, comemorações, praças de esporte ou no
próprio lar, algo profundo e espiritual dentro de nosso coração humano se
desloca, alça voo, e alcança o Ser fora de nós. Ao agradecermos nos aproximamos
de D’us.
Nenhum comentário:
Postar um comentário