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segunda-feira, 11 de outubro de 2021

VOCÊ SABIA? - MARC CHAGALL E BELLA ROSENFELD

 

Por Itanira Heineberg


Você sabia que Marc Chagall foi o artista que mais consagrou seu talento e obra para celebrar a mulher de sua vida, sua musa inspiradora Bella Rosenfeld?



Ao contrário da lenda da poeta gaúcha Carmen Vianna...

 

“Era uma vez, e o romance começou numa noite de luar, tinha príncipe encantado, tinha Bela Adormecida,

Luxo, pompa, esplendor... mas a história durou pouco, pois tendo tanta beleza, tendo príncipe e princesa, a história não tinha amor!”

 

... os jovens Marc (1887-1985) e Bella (1889-1944) não se conheceram numa noite de luar, mas viveram uma linda história de amor e fidelidade por quase trinta anos.

Bella, moça bonita, inteligente e gentil, realmente compreendia Chagall e o aceitava tal qual era.

Sua percepção ao encontrá-lo foi como se sempre o tivesse sabido e percebido.

Eles se descobriram em 1909, na fase dos vinte anos, na casa de Théa, namoradinha de Chagall.

Instantaneamente foram atingidos pelas flechas do Cupido: um verdadeiro caso de amor à primeira vista. Chagall sentiu que era com aquela jovem de olhos grandes e escuros que ele queria estar para sempre.

A partir de então viveu sob uma grande inspiração, a mulher por ele idolatrada era seu símbolo de amor em todas suas obras.

Os jovens cresceram em Vitebsk, Bielorússia (Rússia Branca), uma cidade na fronteira do povoado destinado à população judaica por Catarina no século XVIII. Em meio a dezenas de igrejas e sinagogas, a “Russian Toledo” da época era composta por milhares de judeus, número equivalente a mais da metade de sua população. Este foi o cenário onde Marc e Bella viveram o início de seu romance.



Vitebsk era bastante grande, com vários teatros, uma orquestra sinfônica da cidade e uma escola de arte fundada por Yehuda Pen. Na cidade se falava iídiche e as lojas e o comércio local fechavam às 15 horas da tarde nas sextas-feiras.

O artista Chagall, Moïshe Zakharovich Shagalov, gravador e vitralista, lá nasceu em uma família judaica humilde de dez filhos, numa periferia pobre, entre simples casinhas de madeira, com galinhas e vacas soltas pelas ruelas.

A família de Bella, ricos comerciantes de joias, no início não aprovou a união dos jovens e não imaginava o que estaria por vir. Os joalheiros viviam no centro e possuíam uma vaca no celeiro que sempre os acompanhava ao campo.

Bella, escritora e tradutora, tinha grande interesse por arte e teatro e um belo futuro pela frente.

Chagall encantou-se com a pintura desde muito cedo, ao conhecer o ateliê de um grande retratista em sua cidade natal.

Em São Petersburgo perseguiu sua paixão pela arte e em 1910 mudou-se para Paris onde residiu até 1914.

Talvez as saudades de Bella o tenham levado de volta à sua cidade onde, em 1915, casaram e um ano mais tarde nasceu sua única filha, Ida.

Sempre atrás de sua arte e dos movimentos por ela originados, a família mudou-se para Petrogrado e em 1918 voltaram a Vitebsk onde Chagall tornou-se diretor da Escola de Belas Artes.



Como todos sabemos, a vida não foi clemente para os apaixonados, difíceis acontecimentos e asperezas tiveram de enfrentar: duas revoluções, duas guerras, pobreza, riqueza e ... várias viagens, às vezes em fuga para se salvarem.

Em 1924 estabeleceram-se em Paris e em 1941, com a chegada da ocupação nazista no país, refugiaram se em Marselha como muitos outros judeus, e de lá seguiram para os Estados Unidos onde Bella foi vítima de uma infecção viral vindo a falecer em 1944.

Este grande amor ultrapassou várias barreiras, oceanos e perseguições, mas foi interrompido pela doença.  

 

Na obra “Près de la Fenêtre”, acima, Chagall faz uma homenagem póstuma à sua querida companheira.

A mim parece que aqui está me faltando uma certa inspiração romântica, um pouco do lirismo de Goethe, para melhor expressar a força deste sentimento que nasceu num primeiro olhar e nunca mais se extinguiu.

Este laço de amor indestrutível conservado por quase uma centena de anos existiu e reviveu nas telas de Chagall, nas características pinturas oníricas onde encontramos pairando sobre as tonalidades do céu, a imagem de sua sempre noiva eterna!

 


Chagall amou sua esposa e companheira como jamais visto, com fervor e idolatria, sentimentos estes que  ele carregou consigo até o final de seus dias, já beirando os 98 anos.


Chagall apreciava as sessões de pintura em que Bella posava para ele, e as telas sempre passaram por sua aprovação antes de receberem o toque final do artista.



E aqui fica uma divagação: como conseguiu o debutante pintor, encantado com as jovens de seu tempo, focar intensamente em sua obra, no amor e na consagração da mulher amada...

A leveza e o flutuar de Chagall


FONTES:

https://www.beauxarts.com/grand-format/bella-rosenfeld-leternelle-fiancee-de-marc-chagall/

https://www.narrativemagazine.com/issues/stories-week-2015-2016/story-week/first-meeting-marc-and-bella-chagall

https://www.infoescola.com/biografias/marc-chagall/

https://www.jewishvirtuallibrary.org/bella-rosenfeld-chagall

https://periodicos.ufpb.br/index.php/letraseideias/article/view/26431

https://www.actualidadliteratura.com/pt/goethe-padre-romanticismo-aleman/

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