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sexta-feira, 16 de dezembro de 2022

Editorial - A FESTA DAS LUZES

 



Chegamos na última quinzena de dezembro e última quinzena de Kislev. No próximo domingo à noite, dia 25 de Kislev (18 de dezembro 2022), inicia-se a comemoração de Chanucá, a FESTA DAS LUZES. Também as cidades das Américas e da Europa se iluminam anunciando a chegada do Natal. Tempo de Luzes... Tempo de Liberdade... Tempo de Consagração.

Chanucá celebra "a conquista de Jerusalém pelos Macabeus e a consagração do Templo de Jerusalém após a vitória sobre os gregos". O fato histórico é verídico e coincide com as comemorações de Chanucá, mas o que realmente é lembrado em cada casa judaica é um "impossível" mais sutil.

A Judéia estava sob domínio grego e no ano 164 aEC (antes da era comum), Jerusalém foi reconquistada pelos judeus liderados por Yehuda ha Macabi. A dinastia dos Hasmonaim (חשמונאים) reinou até o ano de 37 aEC. Foi nesta época que se iniciou a diáspora judaica que durou dois mil anos até a fundação do moderno Estado de Israel. Vale lembrar que um pequeno grupo de judeus permaneceu em Israel durante toda a diáspora e que a volta de outros foi ocorrendo ao longo dos séculos. Mas foi o movimento sionista, iniciado no Leste Europeu em resposta às perseguições antissemitas nos territórios da Rússia czarista e fortalecido por Theodor Herzl, junto aos Congressos Sionistas Mundiais em resposta ao antissemitismo francês que degradou o Capitão Alfred Dreyfus, deportado para a Ilha do Diabo na América do Sul, que promoveram o restabelecimento do Estado de Israel.

Chanucá é chamada a Festa das Luzes porque nela é celebrada a iluminação do Templo de Jerusalém - manter uma chama acesa dentro do Templo era uma forma de consagração. Mas conta a história que os Macabeus encontraram óleo suficiente para manter uma chama acesa por apenas um ou dois dias. A chama foi acesa e durou 8 dias, o tempo suficiente para que mais óleo fosse produzido. Assim, em Chanucá celebra-se a luz. Não uma luz que cega e perturba, mas a luz de uma chama que aquece e permite que as formas reais mostrem suas sombras. Uma luz que guia. Lembrando fatos e celebrando o impossível, acendemos a Chanukiá, uma vela por noite. Contamos a história dos Macabeus em prosa, versos e canções. Ao longo dos séculos foram sendo criados costumes especiais - e um deles é rodar um pião em que, em cada um de seus quatro lados, está gravada uma letra que compõe a frase NESS GADOL HAIA SHAM (Grande Milagre Aconteceu Lá) (Nun נ; Guimel ג ; He ה ; Shinש ).  E se estivermos em Jerusalém?  A brincadeira é feita com um dado que substitui a palavra “Lá” por “Aqui”... e a letra Shin por Pei (פ).

E se passaram 127 anos entre os gregos e os romanos. Ao final desses 127 anos havia uma importante cisão entre os cidadãos da Judéia. A história contada por diferentes fontes traz informações díspares, confirmando que havia uma importante cisão. Os hasmoneus perderam o reino e a última batalha se deu nos anos de 73 e 74. Relatada pelo historiador da época, Flavius Joséfus, a última resistência localizou-se em Massada, um monte ao sul do Mar Morto cujo topo é uma plataforma e que abrigou as últimas famílias que tentaram reconquistar a Judéia.

Nos dias de hoje Chanucá é uma festa dos sonhos! Delícia de sonhos com chocolate ou creme! Estar em família e acender as velas é sempre muito especial. Comer o doce e abençoar a vida e o momento é delicioso. E olhar o futuro com a "História na Mão", como cantavam os versos de Geraldo Vandré, é necessário.

Desejamos a todos um Chag Sameach - com muitos sonhos e luzes - muitas luzes que não anulem o escuro e com muitos dias e noites pela frente.


Regina P. Markus


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